Melhor Saúde, menos política.


Depois da Educação, a Saúde. Partidos e candidatos às próximas 'Regionais' elegem este sector em ‘estado de coma’ como prioridade. Isto porque  sentem que os remédios alegadamente aplicados  não fazem efeito. Cabe ao administrador hospitalar Luis Alberto Matos abordar serenamente um tema muito marcado por excesso de ruído e pouca responsabilização, ou seja, com política a mais.
R.O.
Em os “Piratas das Caraíbas” há uma cena onde se apela ao código dos piratas, um conjunto de ideias vagas, aplicadas ad-hoc. Muito similar à Saúde na RAM. Sucessivos GR´s nunca ajustaram políticas ativas de prevenção da Saúde/Social á demografia da RAM, criando sim, absurdos burocráticos/administrativos ineficazes na prestação de serviços naquelas áreas.

60% do orçamento da Saúde/Social, é aplicado direta/indiretamente em salários e mordomias, entidades ineficientes de nula produtividade. Existe opacidade na gestão dos recursos financeiros, técnicos, infraestruturais e humanos e não existem fundamentos, objetivos qualitativos/quantitativos no Investimento, na injeção de fundos, aquisições e apoios a IPSS´s/outros, por inércia e falta de controlo/gestão do GR. Em quê, porquê, por quem, quando, onde e como?

Na RAM, o GR mantém duas Sec. Regionais, cujos serviços se duplicam no apoio Social/Saúde, nunca se coordenando. Estas secretarias, mantêm um complexo administrativo ineficaz, burocrático, desorganizado, desresponsabilizado e fútil. O uso/abuso da figura de equipas multi, pluri, inter, plani disciplinares em tudo, implica menor rapidez na promoção/aplicação de medidas sociais/saúde necessárias. A prevenção na saúde, deveria começar por ações sociais/saúde concertadas e a sua falta gera enormes custos humanos e financeiros. A sua fusão e extinção de organismos inúteis, deve ser realizada, numa lógica idêntica ao encerramento de escolas.

Ter 41 centros de saúde é excessivo. Calheta, Funchal, Santana, Machico e Porto Santo são localizações ótimas para centros de saúde melhores, concentrando os recursos agora dispersos. Por outro lado, dado que muitos Lares/IPSS têm de possuir médicos e enfermeiros a tempo inteiro, para além de outros peritos a tempo parcial e requisitos técnicos, há condições para prestação de serviços de saúde familiar próximos. Uma justa, correta e eficiente utilização dos recursos públicos investidos neles.


Eficazes políticas de Recursos Humanos (RH) nunca foram promovidas, atendendo a especificidade dos serviços e ações desenvolvidas pelos profissionais no contacto com populações no apoio ao seu lado mais emocional, frágil, débil: a Saúde/Social. Um departamento de RH, é essencial para uma política coerente de formação, promoção do brio e valorização pessoal com prémios em todos os escalões para quem cumpra objetivos de antemão fixados. A prevenção da fadiga, do stress ou ações de “burn out” são inexistentes, criando menor eficiência profissional, o erro, a insatisfação e o absentismo.

A promoção do mérito nunca é feita, políticas de proatividade ignoradas, limitando melhorias na qualidade em serviços, atendimentos/respeito aos cidadãos, correto uso de equipamentos e infraestruturas. Faltam metodologias de combate ao desperdício e ao erro, uma maior eficiência no alcance de objetivos/responsabilização não são exigidas. A micro-gestão de equipas, em todos os escalões, com um orçamento a ser gerido por estas e objetivos qualitativos e quantitativos fixados, deve existir. O mérito deve ser reconhecido com prémios/promoções via mecanismos transparentes de confiança.

A dimensão física, humana e profissional da RAM não permite a existência normal das atuais entidades privadas na saúde, IPSS´s e hospitais públicos. Os recursos técnicos profissionais são limitados e o GR promove uma política dúbia, ineficaz e com acumulação de trabalho por todas as entidades, a forma mais errada de compensar salários. Uma medida de falência para ter-se um conjunto de profissionais qualificados e empenhados no setor público, com melhores condições profissionais. A exclusividade paga, que muitos possuem, não é cumprida nem exigida e uma lista pública de interesses profissionais e societários deve ser exigida para credibilizar e fomentar a transparência no setor público.

