Alerta de tsunami político para a Madeira


Anda no ar, longe dos ambientes do poder, dos partidos e da militância, um ambiente sinistro do tipo o PSD não chega lá e Cafôfo não convence. Tudo sucede porque ambos pensam mais nos seus grupos do que nas “Pessoas”. Há uma estranha interpretação da democracia que consiste em levar a sufrágio um pacote de interesses que, na verdade, não contempla o povo mas quer o seu voto.

Aparentemente, concebem a democracia num espaço pequeno como sendo possível condicionar todos pela força do poder económico e das necessidades pessoais para alcançar o poder total, tomando posse do poder executivo. Se antes bastava financiar partidos, o poder económico acha que está tão dependente do orçamento regional que agora decide fazer o que o poder político fraco fez até agora. Controlar todas as instituições colocando os seus “testa de ferro”.

Temo e tenho quase a certeza que todo o debate que se vai gerar até às Regionais de 2019 estará longe da verdade que importa aos cidadãos. Teremos muito ruído para abafar as reais intenções escondidas e é por essa razão que a opinião independente se deve reunir na Gnose. Para ter palavra no debate acerca do que interessa, numa plausível discussão de acordo com as convicções políticas de cada um mas eliminando o ruído e a partidarite. Se é decente, “sem palas” e no interesse da Madeira e dos madeirenses deve escrever na Gnose. Seremos, na diferença, a esperança de que é possível reunir pensamentos e encontrar um denominador comum para a Madeira e os madeirenses.

Há algo que os políticos não entendem, construir muros, quaisquer que sejam, só isola os próprios! A quantidade abafará qualquer tentativa física ou psicológica, concretizada ou em projecto de condicionar a livre expressão, tal como a água que encontra sempre caminho. Toda a ditadura produz mortos, de preferência políticos.

Quero debruçar-me sobre um assunto específico, ser social-democrata não é o mesmo que ser do PSD, um liga-se à ideologia e o outro ao partido. O partido se adoptar a social-democracia dá-lhe palco, se não lhe der, é um vazio zombie que caminha sem orientação digna no âmbito da democracia, feita para alcançar o bem-estar de TODOS. É mais difícil contentar e convencer um social-democrata do que um PSD, um social-democrata não enferma de clubite ou fanatismo porque está preso às massas, ao bem-estar do povo mas, não significa que não se enrole nos dogmas como qualquer outra ideologia. Há partidários (do PSD) que não comungam da social-democracia. Um paradoxo, temo-lo visto, e produziu a divisão e a aniquilação do PSD que esperneia em várias frentes.

“Enfant terrible” de parte, Santana Lopes é social-democrata e por isso insistentemente falava do PPD/PSD, o PPD dizia-lhe muito, o PSD não lhe dizia quase nada, o PPD apela a um partido mais ideológico numa altura em que o sucesso a todo custo, sem valores ou regras, está de caras que não é do interesse do PSD. Santa Lopes é reflexo disto, foi embora quando o discurso fraquejou por guerras de liberais que não deixam o PSD seguir seu rumo quando até existe um novo partido para se encaminharem. Tudo porque esses apostam na proximidade do poder onde julgam que o PSD está mais próximo. Quem assim pensa é empregado da política, não pode passar muito tempo longe do poder e, após uma travessia no deserto, cada vez mais curta, regressa a farejar o mais curto trajecto para um cargo. Dizem que o PSD-M terá o exacto desfecho do nacional porque, na essência, a Renovação professa “Passos Coelho” e seus conceitos. Se não vencer fará política de terra queimada, como já o fez com Jardim.

É especialmente importante na Madeira abordar o PSD porque durante décadas a região tem mostrado ser social-democrata e agora já não o é porque o PSD anda longe do povo e da social-democracia.

Os social-democratas dão uma chapada de luva branca àqueles que durante anos os trataram como acéfalos porque entre o “deve e o haver”, as virtudes e os defeitos, a solução sofrível era o PSD mas que este foi abusando das condescendências para cair no fosso em vez de se reinventar. Tudo isto significa muito mais na actual conjuntura, quem encarnar a social-democracia leva os votos, independentemente se for PSD, PS ou Aliança. Até prova maior, os dois primeiros estão cegos e o último vai ter uma palavra a dizer quando se definir, se chegar a se definir mas sobretudo se trouxer gente idónea.

