Estarão todos errados?


A Educação é o tema do 4.º ‘Raio X’, espaço onde especialistas em diversas áreas analisam e avaliam os factos e os dados tornados públicos. No ‘fact check’ às posturas do poder desta semana cabe ao professor André Escórcio pensar um sector que muitas vezes se contenta com o efémero. É de olhos postos no futuro que aqui é definido. Para que não dependa de humores presentes.
R.O.
Entre muitos, Sócrates, Filósofo, 470 aC/399aC: “a educação tem por objectivo imediato o desenvolvimento da capacidade de pensar”; saltando na História, outro Filósofo, Nietzsche (1844/1900), falou da “moral do rebanho”, de uma educação contrária à ”verdadeira cultura”,submetida aos interesses dominantes; até aos pensadores dos nossos dias, são tantos, por exemplo, o Professor Joaquim Azevedo, “a escola mudou pouco e os adolescentes mudaram muito”. Três posições que se conjugam em uma síntese: pensamento, cultura e mudança. Ora, este sistema não tem como pressuposto fazer pensar, ignora a cultura e mostra-se avesso à mudança.

O político fechou-sena torre de marfim, burocratizou, preferiu a rotina enciclopédica ao acto de fazer pensar, tornou-se um ignorante altifalante, não fecundou nem se deixou fecundar pelas ciências.Não estudou as correntes filosóficas e as concomitantes características do problema educativo ao longo dos séculos. Por aí perceberia o mundo de hoje e entenderia que uma “escola sempre igual não pode competir com a vida que é sempre diferente” (P. Brito, 1970).Perceberia que há muito passámos de uma sociedade da “manufactura para a da mentefactura” – L. Cardoso, 1997. Tem-lhe interessado a “moral do rebanho”, vocacionando os professores para a reprodução dos manuais, agora enfeitados no digital, quando se sabe que "(...) o bom ensino supera uma escolha tecnológica pobre, mas a tecnologia nunca salvará o mau ensino" – T. Bates/Microsoft. Tem-lhe interessado “a deriva transbordante” de natureza enciclopédica de que fala António Nóvoa e conservar o código oculto da Sociedade Industrial (Toffler): a maximização (um estabelecimento com 2000 alunos é uma fábrica, não uma escola), a especialização (trabalho segmentado por disciplinas) e a centralização (o poder em uma só pessoa),o que significa manter a escola nas traves-mestras do Século XIX, embora vivamos o tempo da 4ª Revolução Industrial.

Ora, quando hoje se operacionaliza de acordo com os pressupostos de ontem, quando a hierarquia política desdobra-se em ilusórias meritocracias, no mediatismo das festas,em “Pontos e Vírgulas”, quando pede respostas certas na idade das perguntas, quando mata a curiosidade, manipula estatísticas, confunde a absurda competição por “cincos” e “vintes”com o verdadeiro conhecimento, castiga o direito à diferença, quando a escola assume a característica de um pronto-a-vestir, de tamanho único para populações, culturas e ritmos de aprendizagem diversos, quando se torna em um espaço impessoal, por ausência de alma e arquitectura adequada, quando prevalecem actividades ritualizadas, legislação em catadupa, limitações orçamentais, ausência de autonomia pedagógica, nesta Escola, sintetiza Rubem Alves, "cumpre-se o ritual e o formal, porque para o burocrata o que interessa é o que vem no relatório. Não as crianças".

Este sistema faliu.Foram mais quatro anos perdidos, repetindo o passado e plenos de insanas tropelias, com fusões que contribuem para a desertificação, perseguições, processos disciplinares e  afastamento de colaboradores próximos.Por outro lado, é falacioso o argumento da quebra demográfica. Ela constitui uma oportunidade, não uma fraqueza.