Um sector privado, complemento do público, implica investimentos adequados à existência dessas complementaridades e o não fomento de investimentos elevados em infraestruturas, como é exemplo o novo hospital, que utilizado na sua completude, absorverá todos os profissionais de saúde na RAM, sobretudo médicos e se mal gerido será mais um “elefante branco”. A funcionar corretamente, “canibalizará” entidades privadas, o que não se pretende de todo. Dado o limite do mercado ou o sector público “canibaliza” a iniciativa privada, ou o inverso. Atualmente, o dinamismo privado na resposta, eficiência, qualidade de serviços, por deficiências de gestão no setor público, permite que se continue a entregar serviços passíveis de serem executados neste, ajudando a manter o setor privado. Para o GR a redução de serviços no sector público a favor do sector privado é vista eleitoralmente como má. O inverso é escondido. Uma política eficaz de complementaridade entre sector público, privado e social, implicará menos gastos públicos, bem como um sector privado mais independente, com ambos apostados em valências e serviços distintos complementares. A política de aconchego a grupos privados ligados ao regime tem de terminar. O monopólio mata a iniciativa privada porque é inimigo da inovação e qualidade.

Políticas de competência, valorização, formação na área da saúde em todos ramos de ensino, são inexistentes. Os exemplos de sucesso, no exterior, são pontuais e devem-se ao mérito e esforço individual. Acordos para investigação ou formação externa, com diversas entidades e indivíduos, devem ter objetivos, exigindo-se retorno no investimento/apoios concedidos, inclusive comunitários.
Uma plataforma tecnológica de ajuda á gestão, uniforme, parametrizável, comum a todos os serviços de Saúde/Social da RAM, permitindo aos profissionais receber informação on-line sobre utentes, um controle/informação mais atual do seu estado, cruzamento de informação com outros serviços e capacidades instaladas, previsão de gastos, localização de focos sociais/saúde, gestão atempada de necessidades, ter um mapa Social/Saúde em tempo real, geo-localizado/referenciado, com grau de execução orçamental real para correções atempadas, permitindo input´s/decisões rápidas  em tempo real, é necessária.

Nunca foi claro o financiamento do serviço púbico e social, optando-se por um sistema semipúblico, nada transparente e injusto para os cidadãos. Faltam critérios rigorosos nos apoios a utentes/famílias, permitindo-se demasiadas vezes, o uso de recursos públicos gratuitos por pessoas não carenciadas e fraudes. O GR não exige rigor e responsabilização nas contas publicas aos organismos que tutela. Utiliza na aquisição de produtos players que são bastas vezes comissionistas de fornecedores externos, empolando custos.

Ao financiar IPSS´s, o GR nunca exige complementaridade entre estas e os serviços públicos. A duplicação de custos financeiros nestas, em infraestruturas, RH, é real e de resultados nulos. Os lares podem servir como centros de saúde familiar de proximidade e triagem, que não acontece por inação do GR.

Em suma, muito por fazer na Saúde da RAM.



Artigo da edição impressa do Diário de Notícias da Madeira
10 de Julho de 2019
Página 6 "Raio X"

Reacções:

CDU vê Madeira em "grande desvantagem" na saúde

Edgar Silva identifica na rubrica ‘Raio X’ publicada na edição de hoje em papel um conjunto de aspectos que estão referenciados e que retratam “muitas das insuficiências do Serviço Regional de Saúde”, no entanto faltou referir, segundo o dirigente da CDU, que a Madeira é onde há “maior morosidade no acesso aos cuidados de saúde correlativamente a menores rendimentos”, uma situação que cria “grande desvantagem” em relação ao resto do país.

A Madeira, diz, “é a região do país onde os níveis de pobreza são mais elevados, os rendimentos do trabalho e não só em relação aos salários, mas as pensões de reforma e de invalidez são as mais baixas de todo o país, é aqui nesta Região que as pessoas mais têm de pagar do seu bolso pelo total dos custos em saúde, ou seja, é onde as pessoas menos recebem, mais pagam, e depois, no acesso à saúde, é onde a morosidade é maior”, afirmou, quando convidado a comentar o artigo.