Enquanto uns se entretêm na sua melhor conveniência profissional ou financeira, deturpando a lógica da ideologia aplicada ao partidário, outros sentem-se órfãos e longe de tudo, daqui nasce a sensação de abstencionismo, da pulverização de votos pelos partidos pequenos, do sinistro silêncio ou do esperar para ver.

Neste momento, o que parecia lógico, Cafôfo ganhar com o eleitorado a cair irremediavelmente a seus pés, esfumou-se com erros de palmatória que dão razão a Alberto João, não tem calo para a presidência do Governo Regional e isso nota-se claramente pelas decisões que toma pensando que é a única Coca-Cola do deserto, julgando que obtém as vitórias per si esquecendo-se de um conjunto de circunstâncias que andam a moldar a política madeirense. O eleitorado, tal como o poder económico, também molda a conjuntura. Cafôfo e correligionários interpretam a sintonia precedente com o povo de uma forma mais interesseira e caem no mesmo erro do poder gasto. Cafôfo que já esteve em sintonia com o eleitorado do Funchal, o mais exigente, engana-se julgando que tem posse nos votos para fazer como quer na nova deriva. Cafôfo saiu da sintonia com voto do povo e preferiu a sintonia com um lobby que lhe vai custar a vergonha eleitoral por ter desaproveitado a melhor conjuntura de sempre.

Cafôfo, o independente, da pobreza política e económica, poderia ter levado a melhor parte do PSD ostracizado e que vale muito como escola política, sobretudo enquanto know how para governar. Cafôfo poderia ser como um país estrangeiro que leva de borla pessoas saídas das universidades por falta de soluções para a vida. Poderia roubar o paiol desactivado do adversário. Pensou pequeno, pensou lobista e desse tamanho ficará. A gestão bicéfala do PS acabará por ficar com pelo menos o pior desaproveitamento eleitoral da história do PS, quando pode crescer pensou pequeno, com fome, com medo, pelas capelinhas, com cada um a defender o seu espaço e não os destinos da Madeira, sem conhecer a enormidade da gestão do Governo Regional para a escala e quadros dos partidos regionais que não convencem.

Mas, a democracia tem sempre solução e quem vai lucrar com isto serão os partidos pequenos ou um outsider, a Aliança, sobretudo este último que conhece os meandros do PSD-M e não tem a cegueira dos outros. O que Cafôfo não respeitou, teve na mão e não foi capaz de dar resposta nem perceber o alcance dos muitos sopros reverterá contra si. O maior desaproveitamento eleitoral de sempre. Vale mais um clique do que ciclos de Estados Gerais, as pessoas sabem o que querem, parra não ilude.

Ouve-se por aí que isto está de tal maneira que um grupo de cidadãos idóneos com a mesma lei eleitoral das Autárquicas e um bom líder ganharia isto com uma perna às costas. Não sendo a mesma coisa, reparem que Santana Lopes tem um partido apto a concorrer às regionais e proximidade com outros social-democratas. Se PSD-Madeira, da Renovação ou do poder económico, insistir e Paulo Cafôfo também, poderemos estar em presença da terceira via que colocará o ambiente político na Madeira virado do avesso e a culpa é, única e exclusivamente, dos partidos regionais de sempre que não querem mudar ou purgar. Reparem que Santana Lopes com um partido fresco deixa de fora, se tiver juízo, todas as contingências e gentes que não interessam. Resta saber se avança, com quem e se não se deixa vender pelo poder económico regional que ronda tudo o que lhe cheira a poder executivo. Tem conjuntura, só lhe falta um bom líder porque todos os quadros de valor estão ostracizados por não participarem nos jogos de poder e interesses. A vingar, muito jogo cai por terra e a política ficará ao rubro mas será tarde para aqueles que se acham na posse da democracia para moldá-la como querem.

O problema dos partidos supostamente de poder é terem um grupo cativo demasiado grande para satisfazer que não deixa espaço às políticas destinadas ao povo. O PSD-M perdeu quem é idóneo e que comunica na linguagem do povo, há demasiados generais que não valem votos e que estão na primeira linha da razão das derrotas. Cafôfo desaproveitou. A política madeirense anda paupérrima, quem souber interpretar os anseios dos madeirenses de forma séria pode levar o primeiro prémio da lotaria. Já quase só se pede pessoas sérias e livres.
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