1. A democracia é impossível sem diálogo. Entre nós
enfermamos bastante da falta de diálogo para que se
possa saborear uma democracia mais abrangente e que contemple a vida de todos
os cidadãos. Parece ser uma derrota e uma humilhação ouvir-se e ter em conta
aqueles que são de outra cor partidária ou que pertençam a outras correntes que
não aquela cor e corrente de pensamento onde estamos inseridos. O partido do
poder que nos governa foge como o diabo da cruz dos partidos da oposição,
porque sendo minoritários não têm legitimidade para serem escutados e o que
pode vir daí para aprendermos deles... Pobre e pouco de acordo com os tempos
novos em que vivemos.
2. Estamos muito mal habituados quanto a
essa riqueza que o diálogo nos pode trazer. Muitas asneiras poderiam ser evitadas
e menos dissabores para todos se a abertura para o diálogo de quem governa
estivesse sempre presente. A reconstrução de uma sociedade requer esforço de
todos. E todos devem ser considerados mediante aquilo que pensam e valorizadas
as suas propostas. Um clima de «guerra aberta ou submersa» não nos leva a sítio
nenhum. Melhor, leva sim aos atentados ecológicos, à acentuação da desigualdade
e ao desbaratar do bem comum, gerando com isso mais injustiça e conflitualidade
social.
3. Entre nós devíamos ter uma Igreja Católica mais consciente
desta prerrogativa do diálogo. Não existe, infelizmente. Há uma Igreja
calada ou silenciada porque os poderes assim desejam. O Papa Francisco,
submetendo-se às mais ignóbeis acusações interferiu claramente no conflito
dramático em que mergulhou a Venezuela. Tem sofrido os mais diversos ataques,
que vão de «comunista» para cima e até muitos aproveitaram a dica
para o definir como «bode expiatório» dos conflitos. No entanto, não deixa de
manifestar o que deseja da Igreja da Venezuela, particularmente, dos bispos,
que vivem na realidade, que devem acompanhar a população no sofrimento em
condições desumanas, devem exigir responsabilidades, denunciar as armadilhas do
«falso diálogo» e construir pontes.
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