As últimas Eleições Regionais ficaram marcadas por uma falsificação.Toda a campanha assentou na mentira sobre a natureza das eleições e os seus objectivos, como se as eleições fossem para eleger o Presidente do Governo Regional. Através da Comunicação Social, quer o PSD/Miguel Albuquerque, quer o PS/Paulo Cafôfo, apresentaram-se e foram apresentados como "candidatos à Quinta Vigia" e levados ao colo com a propaganda da eleição para presidente do governo.
Foi difícil combater aquela mentira, desmontar a intoxicação ideológica e esclarecer que o que estava em causa nas Eleições Legislativas Regionais era sim a eleição de deputados.
No contexto da fraude política, houve um outro equívoco: a confusão entre alternância e mudança. Na alternância apenas são substituídas umas pessoas por outras, sem que se altere a natureza dos projectos políticos.
A questão mais delicada que se colocava era a de esclarecer que a questão central para o futuro da Região Autónoma da Madeira não radicava na substituição de uns por outros no comando da política de direita. Nós não conseguimos afirmar, como teria sido necessário, que era crucial a efectiva concretização de uma política verdadeiramente alternativa. E as pessoas não estiveram disponíveis para uma viragem política.
As Eleições Regionais viveram na base de um logro: poderia ser condição suficiente derrotar o PSD. E a vida tem demonstrado como, de facto, não bastava retirar a maioria absoluta ao PSD, mesmo que viesse a representar uma viragem histórica. Assim, o PSD perdeu a maioria absoluta, mas a política de direita não foi destronada. Pelo contrário, poderá ter acontecido que reforçadas condições, com o CDS agora completamente aliado ao PSD, tenham feito prevalecer uma ainda mais assanhada força da direita.
Nas Eleições Regionais tanta gente se deixou enganar pela ideia de que o seu voto se tornaria "mais útil" se atribuído a quem estivesse de alterne e predisposto a mais imediatamente ser substituto na presidência do Governo Regional, como se andar na substituição bastasse...
A vida demonstrou como aquele suposto "voto útil" serviu, sobretudo, para dar mais força aos partidos da política de direita.
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