TAPanoaldo

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Num momento de liquidar tudo por ordem da Troika, sem pudor na venda dos símbolos nacionais ou de zelar por aquilo que dava de receitas para o Estado, tivemos um Governo Liberal em Portugal que acedeu de mãos atadas aos caprichos dos folha de excell a par da falta de criatividade para contrapor. Alguns empregaram-se nas empresas que venderam, assim de relance lembro-me da EDP. Eram as primeiras mostras de uma era de insensibilidade mas também de insanidade.

No fim da Primavera de  2015 e por perto dos 400 milhões de euros, Passos Coelho, avançou com privatização da TAP num processo pouco transparente, típico dos momentos de aflição.Muita pressa, muitos erros, muita pressão e cunhas. As acções do Estado Português, maioritário na composição da TAP, foram vendidas a Gateway que passou a deter 61% do Capital Social a par da Parpública com 34% (outra cara do Estado) e de outros 5% nas mãos dos funcionários da companhia, por força de ferozes negociações durante os momentos de greve onde se manifestavam contra a privatização.

Em Outubro do mesmo ano e com uma privatização ainda fresca mas consumada, um novo Governo toma posse. António Costa leva o seu PS a governar viabilizado, pela primeira vez, por uma maioria parlamentar de esquerdas, com Bloco e PCP. As primeiras ideias vão para a necessidade de reverter, na medida do possível, algumas privatizações. A TAP foi das mais visadas pelo levantamento popular enquanto símbolo nacional mas, dinheiro era coisa que o Estado não tinha perante tantos problemas financeiros. É desta incapacidade financeira que nasce a melhor solução possível para o Estado.


Em Fevereiro de 2016, o governo de Costa consegue uma reversão, sem indemnizações, que muito contou com a boa fé dos accionistas maioritários. Costa pagou à Gateway, consórcio com a maioria do capital, 1,9 milhões de Euros. A partir daí, a estrutura accionista (e consequentemente a distribuição quadros) ficou determinada pelos 50% em posse do Estado Português através do aumento da participação da Parpública, do consórcio Gateway com 45%, mantendo-se a participação dos funcionários nos 5%. A gestão mantinha-se indicada pelos privados e assim, no início deste ano, Fernando Pinto cede o lugar a Antonoaldo Neves que acompanhava a empresa há dois anos. Na sua entrada, o novo CEO determina os seus 4 princípios de gestão na TAP:
  1. Trabalhar de forma mais fluída.
  2. Definir pelouros claros, porque alguém tem de ser responsável pelos objectivos que se pretendem atingir. Este modelo permite avançar a uma velocidade mais rápida da implementação de decisões.
  3. Dedicar tempo à equipa. Antonoaldo Neves pretende dedicar, ao longo de cada mês, 15% a 20% do seu tempo com os gestores que estão directamente sob a sua alçada.
  4. Ter uma estrutura funcional que respeite a estrutura organizacional que se materializa numa comissão executiva composta por três pessoas, as quais têm um mandato para tomar as decisões-chave da empresa.
Paralelamente, pelo início da Primavera de 2015 elege-se na Madeira o Governo de Miguel Albuquerque, contemporâneo a este processo, perfeitamente ligado so partido do Governo de então, sintonizado pelas convicções do Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho.

Provavelmente, desconhecendo a eliminação de Serviço Público através da liberalização (feita por Jardim), coisa que se viu na Assembleia Legislativa Regional por altura da Comissão de Inquérito a Antonoaldo Neves, associa à realidade da TAP de gestão privada o seu modelo de Subsídio Social de Mobilidade (SSM). Fazendo muita fé da posse dos conhecimentos para decidir, pretendiam a introdução de novos conceitos tendo por base uma "evolução" no modelo dos Açores. Implementada a solução e após longos meses de debate já ninguém consegue defender o SSM que vigora na Madeira. É burocrático, foi uma oportunidade para o aumento das tarifas aéreas, penaliza as famílias que adiantam o valor total da passagem já de si encarecida, não há nada de social nisto se não puderem adiantar o dinheiro, antes porém é uma medida que beneficia os ricos.

O que está em causa é o profissionalismo, por isso decidi fazer este paralelismo justamente com a TAP. A má escolha dos elementos que lideraram o processo na nossa Secretaria do Turismo é evidente, pela falta de domínio e percepção da verdadeira situação da Madeira no que toca ao serviço de transporte aéreo para a Região para poder decidir. Quando se surpreenderam com os resultados, as tarifas e despesas a galopar, a burocracia a ser criticada e a apresentar buracos no orçamento nacional, quiseram alterar mas como não foi em tempo útil para disfarçar, e salvar a pele, surgiram as  "culpas a Lisboa" que, em abono da verdade, parece gostar de pagar a despesa mas manter o governo de Albuquerque em lume brando.

Contudo, está ali um facto, se o Governo da República tivesse má vontade não pagava nem mais um cêntimo para além do acordado para o SSM, outro problema surgiria pela falha em quase o dobro no valor previsto para custear o subsídio, parava o SSM. Enquanto isso, temos os crimes que estão lesar o estado por expedientes, sobretudo com algumas agências de viagens. Por último a suspeita de que o governo de Costa aproveita-se dos erros da Madeira para meter liquidez na TAP porque agora, com a nova estrutura accionista, os riscos para o Estado aumentaram.

Com este cenário, o Governo da Madeira atira-se à TAP, aos seus gestores e conduz-nos ao bode expiatório. Depois dos excessos verbais pornográficos, encenamos na Assembleia Legislativa Regional. Estamos a maquilhar os erros e não a resolver. O topete do Governo Regional é muito alto o que conduz a uma falta de humildade atroz, não quer assumir que errou e é assim que isto normalmente só se resolve com outro Governo de outra côr. Até porque acredito piamente que continuam a existir na TAP os mesmos elementos que acederam a dialogar com o Estado Português para baixar a sua participação social mas, como vêem tanto orgulho, julgo que brincam com os nossos deputados e o Governo por saberem que têm o jogo ganho, inclusive estão dispostos a aconselhar "assessorias".

A TAP e seus gestores fazem o seu trabalho dentro da conjuntura que se apresenta, existem para facturar e dar lucro, pagar despesas e pagar dividendos a quem investiu na TAP. Nós por cá, temos um governo de convencidos e com muito orgulho, que nunca erram e "humildemente" insistem no erro através de uma Assembleia Legislativa Regional, que falhou a fiscalização do Governo, a servir de encenação na peça "Os malvados da TAP" porque são profissionais. Uma emboscada onde 1 de 9 deu para a toda a Assembleia e até geria os trabalhos. Seguir os 4 princípios de Antonoaldo na TAP faria muito bem ao Presidente do Governo. Temos muito que falar sobre como se escolhem as pessoas para Governar ou serem Deputados na Madeira. É aí que reside o nosso problema, falta de GNOSE.

Há uns bons anos atrás, as revistas da TAP traziam uma marca de combustíveis que dizia assim na sua publicidade: "Só os melhores combustíveis na Terra têm um lugar no céu".
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