Dicionário de Desenvolvimento, procura-se


Procura-se dicionário de desenvolvimento. As ideias sobre o modelo socioeconómico adequado a cada aldeia, sem prejuízo para o facto de algumas serem o centro do (nesse caso, multicentrado) universo, quase sempre acabam por se resumir à lista de pedidos das várias famílias. Umas querem o beco alargado, a avenida fechada ao trânsito, a escola uns centímetros mais perto de casa, outras é o aumento das pensões, ordenados ou subsídio do nada fazer; do lado da maior erudição, umas palavrinhas sobre o património, da ecologia figurada na espécie mais aparentada com o supremo mamífero sapiente, enfim, o cortejo do costume, qual lista de compras.

Do lado de quem se apresenta, fica bem falar de educação, emprego e, clímax supremo, o dito crescimento económico medido pelos indicadores mais a jeito, caso a caso, não seja este o mundo da ultra-especialização.

Mudemos de cenário, por momentos, mantendo os personagens, mantendo-os nas mesmas funções, feitos espectadores ou actores no cenário (e compromisso) global do desenvolvimento, na casinha comum que dá pelo nome de Terra. Olhemos um por um para os consensuais e cometidos objectivos do desenvolvimento sustentável, suposto quadro para medir, afinal, onde estamos face ao perigo de um modelo nada adequado aos limites planetários a que ninguém está alheio. E vejamos então onde fica essa coisa do desenvolvimento sustentável, no discurso e na ação dos nossos eleitos ou candidatos? Ah! Pois, não queiramos confundir as coisas. Somos tão pequeninos e estamos a tratar da nossa pequena paróquia. Somos insignificantemente pequenos para ter que assumir esse compromisso em casa, inversamente proporcionais à crítica que emitimos relativamente aos grandes que teimam em não querer assumir acordos globais. Qual acordo de Paris, qual Convenção sobre a Diversidade Biológica, qual Agenda 2030? Isso são coisas para académicos, intelectuais ou elites e nós fomos eleitos pelo povo, o povo precisa de outra sustentabilidade, meios para continuar a sua vida no beco e na sua avenida, onde possam continuar a desfilar a reclamação do direito ao seu desenvolvimento. Aqui é serviço personalizado, qualquer dicionário deve resumir-se à sua inutilidade, quando muito, pisa-papel.
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