Na aprendizagem básica a escola deve ser vista pelo ângulo da cultura. É um erro confundir-se edifícios com o sistema. Não se criam alicerces através de uma paranóica obsessão pela avaliação e pelos exames. Não é dividindo o ano em dois semestres que se encontrará a saída para um futuro desejável. Mais do que um nível, em causa deveriam estar projectos de vida. As questões são mais profundas, são de natureza organizacional, de rede escolar, curricular, programática e pedagógica,de mentalidade,de pobreza,formação complementar dos professores,de investimento no sector público em detrimento do privado, de políticas de família e de uma nova organização da sociedade. Há um processo transversal e em rede que o político ignorou porque não deseja outros protagonismos.

Portanto, o sistema precisa de estudo e utopia, dispensa a insciência e a rotina.A Educação não pode estar ao serviço de agendas pessoais e subordinada a cultos de personalidade. Dispensa a demagogia e as abstrusas manobras de silenciamentos vários. Precisa, sim, que os “muros” dos designados estabelecimentos de ensino sejam derrubados para que nasçam estabelecimentos de aprendizagem que rompam com os conceitos de aula e de turma. Existem outros formatos que conduzem ao conhecimento, com rigor, disciplina, exigência, cultura de responsabilidade e qualidade. Do aluno, agente passivo e obediente, torna-se necessário fazer despertar o aluno que mete a mão na massa. Porque“o João todos os dias entra na escola; a escola é que não entra no João”. A pergunta é: porquê?
“O tempo, como o mundo, tem dois hemisférios: um superior e visível, que é o passado, outro inferior e invisível, que é o futuro” – Padre António Vieira, 1608/1697. Mesmo escapando à vista torna-se necessário trazê-lo ao presente, desenhando-o com a previsibilidade possível, das ciências às artes, ao desporto e à cidadania.E não é com “salas de aula do futuro” e com paleios sobre robótica que se concebe esse futuro. O sistema precisa “de um pensamento globalizante que não se feche nem nas fronteiras do imediato, nem na ilusão de um futuro mais-que-perfeito” – António Nóvoa.

A Região poderia ser uma referência de excelência educativa, um laboratório,até pela sua pequena dimensão.Não é. Testemunham as arrepiantes taxas de insucesso e de abandono ("65% da população, com 15 ou mais anos, tem, apenas, até o 9º ano de escolaridade”), os níveis de escolaridade dos empresários,a conturbada formação profissional e o medíocre estado cultural. A excelência exige um novo paradigma que respeite os princípios da transformação graduada, a interacção sistémica, a optimização dos meios e a participação das pessoas. Criar futuro implica rebeldia, jamais acomodação, porque o sucesso surge quando se quebram regras tradicionais, fazendo da ousadia uma atitude. Exige-se pensamento inteligente dirigido para “um país, três sistemas educativos”. A Madeira Autónoma deve assumir essa luta em sede de revisão Constitucional,o que não obsta passos consistentes em todos os domínios que o Estatuto Político-Administrativo confere, no quadro das matérias de interesse específico. Se assim não acontecer, acabará por não se justificar a regionalização. Que enervante silêncio!

Disse Einstein: “não há maior sinal de loucura do que fazer uma coisa repetidamente, esperando a cada vez um resultado diferente”. Estarão todos errados?



Artigo da edição impressa do Diário de Notícias da Madeira
3 de Julho de 2019
Página 4 "Raio X"

Reacções:

"É um absurdo a escola do séc. XXI continuar balizada por uma estrutura e modelo que vem do séc. XIX.

Como está muito bem dito no Raio-X de hoje no DN Madeira, é um absurdo "a escola do século XXI continuar balizada por uma estrutura e modelo que vem do século XIX".
"A Iniciativa Liberal Madeira tem a educação como pilar fundamental e estratégico de todas as políticas governamentais, afastada de partidarismos e projectos de promoção pessoal, tendo como objectivo a autonomia intelectual das pessoas", admitiu José Augusto Sousa Martins que foi o porta-voz do partido, numa reacção ao Raio-X  publicado hoje no DIÁRIO.

