O Comboio do Monte foi um transporte que durante 50 anos, entre 1893 e 1943, marcou o quotidiano do Funchal. A companhia do caminho de ferro tinha em vista um projecto a longo prazo, mas que infelizmente não resistiu aos percalços das I e II Grandes Guerras.
O turismo era sem dúvida o factor que mais lucros gerava. Turistas provenientes do norte da Europa, para fugirem às agruras do inverno rigoroso, vinham para a Madeira passar uma temporada em clima ameno. Os hotéis e quintas da freguesia do Monte eram por excelência os locais escolhidos.
A gerência da companhia do Comboio do Monte, na década de 20 tendo hipótese de modernizar o serviço para o modo eléctrico, não o fez, com a consequente falta de interesse do público, que entretanto tinha à disposição transportes rodoviários mais eficientes. Encerrou as portas definitivamente em 1943, a companhia do Comboio do Monte vendeu para sucata todo o material circulante, carris e cremalheira da via. As estações do Pombal, Monte e Terreiro da Luta foram vendidas a privados.
No momento actual a estação do Terreiro da Luta, que se encontra preservada, pertence ao grupo Teleféricos da Madeira, sendo usada como restaurante para festividades de aniversário, casamentos, baptizados e similares. O edifício da estação do Pombal, em estado de degradação, está para venda há alguns anos, caminhando pouco a pouco para o estado de ruína. A estação do Monte foi adquirida pela Câmara do Funchal em Janeiro de 2017 (link da notícia) com o objectivo de ser criado um núcleo museológico associado a um espaço multi-usos. Passados 3 anos, é com tristeza que se observa um espaço nobre da freguesia do Monte, votado ao abandono, avançando a passos largos para um estado de ruína (link de uma notícia de hoje).
Já era tempo da Câmara do Funchal ter passado à acção, organizando uma equipa de trabalho polivalente, para restauro da traça original do edifício e da execução do núcleo museológico. Decerto o município tem arquitectos e engenheiros capazes de levar adiante esta tarefa. Juntar sinergias das mais diversas áreas, aproveitando o conhecimento e espólios ainda existentes. Com a prata da casa que não está submetida ao travão do orçamento não aprovado. Ainda assim, quando uns inviabilizam e escondem a mão, para depois mais tarde fazer demagogia barata de que nada se faz, alguém com diplomacia deveria chamá-los a alguma responsabilidade a bem da comunidade em vez da sua política.
A página "Madeira Quase Esquecida" no Facebook tem mostrado um acervo fabuloso da história deste transporte. Existem ainda na rede social diversos grupos de entusiastas ferroviários entendidos na matéria, que podem dar um contributo precioso a este projecto. Haja vontade de fazer os contactos e pedir colaboração voluntária, antes que seja tarde demais e tudo fique perdido na poeira dos tempos.
Segundo consta o Presidente da Câmara do Funchal, Miguel Silva Gouveia, até é um defensor da história e património, e não se compreende porque ainda não tomou uma atitude para resolver a situação da estação do Monte, usado todos os recursos que tem à sua disposição.
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