Politicamente (in)correcto

Apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias sombras, São Francisco de Assis 
Ana, Sofia..,,Sara o que têm em comum ? São mães que abandonaram premeditadamente os seus filhos, logo depois de os terem , nos últimos 2/3 anos em Portugal O destino das primeiras, foi a justiça, a detenção. O destino da ultima, também será o da justiça ?

Mas, como não aconteceu com as outras, Sara já teve direito à visita de uma ministra, um conjunto de advogados a tentarem libertá-la com "habeas corpus", a quererem "pro bono", defendê-la, um Presidente da República “compreensivo”, a oferta de uma casa, de apoios monetários, ajuda psiquiátrica e o mais que ainda há-de vir. As atitudes lamentáveis, do PR e ministra, podem ser  entendidas como uma forma de  condicionar judicialmente quem vai julgar Sara, que com 22 anos, ocultou o seu estado, não pediu ajuda, antes descartou-a, premeditou a morte por abandono do filho, colocando-o num saco de plástico de antemão preparado, dentro de um contentor de lixo durante várias horas!!!! ( neste tempo todo, nem sinal de arrependimento ) e que se não fosse alguém, também sem abrigo, por certo morreria. Sara ocultou ao companheiro, as outras foram abandonadas pelos "companheiros/pais" e estes, também deveriam ser responsabilizados. 

Em artigos (este no Publico, é um exemplo) de escribas em jornais de Lisboa e redes sociais, a moça foi violada nos seus direitos constitucionais e julgada na praça pública !!!! Presume-se que foi por "amor e carinho", como já se pretende passar,, que fez o que fez ao filho. Aconchego num contentor do lixo! No reino animal, pouquíssimas espécies fazem isto. A humana, é uma delas.

Recentemente também foi noticia, a GNR (e muito bem) ter salvo uma ninhada de cães abandonados num contentor. Mas neste caso, o clamor foi ao contrário. Quase todos queriam saber quem abandonou os bichos e a quem o fez, pedia-se que fosse internado, que era psicopata e devia ser fechado numa prisão e com chaves deitadas fora. 

Em resumo, com Sara, uma pessoa que abandona o filho, dá-se conforto, ajuda...A uma pessoa que abandona bichos, pede-se a prisão. O bebé vale menos que um bicho ? Por outras palavras, a vida humana vale tanto como a de um bicho ou, pelas reacções em jornais e redes sociais, menos ? Confesso, que não compreendo, este (não) dilema.
A simpatia consiste num parentesco dos corações e a antipatia num divórcio de vontades, Gracian
Felizmente, que saiba, os animais não foram alvo de “compreensão” pelo PR, nem visitados por uma ministra. Em relação a ajuda psiquiátrica, penso também não a terem tido, mas de certeza e claro muito bem, umas tijeladas de quase leite e comida/papas canina júnior. E festas...muitas festas.que é o que ( quase ) todos, animais (racionais e  irracionais), gostam e têm em comum. Todos gostamos, na sua grande maioria, ou já gostámos ( os poucos são doentes ), de festas, de afagos, de companhia.

Antes a minha cadela, era…cadela. Hoje já por medo, chamo-lhe TSS Maria, Técnica de Segurança Superior. O gato, passou a ser o TSC&AB Faísca, Técnico Superior de Caça ( ratos ) e Apanha Bolas e até tenho medo de me dizerem que o bicho merece a perpétua e eu com ele…..por "assassinar", não caçar, de vez em quando um ratito, fora de casa ou uma mosca "inter paredes".

Esta sociedade está a atingir extremos nunca vistos. Não à muito tempo,  num centro comercial, comecei a brincar, trocar “línguas de fora” com um miúdo de cerca 2\3 anos, que se divertia e eu com ele. O problema é que os pais não gostaram e quase, quase chamaram a policia ( tive a sorte de ter gente ao lado com dois dedos de cabeça ) porque, achavam eles, poderia ser pedófilo e estava a violar o espaço e direitos do filhote.

