Olhar sobre as Europeias


Está de parabéns, tem um balão de oxigénio, a sua vantagem na Madeira 37,15% (6.928 votos) é praticamente igual à do PS em relação ao PSD a nível nacional, uma completa inversão da situação. O PS na Madeira obteve 25,81%, 25.657 votos.

Está de parabéns o Rui Coelho pela reorganização do PSD-M, capaz de conciliar a custo, enquanto José Prada vai fazendo confusões estéreis. É o verdadeiro secretário-geral.

Observemos a evolução dos votos do PSD-M em Regionais e o comparativo com estas Europeias. Ter em conta que a percentagem relaciona-se sobre quem foi votar, por isso é mais correcto se suportar pelo número de votos. De 2007 até estas Europeias, o PSD-M tem vindo a perder muitos votos, quase dois terços.

Regionais 2007: 64,20% 90.339 votos
Regionais 2011: 48,56% 71.556 votos
Regionais 2015: 44,35% 56.569 votos

Europeias: 37,15% 36.928 votos

Confirma-se que a abstenção cresce mas ainda assim beneficia o PSD-M porque a oposição não sabe cativar os que desistem de votar no PSD-M para o seu lado. O PSD vai ganhando com aqueles que decidem ir votar, certamente os dependentes. O PSD-M vai desistindo da maioria absoluta mas aposta forte em prosseguir no poder em coligação com o CDS. Em Santa Cruz ocuparam parte da ausência da JPP e o PS não aproveitou. Se o PSD e o CDS repetirem a percentagem nas Regionais formarão uma coligação com uma maioria absoluta superior à do PSD em 2015.

As Europeias para o PS Madeira foi um tiro no pé. A candidata era fraquinha, a estratégia foi má numa ideia tola de que queriam apresentar alguém desconhecido e sem antecedentes ... era tão desconhecida, quase estrangeira, que passou o tempo omissa, a patinar sobre o que dizer. Os lugares são para exercer não para fazer estágio pago. Estão a ofender gente muito melhor que só não tem oportunidade. Sempre a mesma ofensa dos que manipulam a democracia. O eleitorado pergunta ... é disto que têm para governar? Na primeira oportunidade para dar indicações ao eleitorado fazem isto? Devem nos achar pouco exigentes? A RTP-M até conseguiu debater Europa sem candidatas. Deram ideia de imposição de Lisboa e aí está o resultado. Nesta oportunidade o PS deveria ter provado que tem quadros, uma opção combativa e afirmativa pelos conhecimentos europeus para bater, em discussão, a sua adversária que passeou os galões da experiência. Andaram a fazer campanha de Regionais e não Europeias. O PS vai continuar em Londres e Jersey ou vai palmilhar a Madeira toda? Nada disso está feito. O PS não perdeu só eleições, não dá o mote para ter seguidores e cansou muitos à espera por uma luz, um recuo nos lóbis, um rasgo de visão e inteligência. Só tivemos teimosia de um aprendiz que se acha líder político mas é um errante. Há gente sem cargos para ostentar com muito mais experiência e competência. É problemático falar com gente sem experiência, lembra a canção de Rui Veloso ... "Contigo aprendi uma grande lição, não se ama alguém que não ouve a mesma canção". Uma pergunta final, estão à espera de ganhar eleições só com o eleitorado do PS? Vão tarde para cativar os PSD desavindos. Confirma-se que os eleitores preferem uma Renovação Original do que uma cópia mal amanhada e ainda mais medíocre. A Confiança está a perder argumentos com quem quer mudar. Ou faz um corte radical com o sistema com iniciativas fracturantes na praxis ou então espere pelo pior. Aliás, estas eleições disseram que os erros de Cafôfo são maiores do que os de Albuquerque, ou então que este último se organiza melhor.
Leitura recomendada: Serviço de Despertar.

Creio que o CDS-M julga que a sua estratégia passa despercebida, vem aí mais sofrimento se não se libertar dos mesmos, da repetição dos erros, dos encobrimentos, das coligações e dos lóbis. Parece que insistem até alcançar alguns objectivos que sirvam a um pequeno grupo e não ao serviço do eleitor. Não defendem povo algum, estão numa ardilosa postura para o sucesso pessoal por mais que invoquem tudo. Têm a mesma natureza do CDS no continente, populista, falso moralista e de ambição desmedida para o tamanho da perna que tem para dar o passo. Ainda assim, podem ser "danoninho" suficiente para o PSD-M, só por posicionamento político, não por estratégia.

