Obrar e inaugurar

Miguel Albuquerque, enquanto Presidente do Governo Regional da Madeira, anunciou que irá inaugurar na próxima segunda feira, 19 de novembro, no Funchal, uma loja comercial para venda de "Pastel de Bacalhau". Para além do ridículo estatuto de inaugurador de chafaricas, importa considerar esta mania "à moda da Madeira", em tempos explorada até à exaustão por Alberto João Jardim, de que é imperioso inaugurar a qualquer preço, porque inaugurar é igual a ganhar votos. Mesmo fazendo de conta que se inaugura, mesmo fazendo de conta de que o "Pastel de Bacalhau" é obra sua...


Então, quando estão em causa investimentos públicos o obrar e o inaugurar torna-se perverso.

Se o ridículo papel de "inaugurador" é especialmente confrangedor para o governante nos empreendimentos privados, por se encontrar numa situação em que pouco mais tem para inaugurar, porque não tem obra, porque não tem o leque suficiente de lugares para ostentar como se fossem seus, estando já em perspectiva a realização de eleições, o inaugurar "com dinheiros públicos" é perverso, na medida em que, apropriando-se dos meios públicos, o governante procura tirar vantagem e viciar o acto eleitoral.

Se é ridículo o papel do governante rastejante, em súplica para que o deixem, por favor, inaugurar uma qualquer chafarica, numa remodelação de uma qualquer tasca, de uma porta de padaria..., perversa é a consciente e recorrente orientação batoteira de quem se serve dos dinheiros públicos e da função pública para, a todo o custo, inaugurar, ou seja, fazer batota eleitoral.

E o inacreditável é constatar que se Miguel Albuquerque irá inaugurar, no ínicio da semana, uma loja para venda de "Pastel de Bacalhau", no final da semana, inevitavelmente, Paulo Cafôfo aparecerá a inaugurar uma qualquer roulote de venda cachorro-quente.
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