Cidade do Québec (plateau e arredores)


Eis-nos chegados ao topo, vindos da publicação anterior, da parte baixa da cidade de Québec. O extenso planalto aloja a maior parte da cidade com a sua Citadelle e a "nova" zona comercial com ruas estreitas que se vão alargando e denunciado a cronologia da cidade. Depois vem a zona habitacional, sempre enfiada na tal natureza chique que ganha cor no fim do Verão, contrastando acers com pinaceaes. Voltemos à face da cidade de Québec, com esta frente (das fotos com o imponente Château Frontenac) sobranceira ao rio São Lourenço.




A cidade do Québec foi fundada por Samuel de Champlain, em 1608, apoiado pela vontade colonizadora do rei Henrique IV de França. Na altura, levou consigo 28 famílias que iriam coabitar com os nativos das diversas tribos espalhadas pelo território que, desde sempre, ali estiveram. Os Inuit (que nós denominamos por "esquimós"), os iroqueses e os algonquinos, que se dispersavam de norte para sul conforme a descrição, não ofereciam grandes problemas, talvez por conhecerem um segredo. Mais do que qualquer disputa, os colonizadores não resistiam ao frio para se fixar. A expedição/ colonização de Samuel de Champlain foi a mais bem sucedida porque não seguiu as lógicas anteriores de decréscimo gradual do número de colonos após a chegada. Aprenderam a enfrentar os rigores climáticos, sobretudo à falta de alimentos ao longo do Inverno.



Visitar a região de cruzeiro pode ser uma boa aposta para conhecer um pouco de tudo, do Canadá e dos EUA. Pode durar entre 7 a 10 dias, com início de Montreal ou Boston. É um cruzeiro predominantemente de natureza que poderá fazer escala, nos dois portos de partida e chegada mas também no Québec que agora estamos de visita, as belezas naturais em trânsito pelo rio São Lourenço, Charlottetown, Sydney, Halifax, Bar Harbor, Newport e nalguns casos Nova Iorque. As opções não são muitas mas a região vale muito a pena.

A estátua de Samuel de Champlain em Québec:


A Província do Québec é duplamente verde, pela floresta mas também porque a grande quantidade de rios e lagos permitiram que 95% da energia eléctrica tenha origem hídrica através da empresa Hydro-Québec. O restante, mais por redundância, provém de termoeléctricas a gás natural ou a óleo. A razão de ter focado este pormenor deve-se ao facto do Québec ser a província mais exportadora do Canadá, muito graças à energia eléctrica enviada para outras províncias do Canadá e 25% do total para os Estados Unidos. Significa que esta mais valia de rios e lagos beneficia outras regiões no desafio das Alterações Climáticas.


Na cintura exterior da cidade e junto ao rio podemos observar a indústria e a exploração dos recursos naturais da zona. A cidade é a face visível da exploração da província porque o rio acede ao transporte marítimo para a exportação, sobretudo de produtos com origem ou derivados da floresta. A produção agropecuária e industrial da província representam 26% da produção do país. Para além de alimentos, madeira e seus derivados, do Québec exporta-se químicos, vestuário e aviões.



O que visitar a curta distância de carro?

Sanctuaire Saint-Anne-de-Beaupré

Santuário recente, inspirado em catedrais da Europa, com muito mármore e outras pedras, algo de registo para os nossos dias pelo trabalho que implica. Os trabalhos nos vitrais foram executados por uma família de artesãos na área do estanho e do vidro com sede próxima e onde se pode visitar um museu com seus trabalhos. Quanto à catedral, para além da nave central, a parte do rés-do-chão conta com capelas temáticas, área de oração e de culto a santos. Foi a primeira igreja/ catedral que vi com elevador. A área circundante, verde, ainda tem a igreja antiga que servia a comunidade local até que esta categradl foi erguida.

Curiosidade: à distância de uma breve caminhada existe uma mesquita, aliás, partilham o mesmo parque de estacionamento, tudo coexiste em serenidade e respeito. É um registo que se leva. 




Cataratas de Montmorency

São umas quedas de água onde a principal tem 83mt de altura e estão dentro de um parque com vários serviços e aliciantes com o acesso situado mesmo em frente à ponte que liga a île d'Orléans. A queda de água tem um passadiço que se acede por um teleférico. A queda de água é alimentada pelo rio Montmorency que funciona como afluente já que desagua no Rio São Lourenço



Île d'Orléans

É uma ilha no rio São Lourenço desde a qual se vê o planalto Laurentino, as montanhas Apalaches e onde nos apercebemos que a água salgada vinda do mar se mistura com a doce do rio. Nos pontos extremos, a ilha tem em 34km de comprimento e 8km de largo. Quase na totalidade, dedica-se à produção agrícola e ainda à extracção da seiva de Acer que depois se torna no famoso xarope de Acer, produto emblemático do Canadá.

O xarope produz-se partir da seiva bruta dos acers, sobretudo Acer Nigrum e Acer Saccharum, obtido entre o final do Inverno e início da Primavera, quando o metabolismo das árvores ainda é reduzido de modo a não interferir no seu crescimento e porque a qualidade é mais adocicada. Só de árvores com mais de 30 anos se pode recolher a seiva, perfurando o tronco, colocando um pingador e um recipiente tal como em Portugal se faz com a resina nos pinheiros. Após a colheita, ferve-se a seiva até que quase toda a água evapore. O que resta é um xarope consistente que precisa apenas de ser coado antes do uso. 



Xarope de Acer acabado de fazer, quente, derramado sobre gelo para endurecer. Os visitantes picam com um pau (parecido ao dos gelados) e enrola o xarope meloso até fazer um chupa-chupa naturalmente adocicado. Muito bom!

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