Os hipócritas do Natal

A escadinha do sucesso a qualquer custo, espezinhando tudo e todos, pode dar uma excelente árvore de Natal.
Hoje é dia de Natal, com todo o simbolismo que encerra conforme os objectivos de cada um e a sua maneira de festejar. À volta deste dia especial existe muito "folclore", é a fulanização da data as ideias e objectivos do festeiro, sendo bom ou mau, pode tomar proporções épicas no cinismo.

Em tempos houve uma peça de teatro chamada "A maldita cocaína", não desprezando a cocaína que está em alta na Madeira que algum efeito deve terá no juízo de muitos, eu trocaria para "A Maldita Política". O musical criado e encenado por Filipe la Féria, retratava a louca vida de Lisboa dos anos 20 do século passado, misturava a ficção com a realidade, o actual ambiente da Madeira parece um sucedâneo, se não veja-se a pertinência dos personagens: o burlão Alves dos Reis (ui ... tantos), as "garçonnes" (melindrosas e queridas), os Camisas Negras (a milícia que zela pela segurança do partido e do sistema), o Repórter X (jornalistas vendidos, corrompidos ou subornados que usam lápis azul e impõem a ficção), Charleston (bailaricos e circos para distrair), a política (a maldita) e o multifacetado Fernando Pessoa, que eu diria ser uma cara e um elixir para cada momento tenebroso da política.

O nosso Natal vai parecendo descartável, um Made in China ou Bangladesh com mão de obra barata e onde estes pobres de espírito babam-se com os exageros dos ricos, numa vida à parte e que geram muitos likes doentios. De vendedores do templo que não querem saber da fé para nada. Outra vez "A Maldita Política" a infestar tudo. Os Alves dos Réis não acreditam na adesão voluntária das pessoas, sabem que não convencem, não têm argumentos nem habilidade para uma adesão natural, de plena fé dos cidadãos num projecto porque, para já, não existe projecto e muito menos adesão natural para todos.

Tenho visto uma fotografia de união familiar a circular, é mais uma tentativa para parecer mas não ser, como milhares delas que nos têm bombardeado. Eu deixaria a escolha da melhor, para cartaz na nossa peça "A Maldita Política", à agência publicitária.

Trocando símbolos.
Você sente que pertence a uma só comunidade em comunhão com os princípios do Natal? Ou desconecta, vai na onda e festeja louca e intensamente para nunca se sentir parado capaz de pensar um pouco? O Natal anda a ser eliminado da sua verdadeira razão e essência, tal como o mérito, o conhecimento (Gnose) e a aptidão são eliminadas por amiguismo, cunhas e concursos à medida. O primeiro sintoma de Natal tenderá a desaparecer com as primeiras lojas a expor os seus adereços e iguarias ou a instalação das "bambiarras", será uma guerra de "barracas", de madeira ou falta de Governo, com a respectiva posse por "decreto". Viva o Natal, as barracas dos "vendedores do templo", esquecidas as associações de caridade em prol de todos mas, em especial, dos desfavorecidos. Agora o Natal é dos favorecidos.

A Madeira está infestada pela maldita política exercida por gente sem categoria, que afastará o próximo por não ter cartão laranja e por desfazer amizades. A intriga e a desconfiança surge quando alguns "cedem" para satisfazer as suas necessidades, em vez de lutar por um Natal para todos os dias e sociedade que não seja para a fotografia.

Talvez escreva, sem tabus, por muitos que desejam e não podem, o que também não é Natal mas simplesmente a ditadura do silêncio, para não parecer mal neste imenso teatro do Natal, "A Maldita Política". Há ambientes bem mais natalícios sem nenhum folclore, ainda bem que não sabem que já vivem nos preceitos de Deus, se a política adivinha ... vem, estraga e monta o circo. É que falar é fácil, agir é que não. Natal não é marcar o ponto nos rituais.

Olhar para o passado mostra que no presente, se não soubermos valorizar e encarnar correctamente o Natal, qualquer coisa pode assumir-se como celebração, basta que o "homem" queria. Ainda acabaremos num comício adorando um ditador.