"Consideramos para isso como vectores fundamentais, mas não sendo os únicos:

A reforma profunda e total da Secretaria da Educação que deverá passar a ter uma estrutura mais simplificada, descentralizada, despartidarizada e altamente profissional, de modo a garantir uma maior racionalidade, operacionalidade e estabilidade às políticas educativas e aos processos de ensino/aprendizagem;

O reforço da legitimidade democrática dos gestores de todos os órgãos de ensino e também um factor a ter em conta, bem como o recusar a desvalorização do ensino privado e os modelos de ensino alternativos;

Promover a equidade de modo a que ninguém fique para trás;

Precisamos de estabilidade nos programas e no corpo docente. Um ensino que não seja meramente utilitarista, mas que promova os interesses do indivíduo, o pensamento crítico, a autonomia do estudante, o pensamento empreendedor, e uma literacia transversal e orientada num mundo volátil e em constante transformação, desenvolvendo designadamente as competências digitais e de programação; os conteúdos de inovação e de empreendedorismo; os conteúdos de finanças pessoais, não descurando o papel do desporto, das artes, das ciências e da matemática;

Promover a “educação cívica” como pilar fulcral do sistema de educação, tendo como objetivo preparar os nossos jovens para poderem desempenhar o seu papel como cidadãos ativos no sistema democrático nacional e europeu;

Urge reforçar o papel do professor na sociedade, dando mais autonomia às escolas para definir modelos de ensino alternativos, horários diferenciados, materiais de ensino próprios, os seus programas curriculares e os seus métodos de ensino, não descurando a sua autonomia na escolha e na gestão de recursos;

Promover a liberdade de escolha dos estabelecimentos de ensino, quer por questões geográficas, pelo seu cariz público ou privado, quer pela diferenciação da oferta educativa; qualquer apoio financeiro deve ser dado às famílias, e não às escolas, para que cada família possa escolher a escola onde quer colocar o seu educando;

Precisamos de uma escola aberta à sociedade, aproximando-a das populações e do poder local; ligação ao mercado de trabalho e à partilha das infraestruturas com a comunidade. A base de uma sociedade mais justa, comprometida e solidária, qualificada e socialmente participativa assenta em patamares de ensino de excelência, que formem adultos qualificados nas mais diferentes áreas, que promovam uma economia sustentável e cidadãos mobilizadores."

O partido acrescentou ainda que oportunamente divulgará as suas propostas para a Educação. (LINK)


Aliança diz que foram "quatro anos perdidos" e aponta prioridades para a Educação.

"Entendemos que foram mais quatro anos perdidos, repetindo o passado e plenos de insanas tropelias, com fusões que contribuem para a desertificação, perseguições, processos disciplinares e afastamento de colaboradores próximos. Por outro lado, é falacioso o argumento da quebra demográfica. Ela constitui uma oportunidade, não uma fraqueza. Antes de qualquer mudança realizada na melhoria da Educação, é imperativo determinar os sucessos e necessidades da mesma. Por outras palavras, é necessário ter uma imagem clara do sistema educativo, antes de fazer qualquer intervenção. Isto irá ajudar a determinar a avaliação do progresso e ajudará nos ajustamentos ao longo do percurso". A posição é de Joaquim José Sousa, na sequência do 'Raio X' publicado hoje no DIÁRIO.

O representante da Aliança na Madeira passou a elencar as prioridades do partido para uma politica de Educação. Concretamente: "universalização do pré-escolar; melhorar a qualidade da Alimentação nas escolas públicas e promover o consumo, sempre que possível, de produtos regionais; provir as escolas dos funcionários em falta, que põe em causa a segurança, alguns serviços e o acompanhamento dos alunos com necessidades educativas especiais; investir na estabilização e na valorização das competências dos professores; criar uma estratégia regional de formação/ requalificação; implementar medidas estruturantes de apoio à família; promover uma verdadeira liberdade, democracia e autonomia nas escolas".