O líder na Madeira do Partido Comunista Português entende que a questão da morosidade no acesso aos cuidados de saúde, a questão das listas de espera, põe em causa a garantia da universalidade da prestação e é “um problema gravíssimo”.

“Se é a região do país onde a morosidade é maior no acesso aos cuidados de saúde, se é esta a região onde os custos no acesso aos cuidados de saúde são maiores, por isso o capital de queixa em relação ao serviço público é maior. Quer dizer que estamos num sector vital como é o da saúde em clara desvantagem relativamente ao resto do país”.

As medidas concretas nesta área serão reveladas pelo PCP no manifesto eleitoral, que contam apresentar durante o mês de Agosto, um conjunto de propostas alternativas do partido relativamente às orientações que diz serem “erradas”, no sentido de dar “novo rumo para a saúde na Madeira”.

Durante este mês de Julho decorrem os debates sectoriais, que já se iniciaram, depois do que será ultimado o manifesto para apresentação pública, revelou o coordenador do PCP Madeira. (LINK)



Liberal defende equilíbrio entre o sector público e privado na Saúde

Na sequência 'Raio X' publicado esta quarta-feira (10 de Julho) no Diário de Notícias, a Iniciativa Liberal Madeira veio a público defender o "equilíbrio que existia entre o sector público e o privado", que a seu ver justifica o "período de sucesso do Serviço Regional de Saúde".

"Somos dos que pensamos que a Saúde só pode ser vista sob os olhos do bem-estar. É chegado o tempo de nos sentarmos todos, independentemente de 'cores' políticas e ou partidárias e pensarmos que futuro queremos para a nossa Saúde. O estado a que chegámos é tal, que o ciclo eleitoral de 4 anos não será suficiente para recuperarmos os SRS", começa por referir Nuno Morna.

Para o coordenador da Iniciativa Liberal Madeira "é por demais evidente que as questões de segurança social têm que deixar de pesar no sistema de saúde".

"A cada sistema o que é seu. A saúde trata e, quando o seu ciclo termina, deve a segurança social acompanhar no que lhe diz respeito. Casos há em que a intervenção da saúde continua a ser necessária (cuidados continuados) e aí, e só aí, se deve focar a sua participação", realçou.

Por outro lado aponta "que a gestão de recursos financeiros, humanos, de gestão, tem que ser rapidamente melhorados pela significativa poupança que pode proporcionar". Assim, "urge a restruturação do paradigma, definindo muito bem as competências das diferentes valências da saúde tornando-as públicas e claras: cuidados primários, cuidados hospitalares, cuidados continuados e paliativos".

Em relação aos cuidados primários, a Iniciativa Liberal diz que "é urgente proceder à sua reorganização e reestruturação baseados na constituição de Agrupamentos de Centros de Saúde".

Do mesmo modo, propõe um reforço do orçamento para "recuperação de listas de espera cirúrgicas e fazer a sua gestão correcta e transparente" e "se necessário, estabelecer protocolos com os privados de modo a acelerar a recuperação das já referidas listas de espera".

"A resolução dos mais prementes problemas da nossa Saúde passa por aquilo que acima propomos: sem uma população mais saudável não há sistema de Saúde que resista", conclui Nuno Morna. (LINK)



JPP diz que Saúde é o "tendão de Aquiles" do Governo PSD

A Saúde é o "maior 'tendão de Aquiles' deste governo PSD”, afirma a deputada Lina Preira do JPP, em reacção ao 'Raio X' hoje publicado no DIÁRIO.

"Esta é uma opinião partilhada por várias pessoas, independentemente da sua ideologia política, embora constantemente negada pelo Governo Regional social-democrata, cuja principal preocupação é a de salientar o que entendem ser um 'investimento' neste sector. Esquecem-se os governantes de referir quantos desses milhões foram 'investidos', unicamente, para saldar dívida o que, só por aqui, comprova a total ausência de estratégia, devidamente planificada, no sector da Saúde", realça a pora-voz do Juntoa Pelo Povo.

