Diário de Notícias - Raio X: Turismo


Está tudo bem no Turismo regional? O Governo garante que sim, apesar de acenar com os desafios permanente que o destino Madeira enfrenta. Os empresários têm comportamento misto. Uns denotam satisfação porque de facto têm uma operação consolidada, pouco dependente de modas e amuos. Outros queixam-se porque estão nas mãos dos operadores. Alguns são frontais e para além de não esconderem desconfiança em relação ao empolamento e manipulação dos números, assumem sem medos que o sector já viveu melhores dias

O alerta mais recente, dado pelo director geral do Reid’s, que  em entrevista ao DIÁRIO assumiu  um 2019 abaixo das expectativas, com quebras nos principais mercados emissores,  nomeadamente no inglês, alemão e suíço, “situação bastante preocupante, reflectida de forma visível no primeiro trimestre do ano e que infelizmente continua a verificar-se nos próximos meses”, a par das estatísticas de Abril, motivam uma abordagem no segundo ‘Raio X’, deste feita elaborado pela Técnica de Turismo, Filipa Fernandes.
R.O.

O Turismo representa para a Madeira cerca de 25% do Produto Interno Bruto e emprega cerca de 20 mil pessoas.

No presente, a Madeira enfrenta um grave problema, o número desproporcional de camas em relação à procura pelo destino.


Em 2016, a Região tinha cerca de 6 mil camas em alojamento local (AL) e outras 30.700 em empreendimentos turísticos. Volvidos 3 anos, o Alojamento Local contabiliza perto de 15 mil camas e estima-se um valor superior às 31 mil para os empreendimentos turísticos.
Esta “abundância” de oferta não foi acompanhada pela procura do destino. Ou há falha na promoção sustentada nos mercados emissores de turismo ou falta bom senso nos licenciamentos.
Em abril de 2018, os números dos relatórios enviados ao sector pela Associação de Promoção apresentavam uma quebra na taxa de ocupação na ordem dos 4,4%. O valor ao mês da taxa de ocupação em 2018 era de 70,7%. Este ano, de acordo com os valores apresentados pela DREM, a taxa de ocupação ao mês é de 59,9%, logo a quebra é de 10,8%, comparativamente aos dados recebidos em 2018 da Associação de Promoção. Por outro lado, e se os valores acumulados até abril de 2019 forem de 65,3%, como informou a DREM, não se registam quebras mas sim um ligeiro aumento na taxa de ocupação na ordem de 1,2%, por comparação com o ano anterior, de acordo com os dados enviados pela AP que se suspeita, sejam manipulados. Consultados vários agentes do sector, há unanimidade, a quebra na taxa de ocupação é igual ou superior aos valores apontados (10,8%).
Desde janeiro 2018 – devido ao Brexit e também à recuperação de destinos como a Turquia, Marrocos, Tunísia, Egito (países que investem milhões para recuperar a sua quota de mercado) – a entrada de turistas alemães e ingleses está em quebra na Madeira. Do mercado inglês, de acordo com os dados enviados ao sector, a quebra acumulada, em abril de 2019, é de 6,5%. Da Alemanha, é de 7,3%. Há outro fator que influenciará, de forma negativa, a performance do mercado alemão, o bom tempo que se faz sentir na Europa, que fará acentuar ainda mais a quebra deste mercado no Verão de 2019.
Se com a falência da Germania a Região perdeu cerca de 20 mil lugares, as notícias oriundas do mercado Inglês não são animadoras. A Thomas Cook deixou de voar para a Madeira e a Região perde já, no Verão 2019, só com esta companhia, 52 voos, comparativamente ao ano anterior. Para a estação de Inverno, estima-se uma perda de 15 mil lugares da companhia Jet2.
Não será fácil à Região recuperar lugares de avião, há uma grande procura pelos destinos emergentes como a Turquia que cresceu 80% no mercado inglês e mais de 40% no mercado alemão ou a Grécia que cresceu 35%. Chipre é outro destino concorrente que procura no mercado alemão a compensação das perdas sentidas no mercado inglês. Espanha sente também quebras do mercado alemão, mas apesar dos números não terem sido ainda divulgados pelos grandes operadores, estimam-se que sejam muito elevados.
De outros mercados para a Madeira, há ainda a apontar um decréscimo do mercado francês na ordem dos 6,6%, e do mercado nacional, na ordem dos 3,6%. No Verão de 2019, verifica-se um aumento de voos da Polónia.
No combate a esta situação na Madeira, há pacotes de ofertas especiais com reduções de preços nos nossos hotéis, destinados a vários mercados que, infelizmente, não produzem o efeito desejado.