O mundo antes, excepto pelos radicais, palermas, brutos, asquerosos que sempre existiram, existem e existirão, era mais bonito, mais fácil de deslindar e sobretudo de conversar. Hoje quando um pequenote nos olha e na brincadeira faz-nos “té té”,  coloca a língua de fora, nos pisca o olho o que deveremos fazer ? Colocar cara de pau e lá se vai o que nos torna animais sociáveis, ou com medo e a olhar para todo o lado, entrar na brincadeira ? e depois, ….. sermos pedófilos, brutos, …… se apanhados pela falta do senso que cada vez impera mais. Uma sociedade de medos, de tudo e todos, menos daquilo que me mete medo: a violação continua da nossa liberdade e dos nossos valores.

Portanto, atenção ao que fazemos quando chegamos a qualquer lado. Nada de brincar ou meter-mo-nos com miudagem, nada de olhar uma mulher bonita ( o inverso para elas também ), ou entre colegas de trabalho, de dizer um dichote, dar um toque de cotovelo, contar uma piada mais “máscula”, sobre negros, brancos, amarelos e vermelhos, judeus, compadres, alentejanos, porto-santenses,….. brasileiros, portugas, franciús, …… porque isso é violar os direitos dessa gente toda.

E o diabo, é que o mundo era muito mais bonito quando podíamos violar esses direitos, mas com bom senso, com respeito. Como existia antigamente, em que bicho é bicho e pessoa é pessoa; em que branco e negro eram pessoas e não raças opostas e em conflito; em que os alentejanos, beirões, eram uns patuscos … Brincava-se. As anedotas saiam e obviamente, quem fazia ou se exibia em demasia, era objecto de anedotário, comentário . Era violar ? Não, era apenas uma forma simpática de dizer que ...gostamos deles ( veja-se as anedotas sobre Samora Machel e Marcelo agora ) ou que gozamos deles ( anedotas sobre Sócrates )



Tenho pena dum mundo em que o sacro ( qualquer que seja a proveniência ) era respeitado. Porque afinal, dali não vem mal ao mundo, excepto se uns palermas e radicais ( como sempre existiram e existirão ) o tomarem como arma de arremesso. Um mundo em que qualquer religião seja respeitada, como o não são agora, em relação ao politicamente (in)correcto islão ( no nosso mundo ocidental, felizmente já se começa a pensar que os muçulmanos devem respeitar e não impor o modo de vida deles ). Mas também, pelos outros, aqueles que não acreditam na religião, em Deus, deuses .........
Unidos venceremos, divididos cairemos, Bob Marley
Sinto-me saudoso por a História já não ser História e não ter de pedir desculpa ou ficar envergonhada ,ou pior, fazerem-na esquecer, branquear o passado, como era o caso com Estaline e Mao ( ao longo dos anos e conforme os amigos passavam a inimigos, nas fotos de grupo "apagavam,-se" os inimigos, antes amigos ). E tenho vergonha da foto da deputada Joacine na AR, mostrando um vitral onde diz ela, se mostra que ainda impera os ares do colonialismo naquele lugar. Afinal, esta é a nossa história, que ela como deputada e portuguesa devia defender. Mas claro esqueceu-se que fomos o primeiro país europeu a proibir a escravidão, libertar por decreto os escravos e proibir a pena de morte. Já agora, Joacine, como Vinicius dizia, o mulato foi das melhores criações feita pelos portugueses, e um país que não se orgulhe da sua história...é nada.