Mais, "este é um problema que resulta de opções governativas ao longo dos anos: investimento no modelo hospitalocêntrico ao invés de um modelo de proximidade com enfoque na acção preventiva ao nível dos cuidados de saúde primários, com a devida descentralização de serviços para os centros de Saúde e com a eficiente articulação com os demais agentes sociais fundamentais para a prestação dos cuidados, como seja o sector social", aponta Lina Pereira. 

Aqui, dá enfâse particular ao apoio à população idosa "que, por diversas condicionantes, muitas vezes ficam em situação de alta problemática, tornando ineficiente a prestação dos serviços de saúde para outros utentes mas, acima de tudo, colocando em risco o próprio bem-estar do idoso que se vê obrigado a permanecer no hospital quando poderia regressar à sua casa se houvesse a devida articulação quer com o sector social, quer com as autarquias locais, agentes primordiais de proximidade".

Assim, o JPP defende que "potenciar a maximização dos serviços, bem como de todos os recursos disponíveis no Serviço Regional de Saúde tem de ser uma prioridade". 

"Infelizmente, o que se tem verificado é um conjunto de más opções governativas que conduzem a uma insatisfação generalizada dos profissionais de saúde", lamenta defendendo a "valorização de todos os profissionais que trabalham no Serviço Público, sejam eles especializados ou não". (LINK)



Aliança defende "Saúde personalista e solidária"

“Em os “Piratas das Caraíbas” há uma cena onde se apela ao código dos piratas, um conjunto de ideias vagas, aplicadas ad-hoc. Muito similar à Saúde na RAM”, afirma Joaquim José Sousa a propósito do 'Raio X' de hoje sobre Saúde, relembrando que a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta "quatro condições mínimas para que um Estado assegure o direito à saúde ao seu povo: disponibilidade financeira, acessibilidade, aceitabilidade e qualidade do serviço de saúde pública".

Por contrapartida refere que "quando actualmente se fala em saúde na Região, falamos mais de um passa culpas da Região para a República sobre o Novo Hospital".

"Entre os partidos dominantes, sobram acusações e escasseiam as soluções sobre as listas de espera, a desvalorização dos cuidados primários, a promoção da vida saudável, a requalificação e reestruturação dos Centros de Saúde, a falta de medicação e até sobre os preços praticados no parque do hospital Dr. Nélio Mendonça que tanto preocupamos habitantes da Madeira e do Porto Santo", acrescenta.

Por outro lado, realça que os “sucessivos Governos Regionais nunca ajustaram políticas activas de prevenção da Saúde/Social à demografia da RAM, criando sim, absurdos burocráticos/administrativos ineficazes na prestação de serviços naquelas áreas”.

Perante o exposto, entende o Partido Aliança que "é preciso mais, muito mais, do que um novo hospital, que enquanto edifício por si só não resolve os problemas que enfermam o acesso aos cuidados de Saúde dos habitantes da Madeira se não estiver devidamente equipado e não tiver os Recursos Humanos necessários. É indispensável olhar para a saúde sob o prisma de um Novo Paradigma que são os Cuidados Primários. Para a relação entre estes e os cuidados prestados no hospital/centros de saúde, para a relação entre estes e os cuidados continuados e os cuidados paliativos".

A ALIANÇA afirma ainda que não participará no "debate estéril sobre a natureza pública ou privada dos prestadores de saúde". "A ALIANÇA pretende promover um Compromisso de Saúde entre o Cidadão e a Região que garanta o envolvimento de todos e de cada cidadão, considerando o Cidadão como um parceiro ativo no Serviço Regional de Saúde em especial na promoção da sua saúde e na prevenção da doença", vinca Joaquim José Sousa.

