1. Obviamente que preferia ver e
participar numa Igreja fortemente concentrada na felicidade, seguindo o seu
Mestre Jesus Cristo, que era um «revolucionário» apaixonado pela felicidade das
pessoas. Meio caminho da evangelização estava feito se a Igreja inteira desse
ao mundo este testemunho. Não tem sido assim, e quase sempre tem se revelado
com práticas, normas e dogmas contra a felicidade das pessoas. A sua cegueira
em relação ao sexo foi um poço bem profundo onde se enterraram multidões de
vítimas.
2. Porém, os sinais começam a sobressair
com clareza e sem meias palavras. As desgraças dos abusos sexuais contra
menores devem ter contribuído imenso para que alguma Igreja se purifique da
cegueira que a consumiu durante séculos face à obsessão pelo sexo. O Papa
Francisco na viagem de regresso do Panamá (onde ocorreu entre os dias 22 e 27
deste mês a XXXII Jornada Mundial da Juventude) conversou cerca de 50 minutos
sobre diversos temas da atualidade com um grupo de jornalistas, neste encontro
declarou o seguinte: «Creio que nas escolas é preciso dar educação sexual. Sexo
é um dom de Deus não é um monstro. É o dom de Deus para amar e se alguém o usa
para ganhar dinheiro ou explorar o outro, é um problema diferente. Precisamos
oferecer uma educação sexual objetiva, isto é, sem colonização ideológica. Porque
se nas escolas se dá uma educação sexual embebida de colonizações ideológicas,
destrói a pessoa.
3. E continuou dizendo sem meias
palavras, mas com total liberdade e transparência: «O sexo como dom de Deus
deve ser educado, não rigidamente. Educado, de ‘educere’, para fazer emergir o
melhor da pessoa e acompanhá-la no caminho. O problema está nos responsáveis
pela educação, seja a nível nacional, seja local, como também em cada unidade
escolar: quem são os professores para isso, que livros de textos usar… Eu vi de
todos os tipos, há coisas que amadurecem e outras que causam danos. Digo isto
sem entrar nos problemas políticos do Panamá: precisamos dar educação sexual
para as crianças. O ideal é que comecem em casa, com os pais. Nem sempre é
possível por causa de muitas situações familiares, ou porque não sabem como
fazê-lo. A escola compensa isso e deve fazê-lo, caso contrário, resta um vazio
que é preenchido por qualquer ideologia».
4.
A obsessão pela
felicidade das pessoas, que tão excelentemente o Papa ensina, na senda de
Jesus, fundamenta-se na seguinte perspectiva: «Deus é amor” (1Jo 4, 8.16),
proclama S. João. E segundo L. A. Schköl, “nunca se disse coisa mais sublime de
Deus. Nem do amor. Tudo isto porque “o amor vem de Deus” (1Jo 47) e também
conduz a Deus.
5. O amor ao outro é a expressão mais elevado do
homem, é uma abertura para a dimensão mais funda da realidade humana. Amar é
dar-se, é entregar-se à pessoa amada. É querer partilhar o desejo. Daí, que o
amor ao outro (ao próximo) é a concretização visível do amor que dizemos ter
para com Deus. Sem esta concretização prática (visível) a mística ou,
simplesmente, a relação com Deus perde todo o seu sentido, tornando-se
mistificação ou pura hipocrisia. É isso que conta, sejamos obsessivamente
lutadores da felicidade, para nós e para os outros.
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