Ponto de Interrogação


Depreendo que a alteração de estatutos pretendida por Jardim deve-se ao facto de querer acabar com as inscrições abusivas de militantes, só para fazer ganhar listas com a respectiva compensação através de um emprego, ficando o erário público com novo encargo. É assim que se provoca a permanência e a obediência sem pingo de capacidade crítica. Também a razão da rotação dos mesmos no emprego da política como se viu na constituição do governo.

No PSD-M, no último congresso, houve casos de gente não filiada que ingressou nas listas candidatas aos órgãos do partido (e foram eleitos) por obra de um alto dirigente. Pasme-se, nem estavam na região nem assinaram nada. Um "belo"exemplo de poder a todo custo.

A (r)estruturação territorial partidária só é viável se o PSD-M não continuar a banir gente decente, com massa cinzenta e coragem para emitir opinião, dando guarida a lambe-botas e seguidistas. A repulsa não está na organização mas nas pessoas que não conseguem cativar por falta de elevação, dignidade e exemplo. Um bom elemento é mais aglutinador e organizador do que um organograma preenchido. Um bom elemento encontra lugar para todos, um mau só promove a matilha. O PSD-M deve mudar, de forma séria, encontrar um ponto de equilíbrio com a massa crítica e com o contraditório porque, caso contrário, continuará a ter detractores do lado de fora por não estarem dispostos a efectuar debate sério e serem enxovalhados por coros inúteis. É aqui que o PSD-M não convence os jovens. A era é outra.

Se reestruturar os TSD significa mudar o controlo, então o erro mantém-se porque se há duas "fontes" onde o PSD deve beber informação para governar bem, produzir programas eleitorais e de Governo (que não o envergonhem), uma é as classes profissionais e laborais dos TSD e outra o Gabinete de Estudos correctamente formado. Devem ser interlocutores com a sociedade civil. Na JSD está tudo por refazer, foi se vendendo e decaindo, abalroada por interesses familiares e apalavrada à margem da democracia e agora ... o PSD não cativa jovens. Leva-os pequenos partidos de causas na pequena mancha que ainda tolera a política.

Deixemo-nos de super-homens que mandam e desmandam em tudo em contraponto a um pesado Governo constituído por abana-cabeças e executores desprovidos de inovação ou reparos. Se o Governo é sério, a sua estrutura pratica a verdade e a lei, longe de pressões políticas ou empresariais, estará mais próximo do bem comum e do eleitor. As ribeiras do Funchal foram um "desastre".

Depreendo que a refiliação pretendida por Jardim serve para avaliar a real dimensão do actual PSD Madeira mas, sobretudo, com quem conta. Existem casos a mais de gente com medo até de se "desfiliar" por causa das represálias. Por esta razão, contam como militantes alguns que há muito não estão activos e inclusivamente votam noutros partidos.

Novas causas nascem de quem sente e vive necessidades e que tem espaço para poder transmitir a quem Governa. Continuar um PSD elitista, de famílias, de protegidos, de excepções e de cunhas que abominam a selecção natural, não traz qualquer mérito às intenções, quantas e quantas vezes, só uma fachada (para parecer) no PSD Madeira.

O eleitorado está farto do passado e do presente do PSD Madeira, sempre com os mesmos a recolher o baralho e a dar de novo. A repetição foi tal que o PSD-M viciou todas as cartas. Há falta de crédito e de confiança no que os líderes dizem. Sem idoneidade, carácter e percurso de vida só teremos maus actores. Se os 60% que querem o PSD fora do Governo se organizarem, os social democratas estarão na oposição e não haverá coligação que salve. Já nem há parceiros e vão engolir o minúsculo CDS.

Se o sistema, a praxis, os monopólios e os assédios ao orçamento regional se mantiverem, o PSD manter-se-á longe do conceito basista e longe do eleitorado ... cada vez mais pobre. O PSD deve zelar pelos rendimentos do eleitorado e não das empresas privadas. Se, paralelamente, o PSD mantiver este assédio moral e injustiças, transportadas das suas divisões internas para o funcionalismo público, estarão a governar com colegas aptos a meter areia na engrenagem.

O PSD não pode mais falar de Madeira Velha se só conta com ricos e burgueses, está igual e coligado com o CDS. O PSD Madeira viciou-se no poder e esqueceu-se das pessoas, passaram a mero instrumento de "gozo" para os doutos do poder político, económico e financeiro.

O PSD é um partido importante para a democracia e a governação na região mas, não o único. Se o PSD for controlado ora por uns, ora por outros mas, sempre os mesmos, então a refiliação vai trazer uma triste realidade.

Com tanto para purgar, é difícil de acreditar! 

Artigo a consultar: Ponto de Situação
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