"Ao longo de décadas, diferentes secretários têm feito a promessa de colocar o doente no centro do sistema, mas este objetivo nunca passou do campo teórico. Nos últimos quatro anos tivemos três secretários regionais de saúde e estamos como estamos. O partido Aliança defende a individualização e uma maior proximidade e humanização dos cuidados de saúde aos diferentes níveis de intervenção de acordo com as necessidades identificadas em cada cidadão", conclui. (LINK)



Mário Pereira (CDS) aponta oito medidas para recuperar sector da saúde

No âmbito da análise partidária à rubrica ‘Raio X’ publicada na edição impressa de hoje e também neste blogue, o deputado Mário Pereira lembrou que em matéria de saúde “o CDS tem património político e mais de 90 propostas apresentadas na Assembleia Legislativa da Madeira” e avançou oito medidas que considera prioritárias e que deverão constar do programa que irá apresentar à população para as eleições regionais de 22 de Setembro.

A primeira medida é a construção de um novo hospitalar público, único e com gestão pública, que deverá avançar “rapidamente para substituir os existentes, para que sejam disponibilizados cuidados com mais conforto, segurança e produtividade”, já que “as instalações degradaram-se no caduco Hospital dos Marmeleiros e o Hospital Dr. Nélio Mendonça continua disfuncional e subdimensionado”.

Em segundo lugar, defende a implementação de um programa especial de fixação de profissionais de saúde pois o actual “é ineficaz”. A este nível, “deverá ser retomada a remuneração acessória atribuída aos médicos e suspensa pelo PAEF” e avançar com a qualificação e contratação de enfermeiros, médicos e técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, entre outros, além da especial atenção que deverá ser dada aos anestesistas, radiologistas, médicos de família e psiquiatras.

A terceira medida será nomear chefias com base em critérios objectivos e públicos, baseados na competência, meritocracia e capacidade de liderança, respeitando a certificação das capacidades técnicas obtidas em avaliação interpares e despartidarizando, uma vez por todas o SESARAM.

Como quarta proposta refere “o cumprimento de tarefas com zelo e respeitando os períodos de trabalho deve ser sempre a norma em todos os serviços e unidades”.

A criação de mecanismos que possam aumentar a produção cirúrgica no SESARAM em mais 25%, o que significa mais 3.000 cirurgias/ano e abater no total da lista de espera, é a quinta medida do CDS, ao passo que a sexta medida será “a criação da Carta dos Direitos do Doente em Lista de Espera”, que “é fundamental como instrumento de garantias constitucionais à saúde, com um mecanismo compensatório alternativo nos casos em que seja ultrapassado o tempo expectável em espera por cuidados de saúde”.

A sétima medida será a contratualização da “prestação de serviços, sejam consultas, exames ou cirurgias, com as instituições, sejam as de natureza privada, sejam as Misericórdias ou as Mutualidades, sejam regionais ou mesmo continentais”. Esta proposta comporta um investimento de 15 milhões de euros anuais para efectuar cerca de 10.000 cirurgias nos próximos dois anos.

Em oitavo lugar, o CDS quer “rever a Convenção Médica assinada com a Ordem dos Médicos, racionalizando os recursos disponíveis baseados no respeito das Normas de Orientação Clínica”, e “criar mecanismos de transparência entre prestadores de cuidados de saúde públicos e privados”.

Num comentário mais geral, o deputado Mário Pereira reconhece que “o actual estado da saúde na Madeira é motivo de crescente atenção e preocupação, seja sob o ponto de vista organizacional, clínico, financeiro, político seja pela perspectiva pessoal do utente”. “A Saúde é avessa à instabilidade”, lembra o porta-voz do CDS, que nota este problema no sector na Madeira, “bem como a incapacidade de satisfazer as necessidades dos cidadãos”. “Actualmente mantém-se uma acessibilidade aos serviços de saúde tendencialmente gratuita, mas o limitado acesso a médicos de família, as crescentes listas de espera para consultas hospitalares, exames auxiliares de diagnóstico e cirurgias têm condicionado o direito constitucional à saúde na Madeira. Tal obriga os madeirenses a dispor de elevados recursos próprios para complementar essas carências nas instituições privadas”, comenta o mesmo deputado e médico, que observa que “criaram-se expectativas na população de que a evolução assistencial seria favorável e contínua, mas tal não aconteceu” e que se vive agora “o dilema de não conseguir financiar e gerir adequadamente a saúde que nos foi prometida e que nós desejamos”.

