Tinha razão George Orwell,
no Triunfo dos Porcos quando sentenciou, «Os animais são todos iguais, mas uns
são mais iguais que outros». Porém, os nossos tempos trouxeram neste Natal uma
revolta na chácara onde os protagonistas são ovelhas e carneiros e os respetivos
pastores, com destaque para um «bom pastor» ao jeito do Evangelho. Então é ver que
«há ovelhas e carneiros todos iguais, mas uns são mais iguais do que outros».
Ora, as ovelhas e os carneiros estão bem para a época, as lapinhas abundam por
todo o lado e coisa que não falta é pastoreio, com vacas, burros, ovelhas e
carneiros e pastores. Um quadro inspirativo para o lóbi do pastoreio e os «bons
pastores» que a política entre nós alberga.
Vai daí os políticos
revestidos de ciosos «bons pastores» do povo, saltando por cima de todos os estudos científicos
e contra as opiniões generalizadas dos vários especialistas na matéria, prometeram
pasto em abundância onde não deve existir pasto, por causa das muitas razões
sobejamente divulgadas. Mas obriga a deriva eleiçoeira, que é preciso
satisfazer a vontade do lóbi da carneirada que não se contenta com os espaços
entre médios, mas sempre o cume daquela serra. Assim, não dá e é preciso de uma
vez por todas definir onde se pode pastar e onde não se pode. Por mim descansem,
eu contento-me com a marginal da Avenida do Mar e até quando me permitirem vou ao
fim da pontinha. Não falta pasto para deliciar a vista.
No meio desta guerra
o problema não são as pobres ovelhas e
carneiros, mas os lobos de cinco unhas, que não perdem uma em nome da santa
propaganda cega, para satisfazer privilégios e manias de corporativismos que ainda
dominam isto tudo. Eles estão entre animais, mas estão também entre as pessoas,
na caridade, nas empresas, nas escolas, na saúde, nos bombeiros e em tudo o que
faz mexer a sociedade, porque aí estão alguns muito bem instalados, a levar
para casa chorudos volumes em salários à conta do erário público. É intolerável
que meia dúzia de energúmenos em qualquer setor social se sinta no direito de chupar
tudo o que entende à conta dos interesses gerais.
Aos políticos exigimos
responsabilidade, não se armando em papais natais presenteando este ou aquele
grupo com os bens gerais que são de todos nós. Não pode um grupo, mesmo que bem
intencionado, levar adiante a satisfação das suas intenções, se isso prejudica
trabalho comum, se viola estudos científicos e opiniões generalizadas de
especialistas na matéria contra o rebuçado que se quer dar a chupar a alguns.
Nós cidadãos devemos
estar atentos e escrutinar tais vontades. Os eleitos estão onde estão para
governar em nome do interesse comum, não em nome deste ou daquele grupo, mesmo que
aponte para uma luz imediata bem interessante, mas que deve ser recusada se
para futuro de todos aponta a desgraça
de trevas permanentes.
O Santo Natal do Senhor
trouxe uma revolta na chácara, que não sabemos bem onde nos leva, porque
eleições em 2019 assim obrigam. Pelo meu singelo provir de entendimento já vi o
retrato que nos espera, governação à vista, promessas absurdas e palavreado
rasca para enganar os incautos. Só espero que mais esta revolta faça esclarecer
os eleitores, e estes vejam bem em quem e como colocam o seu voto.
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