A soma dos silêncios

O PSD-M está como o Real Madrid, mandou a máquina embora e o actual Bola de Ouro não leva a equipa às costas.
Carlos VaresHá medo de falar Sem Tabus, a opinião é um delito definido por governantes através do condicionamento das necessidades básicas. Valores e regras desaparecem, o silêncio é alcançado em ambiente de crispação e injustiça crescente com a actuação dos Renovadinhos. Incapazes de contrariar com argumentos válidos, usam expedientes para dissuadir e perfis falsos lançam insistentes suspeições sobre gente séria. Inutilizam funções nas instâncias legislativa (ALR), executiva (GR) e judiciária, que permite queixas infundadas para desmobilizar adversários, um precedente para telhados de vidro. É o autoritarismo de partido sem contraditório e já no jocoso. Tempo de congresso, inútil, onde o líder não será humilde e o resto sem coragem para “mudanças”. As “culpas” desinfectarão fiascos, o passado não dará crédito às ideias e muitos acusarão retratando-se. Resultados só em Setembro, as sondagens têm hoje em dia a inconveniência dos matreiros que entalam o cinismo.

Em 2015, última oportunidade do PSD-M, o líder foi escolhido como o melhor posicionado para ganhar eleições, hoje é um handicap porque não executou o discurso de rotura. Embeveceram com o poder, resolveram a vida, calçaram as pantufas do velho sistema, governaram mal e agora usam artes circenses para ganhar eleições. A Renovação vai para congresso rodando os mesmos dos pecados mortais, agora com a “conversa fiada” da família, essa perseguida no emprego ou nos interesses, com danos irreparáveis nas suas vidas e insultados de ressabiados ou invejosos quando são lucidez e experiência. Invocar família é abjecto quando nem deitam a mão a alguns funcionários da sede. Invocar social-democracia e Sá Carneiro é uma heresia de espertalhões acobardados com eleições à porta que até lambem o seu cuspo do prato. O PSD-M dirá no congresso que não se purga sem derrota. Do empreendedorismo político, política em função do emprego e dos negócios, nasce o problema. O PSD-M necessita de um líder âncora que traga decência e valores, um “João Lourenço” para matar o estigma.

O contribuinte europeu está exigente enquanto puxam a primeira linha do novelo CINM e o Brexit retira um contribuinte líquido. Está no fim o suporte dos juros baixos sem termos convertido a nossa dívida. Assiste-se a alegre multiplicação dos milhões quando se contrai empréstimo para pagar dívida. Ao fim de décadas mantemo-nos na ideia de que só existe obra com betão ou alcatrão, a que alimenta o sistema e não o social. A dívida criada na Região matou a Autonomia e o PSD-M está a dizer tudo, precisamos da República.

Forma-se sobre a Madeira a tempestade perfeita. Precisamos de economia aberta, diversidade com dimensão ajustada, acabar com os penduras do erário público, rebentar a bolha do proteccionismo/ isolamento e os objectivos pessoais e corporativistas na política. Da justa repartição da riqueza disponível, de acabar com milhões rapados do essencial para obras. De olhar para a concentração da economia no Porto Santo quando a Madeira segue pelo mesmo caminho. Com nova crise poderemos ser “comprados” num ápice, daria muito gozo aos chineses depois do CEMA. Quando os emigrantes perceberem como tudo funciona, partirão. Notaram que Canárias ganhou meio milhão de habitantes entre 1998-2018? Com rendimento e oportunidades a demografia melhora. O Contencioso das Autonomias pela via cacique esgotou, para acusar é necessário ser credível, se o pejorativo “comandado por Lisboa” significa entendimento, provavelmente dará mais resultado, até para provar como o PSD-M não defendeu a Madeira de Passos Coelho no resgate, a origem dos problemas na governação depois da dívida. Nem tudo é mau! Ludibriando qual Macron, o líder não enfrenta a mesma emancipação do eleitorado para ter coletes amarelos à porta.

A população não está melhor, demite-se da cidadania activa com medo de perder a pobreza, 34% a galopar para mais 27,4%, uma maioria absoluta. Cega, escraviza-se com caridadezinha desde que haja festa, ignorando que o governo está a mando de lóbis. Para onde vão 64 meses de sucesso, como justificam estes números depois da U.E. verter durante décadas milhares de milhões? Basta a Europa averiguar o porquê de tantos pobres e entorna o caldo. Depois da dívida e pobreza, o PSD-M provoca xenofobia com a dualidade entre o justo apoio aos regressados da Venezuela em contraponto com a insensibilidade social praticada sobre os que ficaram na Região enfrentando o duplo resgate. Os regressados deveriam ler sobre isto para não serem usados, é a nossa versão “Maduro”, ceifou vidas, de trabalho e de existência.

Ouvi da Renovação que nenhum derrotado do passado tinha futuro, hoje os derrotados são premiados com desafios maiores mantendo o demérito, as sondagens têm dado uma queda entre 10 a 20% em relação aos 44,35% das Regionais de 2015. O PSD-M só elegerá generais sectários mal cotados, os verdadeiros representantes da população vão em que lugar nas listas? É o resultado de líderes situacionistas, usadas as caras e forças idóneas para conquista do poder, a farsa termina com promessas por cumprir e os feitos parvos dos militantes a brigar entre si enquanto as elites tomam conta de tudo. Novidade é a neo-PIDE, infernizando pessoas com relatórios sobre o que expressam, com quem se dão, de quem são “família” para arranjar espaço à Renovação. Quem foge de Maduro sabe disto? Prefiram a integração que perdura em vez da benesse momentânea da caça ao voto.

24 horas brutas de congresso e o líquido? Do que vai falar Albuquerque? Da traição e marginalização da sua geração capaz de governar trocados por bibelots? Do desmantelamento da máquina/ família que não quis unir e agora finge? Da revolta pelas injustiças na Função Pública? Dos ajustes directos e concursos à medida para mini capos? O militante não é posse do partido, adere a quem defenda causas.

Do que vai falar Jardim? Das décadas a queimar delfins e melhores quadros dos que terá a bater palmas? Dos madeirenses e empresários arruinados pelos calotes dos seus Governos por quem ninguém olhou para não reconhecer erros? Dissertar sobre como colocar militantes uns contra os outros para depois os generais se dedicarem a uniões de facto pelo poder? Uma introspecção sobre a matriz da Madeira Nova tão castradora de oportunidades como a Madeira Velha? Repetirá frases a desconsiderar Albuquerque que agora serve? E lembrará as dele? Não é contrasenso apoiar Rio no continente mas zelar pelo “Passismo” regional? “Deus nos livre que o governo caia nas mãos daquela oposição” é em comparação com estes anos da Renovação?

O PSD-M está como o Real Madrid, mandou a máquina embora e o actual Bola de Ouro não leva a equipa às costas. O PSD-M sangrou qualidade e desvalorizou a sua palavra, perdeu desígnios, mística e desceu o nível. O eleitorado, sem garantias, pulveriza votos para reduzir a impetuosidade e voracidade dos donos disto tudo, os que “compram” a democracia. Chegou o momento dos partidos pequenos, de quem se espera mérito e que não se vendam. Regionais 2019? Outra Renovação, de geringonça ou caranguejola, com a Madeira a perder.
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