Seria da Região apostar nos destinos de proximidade, como o mercado nacional, mas, devido ao subsídio de mobilidade arquitetado e vigente, tal não é possível, os valores das passagens aéreas estão demasiado elevados, provocados pela procura para compensar os voos diretos que tínhamos com a Alemanha (Germania) ou outros destinos, como França, que ocupam alguns ou a maioria dos lugares de avião disponíveis. No momento atual, os operadores têm grandes dificuldades em vender pacotes, e tal facto sentiu-se em março e abril, com a falta de lugares de avião para a Região, situação que se repete no Verão. Os preços estão elevadíssimos na rota Lisboa-Funchal. É preciso referir que, por exemplo, a TAP, companhia com 50% de participação pública, não voa de nenhum destino europeu diretamente para a Região, “entope” Lisboa e concorre com os passageiros regionais. Face a tudo isto, é urgente a revisão do modelo de subsídio à mobilidade, não só para os madeirenses e porto-santenses, mas para que não se prejudique ainda mais o Turismo, sector vital para a Madeira.
Apontados que estão os fatores exógenos que explicam as quebras, existem também fatores endógenos que contribuem de forma muito negativa para os resultados que se verificam e que são: o Governo Regional tem responsabilidades no número de camas que licenciou para o alojamento local e para empreendimentos turísticos: tem responsabilidades no modelo arquitetado para o subsídio à mobilidade dos madeirenses. Um teto máximo de 400 euros fez com que os preços das passagens aéreas, nomeadamente com a TAP, aumentassem exponencialmente o seu valor. Nos fatores endógenos, são graves os constrangimentos que se verificam no nosso Aeroporto, que contribuem de forma muito negativa para a imagem do destino e que provocou já o abandono de duas companhias aéreas. Não há plano efetivo de contingência no terreno, as companhias observam e não arriscam. Infelizmente, os dois últimos fatores apontados arrastam-se há demasiado tempo e de forma irresponsável por parte dos Governos Regional e da República, com claros prejuízos para a Região, para a sustentabilidade do destino e dos investimentos realizados por empresários do setor.
É claro para todos os que trabalham no Turismo na Madeira que este entrou em contraciclo, não por falta de Planos ou Estratégia, mas sim por falta da aplicação destes por parte do Governo Regional. Estou convencida de que assim que o Governo Regional analisar o peso que o sector do Turismo tem para a nossa economia, em detrimento de uma política que aposta no betão, a promoção do destino não se cingirá a 1% do Orçamento e a resolução dos graves problemas não se arrastarão no tempo.



Créditos das fotos na Gnose: Rui Sousa "Planes & Stuff
Artigo da edição impressa do Diário de Notícias da Madeira
19 de Junho de 2019
Página 7 "Raio X"

Reacções:

Edgar Silva: condicionalismo do aeroporto e frutos da liberalização são os principais factores que penalizam destino para a CDU


Há dois aspectos que a CDU considera que deveriam ter sido mais destacados no ‘Raio X’ publicado hoje, onde é referido o excesso de licenciamento e as quebras no turismo na Madeira, por considerá-los factores estruturais que precisam de uma solução. São eles a inoperacionalidade do Aeroporto da Madeira e os resultados da liberalização, quer das linhas, quer dos preços e a privatização dos aeroportos. Os dois aspectos, garante Edgar Silva, “não são alheios às causas para este preocupante quadro relativo à economia do turismo”.

