A notícia do Público
desta Terça Feira (11 de Março de 2020) começa assim: «A luta contra o novo
corona-vírus tem razões que a razão parece desconhecer». Vamos a alguns
exemplos.
No Irão, cidade santa
de Qom, «dois peregrinos foram filmados a lamber e beijar locais santos,
dizendo que a fé os protegia», foram presos.
Na Grécia, «Grécia,
onde durante a comunhão todos bebem o líquido de um cálice através da mesma colher»
dentro e fora da igreja, políticos e religiosos, garantem que este
comportamento é seguro. E o melhor está aqui: «vários responsáveis religiosos tinham
explicado que não se transmitia porque a comunhão representa o corpo de Deus e
este não tem vírus, outros porque quem comunga está a aproximar-se de Deus e este
tem o poder de curar». Mas, ainda há outra melhor que a anterior, reparem: «o bispo
Serafeim, do Pireu, que alegou que quem não tem realmente fé corre de facto
risco ao comungar».
A par disto parece que
ainda reina algum bom senso noutras bandas. Esta está muito bem e veio de
Israel: «O principal rabino asquenaze de Israel, David Lau, lançou um aviso
para que os fiéis deixassem de o fazer, argumentando que se tratava de um
costume, e não de uma regra obrigatória do judaísmo. Lau também explicou que a
lei judaica dá mais importância à saúde do que aos preceitos religiosos e por isso
quem estiver de quarentena pode ouvir a tradicional leitura do livro de Ester
durante o Purim, a maior festa judaica, via streaming e não
presencialmente, como ditariam as regras».
Mas, politicamente
Israel já não parecia querer seguir o bom senso do responsável religioso, o
Primeiro Ministro tentou impôr isto: «o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu,
por outro, sobre quem deve ficar de quarentena (14 dias) ao chegar ao país: as
autoridades de saúde defendiam que deviam ficar em quarentena todos os que
chegassem de zonas afectadas, incluindo dos EUA, e Netanyahu tentava ter uma excepção
para os Estados Unidos, porque “não são um país qualquer”». Felizmente, a
pedido dos Estamos Unidos a medida estendeu-se a todos. Foi assim vindo da
Améria: «pedido directo do vice-Presidente, Mike Pence, a Netanyahu para não
aplicar medidas aos EUA que não fossem aplicadas a outros países. “Façam uma
restrição global”, terá sugerido Pence.
Mas, Netanyahu ainda nos
reservou mais esta pérola: «Uma sugestão que o primeiro-ministro de Israel
parece ter esquecido depois de provocar polémica foi a de pôr crianças e
adolescentes a tratar da desinfestação de locais públicos, “já que estes não
são, graças a Deus, afectados pela doença” (o que não é verdade: apesar de
crianças e adolescentes terem, em geral, sintomas mais leves, caso tenham
outros problemas de saúde, podem sofrer efeitos da covid-19)».
Enfim, vou questionar e
seguir o seguinte. Acho que não é suficiente ficarmos pelas recomendações dos
bispos portugueses sobre os cumprimentos no momento da saudação nas Eucaristias
e sobre a comunhão na boca. Entre nós, será que vamos nesta Quaresma que
decorre continuar com a defesa exclusiva da celebração da reconciliação (o
Sacramento da Penitência) da confissão auricular?
Face ao contexto que se
vive, sugiro aos colegas sacerdotes que em alternativa sugiram à pessoas a
celebração do sacramento da penitência na forma comunitária, para evitar o
contágio e a propagação do vírus se ele aparecer entre nós. Ainda não ninguém
falou publicamente sobre este aspeto, mas alguns médicos em privado já fizeram
sentir a alguns padres a perigosidade desta forma de encontro sobre a
penitência.
Temos que ser
colaborantes e exemplares. Deve imperar ente nós responsabilidade e fazer tudo
o que as autoridades recomendam, mesmo que algumas coisas nos pareçam
exageradas ou descabidas. Estamos num tempo seriamente perigoso e devemos estar
atentos, não permitindo que a racionalidade nos escape em nada, mesmo que se
revista do melhor enfeite religioso. Por fim, devemos pensar que ninguém está
imune à desgraça. Por isso, mantém-se premente o aforismo antigo e cheio de
sabedoria do nosso povo: «fia-te na Virgem e não corras».
0 comentários:
Enviar um comentário
Pedimos que seja educado e responsável no seu comentário. Está sujeito a moderação.