Estou a pedir sabedoria

A sabedoria dos simples encontra-se em cada dia, quando celebram a liturgia do reencontro. Os ritos que celebram a amizade são uma luz que ilumina todos os recantos do coração, sem preconceitos e maledicências. Não há paz sem fraternidade. Não há paz sem competência. Não há paz sem determinação face aos valores elementares do respeito pelo chão sagrado do outro. Não há paz sem a verdade sincera. Não há paz sem que se destruam todas as máscaras. Não há paz com fundamentalismo. Pois, a paz é a vizinha mais próxima do bom senso.

Nestes tempos frios, próprio da época, devemos ser todos com todos. Não apenas fazendo um intervalo para convívio, para degustar iguarias doces, mas tempo para aquecer as entranhas com a vontade de ser diferente na prática de obras que se prolonguem pelo ano inteiro. Preciso de purificar ideia terrível que me salta como um pesadelo nestas ocasiões festivas, que são maiormente intervalos da loucura dos dias normais, onde prevalece a maldade, a inveja, a maledicência e a vontade de destruir os outros com desrespeito e violência.

Pode-se começar por não ter medo de ser diferente. Não de ter medo de pensar coma  sua própria cabeça. Não ter medo de ser seguidista das vontades e artimanhas dos outros. Não ter medo de dizer que «não vou por aí», por esse caminho sujo da mentira, do ódio, da vingança e da luta para vencer com o preço da humilhação e rebaixamento dos outros. É este o tempo para desopilar dos excessos anuários que nos levaram à insensibilidade face aos alertas quanto à ecologia, à pobreza que comanda a vida de multidões, à incompetência instalada em locais chave que implicam com a vida de todos nós, a soberba de uns sobre os outros e face à guerra constante que comanda os dias de tanta gente.

Eis o tempo para me reencontrar neste espaço que é a nossa terra, que precisa de gente séria, honesta e ciente que só vamos lá, até ao bem universal, quando trabalharmos em qualquer serviço com sentido de missão para o bem comum e sentido de justiça.

Devia prevalecer agora mais do que abundância de comida, bebidas e diversão circense, abundância de reflexão e oração ao jeito do rei Salomão, que face ao «espanto» de Deus, desconcertantemente lhe pede «sabedoria para governar com justiça». Obviamente, que o pedido teve a devida correspondência.

Ainda não chegamos ao patamar do encontro autêntico connosco mesmos, não vimos de verdade quanto há de sublime em cada um de nós,  não nos sabemos ver como semelhantes, iguais entre iguais face à dignidade e ao bem que toda a pessoa humana almeja para si. Por isso, este tempo é o mais propício, para tentar acertar os ponteiros do amor, da verdade e da justiça. Estes são os presentes melhores que podemos receber e oferecer a todos os que nos são próximos.
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