Por outro lado, Mário Pereira afirma que “o distanciamento do SESARAM em relação ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) é real e não foram ainda reproduzidas as melhores experiências do SNS, como seja a carta dos tempos máximos em lista de espera ou o programa externo de redução das listas de espera para cirurgias (SIGIC)”. Alerta que a lista de espera cirúrgica passou de 16.400 doentes em 2015 para os actuais 20.900, um rácio dez vezes superior ao Serviço Nacional da Saúde do continente. Além disso, 43.000 madeirenses aguardam por exames, o que origina diagnósticos tardios, e, para completar o cenário negro, 37% dos madeirenses não tem médico de família.

Face a este diagnóstico, o representante centrista aponta caminhos: “O CDS entende que o modelo actual de funcionamento do Serviço Regional de Saúde está no fim da linha e, em consequência, deverá ser estabelecido um novo compromisso de confiança com a população. Neste momento, não há da parte de quem governa a saúde na Região um vislumbre, sequer, de abertura para mudar o que quer que seja. A prova disso é a negação constante das evidências e a retórica, repetida, de que o Serviço Regional de Saúde está a fazer um bom trabalho. É necessária uma mudança política e uma mudança de rostos. De uma vez por todas, é preciso respeitar os profissionais da saúde e premiar a meritocracia”. (LINK)


SESARAM "está em coma induzido", acusa Luísa Santos (BE)

"O Serviço Regional de Saúde está em 'coma' induzido pelo PSD, para favorecer os negócios privados. A saúde está doente de forma deliberada, os gastos na Saúde não são visíveis e o Governo Regional tem preferido investir em coisas mais visíveis, estradas novas ou praias de areia amarela. Só temos conhecimento do estado do nosso serviço de Saúde quando dele precisamos". É com esta declaração que Luísa Santos, número dois da lista do BE às Eleições Regionais, reage ao 'Raio X' hoje publicado no DIÁRIO.

A dirigente do 'Bloco' acusa o Governo Regional de não ter investido o necessário no sector e não ter investido na prevenção. "As pessoas passam mais tempo doentes, porque vivem cada vez mais anos e a resposta é tardia após o diagnóstico", manifesta, considerando que o Executivo madeirense deve "aumentar o orçamento para a saúde, para recuperar as listas de espera e porque uma população mais idosa exige mais cuidados de saúde".

De resto, lança uma questão: "Mas porque está doente saúde?" E a primeira constatação surge logo a seguir: "Os profissionais deparam-se com as carreiras congeladas e com ordenados baixos, as saídas são a emigração e a acumulação com o privado. A redução de profissionais aumenta o cansaço dos que ficam, trabalham mais, mas recebem o mesmo, aumenta a desmotivação".

Adianta também, em jeito de denúncia, que a "manutenção dos equipamentos é descurada e as obras adiadas (há sempre outras prioridades) são factores adicionais de desmotivação que os privados aproveitam. Algumas opções desafiam qualquer lógica de eficácia, são puros fretes a interesses privados, como os casos da radiologia / medicina nuclear, a desativação da lavandaria do hospital, para dar negócio ao grupo Serlima/Pestana, o encaminhamento dos resíduos perigosos para o continente, dá negócio ao monopólio do transporte marítimo".

E acrescenta: "Temos de fazer do Serviço Público de Saúde uma prioridade, só assim se pode garantir a prazo cuidados de saúde com qualidade para todos".

Ora, por tudo isto, considera que "urge valorizar os profissionais, reforçar o quadro de pessoal, melhorar as infraestruturas e equipamentos. Apostar na prevenção para poupar no tratamento da doença e fazer acompanhamento adequado na doença cronica. Há que desburocratizar e tornar mais transparente o funcionamento da saúde, criar mecanismos de participação dos profissionais e dos utentes na gestão do Serviço de Saúde, só assim se combate a partidarização da administração, o compadrio e a promiscuidade com os privados". (LINK)



"A saúde na Região vive um momento de emergência"

É o reafirmar de uma posição que a candidatura do PS, liderada por Paulo Cafôfo, vem a defender há vários meses. “A Saúde na Região vive um momento de emergência” e impõe-se uma actuação firme para inverter a situação. Para isso, defende o partido, é preciso dar condições ao futuro Governo regional para actuar.

