A tentativa frequente para aglomeração da tribo é um
dos mais graves perigos que nos assistem neste momento. Quando se deseja ser
tribo e viver numa tribo não há lugar para a universalidade.
Esta batalha contra a tentação do ser tribo nunca
está ganha. Ela emerge em força nos momentos de crise, quando os líderes são
fracos de inteligência e quando se deseja centralizar o poder numa pessoa só ou
num pequeno grupo que forma o séquito do momento.
Surge esta perigosa forma de viver quando um
indivíduo submete a realidade e a sua ação à escravização de um pensamento único,
uma religião ou doutrina, que sob essa égide vai dar resposta a todos os problemas,
contra a responsabilidade de todos no usa da sua liberdade. A razão e a razoabilidade
não moram aqui, porque se prefere antes que sobressaiam as emoções que banham a
ignorância.
Ao contrário de se reconhecer os benefícios do
espírito da crítica e da liberdade de pensamento e criatividade, prefere-se os
mascarados sem argumentos que só falam o que mandam que se fale e andam a
reboque do paizinho que lhes oferece o comodismo de uma vida fácil e sem problemas.
O maior perigo da tribo é que não teremos indivíduos
felizes e responsáveis, que ao invés de serem donos de si próprios e do seu
destino, são instrumentos de forças cegas e impessoais, condutores da mania ou
da vaidade que marca a hora e o momento.
Por isso, repugno o
homem abelha, que dentro da colmeia, está impedido de tomar decisões
individuais, de assumir a coragem para enfrentar a incerteza e o desconhecido, e
de ter vontade de resolver por sua conta e risco todos os problemas que a vida lhe
oferece. Só podemos estar contra a ideia do ser tribo, porque precisamos de
grupos e sociedades abrangentes, livres de demónios, magia e de idolatria doentia,
onde os indivíduos assumem o desafio constante da razão e da prática da liberdade
como alimentos quotidianos.
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