Nada disto é ciência exacta mas, fazemos muita fé que o seja. A datação, 2019 a caminho de 2020, só existe com base no nascimento de Jesus, o que desde já nos orienta a vida desde que o Papa Julius, no século IV, instituiu a 25 de Dezembro como o dia do nascimento do menino Jesus. Que eu saiba, não há documentos que o comprovem, se surgir um louco (como já surgiu) a querer instituir o Natal noutro dia, para servir os seus interesses, a confusão pode existir e se instalar. Desde logo teríamos um divisionismo, assim como uns festejam o Natal no Mercado e outros nas barraquinhas ou, alguns que fazem questão de ter a sua  Missa do Parto para alimentar o ego (outro decreto de posse). Existem aqueles que, à luz da sua fé, decidem à margem do Senhor se este ou aquele é bom ou não, se apresentar cartão laranja mesmo sem quotas pagas.

Cada um faz o Natal que está à mão e lhe dá mais jeito.
O verdadeiro Cristão pode até ser singular, uma unidade, aquele que não se vende nem esmorece a sua fé por necessidades da carne e da vivência, passando, tal como Jesus, a perseguido por ser diferente e não engrenar na manada. Só depois de muitos anos depois, lhe reconhecerão o valor quando a morte extingue a consciência de se sentir valorizado. Até pode ser bom deixar tudo para o futuro, porque pode não ser reconhecido da maneira como vai a ética e os valores pela ilha.

Natal pode ser concorrência, dizem que sempre foi benéfica, menos na Madeira onde os mauzinhos (que fazem teatro de Natal) gozam de proteccionismo. O Natal sempre teve a concorrência das festas pagãs por esta altura. Já foi momento de celebrar o Natalis Invicti Solis, o solstício de Inverno, onde os Romanos da boa vida pediam mais abundância. Os Vikings também celebravam a mesmíssima coisa e talvez com mais razão, sem a opulência do "ter", devido à sua zona geográfica, chamavam-na Yule. Sabem que mais ... pelo raio do Natalis Invicti Solis não estar a resultar grande coisa, os Romanos, na sua decadência, mudaram de deus para celebrar esta altura do solstício de Inverno com o deus Mitra (mitologia grega). Com este antecedente, estão lançados os dados para que na Madeira, onde o branco pode ser preto, se "martelarem" muito até ser verdade, o presépio possa ser a barraca 13 da poncha do Manelito com o cartão 12 mil e troca o passo, não importa muito em concreto, "é dos nossos". Mas, será que a data para celebrar o Natal também não teve um pingo de jogo sujo? Quem me garante, com tanta festividade, como arraiais no Verão, os nossos antepassados não entalaram o 25 de Dezembro numa altura boa para concorrer com os rituais e deuses menores?

Em nenhum momento na história da humanidade houve um único sistema de datação uniforme que fosse partilhado (aceite) por todos, nem conseguimos discutir o ano zero! Por essa razão temos ou tivemos o ano grego, o ano romano e vamos vivendo o cristão, ao gosto de qualquer um que tenha lábia ...

Com o amadurecimento do divisionismo, as Missas das Secretarias e da Vice como novena dos partos ou do raio que os parta, da xenofobia partidária, etc, poderemos muito bem um dia festejar o Natal no Chão da Lagoa no Verão, com casacos de abafo e muita neve. Já tiveram um parecido com Cristo mas, agora com a idade, parece-se muito mais a Herodes, tido pela história universal como um louco que assassinou a sua própria família e inúmeros rabinos (professores, mestres, mensageiros) e pasme-se, promotor de colossais projectos de construção em Jerusalém e outras partes do mundo antigo. Nunca foi descoberto se tinha luvas em alguma empresa de construção, não há registo histórico de muita coisa que se passou ...

Por último, seguindo a tradição obscurantista do actual Natal, dar a uma secretaria a razão de uma missa parece a invocação dos falecidos nas mesmas, em sua graça, para lembrar a sua ascensão aos céus libertando-se do purgatório. O Papa Francisco tem mesmo muito trabalho pela frente mas, só com uma igreja que defenda a fé e não o paganismo. Há muito clérigo que não está a "pescar" meia missa e vai na onda.

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