Universalizar a educação pré-escolar  

"A universalização do pré-escolar deve tornar-se obrigatória para todas as crianças a partir dos 3 anos de idade", defende Joaquim José Sousa. "Para a Aliança esta deve ser uma prioridade de modo a serem atenuadas as desigualdades sociais nos trajetos escolares e, em simultâneo, promover uma medida “amiga das famílias, através de ponderada conciliação entre a vida e as obrigações profissionais e a necessidade de garantir o melhor apoio para os filhos", expõe.

Melhorar a qualidade da alimentação nas escolas públicas

A propósito da alimentação nas escolas, a Aliança propõe o "incentivo sempre que possível à utilização de produtos regionais", bem como "aumentar a qualidade e equilíbrio nutricional dos lanches da população escolar", tendo em conta a "epidemia de obesidade entre as crianças e jovens".

Provir as escolas dos funcionários em falta

Para Aliança a falta de funcionários "põe em causa a segurança, alguns serviços e o acompanhamento dos alunos com necessidades educativas especiais".

"Os assistentes técnicos, são fundamentais para o bom funcionamento da escola, permitindo que a mesma se actualize e operacionalize num contexto em que a legislação é cada vez mais complexa e a formação destes profissionais cada vez mais fundamental para o bom funcionamento das instituições. A colocação e a valorização remuneratória destes profissionais tornam-se imperativos para termos escolas modernas e com capacidade de se adaptarem às exigências actuais", aponta Joaquim José Sousa.

Em relação aos assistentes operacionais, refere que "parte substancial" destes funcionários é proveniente do instituto de emprego. "A sua falta de experiência agregada à vontade de trabalhar resolvem situações, mas eternizam problemas. É imprescindível dotar as escolas de funcionários de carreira, porque a qualidade e formação destes profissionais são uma mais-valia para a escola", frisa.

No caso dos técnicos superiores, diz que "psicólogos, assistentes sociais, gestores e juristas são fundamentais para um correcto funcionamento das escolas".

Investir na estabilização e na valorização da qualidade dos professores

No que toca à classe docente a Aliança defende u investimento na estabilização e na valorização da qualidade dos professores "e não no procrata (professor burocrata)".

Para tal propõe:

i) Reestruturar o sistema de colocação de docentes

- Extinção das Delegações escolares;

- Colocações quadrienais para todos os docentes de quadro;

- Concursos internos atempados para que as colocações sejam conhecidas no mês de julho;

- Concursos externos atempados para que as colocações dos docentes a contrato sejam conhecidas no mês de agosto;

- Reestruturação da rede com regras claras e objetivas;

- Definir os três contratos anuais sucessivos como norma de vinculação dos docentes contratados.

ii) Valorizar e Estabilizar os corpos docente e não docente

- Manter o programa de descongelamento das carreiras do pessoal docente e não docente, sem cotas nem alíneas sujeitas à vontade política do momento;

- Abertura de concursos para aprovisionamento dos quadros de pessoal com os funcionários não docentes necessários ao bom funcionamento das escolas;

- Avaliação docente simples e eficaz e com efeitos na progressão e colocação dos docentes, envolvendo o Conselho da Comunidade Educativa, o Conselho Pedagógico e o Conselho Executivo.


Educação como elevador social

O partido Aliança considera que "falta de visão regional para a educação no quadro da Autonomia da Região Autónoma da Madeira".

"Acreditamos numa região onde a Educação de qualidade seja de facto um elevador social. Um país onde a sociedade civil seja forte e a iniciativa privada também. Uma região que seja livre de poderes instalados e não seja capturado pelos interesses de alguns. Uma região que tenha ambição e que não se acomode", frisa Joaquim Josá Sousa, dizendo ser "incompreensível que o mundo abrace a 4ª Revolução Industrial, mas a Escola continue a manter métodos de aprendizagem da 1ª Revolução Industrial".

Neste sentido aponta como necessária a criação de turmas tendo como referencial:

- 10/ 12 alunos no pré-escolar;

- 14/ 16 no 2º e 3º ciclos e no secundário;

- 10/ 12 alunos nos cursos de educação e formação de jovens;

- 12/ 14 alunos nos cursos profissionais.

