Comboio do Monte - Cronologia ilustrada



17 de Fevereiro de 1887 - Concessão de um "elevador" atribuída a António Joaquim Marques (de Lisboa). Raoul Mesnier du Ponsard nomeado engenheiro responsável pela obra.

 24 de Julho de 1890 - Transferência de concessão para o Capitão Manuel Alexandre de Sousa (da Madeira).

1890 (3º trimestre) - Criação da Companhia do Caminho de Ferro do Monte.

22 de Janeiro de  1891 - Aprovação do projecto de construção das infraestruturas.

a partir de Fevereiro de 1891 - Construção da estação do Pombal e início do assentamento da via férrea, de bitola métrica, que usou o sistema de cremalheira "Ringenbach".

1893 - Construção da locomotiva Nº1, na fábrica alemã Maschinen Fabrik Esslingen, de Emil Kessler, com a numeração 2568.

13 de Abril de 1893 - Chegada ao Funchal procedente da Alemanha, a barca dinamarquesa “Concordia” com material para o Caminho de Ferro do Monte, onde se incluem a primeira locomotiva e carruagem.

16 de Julho de 1893 - Inauguração do troço entre a estação do Pombal e o apeadeiro da Levada de Santa Luzia.

29 de Agosto de 1893 - A coordenação das obras do Caminho de Ferro do Monte passa do Capitão Manuel Alexandre de Sousa, para os engenheiros civis Aníbal Trigo e Adriano Trigo.
Comboio na estação do Pombal (fotos Museu Vicentes)
1894 - Construção da locomotiva Nº2 com a numeração de fábrica 2654.

Julho de 1894 - Navio a vapor alemão “Zeus” transporta para o Funchal a segunda locomotiva e carruagem.
Comboios na estação do Pombal (foto Museu Vicentes)
5 de Agosto de 1894 - Início das viagens entre o Pombal e o Atalhinho (Monte).

14 de Agosto de 1894 - Avaria da locomotiva Nº 1 sendo posteriormente reparada.

Abril de 1896 - Início das obras de assentamento da via do Caminho de Ferro Americano. Sistema de carros de 2 eixos, traccionados por 3 mulas,  que circulam sobre via férrea de bitola de 2 pés (61 cm) embutida no pavimento.

3 de Junho de 1896 - Inauguração do Caminho de Ferro Americano.
Carros Americanos na antiga Praça da Constituição - actual Largo da Restauração (fotos Museu Vicentes)
20 de Agosto de 1900 - Manoel Bettencourt Sardinha arremata em hasta pública o material da Companhia do Caminho de Ferro Americano, que passava por dificuldades financeiras.

22 a 24 de Julho de 1901 - O Rei D. Carlos I visitou a Madeira e fez questão de viajar no Comboio do Monte.
Comitiva real a bordo do comboio com destino ao Monte (foto colecção particular)
7 de Abril de 1902 - A Companhia do Caminho de Ferro do Monte toma posse do material da Companhia do Caminho de Ferro Americano, sendo o serviço retomado a partir de 5 de Junho.

1903 - Construção da locomotiva Nº3 com a numeração de fábrica 3254.

21 de Março de 1904 - Inauguração do Monte Palace Hotel
Vista da linha entre o Pombal e a Levada de Santa Luzia (foto Museu Vicentes)
12 de Julho de 1910 - Decidido prolongamento da linha até ao Terreiro da Luta.

1911 - Construção da ponte e da estação do Monte e ainda do Restaurante Chalet Esplanada no Terreiro da Luta.

1912 - Construção da locomotiva Nº4 com a numeração de fábrica 3668.

24 de Junho de 1912 - Inauguração do troço Monte - Terreiro da Luta. O términus da linha ficava situado a 850 metros de altitude e a uma distância de 3.850 metros da estação do Pombal.
Comboio na ponte do Monte (foto Museu Vicentes)
Vista da estação do Monte (foto Museu Vicentes)
Vista do terminus da linha no Terreiro da Luta (foto Museu Vicentes)
 28 de Julho de 1914 - Início da I Grande Guerra. Suspensão do fluxo de turismo para a ilha da Madeira.

1915 - Termina o serviço da Companhia do Caminho de Ferro Americano. A via foi removida no ano seguinte.

11 de Novembro de 1918 - Final da I Grande Guerra. Retoma gradual do turismo.
Vistas do local do acidente (fotos Museu Vicentes)

10 de Setembro de 1919 - 18h00 - explosão da caldeira da locomotiva Nº4 entre a Levada de Santa Luzia e o Livramento. Este acidente deveu-se a um defeito de fabrico da caldeira desta locomotiva, que não aguentou o excesso de pressão do vapor. No comboio seguiam 56 passageiros. Em consequência da explosão morreram o maquinista, o fogueiro e 2 passageiros.

