1. Onde
muitos viram uma anormalidade, eu não vi nada disso. Vi uma reação normal de
uma pessoa perfeitamente normal. Todos nós reagimos a qualquer toque
inesperado, ou com um tremendo susto ou com repulsa ou com uma reação de
resposta idêntica àquela que tive o Papa. Tudo isto é o mais normal do mundo.
2. No
entanto, extraordinário tem sido, o fato de muitos acharem que o Papa está fora
do âmbito da humanidade, por isso, lhe chamam de santidade, nada mais errado. A
idolatria papal felizmente tem acabado com o Papa Francisco. É um como nós, tem
reações boas e más, perde a paciência e pode algumas vezes estar longe da
misericórdia quando reage e melhor ainda pede desculpas porque reconhece as
falhas. Um exemplo para muitos que na Igreja sob a vestimenta clerical
acham que podem tudo sem justificar nada, por exemplo, gastar o dinheiro do
povo sem lhe dar conhecimento ou justificação plausível, andar sempre atrasado,
brigar frequentemente com as pessoas, acusar e humilhar as pessoas…
3. Outro
dado relevante do vídeo da reação do Papa à sra que o puxou com uma certa
violência, se ter tornado viral na Internet, prende-se com o fato do Papa ter
feito uma alocução sobre como tratar bem as mulheres e apelou ao fim da violência doméstica que tantas vítimas tem
feito por esse mundo fora. Vai daí que este foi o mote para os meios velozes de
comunicação atuais se aproveitarem deste momento menos feliz do Papa para
demonstrar que até o Papa perde a paciência com as mulheres. Um aproveitamento
soez e muito mau para que o fim deste flagelo da violência doméstica venha a
ser definitivamente eliminado.
4. No
meio de tudo isto fica outro dado também muito importante. Face ao impato e às
proporções que a reação papal estava a ter, o Papa humildemente no Angelus
perante a multidão reunida na Praça de São Pedro pediu perdão pelo sucedido. O
pontífice disse que deu um «mau exemplo». «Muitas vezes perdemos a paciência,
inclusive eu, e peço desculpas pelo mau exemplo de ontem».
5. Porém,
eis um exemplo, que deve também ser viral e que devia tocar os corações do
mundo inteiro. Com este gesto o Papa demonstra que não é deus e que não está
acima das contingências idiossincráticas da condição humana. A sua grandeza manifesta-se assim na humildade do reconhecimento dos erros, no pedido de desculpas ou e no pedido de perdão. Tudo tão humano, tudo tão excelentemente normal!
6.
O conjunto de tudo isto, só engrandece o Papa e para mim ficou mais uma vez a
lição que vem contribuir para o fim definitivo das ideias idolátricas que sempre
pairam na cabeça de muita gente em relação aos Papas e até ao clero em geral.
Enfim, ninguém é de ferro nem ninguém está ao nível de Deus, mas todos iguais a
toda a gente, tenha a função e a missão que tiver. Todos humanos, todos homens
e mulheres, na marcha da vida em busca da felicidade. Continuemos, pois confiantes
em jubilosa esperança.
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