Teoria para o extremismo

Antes que seja pedra fora da mão.

Madeleine Albright:
“O fascismo cresce onde as pessoas são convencidas de que toda a gente mente”

Parece conclusão lógica, se os eleitores votam em extremismos nas democracias ocidentais, algo de muito errado se passa com os políticos das ditas áreas da governação. Defraudam as expectativas (publicitárias) criadas nas campanhas eleitorais e, chegados ao poder, a qualquer custo, têm que compensar os apoios recebidos. Tantos que não há margem política ou financeira para satisfazer quem entrega o poder pelo voto.

É lógico supor que hoje em dia não se ganham eleições pelo dom da palavra que expõe o argumento válido mas sim pelo jogo de entalar ou aliciar uma série de interesses que depois votam a salivar por benesses. Este ciclo, onde mediocridade atrai mediocridade, estabelece o equivalente a um "contrato blindado" no mundo dos negócios e daqui nasce a inacção em (des)favor dos eleitores. Primeiro alimentam-se os donos do poder, eleito ou patrocinador, e depois logo se vê.

Se um político consegue manipular o raciocínio das pessoas, dizendo o que querem ouvir, para além um de génio é um aldrabão. Usa o estado de necessidade, fraqueza ou indignação para roubar o voto. Se o faz, tem o código genético que abusa do poder porque já não respeita as regras do jogo. É lógico que surja a corrupção, o tráfego de influências, o abuso permanente do poder que deturpa a natureza das coisas, os resultados e a selecção natural.

No próximo fim de semana confirmaremos, provavelmente, a eleição de mais um louco para liderar o destino de um grande país, vamos somando. Cidadãos com dupla nacionalidade no Brasil já dizem que Portugal será o destino mais certo. Juntaremos dois países da América Latina a exportar cidadãos com expectativas de simples serenidade, alguns sonhando com o mínimo de condições para viver. Um é resultado comprovado de fanatismo de esquerda e o outro, profuso de dogmas, um caminho para a extrema direita.

Se nos Estados Unidos temos instituições a funcionar que mitigam a liderança do louco-mor (até denunciar o controlo de armas nucleares está em cima da mesa), não creio que no Brasil as instituições sejam suficientemente fortes como para não cair no fascismo. O dito candidato, ainda nem ganhou, e já tem listas de pessoas para abater, um claro indício de que não vai governar para todos. Que se cuidem pretos, gays, lésbicas, índios sem terra, a Amazónia pasto para bovinos, etc.

O Brasil está farto de corrupção da classe política, surge um publicitado impoluto que olha para os defeitos dos outros para cobrir os seus. Onde já vi isto? E, destina o discurso eleitoral aos fracos coitados criando os "judeus" da Segunda Grande Guerra nestes tempos. Parece que estas manifestações de brutalidade intelectual e verbal convencem gente furibunda com a desgraça, o crime, a corrupção e com deficit de atenção da governação. Querem alguém com pulso para endireitar o país. Grande engano, outra vez a "Alemanha" entre as duas Guerras Mundiais? Que eleitores são estes que dão um salto ideológico para o oposto no espectro político? A conjuntura e a qualidade dos políticos não explica tudo. Na ausência de soluções credíveis dispersa-se os votos. É quase uma regra. Isto é novamente um "déjà vu".

É a permanente a falta de atenção sobre a fatia do eleitorado que decide as eleições e alimenta uma revolta cega. Como todos mentem o voto sai do surrealismo. Esse do pulso do fascismo.


Vem aí um Bolsonaro "Trumpalhado"? Que tipo de sectarismos virão se enquanto candidato já atingiu o vermelho? Jair Messias Bolsonaro até no seu nome tem marketing mas será outro da constelação dispersa pelo mundo como Donald Trump, Putin, Erdogan, Rodrigo Duterte, Kim Jong-un, Viktor Robán, Bashar al-Assad, Ramzan Kadyrov, etc? A estes, ainda se juntam países sem figura de proa mas de regime autoritário que vegetam na permanente crise económica, nos conflitos internos ou no não respeito pelos direitos humanos. É esta a evolução da humanidade?

Quem mais emigra a fugir de tudo isto? A Classe Média, a custo. Os abastados têm os seus esquemas, ficam, os pobres não podem. Quem vota sem esperança, a Classe Média enquanto presente.

Os votos caem no extremismo por um desejo secreto de punição sem qualquer esperança num governo vindouro, depois de um exagerado número de governos que defraudaram por não governar em favor do povo eleitor mas para si, para os grupos económicos, para a banca e as empresas de referência ou do sistema. As que determinam as prioridades no uso do dinheiro público e "compensam". As que pouca margem deixam ao orçamento do Estado ou Regional para gerar o tal bem estar de quem os elege. As pessoas não entendem os muitos milhões para tudo menos para o “core” de qualquer governação: o povo e seu bem estar. Parece que já tive este sonho, ou será realidade? Tão parecido ...

Quem move o mundo é a Classe Média e esta funciona como o pequeno empresário responsável que é sempre o último a receber. Há uma dualidade atroz que deve ser imediatamente dissipada. O dinheiro público é dos contribuintes, dos eleitores, da sociedade e a ela deve ser destinada. Os privados são outra célula e não têm assento garantido na Governação mas, sabemos como arrastam a asa e até mandam em Governos. Falo do Brasil, está-lhe a parecer outra coisa?

É desta gestão errática que nascem as injustiças, a dualidade e a revolta na classe média. Há sempre dinheiro para outros a quem o Poder Político não tem obrigações para depois dar sempre a nega à Classe Média, a que é chamada para pagar tudo, sofrer as consequências, ter os cortes e muitas vezes viver pior do que os pobres a quem se facilita os primeiros aumentos, que têm direito a benefícios sociais e fiscais, regalias para mitigar a pobreza, a casa social, etc. A Classe Média paga tudo com o valor que aufere e o que tem a mais no vencimento é inferior aos benefícios sociais dos pobres mas , isso não conta no IRS, descontam tudo como ricos, por vezes mais do que os verdadeiros ricos. Isto não é conversa de esquerda, é uma realidade.

Assim nasce a injustiça e a revolta que alimenta o voto no extremismo, para estoirar com o status quo. A Classe Média, normalmente formada, vive frustrada por se ter dedicado aos estudos e à vida profissional mas não consegue alcançar os seus sonhos. Trabalha muitas vezes para ser pobre e necessitada. Usar-se depreciativos como ressabiados e invejosos só piora porque infundados. A Classe Média vive espartilhada a cumprir as regras, os únicos sem excepções legais ou fraudulentas.

Não está errado se apoiar os pobres, aliás, numa região com 32% de pobres e, outros 32% a caminho, seria um texto suicida, o problema são os que ficam eternamente para trás por serem muitos e um rombo no orçamento. É importante acabar com as clientelas partidárias para a justa distribuição da riqueza. Poucos cada vez mais ricos para muitos cada vez mais pobres é uma realidade liquidatária da democracia.

Este encadeamento de causa-efeito poderia se prolongar mas creio que já perceberam a lógica que pretendo realçar. A Classe Média, de gente que estudou para fazer melhor vida, recatada e em sofrimento silencioso, que tem empregos de responsabilidade na sociedade, não se vê compensada ou respeitada. Por formação e berço, actuam em silêncio e o resultado aparece nas eleições porque o voto é secreto e apetece-lhes muito punir.

Acaso nota algumas semelhanças na Madeira?
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5 comentários:

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    4. OK, é coisa dos inícios mas somos humildes e aprendemos.

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