Aí está a proposta de orçamento da União Europeia para o período 2021 - 2027, já discutida no último Conselho Europeu. É uma proposta inaceitável! É inaceitável para Portugal e, em particular, prejudicial para a Região Autónoma da Madeira.
Aquela proposta significaria
um corte de 12% nas verbas destinadas à "coesão económica e social",
face às verbas do atual Quadro Financeiro aprovado para 2014 -2020. Esta é uma
perspectiva especialmente negativa para Portugal e terá incidências
redobradamente desfavoráveis para ilhas como a Madeira e Porto Santo pelas
implicações dos cortes financeiros apontados para o Fundo Social Europeu e
sobre o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
A proposta orçamental
prevê também cortes globais de 14% face ao orçamento em vigor, anulando os 7,5
mil milhões de euros adicionais, destinados ao "desenvolvimento
rural" (II pilar da PAC), que haviam sido propostos pela presidência
finlandesa do Conselho. Por consequência, o corte previsto neste pilar, face ao
atual Quadro Financeiro, é de 25%.
A proposta apresentada prevê ainda cortes nas taxas de cofinanciamento da UE, face às atualmente em vigor: de 85% para 75%, no caso das regiões menos desenvolvidas da UE, como é o caso da Madeira.
A proposta apresentada prevê ainda cortes nas taxas de cofinanciamento da UE, face às atualmente em vigor: de 85% para 75%, no caso das regiões menos desenvolvidas da UE, como é o caso da Madeira.
Nos programas mais
especificamente dirigidos às RUP - Regiões Ultraperiféricas, das quais a
Madeira faz parte, já existe a indicação oficial de que, desde logo, o POSEI
teria uma redução de 3,9% face ao anteriormente orçamentado.
Os impactos dos cortes
referidos, na "coesão" e na "agricultura", para além de
outros, como por exemplo na "ciência", quando conjugados com o
anunciado aumento das contribuições de Portugal para o orçamento da UE e com a
redução das taxas de cofinanciamento, representaria uma funda diminuição do
saldo líquido de fundos da UE a receber pelo nosso País e pela Região face aos
quadros financeiros anteriores, para além das acrescidas dificuldades de
mobilização dos menores recursos disponíveis.
É ainda de registar
que tudo se encaminha para que aconteçam atrasos na aprovação, programação e
execução das verbas do Quadro Financeiro Plurianual 2021 - 2027, o que quer
dizer que estaremos sobre um quadro de pressão e de chantagem sobre países como
Portugal, especialmente dependentes daquelas verbas. Ou seja, também por aí
Portugal será particularmente prejudicado.
A natureza e o alcance
da proposta orçamental da UE para 2021 - 2027 mereceria uma clara reprovação.
Portugal deveria recorrer ao direito de veto perante uma proposta tão negativa
para o interesse nacional e para o desenvolvimento regional.
Como já está a
acontecer, já se escutam algumas lamentações vindas dos lados do PS, PSD e CDS
em relação à proposta de orçamento da UE. Mas, como foi prática ao longo dos
últimos anos, a atitude dos deputados daqueles partidos e a postura dos
diversos governos, quer tenham sido do PSD/CDS, quer tenham sido do PS, para
além de algumas lágrimas de crocodilo, por regra, aceitaram a subordinação do
interesse nacional aos ditames da UE. Resignaram-se e resignar-se-ão.
Pior para
Portugal.
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