A Aquila Airways Ltd. foi uma companhia área britânica fundada em
1947, responsável pelas primeiras carreiras aéreas regulares entre o
Funchal, Lisboa, Southampton e ainda Las Palmas de Gran Canárias.
As
operações regulares da Aquila duraram 10 anos, entre Maio de
1948 e Setembro de 1958. Foi a única companhia aérea britânica equipada
exclusivamente com hidroaviões, todos versões civis adaptadas de
modelos militares usados pela Royal Air Force durante a II Grande
Guerra. Os dois primeiros Shorts S.25 classe Hythe, convertidos do
modelo militar Sunderland Mk3, foram comprados à BOAC - British Overseas
Airways Corporation. A BOAC dispensou-os porque tinha adquirido
entretanto modelos mais recentes: Shorts S.45 classe Solent Mk3.
Sorts Hythe S.25 "Hampshire" G-AGEU na sua primeira visita ao Funchal (fotos Museu Vicentes) |
No dia seguinte depois
de efectuado o reabastecimento, (uma vez que na ilha ainda não existiam
condições para tal) levantou voo rumo ao Funchal pelas 9h40, onde amarou
pelas 14h02.
Como foi numa sexta-feira santa e o comércio estava
fechado, a baixa da cidade estava repleta com a população curiosa para
assistir à primeira amaragem de um hidroavião da Aquila Airways. É de
referir como curiosidade que antes de amarar no Funchal, o hidroavião
deu a volta à ilha com vista a encontrar outros possíveis locais
alternativos para amaragem.
Voando a uma altitude de 8.000 pés (cerca de 2,4 km) a uma velocidade média de 314 km/h, demorou 3 horas e 40 minutos a ligar Lisboa ao Funchal, transportando 17 passageiros, 8 tripulantes e ainda 50 kg de correio. O Diário de Notícias da Madeira até dedicou a primeira página a esta visita da Aquila Airways ao Funchal.
A
viagem de regresso começou a 27 de Março, com o "Hampshire" a levantar
voo às 13h15. Chegou a Lisboa às 17h06 onde reabasteceu e pernoitou. No
dia seguinte levantou voo às 10h15, chegando a Southampton pelas 15h06.
Realizaram-se posteriormente outros voos experimentais, onde foram testados locais para amaragem alternativa no Porto da Cruz (costa norte da ilha) e em Machico (costa sul), para uma eventualidade do voo ter de divergir devido a más condições atmosféricas. Mas como ambos os locais apresentavam problemas de abastecimento e de apoio aos passageiros, a alternativa mais fiável seria Las Palmas nas ilhas Canárias apesar da distância que ficava da Madeira.
No Funchal as comunicações via rádio eram asseguradas pela Estação Rádio Naval do Pico, operada pela Marinha Portuguesa.
Realizaram-se posteriormente outros voos experimentais, onde foram testados locais para amaragem alternativa no Porto da Cruz (costa norte da ilha) e em Machico (costa sul), para uma eventualidade do voo ter de divergir devido a más condições atmosféricas. Mas como ambos os locais apresentavam problemas de abastecimento e de apoio aos passageiros, a alternativa mais fiável seria Las Palmas nas ilhas Canárias apesar da distância que ficava da Madeira.
No Funchal as comunicações via rádio eram asseguradas pela Estação Rádio Naval do Pico, operada pela Marinha Portuguesa.
Três exemplares da frota de treze Shorts S.25 classe Hythe (ilustração Eugénio Santos) |
Os voos regulares para a Madeira começaram a partir de 11 de Junho de 1949 com o seguinte programa:
Sábados: Southampton - Lisboa - Madeira
Domingos: Madeira - Las Palmas - Madeira
Segundas-feiras: Madeira - Lisboa - Madeira
Terças-feiras: Voos livres para excursões ou voos costeiros
Quartas-feiras: Madeira - Las Palmas - Madeira
Quintas-feiras: Madeira - Lisboa - SouthamptonDe referir que os voos para Las Palmas foram irregulares até 1952, quer pela inexistência de passageiros quer pela falta de autorizações necessárias.
