A entrevista ... fantasma



É um grande sentimento pensar que posso ser um amigo de tantas pessoas através dos meus filmes, River Phoenix
O presidente do PS-M, Paulo Cafôfo deu uma entrevista ao JM-M. O normal, para quem foi recentemente “entronizado”.  O que não foi normal, foi a forma como a mesma “passou” na comunicação social na Madeira e na política da Madeira. Foi ignorada.

Ou por falta de oportunidade, ou por não quererem, ninguém fez o contraditório com quem quer que seja do psd-M ou vá lá, do cds-M. Nada. Aquilo passou. Foi ignorada. O que demonstra, no actual quadro político madeirense, o que vale a oposição, para “quem faz e escreve histórias” na Madeira.

Tive a oportunidade de a ler. Aliás, é forçoso que se leia quais as ideias do “potencial” candidato a presidente do GR, do maior partido de oposição da Madeira.
E tem lá ideias boas. Boas e válidas. Mas o problema destas entrevistas, é que ela parece-me ter sido “colada a cuspe”. As ideias estão lá, mas falta-lhes conteúdo, falta-lhes substância. Falta-lhes sentimento. 

Dizer o que se vai fazer, é muito bom. Mas como se vai fazer, é que é difícil de concretizar. Veja-se o caso deste GR ( e já agora dos anteriores ). 

O problema desta entrevista, é que o PS-M ainda não percebeu que não se combate o psd-M no campo das ideias. Porque o psd-M não possui ideia nenhuma. Apenas avulsas e de curto prazo.

O psd-M e o regime não fazem ideia nenhuma do que andam a fazer. Rigorosamente. Nem têm ideia nenhuma para a região. A única "ideia" do psd-M e que o regime têm, é que o poder é para ser mantido a todo o custo, “dê para onde der”. Uma ideia,  um objectivo: manter o poder.
Tenha em mente que você não está fazendo música para o seu próprio prazer, mas para o prazer do seu público, Richard Strauss
E foi aí que a entrevista começou por falhar. E nisso, Paulo Cafôfo ou nada disse, ou nada lhe foi perguntado. Como combater um regime que apenas tem o objectivo de se eternizar no poder ( veja-se Miguel Albuquerque e a aproximação ao Chega, "afastando" o cds-M ).

O outro lado mau desta entrevista, foi exactamente o que não foi lá dito. Paulo Cafôfo ou ignorou, ou nada lhe foi perguntado sobre o óbvio. O que fazer à imensa máquina de sugar dinheiro que o psd-M montou para continuar a vencer eleições ?. Ao imenso desperdício que existe nas contas do GR ?. Às ligações pouco claras que existem entre o GR e o poder económico prevalecente e sempre muito bem protegido por sucessivos GR´s ?

Estranhamente, Paulo Cafôfo e ninguém na Madeira se questiona se fará sentido ter-se tantos deputados na ALRM, tantas câmaras e sobretudo o staff administrativo que as mantêm, tantas casa de povo, tantas IPSS´s sem controle, tantas obras sem necessidade, tanto hotel e que tipo de turismo se pretende ? Ou  como se pode atrair investimento PRODUTIVO ( aquele que não recebe dinheiro mas gera ) e em que áreas para a Madeira ?

Paulo Cafôfo ou ignorou ou talvez ainda não perceba bem, que para alguém ganhar o GR ao psd-M, tem de bater não só o psd-M, mas também todo os monopólios económicos que o psd-M montou, criou e vive deles na Madeira ( e estes do GR). E isso é uma tarefa grande. Ou será que Paulo Cafôfo pensa trabalhar com os monopólios económicos actuais, .... ? É que não é preciso aliená-los, apenas que obedeçam a regras. E estas, quem as faz é o GR, como já percebemos. 

Na Madeira não existe iniciativa empresarial, nem empresários e nenhum ou pouco empreendedorismo. Existem sim um conjunto de pessoas muito ricas que só têm o que têm por causa do GR. E isso é nefasto para a vida económica na região. Aliás, parece que ninguém ainda percebeu que existe na região uma tentativa, até agora bem realizada de monopólio político e de monopólio económico.

E ambos monopólios, o económico e o do GR (psd-M), alimentam-se um ao outro e os dois dos madeirenses.
A regra no mundo da arte é: você atende as massas ou você tenta a elite; você não pode fazer ambos, Ben Hecht
Paulo Cafôfo e o PS-M acham que se deve combater este estado de coisas como numa região civilizada e democrática. Com ideias. Azar, não existe civilidade e existe muito pouca democracia na região, como sistematicamente se vê.

A livre iniciativa, o empreendedorismo privado é fulcral em qualquer civilização. Sem ele e como a história basta vezes demonstrou, uma civilização degrada-se. A história também demonstrou e demonstra, que qualquer império cai porque a sua eficiência foi suplantada pelas eficiências de outros e que esta eficiência se perde quando o "império" se acha ...superior e não se reinventa. Não se reforma.

Foi, portanto com estranheza que li a entrevista de Paulo Cafôfo. Ele contemporiza, ele é civilizado, ele tem boas ideias. Mas, não faz como Humberto Delgado, nem diz o que Humberto Delgado disse "Obviamente demito-o". Não foi uma entrevista com discurso corajoso, nem diferente. Foi apenas a de um politico civilizado. 

É difícil dizer "novos poderes económicos, novos players económicos são precisos no mercado e eu vou fazer que isso aconteça ?". É difícil dizer " chegou a hora de quem foi tão ajudado pelo GR, ajudar a Madeira na sua quota parte. Nos impostos e em taxas ?". É difícil dizer " faremos a ruptura com o passado e teremos de despedir gente que nada produz e tudo devora ?". É difícil dizer " no GR NUNCA iremos promover o partido e iremos buscar os melhores, onde quer que eles estejam ?". É difícil de dizer " Nós no GR forçosamente teremos de dispensar e depurar os quadros que o psd-M ali colocou sem razão e motivo algum ?" E será sobretudo difícil de dizer " Nós no GR, queremos nesta altura e até a vida económica e politica da região se tornar normal, um governo com todos e para todos, com o objectivo de salvar a região?"

Pedra tem de ser partida e tem de ser dita, mas será Paulo Cafôfo capaz disso ? Terá coragem de fazer e dizer a diferença, ou será apenas mais um civilizado a ser comido por lobos. Os de dentro e os de fora ?

Aretha Franklin - Think (feat. The Blues Brothers)


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