O Natal é construído com base num lindo e intencional paradoxo: que o nascimento de uma pessoa sem lar seja celebrado em todos os lares, Gilbert Chesterton
Um Natal de 2020
diferente. Em Novembro/Dezembro no ano passado comecei e todos nós a ouvir e
ler noticias do que se passava lá longe, na China. Lembro-me de ter comentado …”isso
está longe. Aqui não vai chegar ou se chegar vai ser como com a gripe das aves….*
Apenas mês e meio depois, Fevereiro, já tinha colocado em isolamento, era essa a palavra usada, as unidades de saúde e sociais que tenho a meu cargo. Isolamento total. Não se falava ainda em confinamento, palavra "quase" desconhecida (depois a mais usada ) no nosso léxico.
De uma ponta a outra da Europa a “coisa” extravasou.
Começando pela "bellisssima" Itália.
Aquilo que se lia nos
livros de ficção afinal podia ser uma realidade. Era uma realidade. Lembro-me de em meados do ano passado, ter visto na National Geographic uma série sobre o vírus Ébola e uma situação real complicada, que tinha sucedido nos EUA com a importação de macacos.
Meio ano depois ... aí está o Covid, o vírus chinês como diz e bem Trump (se existiu a gripe espanhola.... mas deixemo-nos de politicas)
Mas com isto da
Covid também sucedeu uma coisa que à muito não via. Um sentimento de
solidariedade de todos e para todos. A família foi obrigada a unir-se e depois,
coisa estranha nestes tempos de pressa em demasia, gostou de encontrar-se. Como
dizia um amigo escocês, parece que descobrimos de novo algo que estava já aqui ao pé.
E outros amigos alemães, belgas, franceses, holandeses, ingleses …espanhóis dizem quase a mesma
coisa.
Neste aspecto Portugal
tem, acho, uma vantagem: Ainda gostamos, mesmo os citadinos, de ter a família perto.
É algo que já se estava a perder, mas parece que se colocou “ordem” nesta coisa
dos valores familiares.
Um pouco por todo o
lado descobriu-se o prazer de comer uma refeição .."by we self". Não os
enlatados, não as pré-feitas/cozinhadas. A nossa, feita por nós. Parece
dizem-me, que nunca as livrarias venderam tantos livros de culinária. Fui a uma
Bertrand e também me disseram isso. Os "azeiteiros", aqueles que no antigamente levavam produtos a casas das pessoas, lembram-se, apareceram ( e uma oportunidade de negócio...mas deixemo-nos de economês...)
Podem-se contar
pelos dedos de uma mão. Uma das melhores sensações e prazeres do mundo é comer,
estar sentado numa mesa com os nossos. Sem olhar para o relógio. Apenas falar….comer,
observar …. Poder dizer "boutades" sem termos alguém a olhar de "través". Tirar partido daquela mão, daquele menear de cabeça familiar, daquele "sacoratear" , daquele tique, do riso dos filhos, das perguntas dos mais pequenos e também contar histórias. Perguntar e
ser “perguntado”…. Isso é muito bom. Eu adoro, todos adoram.
A família,
descobriu-se agora, afinal não é apenas a coisa “chata”, os cotas, os que estão sempre ali. Afinal os pais não são "os velhotes" e até
numa casa, num apartamento se pode brincar às escondidas ou à apanhada (um amigo montou uma "piscina" num quarto ).
Quem como eu, desde
à muito por imperativos profissionais, se encontra normalmente afastado
fisicamente da família …. esta sensação, este prazer ( o outro também é muito
bom mas é apenas no casal, OK ! que isto de “platonismo”…. ) pode não ser nova.
Mas para todos foi redescoberta.
Disse em Março aqui
na GNOSE num artigo, que a Covid também era uma oportunidade. Ora aí está.
Talvez não a melhor “oportunidade”, mas para se redescobrir o prazer da família …. foi a oportunidade. Deus escreve direito por linhas tortas.
Por isso caros
amigos, perdoem-me mas tenho de estar com a minha Família. Afinal são dos poucos/únicos
que nos querem, desculpem dizer isto, verdadeiramente bem ( os nossos amigos mais
queridos também pertencem à minha Família ). Já agora...alguém sabe como se faz o recheio do Perú ? e marina-se com vinho Madeira ou vinho Porto ? Aqui vou eu ....inté.
Quando nos recordamos dos Natais passados, na maioria das vezes descobrimos que são as coisas mais simples - não as grandes ocasiões - que nos oferecem os maiores momentos de felicidade, Bob Hope
Um Feliz Natal e
Festas Felizes,
é o meu desejo
e da minha Família para todos vós, para todos nós. E a GNOSE é também a minha/nossa Família.
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