Os impactos da repetida inoperacionalidade do Aeroporto da Madeira, os condicionamentos recorrentes ao longo dos últimos anos “são um factor que não pode ser subestimado, um factor dos mais graves e mais impactantes negativamente para o bom nome do destino Madeira”, afirma o líder da CDU. Os impactos vão para além dos operadores, com as notícias relativas ao caos sucessivo no aeroporto da Madeira a contribuírem para dificultar a venda do destino. “Esses acontecimentos têm um impacto na imagem, na qualidade e na atractividade do destino Madeira que não pode ser escamoteada, não pode ser subestimada e tem sido de facto muitas vezes”, lamentou.

Segundo Edgar Silva, trata-se de uma causa estrutural que “resulta de erros gravíssimos de planeamento por parte das entidades regionais que não perceberam o que de estratégico tem para quem vive em ilhas distantes os aeroportos”. Ainda segundo o coordenador regional da CDU, o problema é sério. “É um problema extremamente desfavorável e que impõe no mínimo que a breve prazo se equacionem alternativas eficazes, alternativas aeroportuárias para a ilha da Madeira”.

Quanto ao segundo aspecto que acredita tem de ser focado e trabalhado prende-se com a liberalização aérea, tudo o que tem resultado da liberalização das linhas áreas, dos preços dos bilhetes para a Madeira e da privatização dos aeroportos, que, diz, não trouxe as prometidas descidas significativas das taxas aeroportuárias. “bem pelo contrário têm vindo a aumentar”, lamentou. “Os custos da operação portuária, nomeadamente pela via das taxas aplicadas no aeroporto da Madeira e do Porto Santo, e o custo dos bilhetes, também pela decorrência da liberalização, faz com que o destino Madeira tenha custos em nada competitivos comparativamente a outros destinos”, alertou.

Edgar Silva é crítico em relação ao Governo da República e ao Regional por, na sua opinião, “não terem cuidado dos transportes aéreos e das ligações aéreas como uma questão estratégica e fundamental para a economia turística desta Região, do país e da Região”.

O coordenador da CDU reconhece que são aspectos que não têm resolução à vista, mas que precisam ser atendidas, sob pena de a situação piorar. “Os governantes procuram falar de outros factores e estes, que são estruturais e não conjunturais, estão a penalizar e com o passar do tempo penalizarão cada vez mais a economia e o turismo da Região”, afirmou.

Sobre o referido excesso de licenciamento, Edgar Silva prefere olhar o problema pela turistificação da orla costeira e excessiva concentração de unidades hoteleiras que vão “desfigurando o nosso litoral e trazendo problemas ambientais, paisagísticos e também da qualidade do destino”, e que são por isso de considerar. (LINK)


Élvio Sousa considera que "mais importante" que "um Plano Estratégico para o Turismo" é "um Plano Estratégico para a Região"


"O mais importante para as ilhas da Madeira e do Porto Santo não é um Plano Estratégico para o Turismo, mas sim um Plano Estratégico para a Região. Deve-se partir do geral para o particular", começa por salientar o secretário-geral do JPP, Élvio Sousa, comentando  o 'Raio X' hoje publicado no DIÁRIO de Notícia, sob o título 'Turismo na Madeira entrou em contraciclo', evidenciando "preocupações de um sector que emprega 20 mil pessoas: número de camas, falha na promoção, preços das tarifas aéreas demasiado elevados em consequência de um tecto máximo de 400 euros, falta de lugares de avião, ressurgimento de destinos concorrentes, inoperacionalidade crescente do aeroporto e indefinição na resolução de um plano de contingência", aponta.

Para o deputado e dirigente político "como sector chave da economia regional, o Turismo exige uma capacidade de resposta a todo o instante. É uma área permeável às oscilações, e dai a exigência constante e a habilidade célere de adaptação", lembra, antes de sublinhar que após "uma análise apurada ao Total de Hóspedes e o RevPAR entre Junho de 2017 e Abril de 2019 (DRE) verifica-se que estes valores estão em decrescimento e deduzimos que estamos perante maus indicadores", conclui.

