Teses antidemocráticas


A cartilha de Salazar e do fascismo no seu discurso antipolíticos e anti partidos voltou a estar na moda. Corresponde a um momento particularmente significativo de uma ofensiva contra os valores democráticos e de condenação da democracia.

         No quadro de um profundo processo que está em curso, foi montada mais uma poderosa campanha que objectiva desacreditar a acção política. Neste sentido conjugaram-se fatores especialmente apelativos para uma das mais devastadoras campanhas contra os partidos e a política.

Nos últimos anos tem sido desencadeada uma guerra ideológica que ganha espaço maior à medida que a democracia fica debilitada, quando se instala uma democracia de baixa intensidade.

Na guerra ideológica montada contra as instituições da democracia, na pretendida diabolização da organização política e na fomentada intolerância contra o parlamento e os parlamentares, a vulgar satanização dos partidos políticos encontrou terreno fértil.

Está em curso uma esmagadora operação dos “media” dominantes onde se multiplicam os argumentos sobre a necessidade de diminuir o número dos deputados e sua proporcionalidade, as alegadas justificações para subordinar os políticos ao poder económico, tentando favorecer o financiamento dos partidos pelas empresas…Tudo para servir a intenção instrumental de descredibilizar as funções dos partidos na democracia e de reduzir a participação politica ao espectáculo, à imagem, abrindo caminhos à vigência de novas formas autoritárias, autocráticas ou totalitárias de poder.

Depois são conjugadas as mentiras de cariz mais básico, mais capazes de aproveitamento populista. Desde logo, que todos os partidos são iguais e querem exatamente o mesmo, que só querem o poder-pelo-poder, sem princípios, sem valores e sem olhar a meios.

 Nesta etapa de uma guerra ideológica, a instrumentalização política do populismo fez-se valer da retórica “anti sistema”. Alguns dos protagonistas cultivam o discurso do político que pretende ser contra a política, ampliam o argumento maniqueísta do elogio dos cidadãos que intervêm politicamente para abominar a política e que dizem “não ser políticos”.

O mundo deixa-se assim arrastar pelo «intruso populista»[1], como bem foi classificado, comportando sempre para a democracia uma dimensão maldita. Essa forma de fazer a política corresponde a uma involução, ou seja, instaura uma profunda regressão democrática. Essas dinâmicas populistas tendem para o suicídio das democracias.

[1] Cf. J. ALEMÁN, G. CANO, Del desencanto al populismo, Encrucijada de una época, Ned Editores, Barcelona, 2017.
Share on Google Plus

2 comentários:

  1. Nunca tinha pensado ver o senhor padre Edgar Silva defender que existe uma verdadeira democracia na RAM, e consequentemente defender o PSD-M e Cafofo.

    ResponderEliminar

Pedimos que seja educado e responsável no seu comentário. Está sujeito a moderação.