Intolerância


Vós pré-julgais o que ignorais, Tertuliano
O início...

Nasci em Angola. Até aos meus 11 anos, da “Metrópole” apenas conhecia a de 1972, 3 meses passados em Campo de Besteiros, estava na 3ª classe. O suficiente para perceber que era do 8 ao 88 em relação a Angola. Poucas casas com luz electrificada, esgotos nenhuns e aquela forma de vestir, corte de cabelo e musica da rádio ... esquisito. Os cones de gelado a 35Km (Viseu) e Coca-Cola nem vê-la (vim a saber mais tarde que era proibida !!!!!). Tínhamos a Sumol!

Vim de vez em 1976 para a “Metrópole”. E em Campo de Besteiros, entre os "nossos" eu, o meu irmão, os meus Pais, tios, como tantos outros que vieram das ex-colónias,  fomos perseguidos, enxovalhados e viu-se a xenofobia dos que não tinham conhecido outros mundos (éramos os retornados, os desalojados, os imperialistas, os colonialistas, os racistas ...). Um "bullying" xenófabo. Maltrataram-nos e famílias dividiram-se. Foi o caso da minha, no inicio. Éramos a vergonha, os “novos-ricos” que passaram a ser os “pés-rapados”. Nunca me esquecerei desses tempos, nem todos da minha geração que sofreram o mesmo. Também nunca pensei também passar por mais enxovalhos daquele tipo. Xenófobos. Até agora,na Madeira. Lá iremos.

O meio...

Coisas da vida. Anos mais tarde estava na Madeira. Umas férias ou melhor, uma lua de mel, paga pela empresa, num hotel junto ao Lido, numa suite (tinha 7) do ultimo andar. Fomos muitíssimos bem tratados, não só no hotel, como quando passeávamos pelo Funchal ou outros locais da Ilha. Nunca ninguém foi desrespeitoso connosco. Pelo contrário, éramos melhor tratados do que muitos turistas estrangeiros. Via-se que as pessoas gostavam de nós (e nós delas).

Coisas do destino, anos depois cheguei à Madeira para trabalhar. Finais dos anos 80, inícios dos anos 90, do sec. passado. Também nessa altura, sozinho ou com a família que veio do continente depois, nunca conheci uma expressão sequer de falta de respeito, xenófoba  ... E quando me tratavam por “cubano”,  foi sempre na "maroteira". Integrei-me e fui integrado no modo de estar do ilhéu, diferente do continental. Fui “baptizado” como madeirense por AJJ numa feira do Madeira Tecnopólo, porque como ele disse , tinha a “Madeira” no coração. E também nos muitos encontros e jantares de "solteiros e casados".

Um filho nasceu na Madeira. Exactamente no dia dos Engenheiros. Foi sair da clínica após o nascimento do filhote, os primeiros beijos à mãe, ficar a vê-los babado e terminar aquele grande dia num jantar da secção regional da Ordem. Disseram todos que ia sair Engenheiro, falharam. 

Por razões profissionais, saí da Madeira e criei no continente uma empresa de Cuidados Continuados com sede na Madeira, que era e é, a maior unidade de Cuidados Continuados do País. Tinha cerca de 260 camas. Nunca pedi nada ao GR. Pelo contrário, convidei-os a visitarem-na, porque era considerada uma unidade modelo no país. A melhor. Com direito a reportagens nas televisões, revistas e fotos em livros diversos, um deles do Sr. Silva ( volume II ). Com sede na Madeira. Que se manteve até eu sair.

A Madeira tornou-se a minha terra “Natal” de adopção. Tinha orgulho, como tenho, de a defender. Mas agora como antes, como quero o seu bem, também tenho o dever de apontar os erros que se vão cometendo e acumulando na Região. 

Coisas da vida levaram-me para mais longe, mas sempre com a Madeira no lugar certo. Visito-a, quando posso, ainda tenho casa. E tenho os amigos, que duram para a vida. Desde à um ano colaboro com a GNOSE e tive a sorte de poder escrever 2/3 artigos para o DN-Madeira. Sobre a área onde trabalho, a gestão e a administração na Saúde.

E o fim...

Foi preciso esta crise para receber os primeiros “mimos xenófobos”, desde há muito, de ignorantes na Madeira. Pessoas que, em vez de olharem e pensarem os meus textos, os vêm sempre como ataque, a um GR de “madeirenses”. "Nós" contra eles. Pessoas que preferem enterrar a cabeça no chão, como a avestruz, à espera que esta crise passe e “endeusando” quem tanto mal fez e faz na Região. Pessoas que ainda há 2 meses achavam que o GR não estava bem. O Covid-19, não os tornou, GR, melhores mas veio colocar à vista de todos o mal deles. A Ignorância, a estultice, o engano, a mentira, a falsidade ...