11 de Setembro de 1919 a 1 de Fevereiro de 1920 - Suspenso o serviço de comboios para o Monte em consequência do acidente.

1925 - Construção da locomotiva Nº5, na fábrica suiça Schweizerrische Locomotiv & Maschinen Fabrik - Winterthur, com a numeração 3122.
Locomotiva Nº3 nas proximidades do Monte e locomotiva Nº5 na estação do Pombal (fotos Museu Vicentes)
1926 - Inauguração do Grand Hotel Belmonte (actual Colégio Infante Dom Henrique).

11 de Janeiro de 1932 - 14h45 - descarrilamento no sentido descendente, logo abaixo do Terreiro da Luta, com a locomotiva Nº6. O acidente deveu-se ao facto de se ter partido uma das alavancas do freio, indo a locomotiva parar ao fundo da ribanceira, ficando irremediavelmente destruída. A locomotiva Nº6 foi construída nas oficinas da estação do Pombal, utilizando o chassis da locomotiva Nº4 conjuntamente com peças suplentes existente no stock da companhia. Por sua vez a carruagem ficou imobilizada a 4 metros da linha segura por um pinheiro. Deste acidente resultaram 1 morto (maquinista) e três feridos.
Locomotiva Nº6 na zona da Levada de Santa Luzia (foto Museu Vicentes)
1938 - Fim do serviço comercial do Caminho de Ferro do Monte.

1 de Setembro de 1939 - Início da II Grande Guerra. Suspensão do fluxo de turismo para a ilha da Madeira e toda uma série de restrições económicas.

29 de Março de 1943 - Terminou oficialmente o serviço do Caminho de Ferro do Monte.

13 de Maio de 1943 - Venda das instalações e material circulante, arrematados em hasta pública por Francisco Alves de Sousa (do Porto) pela quantia de 1.500.150$00.

17 de Maio de 1943 - Última viagem do comboio, organizada por Francisco Alves de Sousa, tendo como passageiros família e amigos. Entre os convidados destacava-se o famoso arquitecto Cottinelli Telmo. A viagem deste comboio com a locomotiva Nº5, partiu do Pombal às 11h00 com destino ao Terreiro da Luta. Depois de uma paragem para admirar a paisagem, o comboio desceu até ao Grand Hotel Belmonte onde foi celebrado um grande almoço.
Última viagem do comboio (foto Museu Vicentes)
Maio e Junho de 1943 - Remoção do material da via férrea (balastro, travessas, cremalheira e carris). Todo o material circulante e demais componentes metálicos foram exportados para sucata.

2 de Setembro de 1945 - Final da II Grande Guerra.

1953 - Calcetamento do pavimento do que é actualmente a Rua do Comboio.


Principais tipos de material circulante usado no Caminho de Ferro do Monte (desenhos de Eugénio Santos)


Bibliografia:
BLOCH, Nils, (2003), Portugal Pa Skinner, Mariager (Danmark), Skinne Boger, 372 p.
CALDEIRA, Abel Marques, (1964), O Funchal no Primeiro Quartel do Século XX, Funchal, Empresa Madeirense Editora, 200 p.

HARRER, Heinrich, (1984), Gaisbergergbahn, Die Salzburger Zahnradbahn, Wien, Verlag Josef Otto Slezak, 96 p.
PEREIRA, Eduardo C. N., (1989), Ilhas de Zargo, Volumes I e II, 4ª. Edição, Funchal, Câmara Municipal do Funchal, 784 p. e 887 p.
PORTUGAL, CP - Comboios de, (2006), Os Caminhos-de-Ferro Portugueses 1856-2006, Lisboa, CP - Comboios de Portugal, 238 p.
SILVA, José Ribeiro da, e Manuel Ribeiro, (2009), Os Comboios em Portugal - Volume V, Lisboa, Terramar, 280 p.
SILVA, Padre Fernando Augusto da, e Carlos Azevedo Menezes, (1920), Elucidário Madeirense - Volumes I, II e III - 1ª. Edição

SUMARES, Jorge, Álvaro Vieira Simões e Iolanda Silva, (1983), Transportes na Madeira, Funchal, Direcção Regional dos Assuntos Culturais, 242 p. 

Agradecimentos:
António Fournier e Manuel Sirgado Sousa

Texto redigido segundo o Acordo Ortográfico de 1945
Eugénio Santos - Dezembro 2018

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1 comentários:

  1. Está na hora de a Madeira voltar a pensar na existência dum pequeno caminho de ferro que abranja toda a ilha. Um caminho de ferro moderno, à semelhança do que se passa em Maiorca ou na Sardenha, por exemplo. Essa ferrovia iria decerto ser útil para o transporte de passageiros e mercadorias pela ilha toda e iria melhorar o ambiente. Seria por outro lado uma mais-valia turística, catapultando também a Madeira para um nível mais elevado em matéria de mobilidade.

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