Por último, Élvio Sousa regista que "problemáticas várias se equacionam: erros estratégicos na operacionalização de grandes hotéis em detrimento do turismo rural; falta de alternativa ao transporte aéreo com o ferry RAM - Continente; trapalhada no modelo de subsídio de mobilidade, cuja paternidade é do Governo Regional da Madeira e gestão parcial da TAP (com renacionalização forjada por parte do Governo da República); aposta clara na formação de excelência e deficiente valorização salarial da classe trabalhadora", concretizou. (LINK)


Candidatura do PS entende que no Turismo há “sinais alarmantes que requerem atenção imediata”

Na rubrica Raio X do DIÁRIO, no caminho para as eleições regionais de Setembro, hoje o tema abordado foi o Turismo na Madeira e de como está em contraciclo. É apresentada uma análise desenvolvida por Filipa Fernandes, técnica de Turismo, que era dirigente do Nos Cidadãos.

Pedimos, neste caso, à candidatura do PS-Madeira, liderada por Paulo Cafôfo, que nos desse a sua visão/reacção sobre a temática e sobre a análise feita na edição impressa de hoje.

A candidatura faz uma análise muito crítica à condução das políticas, que o actual Governo tem adoptado, falando mesmo em “inúmeros erros de governação por demais evidentes”.

Fica, sem filtros, a posição da candidatura, que aponta alguns caminhos a serem seguidos, como a requalificação do destino, a aposta na formação e o aumento de verbas para a promoção turística.

“O Turismo na Madeira tem vindo a sofrer paulatinamente um abrandamento que terá efeitos nefastos para a nossa Economia no curto-médio prazo, se não forem tomadas medidas urgentes.
Pegando nos dados dos aeroportos da Região, registamos em 2018 menos mil movimentos no aeroporto da Madeira, o que corresponde uma quebra de 3,9%, mais uma quebra de 16,6% de movimentos no Porto Santo. Em 2018 houve menos hóspedes, menos dormidas e menores taxas de ocupação em relação ao ano anterior..

Os números resultam de um conjunto de factores que afetam a nossa atractividade, que congestionam a nossa promoção e criam entraves à vinda de turista. Companhias aéreas que deixam de voar para a ilha, abrandamento em mercados emissores vitais, a feroz concorrência de outros destinos. A estes factores aliam-se outros pontos negativos: o aumento do número de camas quer na hotelaria quer no alojamento local, com pressão sobre o preço; um parque hoteleiro envelhecido e uma falta de aposta na qualificação dos recursos humanos.

Mais alarmante é a demonstração de que não há um caminho definido para inverter este ciclo. Aos sinais de alerta, o Governo Regional atira culpas em todas as direcções. O que existe hoje, contudo, é uma clara incapacidade de colocar em prática um plano de acção para o destino Madeira, e foram vários os apresentados, tendo todos ficado sucessivamente desatualizados e por implementar..

Falta investir no futuro. Investir no Turismo de forma inteligente é assegurar a sustentabilidade económica da Região, o seu desenvolvimento e criação de emprego. Contudo, as verbas para a promoção turística são claramente insuficientes e têm de ser ajustadas a novas formas de chegar e de atrair o turista com rasgo e criatividade, promovendo um destino qualificado e que coloque a pressão na qualidade do destino e não no preço. 

Propomos implementar um Plano Estratégico para o setor que tenha como eixos fundamentais a promoção de um equilíbrio entre oferta e procura, garantindo maior rentabilidade e sustentabilidade. Esta será, aliás, pedra fundamental: Adotar a sustentabilidade como prioridade de posicionamento do destino, aliado a um conjunto de incentivos estratégicos que trabalham a valorização do destino Madeira. Entre eles, a garantia de formação e qualificação profissional adequada, ao nível do ensino e de programas de reciclagem de profissionais; a disponibilização de incentivos à requalificação do parque hoteleiro e o reforço das verbas para a promoção turística. De máxima importância os transportes, para o qual contribuirá de forma relevante um mecanismo de captação de novas companhias com vôos directos para a Madeira e a regularização anual de uma ligação marítima para o Continente.