- Aposta no ensino profissional centralizando o mesmo nas escolas públicas e tornando a escola de São Martinho uma referência regional, protocolizando com empresas privadas de modo a dar utilidade/financiamento e credibilidade à formação aí ministrada;

- A formação profissional nos concelhos distantes do Funchal deve ser protocolada com as escolas públicas por forma a ser lecionada nas mesmas;

- Semestralização do ensino básico e secundário (passar dos atuais 3 períodos para apenas 2) – em regime experimental;

- Integrar no calendário escolar, uma interrupção letiva (três dias após o carnaval) tendo em vista a realização de formação especifica creditada/ validada dos diferentes grupos disciplinares;

- Universalizar a formação a todos os inscritos no centro de emprego;

- Universalizar a re-qualificação de todos os profissionais que assim o solicitem nas escolas da RAM.

Sucesso como fruto da estabilização e da valorização da qualidade dos professores

"Na Madeira, há problemas estruturantes que criam entropias ao sistema educativo", considera o representante da Alainça, dizendo que é necessário apoiar o "sucesso real nas escolas da RAM", através da "promoção de diversos trajetos e metodologias de ensino":

i) Utilização mais ativa das pedagogias inovadoras;

ii) Aposta nas artes e no desporto;

iii) Aquisição de competências digitais.

Por outro lado, refere que "a revolução digital suscita a procura de habilidades e competências digitais" pelo que, a seu ver, torna-se necessário investimentir "em infra-estruturas, mudanças organizacionais, dispositivos digitais e competências digitais dos educadores/ professores, bem como "apostar na aprendizagem ao longo da vida".

Implementar medidas de apoio à família

"Nos últimos anos a taxa de natalidade na Madeira tem diminuído. É neste contexto que poderemos assistir a situações de excesso de oferta educativa com infraestruturas e outros recursos subaproveitados. É urgente construir uma visão integrada da educação de infância e conceder a máxima prioridade à qualificação do serviço público de educação, com especial atenção ao ensino pré-escolar e ao 1º ciclo, direcionando recursos para a melhoria das aprendizagens e para a prevenção do insucesso escolar. A educação infantil é um dos meios mais eficientes para aumentar a aquisição de competências essenciais no âmbito das artes, do desporto, sendo importante universalizar o acesso e aumentar a qualidade", relça Joaquim José Sousa.

Promover a liberdade e a democracia nas escolas

Por fim, a Aliança defende o enquadramento legal das alterações legislativas ocorridas na RAM na última década, "por forma a que exista legalidade nos atos praticados e equidade entre todos os docentes", sisando entre outros objetivos:

- A limitação para três mandatos consecutivos para os membros dos órgãos de gestão das escolas;

- Dar capacidade eletiva para os órgãos de gestão de todos os docentes com contrato por tempo indeterminado, pertencentes a quadro de escola ou zona pedagógica;

- Aumentar a participação dos funcionários na administração escolar;

- Aumentar a participação dos pais na vida escolar;

- Retirar a Inspeção da Educação da dependência do Secretário Regional de Educação e dar-lhe competências inspetivas específicas.

- Reduzir o Assédio Moral no local de Trabalho que pode conduzir a situações de profunda fragilidade emocional e que pode assumir forma de ataques verbais diretos, emissão de críticas à frente de colegas, bem como assumir formas mais indirectas como a desvalorização do trabalho, a exposição a situações humilhantes e constrangedoras, a imposição de horários incompatíveis com a vida pessoal do trabalhador, isolamento social, privação da hora de almoço, não fornecimento de material para a execução das tarefas, perseguição, circulação de boatos, etc..

Em suma, o objectivo do partido é "atingir em quatro anos uma rede que seja sinónimo de: eficácia (atinja as metas estabelecidas), eficiência (optimize os recursos disponíveis), efetividade (cumpra os objetivos sociais do serviço educativo), equidade (minimize o impacto das origens sociais no desempenho académico) e satisfação (relacionar expectativas e satisfação dos diferentes actores educativos)". (LINK)


Aliança diz que foram "quatro anos perdidos" e aponta prioridades para a Educação.

