António Oliveira Salazar... - Perdoem-me sujar o texto logo no início com este nome de saudades zero - mas rebusquei-o porque o homem dizia que quando não queres mudar coisa nenhuma forma e nomeia uma comissão para estudar os assuntos.
Obviamente, que não estou totalmente em desacordo com tais comissões. Estarei contra, se lhe chamarem como parece ser, comissões de “investigação”, dado que nenhuma instituição fora do âmbito da justiça tem competência e meios para tal. Porém, se forem comissões de apoio às vítimas, aí sim, estarei plenamente de acordo.
A Igreja Católica não tem competência para investigar e julgar quem quer que seja. Deve estar atenta às vítimas da miséria e da injustiça, denunciar os esquemas fraudulentos e corruptos, defender a investigação judicial e o juízo das entidades competentes para o efeito.
Por isso, podem revelar-se estas comissões mais um elemento no meio do barulho, que mostra ação, mas sem consequências fundamentais que mudem o sistema que produz vítimas. Daí que defendo que cada Diocese crie a sua comissão para que proteja quem foi violentado na sua dignidade e direitos, desmascare os autores de tamanhas ofensas (crimes) e se estiver ao seu alcance, os denunciar às entidades competentes para procederem de acordo com as leis gerais do Estado de direito.
Não sendo assim, podemos correr mais uma vez o risco de que tudo não passa de folclore, animação para os ouvidos, e continuando depois o mesmo sistema que esconde criminosos, mantém o segredo sobre as mazelas geradoras de vítimas inocentes que, como tem sido até agora, devem ser mantidas submissas e caladas.
Por isso, não me deixo iludir até ver como serão denominadas tais comissões, como agirão e quais os seus fins. E caso não sejam focadas nas vítimas de todos os abusos e dos abusadores não passarão de mais uma máscara que alimenta o circo sem que se vejam mudanças concretas que alterem o sistema que reinou durante séculos sob o “veneno” do clericanismo.
Venham as comissões sobre os abusos sexuais para todas as dioceses, mas que venham com gente séria, sem asas de anjos, com formação adequada para o efeito. Pois que estudem, que vigiem por onde andam os abusadores e apoiem com verdade as vítimas. Mas, por favor, que não sejam mais umas coisitas com gente bem intencionada para pedir rezas e mandar ter paciência, porque para isso não faltará gente de sobra para assumir esse papel ridículo.
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