Cabe também ao próximo Governo Regional apostar num programa exigente de requalificação do destino, do património natural, cultural e edificado. Claramente uma área em que temos vindo a perder com inúmeros erros de governação por demais evidentes. A degradação do produto, a inexistência de infraestruturas de apoio ou mesmo a falta de condições de segurança em diversos pontos turísticos não podem continuar a ser uma triste realidade. Marinas e campos de golfe vazios, cujas verbas poderiam ter sido cruciais para a requalificação do destino se usadas com outras finalidades de forma mais ponderada, rigorosa e focada naquilo que o Turismo da Madeira mais precisa.

É preciso um novo caminho. Um caminho diferente que faça a diferença e se preocupe em responder aos desafios do Turismo a médio longo prazo, protegendo a sustentabilidade do nosso destino, da nossa economia, dos nossos empregos, ao invés de uma estratégia de visão curta, obsoleta, sem o rasgo necessário para a afirmação do destino Madeira num contexto global de extrema competitividade externa.

Um caminho que se faça em constante diálogo construtivo com os agentes turísticos, quem está no terreno, a trabalhar, a criar emprego, a contribuir para a promoção da Madeira. Os seus contributos são essenciais.” (LINK)

Problema do turismo da Madeira passa pela acessibilidade, oferta e procura


Já são alguns, os sinais de que os dias não são os melhores para o turismo da Madeira. Como, e muito bem, escreve hoje no DN Madeira, Filipa Fernandes.
Na perspetiva da Iniciativa Liberal o problema divide-se em 3 pontos: acessibilidade, oferta e procura.

"Na acessibilidade, sofremos com companhias aéreas que deixam de operar para cá, ou por decisão de gestão, ou por falência; condicionamentos constantes da nossa porta aeroportuária; mobilidade que trava a entrada e saída", começou por afirmar o vice-coordenador da Iniciativa Liberal da Madeira (IL Madeira).

"Urge criar um verdadeiro Plano de Contingência para o Aeroporto, que tenha em consideração não só a solução de transporte e alojamento, mas que veja o Porto Santo como verdadeira alternativa de entrada e saída com ligações marítimas rápidas ao Caniçal, e que procure minorar desconfortos. Um plano que envolva todas as partes envolvidas, dos hoteleiros aos operadores, das agências às companhias aéreas e de 'handling', operado a partir de uma 'sala de crise'."

Já no que que toca à mobilidade aérea, a IL Madeira propõe um modelo diferente, que se baseia num apoio que passará pela isenção do pagamento de todas as taxas que um avião paga à chegada e à partida, em voos nacionais. Ou seja, do dinheiro que agora é gasto para apoiar o passageiro residente passaria a pagar-se à ANA as taxas devidas pelas companhias que assegurassem os voos domésticos de e para o arquipélago.

Com isto certamente que teríamos mais companhias interessadas em voar para a Madeira, aumentando assim o número de voos, oferta, fazendo com que os preços das passagens baixassem significativamente porque ficam mais bilhetes disponíveis e que não são onerados pelo pagamento das taxas. Neste modelo, que contempla manter uma tarifa especial para os estudantes, ficam todos contemplados, residentes e não residentes."

No que toca à procura, "a Madeira beneficiou nos últimos anos de circunstâncias excepcionais de procura no turismo, em virtude dos problemas políticos e de segurança de outros destinos alternativos. A indecisão do Brexit também não ajuda nesse nosso mercado histórico. Assim, a atual baixa na procura pode ser circunstâncial e está em larga medida fora do nosso controlo.

É urgente aprofundar a promoção do destino, centrada no consumidor final aumentando assim a sua notoriedade. Um modelo de promoção pró-activo e não reactivo. Aparentemente os prémios de clicks dos óscares do turismo, não têm a eficicácia necessária para mudar esta situação."

Finalmente em relação à oferta, o enorme aumento de camas no Alojamento Local (3000 em 3 anos) mudou o contexto da nossa oferta turística.