“Quatro anos perdidos define bem este mandato do Governo de Albuquerque na Educação, mais preocupado com o controlo político sobre as escolas que sobre do sistema – preocupação transversal a todo o Governo". É assim que coordenador do Bloco de Esquerda reage ao 4 tema Raio-X de hoje no DIÁRIO.

Paulino Ascenção diz viver tempos de mudança acelerada e a escola "deve preparar os alunos acima de tudo para se adaptarem as mudanças que irão encontrar ao longo da vida, muito mais que fornecer-lhes conhecimentos específicos. Muitas das ocupações profissionais as quais irão dedicar-se no futuro ainda não existem, a capacidade de aprendizagem ao longo da vida e de adaptação a novas realidades são fundamentais", afirma. E acrescenta: "Isso implica mudanças nas praticas lectivas, abandonar a obsessão pela avaliação quantitativa dos alunos, dos professores e da escola. A burocracia excessiva mata a criatividade e a inovação, retira espaço à reflexão e à partilha de soluções".

Seleccionar as aprendizagens "será sempre o desafio, mas mudar a organização e o sistema de avaliação são necessários para mudar o ensino", sublinha. "Os tablets e manuais, as tecnologias podem ser ferramentas não são o móbil da mudança", observa. O 'bloquista' considera que a lógica da competitividade está subjacente à introdução dos exames e da avaliação das escolas e dos professores. O objectivo, refere, "é criar um clima de competição e quebrar solidariedades e o espírito de equipa, complementado com as formações para o empreendedorismo em todos os níveis de ensino, isso não é outra coisa que inculcação ideológica neoliberal, promoção dos valores do individualismo, do ambição de vencer e de vender como objetivo mais alto da realização pessoal".

A redução demográfica de cerca de mil alunos a menos por ano "é preocupante", mas para este Governo "é uma oportunidade de reduzir custos, encerrar mais escolas – uma lógica de mercearia", critica. Entende que a redução demográfica "é a prova maior do grande falhanço dos Governos PSD e do modelo baseado em fazer obras de milhões para ganhar eleições. Um modelo sem visão de futuro, serviu para enriquecer alguns e condena a maioria à emigração", recrimina o coordenador do BE na Região.

Que prossegue: "Este governo tem apoiado de forma escandalosa e desnecessária o ensino privado, resulta dessa opção um ensino cada vez mais elitista e segregador, que faz dos pobres cada vez mais pobres e dos ricos cada vez mais ricos". Nada de surpreendente, na sua opinião tendo em conta que está perante um Governo constituído por membros de “boas famílias”.

"É fundamental investir na escola pública e apoiar o privado apenas a título subsidiário, só assim se promove a igualdade de oportunidades", apela, lembrando que a "tão propalada liberdade de escolha que o privado oferece é uma falácia para esconder a exclusão social que promove, essa liberdade de escolha está disponível para tem pode pagar apenas!"


Por tudo isto, vinca que o Bloco de Esquerda "compromete-se a apoiar todas reivindicações apresentadas pelo sindicato dos professores", conclui. (LINK)


JPP lamenta "escola que parou no tempo".

"A reflexão do Professor André Escórcio é um retrato das preocupações da comunidade científica na área da Educação. Aqui se incluem todos os que anseiam pelo combate ao comodismo, à rotina, à reprodução de conteúdos para produção fabril de massas populacionais certinhas mas pouco pensadoras. Ao longo destes anos, a única coisa que alcançámos foi o mesmo tempo de escola pública para todos (12 anos) mas não a mesma qualidade. E ainda assim, dividimos os alunos por turmas consoante as suas alegadas capacidades, embora se encha o peito para dizer que isso não acontece. Mas precisamos todos do mesmo tempo de ensino? E do mesmo currículo? Das mesmas experiências?".

