Jornais de patos-bravos


Se uma pessoa diz que está a chover e outra diz que não está, a obrigação do jornalista não é citar os dois lados, mas olhar pela janela e descobrir a verdade, Jonathan Foster


Em “Newspaper ou Newscompradas”  com factos mostrei (veja-se o quadro no artigo ) que os principais órgãos de informação na Madeira, DN-M e JM-M, escrevem a mando dos seus donos. Num e noutro, os donos últimos são o regime da Madeira por interpostos "comissionistas", os atuais acionistas, grupos AFA e Sousa [o (DES)gr paga indiretamente a Sousas e AF esses investimentos]. DN-M e JM-M servem-no, ao (DES)gr, bastante bem. Albuquerque em relação ao DN-M (também aconteceu no cds-M ), conseguiu o que Jardim nunca tinha feito: abocanhou-o e o resto, a “pseudo” independência, são cantigas.

Esta semana, de 20 a 26, quando escrevo, nada mudou. “Au contraire”, piorou. Noam Chonsky diz que a imprensa pode causar mais danos que uma bomba atómica. E faz cicatrizes no cérebro. Com toda a razão. Este jornalismo madeirense precisa de ser revigorado e aprender ser diferente, pensar diferente e não andar ao serviço de "saberes" ocultos. Em resumo, precisa de ter vergonha na cara, ou então os jornalistas e o jornalismo erraram a sua vocação.

Mais uma vez vamos a factos.

Recentemente, vimos ser levantada ao Dr Paulo Neves, deputado pelo psd-M na AR, a imunidade parlamentar para ser constituído como arguido pelo ministério público, “pelo crime de peculato por alegadamente ter indicado morada diferente daquela onde efetivamente reside”.  Em termos simplistas, parece que o deputado vive em Lisboa, mas deu uma morada da Madeira para receber mais em subsídios de deslocação. Não foi condenado, mas a policia e os deputados da nação acharam o contrário. Depois de investigado, vai agora para tribunal. Tal como com Albuquerque, também não abriu mão da sua imunidade, ou demitiu-se como o deputado do BE. Assobiou para o lado e foi na "leva" com os outros colegas. Parece sina que aqui na Madeira, muita figura do psd-M, pequena, grande ou média seja investigada por "peculato" (eu chamaria roubo, mas fica mais "civilizado", dizer "peculato").

Não foi o único, mas é madeirense e eleito pela Madeira. Devia interessar aos jornais madeirenses, mas passaram todos ao lado (aliás, este deputado escreve no DN-M ). Um "esquecimento" ou um branqueamento ? Não convém estas nódoas, ainda por cima nesta altura de quase eleições ?

Como também são branqueadas as ações do "Pedro e do Miguel" quando geriam a CMF e que foram condenadas pelo TC. Nem me refiro ao "negócio" das SWAPS que tanto prejuízo deu à CMF, mas que gerou tanto dinheiro para o "comissionista" amigo do banco. 

Por outro lado, existem 216 inquéritos crime a serem investigados pela policia judiciária, por “suspeitas de desvios ou fraude no processo de vacinação”. Também na Madeira, onde pelo menos 2 pessoas foram constituídas como arguidas. Ouviu-se ou leu-se alguma coisa ? Zero.

Eles têm uma máquina chamada Imprensa, por meio da qual as pessoas são enganadas, C.S. Lewis

Tal como é "desconhecida" pela informação madeirense, o que foi a operação Antúrio montada pela policia judiciária e os gabinetes jurídicos e contabilisticos que foram alvo de buscas, bem como quem foi e está a ser investigado (segredos de polichinelo á la carte). Muitos dos "opinadores" deste jornais. Talvez por isso não se fala, mas cala-se (e as eleições à porta.....)  

Das duas, três. Ou não existem jornais na Madeira, ou estes jornalistas nem a LUSA leem (e ela é tanta vez usada para encher os “chouriços”, melhor compor a informação, o espaço dos jornais numa espécie de “past and copy”) ou não fazem jornalismo. 

Parece-me ás vezes na Madeira, que a única coisa verdadeira nos jornais é a data.

Esta semana, porque considero um caso de saúde pública,  informei um jornalista que a variante delta da Covid  já tinha aparecido na Madeira. Que era bom investigar. Obviamente tal como eles, tenho as minhas fontes “privilegiadas”,  que vão continuar a sê-lo. O que aconteceu ? Nada. Apenas uma noticiazinha de que “podia” existir. Como me foi explicado depois, entre o “pode haver” e o “existe”, uma diferença grande existirá segundo critérios jornalísticos. E estes critérios trazem-me um problema: afinal não são sempre os mesmos quando fazem eco de noticias da oposição, ou do continente, ou dos candidatos do regime psd-M, ou do (DES)gr, ou, ou, ... Dois pesos duas medidas, é a escolha "criteriosa" na informação madeirense. Tipo o código dos piratas em os Piratas das Caraíbas: é sempre o mesmo, mas pode ser reinterpretado.

Quer dizer,  “toda a papa” tem de ser dada por nós e o trabalho deles, que é o de informar e investigar…nada. A propósito, esta informação soube-a pelo menos 8 dias e atenção, é normal que esta variante esteja presente na Madeira. O que não é normal é que se esconda, tal como há um ano e dois anos atrás o (DES)gr da Madeira mentiu, escondeu, ao dizer que não existia Covid-19 na Madeira, que estava tudo controlado, que não havia transmissão comunitária, que o R(t) na Madeira era o mais baixo do país, que não havia mortes por Covid-19 (apenas um numero exagerado de mortes por paragem cardiorrespiratória ), etc, etc, etc....

