Esta
semana ficamos a saber que uma jovem de 25 anos desistiu de viver. Estava num
estado depressivo, essa abominável doença que não escolhe idade, género nem estatuto.
Aparece, e quando menos esperamos, instala-se… e se ninguém prestar atenção vai
ficando e ruminando até que um dia já é tarde de mais.
Todos
nós somos sensíveis a uma mudança de comportamento, seja porque a pessoa não
quer mais conviver ou porque está sempre a chorar ou até porque tornou-se
agressiva e áspera sem motivo aparente. Estes são alguns sinais de alerta, como
também o é o facto de a pessoa não conseguir dormir ou não ter vontade de
desempenhar uma atividade que antes fazia com naturalidade ou prazer.
Uma
pessoa com depressão precisa de mais atenção, mesmo quando quer ficar só;
precisa de que quem cuida tenha paciência – uma boa dose de paciência – e que
tenha a capacidade de pensar “e se fosse comigo?”.
Há
uns anos, não muitos, porque ainda não me permitem o esquecimento, a Madeira
foi atingida pelo flagelo do desemprego e do suicídio. Eram apavorantes as notícias
quase diárias de suicídios ou tentativas de suicídio na Região.
Estávamos
em 2012 e 2013. Várias famílias, marido e mulher ficaram desempregados, com
filhos para cuidar… conheço inclusive um caso de 3 casais, todos os adultos com
mais de 40 anos, 2 destes casais com filhos menores, mulher e marido
desempregados, e em cada um havia um elemento com depressão… e num dos casais
até havia um elemento que tinha ficado a saber que tinha uma doença oncológica.
Estes
3 casais de “bêbados e drogados”, como foram apelidados, decidiram passar o
tempo juntos, assim tomavam conta uns dos outros. Juntavam o dinheiro e
preparavam o almoço juntos e às vezes também o jantar. Eles cozinhavam e elas
tomavam conta do resto. Quase todos os dias se juntavam e falavam sobre os
receios de ambos, choravam, riam celebravam as pequenas vitórias.
Os
pais de alguns deles também se juntavam por vezes, chegavam com uma panela de
comida, uma sopa ou uma macarronada e passavam juntos a tarde toda.
E
isto para dizer o quê?
Quando
partilhamos as nossas dores, os nossos problemas e receios, acredito que estes se
tornam ‘menores’ e mais fáceis de afrontar e solucionar.
As
pessoas pequeninas, preconceituosas, infelizes e circunscritas e que não sabem
como se deve viver a vida, não conhecem a verdadeira amizade…, são mesquinhas
ao ponto de julgarem que um desempregado deve deixar de usar as roupas que
usava regularmente, sejam roupas de marcas conceituadas ou não, para lhes
satisfazer o ego.
Sempre
foi (e julgo sempre será) nas dificuldades que ficaremos a conhecer os
verdadeiros, os que importa ter por perto. A vida real não é só feita de bons
momentos. E “as melhores coisas da vida não são coisas!”
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