É desta forma que a deputada do JPP, Patrícia Spínola, começa por abordar o 'Raio X' de hoje, centrado na Educação.

A parlamentar tece ainda considerações sobre outros aspectos, deixando claro que "a escola deixou de ser atrativa porque parou no tempo". "Não houve aposta na sua modernização. O giz, o quadro negro e os professores que compram o próprio material de trabalho, continua a ser uma aposta económica. Pontualmente, equipam-se escolas com quadros interativos e promete-se tablets para todos a curto prazo, mas esquecem-se de garantir quem fará a sua manutenção diária e de formar quem vai dar o correto uso a essas ferramentas. Os cenários de ensino continuam os mesmos. As escolas encerradas não foram canalizadas para abordagens pedagógicas diferenciadas. As interrupções letivas são usadas para guardar rebanhos sem qualquer atividade inovadora promovida pela tutela. Os rankings continuam a seguir os mesmo critérios de avaliação, ou seja, a comparar o incomparável", refere.

Patrícia Spínola sugere uma mudança que implica alteração do pensamento, mesmo que alterar o pensamento choque com questões culturais e isso gere constrangimentos. "'Melhor deixar como está', seguir 'o rebanho', pensam as pessoas e a maioria dos políticos que não são formados na área. Certo é que os políticos não aprofundam os seus conhecimentos nas matérias que compõem os seus dossiês, ora por falta de tempo, de recursos materiais e humanos ou, simplesmente, de vontade, perante uma maioria absoluta que tudo reprova. Por outro lado, vêem que a meritocracia política não passa pela competência, por provas dadas, mas essencialmente por árvores genealógicas. Curioso também é notar que as promessas eleitorais já colocadas no terreno para a área da educação, principalmente no que à carreira docente diz respeito, não foram alvo de propostas de alteração dessa legislação, durante a discussão na especialidade, por parte dos mesmo partidos da oposição que agora as reivindicam", diagnostica.

Também abora a quebra demográfica, sublinhando que "esta é, efetivamente, uma oportunidade para promover um ensino de excelência mas é vista pelos governantes como um mealheiro onde se podem poupar uns trocos".  Mais, salienta: "Fecham-se ou fundem-se escolas para manter as turmas grandes e diminuir o número de professores. Há novas apostas mas são singelas e envergonhadas. Ergue-se a bandeira do ensino artístico mas mantém-se um Conservatório num edifício inadequado para o exercício e magnitude da excelência alcançada pelo mesmo. Fala-se na aposta no Ensino Profissional mas continuamos com um espaço novo e subaproveitado quando há tantas profissões em vias de extinção na nossa Região, que mereceriam uma formação orientada, e das quais dependem os nossos produtos regionais. Arrumam-se os utentes dos Centros de Atividades Ocupacionais em edifícios desadequados às suas condições físicas e intelectuais e para ali ficam esquecidos entre mudanças de tutela".

Neste cenário, conclui que, "no formato em que estudamos, não há Renovação que parta de meia dúzia de decisores à distância. Nas palavras de Lincoln, o sistema de educação deve ser do povo, pelo povo e para o povo. Sem o contributo deste, andamos sem destino".  (LINK)


"Grande parte dos políticos que dirigem educação no país são verdadeiramente néscios", diz Lopes da Fonseca.

"Néscios", ou seja, ignorantes, é a classificação que o deputado e professor António Lopes da Fonseca (CDS) emprega para definir quem dirige o sector da Educação a nível nacional e sublinha que "as tecnologias, só por si, não são suficientes para formar gerações cultas", sendo antes necessário um maior investimento nos recursos humanos.

Num comentário à rubrica 'Raio X' publicada na edição impressa do DIÁRIO de hoje, com uma análise ao sector da Educação feita por André Escórcio, Lopes da Fonseca começa por referir que "a Educação não pode ser dirigida por políticos que não estejam imbuídos da prática pedagógica, pois uma grande parte dos dirigentes que temos tido no sector da educação, sobretudo no país, são verdadeiramente néscios em toda a sua componente formativa e educacional, embora se intitulem como detentores de estudos superiores em matérias educativas". "Alguns desses, são simples produtos dos bastidores partidários e muitos não sustentam as suas posições em ideias ponderadas e muito menos em qualquer princípio básico de autoridade ou corrente filosófica", acrescenta.

