Sob uma Perspetiva Otimista,
as Minhas Sentidas Condolências à Liderança com Sucesso…
As Equipas de trabalho e a liderança têm constituído ao longo dos anos, pólos de interesse das Ciências que se dedicam ao estudo das organizações. Concomitantemente, investigadores de disciplinas como a Psicologia, a Economia, a Gestão, as Ciências do Desporto, as Ciências Políticas e a Sociologia, têm procurado analisar e, por conseguinte, contribuir para uma maior inteligibilidade da relação destes fenómenos na eficácia das equipas de trabalho.
Por outras palavras, para uma equipa ser eficaz é de crucial importância que o respetivo líder seja eficiente e, igualmente eficaz.
Ao logo dos anos acreditou-se que o sucesso de um líder decorria da sua carga genética. Hoje, existem evidências científicas de que a liderança se pode aprender e para quem é líder, se deve aprender.
Com base neste facto, em algumas escolas em Portugal começou-se a desenvolver projetos que visavam o trabalho de competências relacionadas com a liderança nos seus discentes. Por outro lado, para um público-alvo adulto proliferam cursos e workshops que procuram facilitar a emergência de líderes de sucesso.
Sob uma perspetiva sintética, hodiernamente, defende-se que um líder de sucesso deve conseguir diagnosticar o seu grupo de trabalho, construir uma visão estratégica definir objetivos e persuadir os seus colaboradores a sentirem um comprometimento com eles, de forma que a probabilidade de prossecução dos mesmos seja maior. Que seja eficiente, eficaz e proporcione níveis de satisfação elevados aos seus colaboradores. Há, Não mesmo importante…o líder jamais deverá utilizar um único estilo de liderança. Deverá estar munido, no que Reddin (1999) tanto apregoa que é adotar o estilo flex.
O estilo flex não é mais do que um conjunto de estilos de liderança cujo líder é capaz de patentear, de acordo com o perfil comportamental dos seus subordinados, a cultura que vigora na organização, a natureza dos objetivos definidos, isto é, de acordo com qualquer variável que o líder considere importante para, juntamente com a sua equipa alcançar sucesso….
Julgo que até aqui estamos entendidos. O caro leitor pode é considerar que está a levar com uma “banhada” de conhecimento acerca da liderança, e que o mesmo não lhe sendo útil, até é maçador…
Para que o leitor não se desligue progressivamente do presente artigo, lanço-lhe um desafio…Imagine um país, um território, uma região (por que não?) em que quem é líder de uma organização, sobretudo pública (mas não só…), chegou a essa condição, não pela via da meritocracia, mas “atalhando pela faixa da direita”, ultrapassando quem efetivamente já reunia as características para ser um líder de sucesso. Um conjunto de pessoas que dispensavam o aval do já falecido Zandiga para fazer futurologia que estes ultrapassados possuíam elevadas probabilidades de serem líderes de sucesso.
Imagine o que é perguntar a estimados líderes (sim, aqueles que ultrapassaram pela direita) de organizações públicas (mas, também algumas privadas…), qual é o estilo de liderança que utilizam.
As respostas que vou aqui apresentar não são ficção científica. Ocorrem da investigação que desenvolvi no âmbito do meu Doutoramento: “Confesso que não sei qual é o meu estilo de liderança”, “Nunca pensei nisso”, “…os meus colaboradores adaptam-se ao meu estilo de liderança…”.
Poderia transcrever outras tantas respostas, mas a totalidade das mesmas tem como denominador comum: o líder, sim o tal da ultrapassagem, não ter a mínima consciência do estilo de liderança que adota. Se tal é uma realidade, jamais poderá realizar a tal avaliação diagnóstica dos membros da sua equipa e, de entre o estilo flex, selecionar aquele ou aqueles que têm maior chance de ser eficiente e eficaz.
Outrossim, o nível de satisfação dos colaboradores/trabalhadores, que as grandes organizações de sucesso tanto prezam, é puramente esquecido. Consequentemente, surge ausência de reconhecimento do seu trabalho líder face aos trabalhadores (quais teorias motivacionais, qual quê…), sentimentos de frustração, incompatibilidades entre perfis comportamentais (entre elementos da equipa e entre líder e os seus colaboradores…), nível de implicação da tarefa cada vez menor, absentismo,…
Neste momento, já ficou bem explícito a importância que uma liderança tem ao nível da produtividade de qualquer organização e até o seu contributo (por menor que seja) para o PIB de uma Região ou País.
No entanto, o líder (sim continuo a falar do que não fez pisca e ultrapassou tudo e todos pela direita) mantém o seu estatuto, as suas regalias e passa a trabalhar para manter o seu estatuto e as suas regalias pessoais e familiares, se é que alguma vez trabalhou sem ser para o seu estatuto e para as suas regalias pessoais e familiares.
Poderia até ser interessante fazer uma paródia, se o que escrevo fosse pura ficção…
Mas o caro leitor, certamente que já se apercebeu que não o é! Eventualmente, algum dos estimados leitores já sentiu na pele o que é ter um “líder que ultrapassa pela direita”.
Com base no conhecimento empírico e, sem me poder afastar da investigação que desenvolvi, apresento os pêsames ao “fator” Liderança com sucesso que vive, ou melhor sobrevive em tantas organizações públicas (mas também algumas privadas), da Região Autónoma da Madeira.
Sinto-me tentado para que o próximo workshop que dinamize tenho como público-alvo “Os líderes que ultrapassam pela direita…”. Mas, não o vou fazer pois o bruxo de Fafe alertou-me que iria ter casa…vazia.
Sob uma perspetiva otimista, as minhas sentidas condolências à liderança com sucesso…
Quem fala (escreve assim) não é gago! Gostei muito em infelizmente, retrata a realidade!
ResponderEliminarQuem fala (escreve assim) não é gago! Gostei muito em infelizmente, sempre atual!
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