Dá-me vontade de rir, e é trágico ao mesmo tempo, o (pseudo) argumento, a propósito do dia triste que se viveu em Lisboa (um congresso de neonazis da Europa inteira), mas não só, de que devemos ser tolerantes, abertos e 'democráticos', em relação a ideologias totalitárias e liberticidas como o fascismo, e "ouvir o que têm para dizer"...
Já escrevi várias vezes, e mantenho, que não podem nem devem entrar na 'Ágora' democrática ideologias, que, se triunfarem, mesmo "democraticamente", a primeiríssima coisa que farão é instaurar uma ditadura que ASSASSINARÁ os que pensam diferentemente deles. E isto é válido para o neofascismo da extrema direita, como para o neoestalinismo da esquerda autoritária e extrema esquerda. Aconteceu várias vezes na História, e não só na Alemanha de 1933. Só não aprendem com a História os estúpidos.... Infelizmente a estupidez é um reservatório imenso no seio da humanidade.
Portugal é dos poucos países sem movimentos neofascistas com expressão eleitoral; ora, É POR ESSA RAZÃO QUE A EXTREMA DIREITA EUROPEIA ESCOLHEU LISBOA PARA EFECTUAR O CONGRESSO. A nossa constituição proíbe expressamente a associação de gente que promova o racismo, a Violência e a ideologia fascista, mesmo assim NINGUÉM moveu um dedo para impedir esta inaceitável conferência de ódio e ignorância.
O povo português vive numa 'Silly season' permanente que nada tem a ver com Agosto. Se a nostalgia do ditador sanguinário Salazar e o populismo de café tivessem expressão eleitoral teríamos um partido neofascista bem expressivo. Felizmente essa nostalgia idiota e mal informada, fica-se por posts tontos nas redes sociais, replicando a MENTIRA de que o regime Salazarista não era corrupto, quando na realidade foi dos mais corruptos e ladrões da nossa história, e ecoando refrões acéfalos sobre a situação do país e soluções fáceis para a inverter...
No entanto, a ideia de que a democracia é inerentemente corrupta, e a nostalgia de "paizinhos" ditatoriais que "ponham ordem nesta 'rebaldaria" vai sendo instilada como veneno insidioso não só nas redes sociais, onde, hoje, é quase o discurso dominante, mas sobretudo nas casas, nas famílias, de forma gradual e imperceptível... Tal preocupa-me imenso, não porque me identifique com o sistema actual, mas porque a minha luta e pedagogia é substituir o sistema actual por um sistema ainda mais democrático, cosmopolita, pluralista, aberto, inclusivo, multicultural, pacifista, equitativo, justo e libertário; e por saber que tal alternativa só poderá emergir evolutivamente e pacificamente a partir deste sistema pluralista, sistema que, apesar dos seus defeitos, prefiro em qualquer dia a ditaduras autoritárias, fascistas ou estalinistas, ou a aventuras violentas motivadas pela raiva populista das massas, ou em nome de pseudo-identidades fixas massificadas, nacionais, raciais, de classe, ou outras quaisquer. Jamais a partir de movimentos violentos, ou que aceitem qualquer forma de violência, congregados a partir do ódio, a alternativa ecopacifista, unificadora mundial, e espiritual que desejo para as sociedades humanas se poderá edificar. OS FINS NÃO JUSTIFICAM OS MEIOS. Os meios devem já em si mesmos prefigurar os fins que perseguem!
Os que nas redes sociais pedem tolerância e compreensão para com os neonazis, são, na realidade neonazis não assumidos. A minha experiência nestas redes sociais diz-me que, desgraçadamente, existem alguns por aí, muito perto de nós...
Pela minha herança familiar, pelo meu avô João, coerentemente antifascista e antiestalinista, e pelo estudo da disciplina histórica, nunca poderei deixar passar incólume ignorantes defesas do totalitarismo, sei que estou em contracorrente aqui no Facebook, sei que chateio algumas pessoas, mas ser fiel à verdade e aos ensinamentos do Espírito constitui a minha essência. E não peço desculpa por isso.
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