Esperar por um telefonema mas receber um corte


Sei que muitos ficam melindrados e, na presença do desconhecido, agarram-se aos seus carrascos que usam o bairrismo, regionalismo e nacionalismo para usufruir de uma redoma de protecção cega do seu povo. Ainda assim, marco o ponto para memória futura e razão nas calendas.

Estranhamente, num mundo globalizado por "secções" ou "blocos", onde a Europa se organizou sob a designação de União Europeia, parece que a identidade europeia só serve para pedir dinheiro e não para participar como europeus na construção da mesma, sob os pilares da democracia e dos direitos humanos. Se com os dois conceitos, tão latos que caberiam todos, ainda há alguns que querem um atalho, por projectos pessoais, seria de deixá-los sós se isso não implicasse destruir um povo. Por isso é importante que os povos tenham coragem para que os de fora ajudem a mudar. É a necessidade de alguma política nefasta aos cidadãos que cria esta atitude anti-natura e, facilmente explicável, por idêntica situação vivida na relação do Governo Regional com as Autarquias da oposição. O poder conferido pela política ganha o trono em vez da política ao serviço dos cidadãos. A vontade de dolo político sobrepõe-se ao orgulho de se antecipar com ideias e consumações para todos.

A conjuntura é especialmente perigosa porque, numa altura em que experimentamos o isolacionismo, fruto de uma política sempre a enxovalhar um inimigo externo, temos a certeza de que não somos grandes nem superiores mas, sim, extremamente dependentes, tal como a crise veio demonstrar, trazendo a verdade e a fragilidade sócio-económico-financeira.

A Europa está a mudar mas a Madeira quer ficar no mesmo lugar.

Observa-se que o conceito europeu não está enraizado e se calhar nem o nacional, o "nós" é de pequeno reduto e é incapaz de se somar em portugueses ou europeus. É por isso que se melindram quando a política zela por todos naqueles que são hierarquicamente superiores, retira importância e destapa mazelas. E se, no dia-a-dia é esta a atitude, quando chega a aflição da crise ela refina, entra em histerismo e reduz de novo o pequeno reduto a unidades egocêntricas. Quando forem realmente superiores, teremos subido um degrau. Viajar é importante porque gera a sensação, quando regressamos de outros continentes, países não alinhados ou ex bloco de leste, de que chegamos a casa ao pousarmos na União Europeia. Deve-se ao facto de reconhecermos a presença do pensamento generalizado que nos guia e governa e é consentâneo com aquilo em que acreditados e nos sentimos bem. O turismo que absorve e não só contempla é necessário para o crescimento do indivíduo, para que estabeleça comparações e saber quando governam bem ou mal o seu reduto. A análise desprendida eleva-o ao racional.

Num prefácio maior do que a mensagem, quero ir informando de que a Europa está a mudar e, se cada país não limpar os seus "ladrões", que os mantêm na pobreza, não vai haver dinheiro. Limpar a banca, os empresários de regime que sem virtude crescem à sombra do Orçamento Regional, por entre privilégios clepto ou oligárquicos, a completa destruição da selecção natural e a desadequação dos indivíduos a uma forma de estar correcta em benefício de todos, as elites e seus dualismos, monopólios, proteccionismo e assistencialismo, etc, caso contrário, matarão o que é pequeno por consanguinidade. Já temos muitos sinais mas ninguém parece querer reconhecer.

É muito estranho que cada um ache que o mundo vai sair diferente após a pandemia enquanto desejam manter tudo como está. Se querem permanecer no pelotão da frente da União Europeia, só têm de limpar e se credibilizar. Se querem ser ouvidos e receber telefonemas, devem ter atitudes sérias e não uma verborreia que ilude só os incautos.

A senhora de verde no vídeo chama-se Sophie in 't Velt, é eurodeputada liberal dos Países Baixos, em discurso na sessão plenária, em Bruxelas. Cumpre-me informar, para que as notícias seleccionadas não induzam a uma ideia de perseguição sectária, que todo o despesismo, máfia, cleptocracia, oligarquia, "ditadura", etc, estão a ser atacadas por serem sorvedouros de dinheiros públicos quando há menos um contribuinte líquido (Reino Unido) e há que maximizar o que existe para que o dinheiro chegue aos necessitados.

Não se esqueçam de que a passividade e o comodismo medroso, de não se exporem neste momento aguardando pelo que virá do céu, perde um momento crucial para mudar. A covardia e o medo nunca deram passo mas a conjuntura deu um empurrão para que a história narre um período de covardes ou de nação valente e imortal.

A Madeira que repense ... e rápido, se perde a parede nacional na União Europeia terá a sua hora ... e tem motivos de sobra. Este "medo" que "proíbe" debater com racionalidade os assuntos regionais conduz-nos à pobreza. É preciso ouvir os "outros" e não só os "nossos" para alcançar a "verdade".

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