
2.
Ninguém deseja uma Igreja apenas zeladora de património, que se preocupa apenas
e quase exclusivamente com a gestão dos bens deste mundo, qual senhor rico que
se gasta com as transações do mercado e com as papeladas burocráticas que ditam
a posse e o domínio da propriedade. O Papa Francisco bem tem alertado para o
perigo da mundanidade.
3.
O poder que a Igreja ter também é um perigo. A hierarquia da Igreja não pode
estar mais preocupada com o poder e nada atenta à sua conversão constante. Por
isso, uma Igreja que se envolve em quizilas internas por causa de títulos e por
causa da autoridade não serve muito. O poder do mundo é ilusório e as mordomias
que ele confere são pecados graves que violentam a justiça de Deus.
4.
Várias vezes encontramos uma Igreja que não sabe conviver com a pluralidade e a
diferença. A maior parte das vezes quando alguém se manifesta contra
determinadas posições e marca a diferença no modo de pensar, é logo conotado
com qualquer rótulo indecente e contrário ao sentido do Evangelho. Para este
nosso tempo onde o confronto das posições e a pluralidade do pensamento é uma
constante, requer-se uma Igreja que não sabe perceber e cultivar essa realidade.

6.
A tentação de querer opinar sobre tudo o que é deste mundo e do outro, leva a
Igreja a cair frequentemente no dirigismo e no moralismo. Estes aspetos
provocam sobressaltos enormes no seio da sociedade, que repugna todas as
tentativas dirigistas e moralistas. Produzir mensagens enfadonhas, por vezes
anacrónicas e muito longe da vida deste tempo é tempo perdido.
7.
O acolhimento é o desafio maior para a Igreja. A prática tem contrariado este
valor e desejo tão defendido pelo Papa Francisco. À mínima dificuldade e
problema não se deve impor regras e leis que nada dizem às pessoas. A cegueira
rubricista de que ainda enfermam muitos, conduz por vezes a revoltas terríveis
e afastamentos longos ou definitivos da vida da Igreja. Há uma constante
dicotomia entre aquilo que se diz sobre a consciência de cada um e a ação
diária. Uma Igreja muito regrada ou rubricista não tem futuro nem serve os
homens em nenhum lugar do mundo.
9. Nada nos deve impedir de sonhar uma Igreja que reconhece em cada
homem e em cada comunidade o sacramento do amor de Deus. Por isso, nem dentro
nem fora da Igreja, há lugar para o desprezo, para a marginalização e para o
repúdio de ninguém. Todos e cada um é sacramento do amor infinito de Deus Pai.
Este não deve ser o tema principal de toda a pregação.
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