[Na APEL] Fake news ? Juramos que nunca...

 



O jornal exerce todas as funções do defunto Satanás, de quem herdou a ubiquidade; e é não só o pai da mentira, mas o pai da discórdia, Eça de Queirós

Recentemente a APEL promoveu um debate sobre “o impacto da desinformação na democracia”. Foram convidados para falar sobre o assunto, o presidente da ALM, Dr. José Manuel Rodrigues; o deputado Dr. Lopes da Fonseca; e os jornalistas Ricardo Oliveira do DN-M e Gil Rosa da RTP-M.

Se em relação aos dois primeiros estamos conversados ( nem vale a pena aqui referir os disse que não disse; as trocas e baldrocas; os ditos e não ditos; o sim, mas agora não ou um talvez, …… do que disseram nos últimos 4 anos), dos segundos e sobretudo dos órgãos de informação onde trabalham, as histórias vão pelos mesmos caminhos. Mas em madeirense suave.

A função da imprensa na Madeira, passa por mostrar a imagem de uma (in)dependência do regime, de transcrever o que lhes é transmitido. De apoiar, mais ou menos ás claras e alturas certas, o regime a quem servem e se serve deles. Um segredo de Polichinelo regional. 

Não existe na Madeira um 4º poder que fiscalize o que governos fazem. Existe outro sim, um 4º poder que pretende influenciar a sociedade de acordo com o poder vigente (e poderes económicos vigentes ) determinam. 

Um 4º poder que pertence aos principais grupos económicos da Madeira, dependente, ao serviço e colaboracionista de um poder politico decadente, que ou persegue jornalistas ou compra as suas colaborações. Não um 4º poder que nas sociedades evoluídas faz de contrapoder ao poder vigente. De vigilante. Como no continente português.

Aos jornalistas vendidos, a um sindicato de jornalistas amordaçado e dependente do poder politico e económico regional, juntam-se jornalistas cobardes (todos temos de pagar contas ) e uns poucos que pensam por si e por isso ostracizados.  

[pessoalmente já fui ameaçado, já fui insultado, já me tentaram fazer olhar para outras coisas em troca de uma assessoria, …. ]. 

Estas pessoas, muitos dos jornalistas da RAM, nunca perceberam que atuando assim, fazem o pior dos males à sociedade madeirense que dizem servir, escutar, elevar e defender (olhe-se os estatutos editoriais ).

Tirando as noticias de desporto, as locais, na RAM pratica-se jornalismo transcrito. O resto é o "copy paste" da Lusa. Nunca os "jornalistas" questionam as verdades que lhes são impostas(?), nem sobretudo, conseguem fazer um exercício simples de saber se o que lhes é dado, bate, nem que seja empiricamente, com a realidade regional que deviam conhecer.

O quê (a ação), quem (o agente), quando (o tempo), onde (o lugar), como (o modo) e por que (o motivo) se deu o acontecimento, são coisas que a imprensa madeirense nunca faz. Mas transcreve bastante, nunca questiona e inventa.

Um editor de jornal é alguém que separa o joio do trigo - e publica o joio, Adlai Stevenson

Vamos a alguns exemplos.

Economia – Na Madeira, segundo Miguel Albuquerque, Barreto e companhia, criaram-se “n” empresas, superando números regionais, nacionais e eu diria mundiais mesmos (quase mais 30% no ano passado ). Mas o que ninguém parece saber, é que criar empresas faz-se “na hora e está à distância de um clique”. Basta um PC, internet, um nome, um sócio, uma morada e aqui vai disto Evaristo. 

Aos jornalistas madeirenses não interessa saber, não percebem, ou dá-lhes jeito não saber que existe uma diferença entre criar e iniciar atividade de uma empresa. Preferem escrever não questionando a verdade do regime. Qualquer um pode criar empresas na hora (está tudo á distância de um clique ). 100, 200, .... mas iniciar atividade, já é um problema. E na Madeira criam-se demasiado empresas, mas poucas iniciam atividade. 

Mas o pior é que a Madeira, segundo o Banco de Portugal, é também a região do país onde mais falências e insolvências aconteceram. Por isso ao “criar-se” novas empresas terá de perguntar-se se de facto elas iniciarão atividade ou são apenas uma forma de quem deve e não quer pagar, poder ir aos dinheiros da Europa ]

Mas esta noticia, já não convém transcrever. 

Educação – Recentemente vimos o Dr. Miguel Albuquerque falar na excelência da educação que é o modelo Madeira. Diz ele e a RTP-M, o DN-M e jm-M escreveram e “publicitaram” (palavra exata ) que 87% dos alunos madeirenses chegavam ao ensino superior e estavam na escola na Madeira. Ora, o que a RTP-M e o DN-M não “publicitaram” é que a taxa de desistência escolar da Madeira é a maior do país. E que mais de 50% dos alunos que entram no ensino superior, no continente por exemplo, ou não terminam o curso, ou não o fazem “limpinho-limpinho” nos anos devidos ou então, vão fazendo, mudando de escola até chegarem aquela que exige menos. Como foi prática de quem agora nos governa, foi para a CMF, escreve em jornais, é diretor regional, ... Isto só demonstra a falta de preparação e mentalidade dos alunos madeirenses perante maiores exigências, uma falha da politica educativa  da Madeira: a politica dos facilitismos.

