A memória é o único antídoto à estupidez


Comemoram-se hoje 75 anos da importante derrota de um dos regimes mais brutais e assassinos que alguma vez existiram na História humana (a Alemanha nazi).

O regime nazi configurava um Estado totalitário e ditatorial de partido único e de pensamento único. Nesse regime o racismo era arvorado em ideologia oficial e obrigatória. Tal racismo era alicerçado quer na promoção demencial de uma fictícia "raça superior" (a "ariana'), quer na demonização, também demencial, de uma pretensa "raça inferior" (a judaica).

Esse racismo, como todos os racismos praticava o silogismo de que, independentemente do carácter e valor individual de uma qualquer pessoa, SÓ PELO SIMPLES FACTO DE PERTENCER A UMA DETERMINADA ETNIA, um ser humano era automaticamente declarado um inimigo do Estado, perseguido, confinado num espaço vigiado e fechado, e depois torturado e assassinado.

A sanha assassina nazi, no entanto, não se ficou pela perseguição racista contra os judeus, outras minorias, étnicas, políticas, de orientação sexual, foram também perseguidas e massacradas. A etnia cigana foi, depois da judaica, a segunda vítima do regime nazi.

Centenas de milhares de 'roma' ciganos foram perseguidos, enviados para campos de concentração e assassinados só por pertencerem a uma etnia "não ariana".

Assinalar a data de hoje é muito importante porque no mundo, e neste país, assistimos ao emergir e ao agigantar de uma falta niilista de memória histórica, feita de um nivelar niilista de todas as ideologias, de um relativismo acéfalo que postula que "… tudo é igualmente mau, a democracia pluralista é tão má quanto qualquer outro regime, e, sendo assim, se calhar ideologias totalitárias, como o nazismo, como o leninismo-estalinismo, não seriam assim tão más…"

Infelizmente, nunca me esquecerei de um (ex) conhecido meu que, uma vez, na rua, numa banal troca de palavras acerca da situação política do país, saiu-se com esta "isto tá tudo tão mau e corrompido, que, olha, venham os nazis!"… Como se ditaduras totalitárias como a nazi não fossem em si absolutamente corruptas e corrompidas…

Neste país, pela primeira vez deste o derrube da ditadura salazarista/marcelista, temos um deputado eleito de extrema-direita, que teve o despudor de apresentar no parlamento uma medida de carácter racista, totalmente afim à ideologia nazi, de aplicação de medidas de confinamento especiais e específicas a uma determinada etnia…

Imaginem serem assinalados e perseguidos, independente da pessoa que são individualmente, independentemente do que fizeram, ou não fizeram, só por pertencerem a uma minoria étnica; gostariam? Achariam justo? O cerne da Ética, o centro de uma sociedade merecedora desse nome, é a capacidade de nos pormos no lugar dos outros, de os respeitarmos como gostamos de ser respeitados.

"O povo que esquece a sua História está condenado a repeti-la", este proverbio russo diz do estado actual desta 'silly seasson' permanente em que vivemos colectivamente. Esquecer a História, branqueá-la, relativizá-la, é um seguro caminho de autodestruição civilizacional que poderá exterminar-nos todos antes mesmo de um colapso ecológico (aliás, ambos estão intimamente ligados).

A estupidez humana radica na falta de memória! Para quem, como eu estuda, profundamente a História é cada vez mais cansativo ver concidadãos meus cada vez mais perdidos nos 'loops' dos instintos mais básicos, violentos e ignorantes. Haja esperança de que uma Luz nos ilumine a todos/as!
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