É que nisto deste vírus, as probabilidades matemáticas e as certezas matemáticas não contam na Madeira. De matemática esta gente apenas aprendeu a de Calado e devem ainda pensar que "rendimento é lucro" e por isso as empresas madeirenses até....nem estão mal, a economia cresce, a divida diminui, .....

Como também infelizmente este jornais desconhecem que nenhuma, repito, nenhuma empresa madeirense foi escolhida para ser fundadora da Business Roundtable Portugal, tendo sido ESCOLHIDO (porque tinha de ser ) o grupo Pestana em "representação" da Madeira e os Sousas e AFA, por muito que fizessem não tiveram "pedigree" para lá estar

Notícia boa na Madeira é propaganda e tem de ser paga, anónimo

Uns anos atrás, bastantes, infelizmente colaborei com um grupo madeirense, hoje falido/desaparecido: o Grupo Vasconcelos.  Este grupo, porque era "grande", chegou ao ponto de fazer no Expresso (também noutros jornais ) cadernos sobre ele ( e acreditem os relatórios de contas batiam todos certos).  Quando soube deste facto, pensei logo “hummm precisam de dinheiro, estão á procura de dinheiro”. E nem um ano depois estavam na lama e dois anos depois, as portas tinham fechado. O grupo Vasconcelos, precisava para ter Curriculum (para potenciais investidores), de ter algo num jornal de "eleição". Um caderno.

Com a AFA e os Sousas acontece o mesmo. Eles não pagam cadernos em jornais, mas "compraram" jornais. Eles têm os jornais porque precisam de dinheiro. Nunca foi o seu “core” trabalhar na informação. Mas “investiram” na informação. O jornal dá-lhes a credibilidade, a respeitabilidade que perderam toda como grupos económicos empresariais "autónomos" e de sucesso. 

E falo em “investir” com aspas, porque todos sabemos que eles só investem com o dinheiro dos outros (e aqui o verdadeiro dono, o DESgr até lhes dá dinheiro em apoios ). Afinal agora, ambos jornais que Sousas e AFA detêm em “conjunto”, são pagos pelo erário público ( antes o DN-M era "curto-circuitado" por AJJ, que chegou ao ponto, todos nos recordamos,  de distribuir gratuitamente o JM-M, por supermercados, lojas, comércio, ….)

Só nesta lógica, de criação de uma imagem limpa, civilizacional, respeitável, de investimento em jornais. se percebe as maciças campanhas publicitárias, por exemplo da Socicorreia ( Lisboa, Madeira e Açores ).

Em Setembro a moratória da banca para pessoas e empresas termina e estes grupos têm de terminar projetos que estão todos alavancados pela banca (por exemplo o Next do Savoy Signature da AFA ). Vender uma imagem de conforto, de sucesso, de dinamismo, civilizada, respeitável, de empreendedorismo é necessária. Como também a de publicitar projetos para potenciais futuros investidores ( como é o caso do Dubai Madeira )

È que dinheiro não existe e as empresas madeirenses precisam de dinheiro. Elas são, á medida da sua pequenez, uma espécie de Luises Filipes Vieiras, Nunos Vasconcellos, Monizes da Maia, aqui do burgo. 

Tal como estes “grandes investidores e homens de negócio” tinham o BES por trás para alavancar negócios, os grandes "empreendedores" da Madeira têm o (DES)gr. É o (DES)gr e a banca, que usa formal e informalmente cartas de conforto do primeiro a favor destes. Mas porque a banca já viu o perigo madeirense e o (DES)gr não tem dinheiro ( e os 80 milhões   da "bazuca" europeia e que todos almejam é pouco para as necessidades mais prementes, vão ser usados para pagar fornecedores e são apenas reais cerca de 63 ) estes grupos precisam de outros e mais investidores [ Por exemplo: o regime vai sobrevalorar o preço das obras públicas para ficar com algum para os seus gastos para todos eles. O normal, tipo mastro da bandeira para Albuquerque ]. 

Por isso, estes "empresários", têm de se vender, de se mostrarem respeitáveis, dinâmicos, de ter uma imagem “civilizada”, nada de “espertalhões de trazer por casa ”. E os jornais dão-lhes ares de civilização, de respeitabilidade.. Umas fotos em casas construídas ilegalmente, em poses de estadistas, a receberem prémios de “inovação”, de “empreendedorismo”, civiliza muita gente. ATÉ OS PATOS-BRAVOS.

Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade, Joseph Goebells

O jornal não ao serviço da informação, mas sim ao serviço do negócio e respeitabilidade do dono. Ficam bem, jornalistas e donos.  Estão uns para os outros. Pena é o povo e a informação que é ocultada ou  vendida a prestações. Não muita, apenas a quanto baste. Apenas a de venda de banha da cobra e de "eldorados" que nunca o foram. 

Não se deve ler jornais madeirenses ? Deve-se sim. Pelo menos jogamos ao jogo da mentira. Quem por dia faz mais e pior, ganha. Se fosse possível proibir o editar, o escrever mentiras, tenho a certeza que muita página em branco sairia nos jornais madeirenses. Às tantas, até as dos óbitos. 

A propósito, A divida da Madeira não desceu, subiu. Nisto estes jornais e oposição, contas não fazem. Nem sequer sabem que crise existe há 2 anos e vai continuar- Porque não dá jeito, aos donos, ao regime e a quem lê.

MEA CULPA:

Num vídeo na gnose, "O jornalista e o esterco" confundi Luis Miguel de Sousa "o marítimo", com Luís Miguel de Sousa "o cervejeiro". São primos e com o mesmo nome. Mas para o que conta, são farinha do mesmo saco (daí a confusão). Só se fizeram com o regime: um com Jardim; o outro é um renovado de Albuquerque. As minhas desculpas.

Queen & David Bowie - Under Pressure

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