Um dos dois exemplares da frota de Shorts S.25 classe Sandringham foi o "Himalaya" G-AGKX (ilustração Eugénio Santos) |
Um dos três exemplares da frota de Shorts S.45 classe Solent 3 foi o "City of Funchal" G-ANAJ (ilustração Eugénio Santos) |
Um dos dois exemplares da frota de Shorts S.45 classe Solent 4 foi o "Aotearoa" G-AOBL (ilustração Eugénio Santos) |
Alguns dos exemplares da frota de Shorts S.45 classe Solent 3 e 4 (ilustração Eugénio Santos) |
No Funchal a Agência Manuel Passos de Freitas representava a Aquila Airways e a sua operação era apoiada por duas lanchas: "Aquila" (que funcionava como torre de controle móvel) e "Fernanda" (efectuava os abastecimentos e transportava os passageiros e carga). De notar que os hidroaviões ficavam fundeados e os passageiros embarcavam e desembarcavam no antigo Cais da Pontinha seguindo de lancha.
Lancha "Aquila" (imagem digital Eugénio Santos) |
No seu primeiro ano de serviços para a Madeira, a Aquila transportou 3.000 passageiros. Um desses passageiros foi Winston Churchill, na sua viagem de regresso de férias em Janeiro de 1950.
A Aquila Airways comprou mais hidroaviões para fazer face à procura dos seus serviços. Possuía uma frota de 17 aeronaves para serviço efectivo e ainda mais 3 para doação de peças.
Para
além dos serviços Southampton - Lisboa - Madeira - Las Palmas, foram
adicionados novos até à Riviera Italiana. No entanto a rota da Madeira
foi sem dúvida a mais importante, com o total de passageiros a subir até
aos 16.000 por ano.
Infelizmente, depois de um grave acidente na Ilha de Wight envolvendo o hidroavião "Sydney" em Novembro de 1957 e de uma série de outros imprevistos, a Aquila Airways começou a perder o fôlego, diminuindo gradualmente o número de voos.
Como consequência de sucessivos infortúnios a Aquila Airways viu-se forçada a terminar a sua actividade comercial.
Assim foi, e na noite de terça-feira, 30 de Setembro de 1958, o derradeiro voo partiu do Funchal com destino a Southampton, passando por Lisboa, efectuado pelo hidroavião "Awatere" de matrícula G-ANYI.
Hidroavaiões na baía do Funchal em meados da década de 50 do Séc. XX (Foto Museu Vicentes) |
Infelizmente, depois de um grave acidente na Ilha de Wight envolvendo o hidroavião "Sydney" em Novembro de 1957 e de uma série de outros imprevistos, a Aquila Airways começou a perder o fôlego, diminuindo gradualmente o número de voos.
Como consequência de sucessivos infortúnios a Aquila Airways viu-se forçada a terminar a sua actividade comercial.
Assim foi, e na noite de terça-feira, 30 de Setembro de 1958, o derradeiro voo partiu do Funchal com destino a Southampton, passando por Lisboa, efectuado pelo hidroavião "Awatere" de matrícula G-ANYI.
"Sydney" levantando voo na baía do Funchal (antigo postal ilustrado) |
A Madeira ficou sem uma ligação aérea directa durante seis longos anos após o final dos serviços da Aquila Airways, companhia que efectivamente deixou marcas na história da aviação na Madeira.
De salientar que para além da Aquila Airways, entrou em cena, ainda que por pouco tempo (Outubro e Novembro de 1958), uma outra companhia que também operou hidroaviões - a ARTOP (a ser tratada noutro artigo).
O aeroporto de Porto Santo foi inaugurado a 28 de Agosto de 1960 (seguindo os passageiros por via marítima até ao Funchal).
O
aeroporto do Funchal (localizado em Santa Cruz na Ponta de Santa Catarina) inaugurado a 8 de Julho de 1964 permitiu
além de outros, a retoma dos voos directos com o Reino Unido.
Referências:
Livros
"A Aviação na Madeira" edição Força Aérea Portuguesa/By The Book - 2010
"Transportes na Madeira" edição Direcção Regional dos Assuntos Culturais - 1983
Livros
"A Aviação na Madeira" edição Força Aérea Portuguesa/By The Book - 2010
"Transportes na Madeira" edição Direcção Regional dos Assuntos Culturais - 1983
Sites de interesse:
Texto redigido segundo o Acordo Ortográfico de 1945
Eugénio Santos - Novembro 2018
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