A reacção/posição da candidatura sobre o sector da saúde, a propósito do texto hoje publicado na edição impressa do DIÁRIO, na rubrica Raio X, exactamente dedicada à saúde. Trata-se de uma análise ao sector, da autoria Luís Alberto Matos, administrador hospitalar.

Conheça, na íntegra, a reacção/posicionamento da candidatura socialista.

"A Saúde na Região vive um momento de emergência. São muitos e de grande dimensão os desafios a enfrentar, que fazem com que a Saúde seja a prioridade principal definida pelo PS Madeira para a próxima legislatura. Para isso, importa dar todas as condições políticas e financeiras no futuro Governo para se proceder a medidas estruturais que permitam enfrentar os problemas conhecidos de todos, contratar mais profissionais e gerir de forma mais eficientes os meios e os equipamentos disponíveis na Região.

É essencial dar passos certos e concretos para inverter a degradação das diferentes componentes do Serviço Regional de Saúde e colocar este serviço novamente a cumprir o propósito para o qual foi criado: cuidar das pessoas. Ao mesmo tempo que é necessário ter uma visão abrangente para o futuro, é urgente dar resposta imediata a problemas e evitar que se agravem ainda mais.

Dar um verdadeiro acesso dos madeirenses e porto-santenses à saúde é a pedra angular desta estratégia. As longas listas de espera de cirurgias, exames e consultas, a falta de cobertura de médicos de família e as infraestruturas obsoletas, que tem no Hospital dos Marmeleiros o caso mais gritante, faz com que na Madeira não exista um verdadeiro acesso dos madeirenses e porto-santenses à Saúde. Este é o ponto fundamental de qualquer visão do sistema regional de saúde do futuro.

Perante a necessidade de uma resposta integrada e sustentada, a aposta nos cuidados de saúde primários assume uma importância de excelência. O centro de saúde é a estrutura privilegiada para a prevenção da doença e de promoção da saúde, beneficiando da sua lógica de proximidade. Esta mais valia não está a ser potenciada neste momento. Autonomizar os cuidados de saúde primários, garantindo condições para atingir cobertura populacional de 95-98% de médicos de família. Mais investimento nos cuidados primários é mais e melhor saúde, corte nos gastos supérfluos, melhor gestão dos doentes e encurtar acessos. Mas para isso é preciso ter médicos de família, enfermeiros e técnicos de saúde. Investir nestes profissionais, não é despesa, é ganho a médio e longo prazo.

O envelhecimento da população e os problemas associados a doenças crónicas, uma rede hospitalar sobrecarregada e ultrapassada, a inadequação da resposta dada pela segurança social à população com aumento das altas problemáticas e falta de residências/lares são problemas diagnosticados por todos os quadrantes políticos, mas que não têm tido numa resolução efetiva ou medidas que iniciassem a inversão desta decadência do sistema. Importa repensar o Hospital dos Marmeleiros e transferir áreas médicas para o Hospital Dr. Nélio Mendonça, garantindo proximidade e apoio às restantes áreas clínicas, acesso aos exames complementares e de diagnóstico e melhores condições de saúde para os utentes e de trabalhos para os profissionais. Por outro lado, é importante garantir o financiamento e a construção do Novo Hospital Central da Madeira, um anseio da população e um passo essencial para os profissionais de saúde.

Para mudar o actual momento vivido no setor da Saúde investir nos profissionais, promover entendimentos, reconhecer o passado, reestruturar o futuro. É essencial apostar nas pessoas, nos profissionais de saúde. São elas que, diariamente, tornam possível que o sistema possa funcionar e que os cidadãos tenham cuidados de saúde dignos e de qualidade.

Recuperar credibilidade, buscar e obter reconhecimento, local e externo são factores motivadores para quem trabalha nas instituições, e para quem delas necessita. Uma imagem de marca, forte, de confiança, demora a construir mas é essencial para assegurar o futuro da saúde da Madeira, voltando a colocar o Sistema Regional de Saúde como uma referência."  (LINK)

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