A coragem de afirmar asneiras é uma das características da improvisação jornalística, Carlos Malheiro Dias

Saúde – Em 2020 a Sec. Regional da Saúde fez “publicitar” (termo exato) que o SESARAM tinha ganho um prémio pelas “melhores praticas no combate á covid-19” do IHF-FIH, de que era associado. O problema é que nem 14 meses passados, a RAM era só apenas a região da Europa com maior taxa de incidência da Covid

Claro que se a RTP-M, o DN-M, o jm-M fossem verificar, perceberiam que o que o SESARAM ganhou, como quase 200 instituições de saúde internacionais, incluindo cerca de 20 hospitais portugueses, foi um prémio por ter apresentado um trabalho teórico sobre o combate à Covid-19. E de serem parceiros….uma mentira. Apenas membros, coisa que nem são agora (esqueceram-se de regularizar o registo ). Mas fica bem escrever-se sobre realidades virtuais. E em 2021 ...nada. nem parceiros , nem prémio, …. mas ajudaram a criar uma fake news que os jornais/televisão regional prazenteiramente difundiram. 

Economia – Na semana passada, o banco de Portugal num seu relatório, referiu que em 2020, quase metade das empresas madeirenses estavam descapitalizadas ou mesmo em situação de pré-falência (também referiu que nas outras, foi a região do país em que mais aumentaram os capitais próprios ). 

Ora o DESgr apregoou ad-nauseuam que tinha colocado 100 milhões de euros, mais outras tantas dezenas de milhões ( nas minhas contas se corretas outros quase 150 milhões ). Uma constante durante 2020 e 2021 nas páginas do DN-M, jm-M e RTP-M. O problema é que a “bota não bate com a perdigota”. Se estes valores todos foram entregues, então porque a situação de descapitalização, quase pré-falência das empresas madeirenses ? Foram ou não entregues aqueles valores ou foram só para uns poucos ?

Os jornalistas são os trabalhadores manuais, os operários da palavra. O jornalismo só pode ser literatura quando é apaixonado, Marguerite Duras

Ora esta verdade, não interessa ao poder vigente e foi "convenientemente omitida" pelo jornalismo madeirense, qual Pravdas deste regime. 

E poderia continuar com exemplos e mais exemplos. Ora se é possível "omitir-se" reparos, vamos chamar-lhe assim ao esclarecer da informação prestada, o pior é criar-se deliberadamente desinformação. 

Nos últimos tempos, tanto na RTP-M como no DN-M/jm-M isso foi feito de forma criativa e rotineira. Via, por exemplo, os  famosos "checks". E numa altura eleitoral, tentando a coisa sempre pender a favor do DESgr, só pode ser serviço de conveniência "á medida". Ou então "desatenção" grosseira. [note-se que excecão da ERTP-M financiada pelo estado, o DN-M e jm-M dependem dos dinheiros do carvalho da Educação, das câmaras do regime, .... ]

2 exemplos, entre muitos.

Fretagem - dizer e defender que o preço de transporte marítimo de mercadorias para a Madeira, é normal , só pode ser uma piada de mau gosto, ou então um "frete" a quem faz os preços dos fretes (e acionista do jornal). Ou, o que seria pior, preguiça do jornalista a verificar uma verdade imposta (talvez nem escrita por ele ).

Preço bananas - dizer que o preço das mesmas tem subido, contrariando o que dizem os produtores ( e com provas ) só pode ser outro frete ou desconhecimento da realidade da Madeira. Mais preguiça jornalística

Mas o pior é quando se começa a perceber que as peças jornalísticas começam a ser truncadas, ou alteradas como é o caso da noticia ao lado .

Neste caso e sobre Sta Cruz, que pertence á oposição,  entre a noticia no site e a escrita no jornal, aparecem diferenças "ajustadas" [ compare-se com o link ]

Como também aparecem situações engraçadas nos jornais e RTP-M, com jornalistas a escreverem as patetices que mostro (veja-se imagem do DN-M com o jornalista a dizer "quer isto dizer que...o que dise agora pode já não ser verdade. As verdades dinâmicas de Miguel Albuquerque  )

Mas porque acontece esta desgraça nos meios de comunicação social madeirense ?

A resposta é simples. Não existe brio profissional e os jornalistas estão por tudo (ou todos pelo regime). A lei de imprensa não é observada, a ERC não está para chatear-se, quem a representa na RAM faz frete ao regime e o sindicato de jornalistas idem-aspas. Sobretudo tudo e todos na imprensa escrita, jm-M e dn-M já perceberam que tudo podem fazer sem impunidade e escrutínio. A Madeira é a "no mans land and low" na informação. Ninguém a regula e está entregue aos poderes políticos e económicos do regime. 

Os jornais da Madeira, as empresas jornalísticas suas detentoras, não observam, não cumprem a lei de imprensa portuguesa, começando nos seus artigos nº 2,3, 4, 5 e a ERC está manietada, porque são os próprios "jornalistas" madeirenses, os órgãos de informação madeirense que informam as autoridades nacionais que se cumpre na RAM a legislação nacional sobre a imprensa. 

Existe na RAM "abuso da posição dominante" e "concentração de empresas" da comunicação social coisa que a lei de todos nós não permite. E tal está plasmado nas diversas leis do estado português que regulam a comunicação social, especialmente a Lei da Imprensa, na ERC e deliberações (vide o caso recente da TVI ), na autoridade da concorrência, na constituição  e poderes atribuídos entre outros. 

Porque esta lei não é aplicada na Madeira, será tema do próximo artigo.

Até lá, as fake news existem e são criadas na imprensa regional. Quase sempre ao serviço do regime. Por isso a pergunta que se impõe é esta: Quem esteve na APEL a perorar, tem moral para falar em fake news ? Quando são os primeiros a promovê-las ?

O que existe, quer se queira quer não, é um vasto manto de silêncio sobre a má realidade da comunicação social na Madeira. E quem a usa e quem escreve nela, nesta altura faz o mesmo que o ps-M na ALM. Branqueiam o regime, branqueiam a prática jornalística. Tentam branquear as consciências. E na oposição ...ainda existe quem acredite "no Pai Natal". 

 

Simon & Garfunkel - The Sound of Silence




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