"É necessário rever e criar as ferramentas essenciais para que o modelo se estruture: uma Política de Bases para o Turismo, um novo Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico, um Plano de Ordenamento que vincule e responsabilize as autarquias. Sem estes mecanismos como definições estruturantes passaremos o tempo a saltar de crise em crise. Objectivos que têm de ser definidos e trabalhados por todos como verdadeiros desígnios regionais", concluiu Duarte Gouveia. (LINK)


PTP diz que Madeira  tem "dependência excessiva"  do sector do turismo

"A Madeira  tem uma dependência excessiva  do sector do turismo. Essa situação é preocupante considerando que este sector é muito instável dependendo de variáveis  que a Madeira não pode controlar, como é o caso das modas turísticas". Afirmações de Quintino Costa, na sequência do 'Raio X' de hoje do DIÁRIO, sobre Turismo na Madeira.

Não osbtante as ditas afirmações, o trabalhista refere que "há situações que os responsáveis governativos podem minimizar. Uma dessas situações é a de minimizar os constrangimentos causados pelos frequentes encerramentos do Aeroporto Internacional da Madeira. Nesta matéria os governos  da Madeira e da República  têm feito muito barulho, mas apresentado poucas soluções".

"Nós defendemos que os governos dotem o aeroporto do Porto Santo de infraestruturas modernas para que este funcione como aeroporto alternativo ao do Funchal", declarou, acrescentando que "a Madeira não pode continuar a investir no sector turístico e pagar ordenados de miséria aos trabalhadores e colocar em causa a qualidade de serviço prestado".

Neste caso, os trabalhistas defendem que a Escola Hoteleira volte para as mãos públicas e "sirva de instrumento de formação de excelência  na qualificação de mão-de-obra para este sector". "Também, defendemos um maior envolvimento da Universidade da Madeira no sector do turismo", rematou. (LINK)


Dados do Turismo contradizem "propaganda oficial do Governo Regional"


O Turismo na Madeira apresenta-se em contraciclo, isso é preocupante e contradiz a propaganda oficial do Governo Regional, as estatísticas dos 70 meses em crescimento e a descida do desemprego", afirmou ao DIÁRIO o coordenador do Bloco de Esquerda /Madeira, Paulino Ascenção, em reacção ao 'Raio X' divulgado hoje no nosso liveblog.

Para o bloquista as discrepâncias resultam de "muita criatividade estatística" e frisa que, apesar dos constrangimentos serem conhecidos, "as soluções tardam".

O dirigente do BE passa a enumerar: "Nas ligações aéreas temos preços absurdos que resultam da liberalização da linha aérea decidida em 2008 pelo PSD (e aplaudida por PS e CDS) e agravados pelo modelo de subsidio de mobilidade de 2015, concebido à medida das expectativas de lucros dos investidores privados".

Por outro lado, refere que "o Governo da República, como também dá preferência aos interesses dos investidores, nada faz" e que "a proposta do Parlamento Regional de ter preço fixo para residentes e livre para as companhias é impraticável, seria um saco sem fundo para o Orçamento e o descalabro nos preços para não residentes". "Só faz sentido ter preços fixos no âmbito de um regime de serviço público", frisa.

Paulino Ascensção lembra ainda que "não há plano de contingência para os dias de vento no aeroporto", considerando que "o recurso ao Porto Santo é a opção óbvia e menos custosa para passageiros e companhias que o regresso à origem", mas que esta teria de ser "combinada com uma ligação marítima mais rápida". A seu ver isto "mexe nos interesses instalados e não se vê, coragem política para tal".

A propósito da questão do teto máximo, o BE considera que sem este teto "os preços só podem disparar". "A tese que o teto dos 400 € é que puxa os preços para cima é estapafúrdia, desafia todas as lógicas quer da física quer dos modelos de análise económica da oferta e da procura", enfatiza.

Nos portos diz que ao passo que o tráfego de navios de cruzeiro cresce  em Canárias, Açores e Lisboa, este está "estagnado por cá". Uma das causas, aponta. é o “aborto” do cais 8 e a "ocupação do porto por actividades extravagantes (hotéis, museus, lota)", bem como "a ausência de ferry". "Valores mais altos (privados) se sobrepõem ao interesse público", vinca.