Num comentário que coloquei num post de uma amiga "facebookiana", que respeito, escreveu-se isto sobre mim (ironia, desconhecimento e criancice)

uma tal Natália Alexandre "disse que estou a vomitar ódio que me vai nas entranhas" e tenho raiva pelos "números estarem controlados" e uma Sónia Pereira disse "o senhor é uma sumidade no assunto" e que é "louvável o seguimento da politica regional à distância"

"Vejo aqui um bate boca com uma pessoa que não é da Madeira, nem cá vive, não vejo o interesse do senhor neste debate. Não lhe liguem que só lhe dão importância". De uma Lígia Faria

Em alturas normais, estas pessoas não escreveriam assim, porque 2 delas até fizeram likes, em artigos meus. Infelizmente escrevem isto por uma razão simples: o GR criou todas as condições para os Madeirenses começarem a ver quem vem de fora ou está fora, continentais, madeirenses, estrangeiros, como inimigo. Somos os maus que trouxeram o Covid-19, que estamos a colocar a Região e o Madeirense em perigo. Porque o GR foi incompetente no preparo para esta crise, no descontrolo teve de arranjar um culpado. Estas pessoas não reflectem sobre a taxa de contágio e expansão dos casos que vão aparecendo na Madeira. É um pormenor. Ninguém repara ou olha o número dos casos "oficiais", muito menos daqueles que não são "oficiais", que sobe e os compara (população x contagiados). Nem dos que estão em quarentena. Por isso estas pessoas são levadas pelo GR a um tipo de competição perigoso: de quem tem menos casos no País. A ideia do Povo Superior. Aquele que não é infectado e se o é, a culpa é de quem vem/esteve fora, ou dá as más noticias: O mensageiro.
O preconceito é filho da ignorância, William Hazlitt
Por ultimo.

Isto NUNCA, eu e muitos, vamos perdoar a MA e a este GR. Como aqueles madeirenses que estão em UK, e outros que querem regressar a casa e Pedro Calado manda-os ficar, "não venham". Porque diz !!!! estarem melhores, onde estão. O que quer dizer que a Madeira está mal. Pior, não existem condições para os seus.  PC e o GR, também vão contra as determinações da República, sendo igualmente EGOÍSTA. A República anda a repatriar quem quer vir, PC e o GR fazem o contrário. Querem que outros tratem dos seus. Os "estranhos" são bons para gastarem euros e libras na Madeira, mas maus quando podem criar gasto ao GR. MA, PC e o GR não são SOLIDÁRIOS. Apenas são quando da Europa e da República o dinheiro chega à Madeira. Mendigam e quando recebem, "cospem na mão de quem lhes deu a sopa". 

A MENTIRA grosseira na informação sobre a propagação do Covid-19 na Madeira é o fim último deste GR. E arranjar culpados. Também mentem sobre o dinheiro que vão "gastar" em programas de assistência a pessoas e empresas. O GR apenas ANÚNCIOU MEDIDAS DE COMBATE A ESTA CRISE, depois de ter o respaldo da REPÚBLICA.Sem ela, o GR NÃO tinha dinheiro para fazer o que diz que vai fazer. As "medidas " originais ... são um embuste. Não existem. E vai acontecer, com o dinheiro que vão receber, o que aconteceu com a Lei dos Meios: vão tirar dinheiro do povo, de programas de assistência para o povo, para pagar as dívidas dos "n" organismos falidos na órbita do GR e a dívida escondida. Depois porque o dinheiro não dá para tudo ... a culpa é de Lisboa.

O histerismo, a xenofobia e a ignorância que grassam pela Madeira é da responsabilidade EXCLUSIVA do GR. Para eles e todos os outros incivilizados, como os casos que mostrei em cima, um recado: NUNCA EU E MUITOS MAIS, DEIXAREMOS DE OLHAR A MADEIRA COMO NOSSA TERRA E O ACTUAL GR COMO UM GOVERNO DE IMORAIS, INEPTOS, TRATANTES, INEFICAZES. São uns reles. Criaram ódio e separação entre portugueses, entre madeirenses e já em famílias. Isso nunca será perdoado.

Um dia as contas serão feitas e vocês GR, vão perder e lamentar ter criado esta divisão. Tão certo como a região chamar-se REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA.

Para os ignorantes e para os xenófobos, com amizade e paciência

Bruce Springsteen - Streets of Philadelphia


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