Não basta que se mudem as moscas …

Este ano temos pela frente exigentes desafios político-eleitorais. É uma grande batalha com diversas etapas.
Coloca-se uma questão crucial: esclarecer que não basta mudar de caras, é necessária a mudança de política.
Seremos enxurrados com a papagaiada de que terá chegado a hora "de uma outra geração", do mudar de caras no desgoverno que conhecemos, como se tudo se reduzisse à vez de uns, depois da vez dos outros, como se isto, por questão de alegada justiça, fosse à vez. Depois da vez do PSD, suceder-se-ia a vez do PS tratar da vida, ao que se sucederia, outra vez, a vez do PSD se arranjar no governo ...

Seremos cada vez mais confrontados com a lengalenga de que o que importa é rodar uns por outros, como se nos resolvesse alguma coisa apenas substituir uns por outros na aplicação da mesma política; como se bastasse, com um outro partido, satisfazer os mesmos grupos económicos ou as novas clientelas dos sectores da construção civil, do turismo ou dos transportes ...

Seremos cada vez mais confrontados com uma brutal propaganda para fazer crer que a substituição do PS pelo PSD, a simples substituição do Albuquerque pelo Cafôfo, no essencial, não é mais do mesmo. Os que andam na substituição querem fazer crer que na substituição está o ganho, que a substituição é o caminho para uma vida melhor.


Seria a dita alternância. Como se fosse suficiente ter outros a ocupar as cadeiras do poder, como se tudo se resolvesse através de uma troca no poder, sem que fosse necessária a transformação das relações sociais, sem a prioritária alteração das relações de classe.

A alternância seria o mesmo que alguém quisesse construir um edifício mudando os tijolos, trocando os blocos da velha casa, colocando-os apenas do avesso.

Sobre a "alternância de poder", assim escreveu o poeta José Gomes Ferreira:

«Como se fosse possível - ó glória! ó ânsia! -
   construir um prédio
   mudando de vez em quando
   os mesmos tijolos do avesso».

          Aos que andam na substituição, a quantos tudo confiam na substituição de uns por outros no comando da política de direita, cabe-nos esclarecer que não basta que se mudem as moscas! É imperiosa a mudança de políticas! Ou seja, a questão fundamental que se colocará nas próximas eleições é a da natureza das políticas, dos seus meios e dos fins a que se destinam.
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