Tenho medo que amanhã Egípcios, Chineses, Sumérios, Assírios, Judeus, Católicos,  Muçulmanos, Turcos, Protestantes, Gregos, Romanos, Incas, ..... sejam olvidados, escondidos, desprezados por terem praticado a pedofilia, terem violado, castrado, escravizado, mutilado, pilhado..... povos, que também já tinham feito o mesmo. Porque afinal, todos nós a humanidade, somos seus descendentes em ideias, em ambição, no bem e no mal.. Porque não é por decreto, que emoções básicas da nossa animalidade são expurgadas.
O amor e a verdade estão tão unidos entre si, que é praticamente impossível separá-los. São como as duas faces da mesma moeda, Ghandi
Tenho saudades daquele mundo em que o respeito começava em casa. Em que os professores não eram sacos de pancada, em que a Escola ensinava e não como agora, cria vícios ( de estudo, de desmazelo, de deixa-andar ). Tenho saudades daquele mundo em que o mérito era compensado, mas que hoje muitas vezes é tido como exigência/recompensa normal e habitual de quem acaba de estudar, contrariando a máxima de Buffet: " o único lugar onde sucesso vem antes do trabalho, é no dicionário". 

Sinto a falta e espero que os meus filhos ( dois estão já crescidos ) vivam num mundo de esperanças, de valores  e não num mundo de cobardia, num mundo de pessimismo, em que logo à partida qualquer um, fica desde logo assinalado como potencial violador, pervertido, patife. Um mundo sem arguidos, mas já à partida com condenados, de "disparar primeiro e perguntar depois".

Os nossos descendentes alguma vez saberão que para comer um frango é preciso matar ou "assassinar" uma galinha e que uma cabidela, tem aquele sangue do bicho morto ? E que para se comer um bom presunto se teve que abater ou "assassinar" um porco ? Ou só saberão, que aquilo é criado e adquirido num supermercado perto de si e já sai embalado? 
Ama o teu vizinho, mas não derrubes a sua cerca, Benjamin Franklin
E o problema é que também tenho receio, que daqui a uns 10,15,20 anos possa ser acusado por alguém de que já não me lembro, de violação de …….direitos. De tudo ou quase tudo. Sempre me ensinaram que a minha liberdade acaba, quando ela interfere na dos outros. Mas positivamente odeio, quando a minha liberdade é por decreto, pelo politicamente (agora dizem) correcto, limitada, esmagada, violada.

Confesso que adoro uma piada brejeira, adoro o riso e a malandrice de um “puto” que se mete connosco, de uma boa galinha, coelho, porco, lá de casa, de dar uns tiros, gosto de fumar um charuto ou uma boa cachimbada, embora não sendo fumador e não ser burguês (pejorativo ) e detesto positivamente bichos num restaurante ou bar….. Tenho um kilt, "pertenço" a um clã. mas não o uso em Lisboa, Londres. Paris,,,, como roupa normal. Tive uma capa e batina em Coimbra, que usei com muito gosto, porque usar aquilo não é ser fascista, mas é roupa que torna iguais ricos e pobres, porque é idêntica, igual ( o desmazelo no vestir não conta ). Adoro praxes e fui praxado. Mas odeio as bestialidades que muitas academias fazem agora e que no meu tempo fariam a trupe, ser e muito bem castigada. De caçadores a caçados.

Não, não sou ultra-conservador, ou conservador, ou qualquer rótulo que queiram-me impor, por escrever isto. Apenas sinto-me farto do politicamente correcto, porque é uma forma palerma de me limitarem e ás minhas liberdades. E tenho medo. Gosto(ava) de "violar" confesso, mas como me sinto tão violado. 

OBS
1) Este texto teve uma ajuda de Alain Finkielkraut, que recentemente num debate televisivo em França, no programa "La Grand Confrontation" apontou o dedo ao constante e bastantes ideias pré-concebidas de se criar uma sociedade em que tudo é violação. Como francês que é, também se superou "eu violo a minha mulher todas as noites e ela já está farta".

2) António caricaturou João Paulo II, com um preservativo no nariz. Senti-me ofendido mas diverti-me com aquilo. Como eu, outros mais. O Charlie Hebdo, fez o mesmo com Maomé. Gente morreu. Quem o fez, sentiu-se ofendido e matou. Depois disso, no nosso hipócrito mundo europeu/ocidental, as caricaturas sobre a Igreja Católica continuaram, mas drasticamente diminuíram as de Maomé. Cobardes e hipócritas. 

Raul Solnado e a maternidade. Está a violar ?
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