Paulino Ascenção diz que "o crescimento da oferta deve ser ponderado sob pena de desqualificar o destino Madeira e a reputação secular". "O objectivo não pode ser trazer mais aviões para encher o Savoy e as construções anunciadas", realça defendendo que  "a massificação do turismo colocaria uma pressão insuportável na floresta e também sobre o preço das habitações, junto com a pressão para redução de preços e dos custos (os salários)". Tudo isto com a consequência de que o custo de vida dos madeirenses passa "de mal a pior".

Para concluir, afirma que "a Madeira está dependente de factores externos que não domina", pelo que a introdução de uma companhia aérea própria poderia ser um "instrumento estratégico para o turismo". Neste sentido, lamenta que o PSD preferira "acumular razões de queixa que apresentar resultados".

"O controlo da gestão dos aeroportos e dos portos também é fundamental para implementar as políticas de taxas mais convenientes, em defesa do interesse público e garantir igualdade de tratamento entre os operadores que pretendam utilizar essas infraestruturas", rematou Paulino Ascensão. (LINK)


"Enferma hoje de situações problemáticas mas continua a ter vastas potencialidades".

Em jeito de comentário ao 'Raio X' divulgado, esta quarta-feira (19 de Junho), pelo DIÁRIO, Joaquim José Sousa, coordenador provável cabeça-de-lista às Regionias por parte da Aliança na Madeira, reconheceu que o sector do Turismo "enferma hoje de situações problemáticas", mas que  "continua a ter vastas potencialidades".

Como principais problemáticas referiu o número de camas e a inoperacionalidade do aeroporto.

Em relação ao primeiro, realça que "é hoje aceite por todos que a desregulação do mercado com um aumento significativo do número de camas provocou que o preço médio noite tenha descido, assim como as taxas de ocupação".

No que toca ao segundo, diz que "urge elaborar e implementar um Plano de Contingência". "Sendo o aeroporto do Porto Santo a alternativa ao aeroporto da Madeira, importa fazer investimentos na infraestrutura aeroportuária do Porto Santo e nos meios adequados (transporte marítimo) para assegurar uma ligação marítima rápida e segura à Madeira", defende.

Ainda a propósito desta temática apontou a "redução das ligações aéreas associado ao ressurgimento de destinos concorrentes e à inoperacionalidade crescente do aeroporto".

Outros problemas ao nível do Turismo são, a seu ver: a degradação de caminhos e trilhos; a necessidade de um projecto estratégico e de promoção para um destino com três espaços diferentes (Porto Santo, Costa Sul e Costa Norte) e a falta de qualificação dos recursos humanos e de estabilidade dos profissionais do sector.

Como potencialidades Joaquim José Sousa refere-se à promoção  de produtos conjuntos com o território continental, as ilhas dos Açores e a Madeira, "potenciando assim o conhecimento do espaço português e diversificando a forma de chegar à Região".

Assim, no sentido de "elevar a qualidade global do destino, tornando-o mais competitivo relativamente aos principais concorrentes e mais atrativo para novos segmentos de mercado, de modo a aumentar as receitas turísticas diretas e indiretas e a procura, atenuando a sazonalidade, de modo sustentável", a Aliança diz ser necessário "imprimir uma nova dinâmica à promoção/ divulgação".

Do mesmo modo, diz que "importa fazer um levantamento das expectativas dos visitantes e das necessidades do destino de modo a adaptar o produto ao visitante e implementar um sistema de boas práticas, ao nível dos recursos naturais e histórico-culturais, tendo em vista a sua sustentabilidade".


"CDS defende mais companhias aéreas e reforço na promoção"


O líder do CDS, Rui Barreto, não se conforma com a situação por que passa o sector do turismo regional e entende que há "sobejas razões para isso". "Melhor seria que o tempo não nos desse razão, mas quem apresenta soluções de forma atempada, como foi o caso do CDS, e não entra em euforias quando o sector está mais pujante porque sabe que uma parte significativa dessa pujança é o resultado de conjunturas internacionais favoráveis e não de uma promoção sólida e profissional, o melhor mesmo é registar com satisfação os períodos de maior prosperidade mas ser muito prudente", comenta o dirigente centrista, numa análise ao 'Raio X' feito ao sector que foi publicado na edição impressa de hoje do DIÁRIO.