O parlamentar do CDS argumenta que "as tecnologias, só por si, não são suficientes para formar gerações cultas" e que "nenhuma aplicação de um tablet conseguirá, alguma vez, substituir um bom manual escolar". A este propósito refere que "os estudos recentes realizados em vários países europeus revelam que os alunos que realizam aprendizagens apenas em função das ferramentas digitais, dispensando os manuais convencionais, demonstram ter piores resultados", daí concluir que "todos estes processos exigem ponderação e não precipitação".

Num balanço à actuação do Governo Regional, entende que "uma legislatura de um governo de uma Região Autónoma como a nossa não se pode avaliar, apenas, em função do ano em que se realizam eleições regionais", uma vez que "ao longo da legislatura houve aspectos positivos na governação, mas outros que são menos bons, resultando de precipitações, como sucedeu com algumas fusões/extinções de escolas que perderam a sua autonomia em termos de projecto educativo". Lopes da Fonseca releva o facto dos principais agentes do ensino, os professores, terem visto, por via de decreto legislativo, reconhecido o seu desempenho e mérito enquanto docentes da Região, pois conseguiu-se a contagem integral dos seus tempos de serviço. Todavia, esses mesmos professores ainda aguardam pelas progressões na carreira desde o início do ano, por razões burocráticas, estando a ser prejudicados nos seus vencimentos.

Em jeito de resumo, conclui que "a Região tem perdido oportunidades ao longo de anos". "Não aproveitamos o facto de sermos poucos e nos podermos transformar num excelente laboratório, por exemplo, no ensino profissional e/ou ensino alternativo! Ao invés, continuamos a ter taxas de insucesso e absentismo escolar que nos envergonham. Como eu gosto de dizer, as paredes, só por si não ensinam. Precisamos de investir mais nos recursos humanos, pois só assim poderemos caminhar para um ensino de sucesso", alerta. (LINK)


Candidatura do PS partilha da visão de Escórcio sobre a Educação na Madeira.

O professor André Escórcio apresenta uma reflexão de grande profundidade e pertinência que, além abordar os principais desafios e as exigências da sociedade dos novos tempos, traça a sua visão estratégica para a Educação que, no nosso entender, deverá ser assumida por todos os responsáveis políticos que ambicionem mudar o sistema educativo regional em prol da melhoria das aprendizagens dos nossos alunos e da qualidade das escolas. Acreditamos no desafio de que, tal como defende, “Criar Futuro implica rebeldia, jamais acomodação”.

Nas suas palavras, “O sistema precisa de estudo e utopia, dispensa a insciência e a rotina”, como é visível, a Região preferiu a “rotina” em detrimento da “Utopia” e, em vez de se assumir como “uma referência de excelência educativa, um laboratório”, onde estivessem em causa “projetos de vida” vai lançando medidas avulso, desarticuladas, não conseguindo encontrar as melhores respostas para todos e cada um dos alunos, confundindo “edifícios com o sistema”.

Torna-se pertinente referir que o professor André Escórcio sabe bem do que fala, não só pelo seu estudo e experiência, mas também porque, na qualidade de presidente do grupo parlamentar do PS, construiu, debateu e apresentou um projeto para um novo Modelo Educativo Regional.

Não se pode chamar “projeto” a um mero somatório de medidas avulsas se elas forem apenas respostas casuais a obstáculos circunstanciais, tal como se observa com o governo regional. Acreditamos que apenas um novo Modelo Educativo pensando a partir da região e não da mera adaptação de diplomas nacionais pode dar um sentido estratégico àquilo que é feito. As medidas educativas nascem de uma visão pensada de raiz. (LINK)



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