Absteve-se das Europeias e ganhou a experiência de como tudo se acerta na sua ausência. É um partido já com medo de crescer e que anda no quanto baste para que nenhuma sombra aflija o núcleo duro de sempre. Acabará perdendo deputados nas Regionais e passará pela mesma experiência do PCP Regional, muita luta sem crescimento porque não sabe crescer. Certinho, fiscalizador, moderado mas, se não está implantado no resto da ilha, se houver um dissabor em Santa Cruz, como fica? É preciso crescer, é como no futebol, se joga para o empate, perde. No entanto, se o CDS continuar a desiludir pode lhe cair nas mãos um eleitorado sem nenhum esforço, a ver vamos ...
O JPP tem de deixar de ser "saloio", perdoem-me o termo, perceber que é o aliado mais forte da oposição e isso consegue-se com a incorporação de know-how. Já o faz, a trechos, mas ainda não atingiu o estatuto de provedor do povo. Quando estiver plenamente sintonizado poderá colmatar a falta de implantação em toda a ilha indo ao encontro do que aflige as pessoas onde quer que estejam. É uma forma de crescer ...

Com as devidas dimensões observadas, o BE está a crescer, inversamente proporcional à situação do PSD-M. Das Europeias de 2014 para estas de 2019 cresceu 63.46% na Madeira. Parece ser de forma sustentável e não um efeito da Marisa Matias. Existem novas incorporações a mobilizar, a fazer contactos e a mudar a aparência do Bloco pela positiva. Se o CDS está para o PSD como a JPP pode estar para Cafôfo, é líquido que o eleitorado repare no Bloco de Esquerda para crescer e não embarcar numa coligação dócil. Descartadas as possibilidades e com o exemplo do continente, o eleitorado pode estar a contar com um osso duro de roer numa negociação. O Bloco está a construir uma imagem de que o eleitorado que vote nele não sairá defraudado com coligações acertadas pelas suas costas ou que vai trair a natureza ou desejos do voto: mudar realmente alguma coisa.

Trabalha para um eleitorado certo, tem novos líderes a crescer e a ganhar confiança mas mantém o sistema, a abordagem, convém inovar para concretizar a renovação do eleitorado, caso contrário, o Bloco de Esquerda poderá muito bem canibalizar o PCP com um discurso moderno e directo para atingir a atenção e consideração das pessoas. O PS trouxe-nos uma austeridade dourada, pagamos mais impostos mas não existe a crispação dos tempos de Passos Coelho. O Bloco de Esquerda está a ensaiar o mesmo mas com o discurso de esquerda, suavizando o radical com proximidade humana perante os problemas dos eleitores. Há caminho a fazer.

A abstenção, motivada pelo descrédito nos Governantes que por sua vez se derrama sobre a política e que chega à democracia em eleições, fecha o ciclo e só beneficia os Governantes. Que rica represália esta dos eleitores. A sua manifestação de desagrado é manter tudo igual? É cada vez mais insuportável que se queixem nas redes sociais quando são cúmplices e fala-baratos. Só vão acordar tarde com um segundo resgate na Região? Acham que os milhões estão a cair do céu? Não há qualquer pragmatismo mas sim muita soberba (e sobretudo língua) nesta forma de castigar os políticos. A democracia e as eleições têm sempre solução, puxe pela cabeça. Segmente os seus objectivos se não pode alcançar tudo de uma vez mas vote.

Porque não foi votar o português?
- Política e Políticos desacreditados?
- Cansaço por continuo defraudar das expectativas?
- Não esqueceu a violência da austeridade imposta por Bruxelas?
- Não sente a Europa a melhorar a sua vida?
- Esquece-se dos contributos financeiros da U.E?
- Está farto dessas dotações financeiras servirem para tudo menos para elevar a sua qualidade de vida e os rendimentos?
- Porque contribui demasiado para o retorno que tem?
- Porque os serviços do Estado estão a degradar-se e a solução é sempre a privada em negócios obscuros dos políticos?
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