Rui Barreto faz uma abordagem detalhada ao tema: "Desde que este Governo Regional tomou posse há quatro anos, o CDS insistiu sempre na necessidade de atrair para a rota Funchal-Lisboa uma terceira companhia aérea e, ao mesmo tempo, assegurar mais frequências na linha, duas das condições essenciais para reduzir o preço das passagens para os residentes, mas também para o mercado turístico continental e internacional. Sobre este assunto, o então secretário regional do Turismo Eduardo Jesus foi várias vezes interpelado pelo CDS, tendo respondido sempre que o assunto estava a ser resolvido.

Quatro anos depois, todos conhecemos os resultados: a terceira companhia nunca aterrou, o número de frequências responde cada vez menos à procura e continua a inflacionar o preço das passagens - aliás cada vez mais elevados, prejudicando fortemente o mercado turístico nacional. O Governo Regional foi recebendo sinais preocupantes, mas preferiu ignorá-los e não responder de forma proactiva porque a conjuntura lhe era favorável. No início de 2018, a própria estatística fazia ressoar as campainhas do alarme.

De acordo com a ANA- Aeroportos o mês de janeiro de 2018, na Madeira, registou uma quebra nos dois principais mercados turísticos: a Alemanha (com um decréscimo na ordem dos 24,6%) e o Reino Unido (15,4%). A falência de três companhias aéreas (Monarch, Air Berlin e Niki Airlines) no espaço de poucos meses deixou adivinhar o pior dos cenários.  Veio depois a falência da Germania Airlines que fez a Madeira perder 106 mil lugares em aviões. Só depois de alarmado com a descida do mercado inglês e alemão, o Governo Regional correu atrás do prejuízo. Um dos problemas do Governo Regional em relação a este setor é que tem o turismo como um bem adquirido e por isso atua sempre de forma “reativa” e não “proativa”. Deveríamos ter sido ainda mais competentes nestes anos em que foram batidos recordes de dormidas e subida do RevPAR e trabalhado de forma a consolidar a Madeira como destino. Não o fizemos e agora voltamos outra vez aos tempos de incertezas porque países como a Turquia, Marrocos, Tunísia e Egipto não brincam em serviço e estão a investir na recuperação do mercado que perderam.

Não é possível que o Governo Regional não entenda que numa região em que 20% da riqueza advém do turismo, 25% da mão-de-obra tem ligação ao turismo e às atividades associadas, que arrecada cerca de 400 milhões de euros em proveitos, apenas tenha uma verba de 15 milhões de euros para a promoção, com reforços apenas pontuais para situações imprevistas. Temos de ser mais sólidos e ambiciosos. Olhar para cima, para outros destinos insulares com resultados encorajadores. Dois exemplos: o peso do turismo no PIB de Canárias é na ordem dos 35% e de 45% nas Baleares.

Para já é preciso atrair rapidamente novas companhias para na rota Lisboa-Funchal, aumentar o número de frequências, profissionalizar a promoção e reforçar as verbas para a promoção. É preciso realizar mais trabalho de campo, com intervalos curtos, e as novas tecnologias para que se saber junto dos operadores, agentes de viagens, hoteleiros e dos próprios turistas “quem nos quer, o que é que compra, o que é que precisa e o que é que valoriza e que é que mais aprecia da nossa terra. A Madeira tem de cuidar da paisagem, que está feia e pouco atrativa. Do ambiente e das águas. Do mar. Dos poios, das levadas e dos trilhos. O Governo tem o Plano Estratégico 2017-2021 para o sector, mas nunca foi feita uma avaliação. Temos de ser mais competentes e cuidar melhor do setor que tem mais significado para a economia regional e que mais pode contribuir para aumentar a qualidade de vida dos madeirenses". (LINK)

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1 comentários:

  1. Obrigada, Filipa Fernandes pelo serviço público! Ainda bem que alguém desmascara o "está tudo controlado". Quanto tempo restará até que o turismo pegue lume?

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