Meu reino por um jantar partidário.


Há gente que vai aos jantares partidários todos. Desde os da Esquerda aos da Direita. São aqueles preços sedutores, quase dados e que, mesmo assim, os partidos acabam por pagar tudo de uma ou de outra maneira. Os jantares, que deviam pressupor uma afluência voluntária dos militantes unidos em prol dum ideal e objectivos e caminhos comuns, tornaram-se uma caça ao número de comensais. Os infiltrados tiram fotos dos ângulos mais desfavoráveis. Os publicistas da casa tiram fotografias de ângulos mais fechados e favoráveis (principalmente se a sala estiver mal composta). A Comunicação Social passa por lá. Para gravar 20 segundos de declarações do presidente. O tempo aqui é relativo e proporcional ao peso político do partido que nesse dia janta. Todos os dirigentes se comprimem e acotovelam para aparecer no plano fechado durante as declarações do presidente. Há uns tipos que só aparece sempre meia cara (o que até pode corresponder à realidade do empenho do dito senhor). Enche-se um pavilhão, um restaurante, vêm autocarros, viaturas particulares, de toda a ilha... comer e beber de borla e tirar umas fotografias. Para quê? Qual foi a última vez que um destes comensais, (dos que vêm no autocarro), manifestou uma qualquer dúvida numa assembleia ou conselho do partido? Qual foi a última vez que um desses comensais assumiu uma posição pelo seu núcleo habitacional, pela sua freguesia, pelo seu concelho, pela sua cidade? Quantas vezes o partido o apoiou e perguntou o que ele precisava? O que são os partidos hoje? Para que servem? O que servem? Quem servem? Como funciona um país cuja filosofia política assenta nesta realidade? Que futuro terá? Por alguma razão o descontentamento alastra pelo mundo. Está a chegar-nos à porta. É inevitável. São pessoas que se sentem marginalizadas. sem representação, que não são ouvidas nem tidas em conta, que pagam os seus impostos e vêm a vida a dificultar-se a cada dia, são os profissionais sem condições nos sectores que deviam assegurar os mínimos previstos na Constituição para os cidadãos, são os que sentem a desigualdade do peso da Justiça e da Lei.

O movimento, seja ele de colete ou "sans culottes" é fruto dum prolongado silêncio forçado que se esbate. É a realidade que se aproxima a passos largos, trazendo a justiça popular, a desordem, o caos, a re-formatação de todos os valores e de todos os princípios. Não pensemos que está distante porque não está. A França cedeu. A Espanha, por medo, aumentou logo em 100 Euros o salário mínimo. Na realidade, apenas ganharam algum tempo, pouco. As populações estão mais informadas, a exigência subiu e os partidos fingiram que não estavam a ver. Ponho a responsabilidade nos partidos políticos e na sua prepotência, na sua arrogância, no seu afastamento dos cidadãos, em toda a corrupção que instalaram em todos os sectores. Justiça, Saúde, Educação, Habitação, indústria, Agricultura, Pescas, Estado Social, ...

Precisamos de estar atentos às pessoas com valor e de estar ainda mais atentos às pessoas com preço. Senão, mais uma vez, pagarão os dos costume - Nós.
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