A nossa Autonomia é um macho

Ando a pensar se a nossa Autonomia foi imaginada como algo semelhante à Vénus de Milo… Basta ver a estátua que lhe fizeram e que foi colocada na Praça da Autonomia.

Lá está ela qual Vénus renascentista, nua, casta, virginal, a sair de uma concha e a ser encantada pelo som do marulhar das ondas e a ser acariciada pela espuma do «mar imenso», como gosta de dizer o nosso nome maior da poesia portuguesa, Fernando Pessoa.

A nossa Autonomia não é o que alguns imaginaram ser uma Ninfa do cisne. Nestes tempos ditos de democracia está a ser, afinal, considerada semelhante a uma Maria Madalena, jogada no meio do chão. O másculo madeirense, como os fariseus do tempo do Senhor, ainda que cientes de bastas vezes se terem servido dela, não perdem um momento, a propósito ou a despropósito para atirar-lhe as pedras do martírio.

As tentações são imensas, e porque não… Aquela cabeça, aqueles peitos, aquelas pernas e braços tão firmes de carne completamente nua. Tudo um regalo para a imaginação fértil. O povo não é de ferro e passeios cerebrais é que não lhe faltam.

Mas, desenganem-se todos os que andam para já a pensar coisas e a ensaiar comentários brejeiros contra o autor deste texto ou outra pessoa que vos passe pela cabeça.

Não consigo imaginar a nossa Autonomia assim tão fêmea sedutora e cheia de encantos femininos para enlevar os desejos da libido do macho da Madeira.

A nossa Autonomia é mais uma virago, uma mulher viril, «uma macha-fêmea» ou uma «Maria rapaz» como diz o povo madeirense da mulher robusta, com comportamentos masculinos.

Mas, lá está ela, ali bem no centro da Praça da Autonomia, estátua símbolo da palavra mais badalada nos últimos 45 anos de liberdade, de 25 de Abril e de democracia.

Já vimos que a discrição não assegura que aquela estátua seja sinal de perdição da imaginação de quem passa diante dela, madeirenses e turistas. Seria preciso, em todo o caso, todos saberem o que pretende dizer aquela figura mulher/homem, destes últimos anos da Ilha da Madeira. Assim, também não é uma Vénus de Milo, nem muito menos Vénus renascentista, porque, diga-se sem rodeios, está a ser uma sirigaita que anda de boca em boca quando os paladinos da Autonomia falam dela se lhes interessa.

Vou ensaiar ainda mais um pouco o gosto para tentar desvendar este mistério da imagem da Autonomia. Para ser assim uma robusta figura, mestre Velosa quando esculpiu a «menina», bem devia estar a pensar no corpo másculo do Alberto João, eram os tempos áureos, em que governar era festa de noite e de dia. Lembram-se quantas vezes vimos o paladino mor da Autonomia desfilar de tanga no areal escaldante do Porto Santo e nas desinibidas folias dos famosos carnavais da Madeira Nova… Não esqueço e reconheço alguma utilidade ao que muitos consideraram ter sido um desvairado desnudamento.

É verdade, diga-se com toda a certeza, não podiam existir melhores modelos para inspirar qualquer mestre da arte de esculpir, para fazer o símbolo da nossa Autonomia. Este modelo que nomeamos. Mas também qualquer um dos outros que lhe seguiram e todos os outros que por aí andam, que nunca se cansam de balbuciar Autonomia para cima e Autonomia para baixo. Nós é que nos cansamos de tanto falar dessa tão bela donzela que perdemos.

Portanto, não é nada herético dizer-se que se imaginamos uma Autonomia sensível, feminina, cuidadora, que depois engravida, dá à luz filhos diletos, que os faz sorrir com as suas graças e mimos próprios de mães diligentes, tirem o cavalo da chuva, a estátua da Autonomia é feita à imagem e semelhança do nosso Alberto João, dos seus discípulos e de todos os que repugnam a liberdade para afirmarem uma guerra contra o vento, cujo canhão principal é um instrumento pervertido que se chama Autonomia.
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2 comentários:

  1. Boa questao.
    O simbolo da Autonomia para ser feminino deveria ser mudado de mulher para uma vaca. Pois tem sido só mamar. Por outro lado se fosse masculino deveria se chamar Espírito Santo porque nao se ve nada e o que vem em forma de lágrimas para os que vao ficar

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  2. Boa questao.
    O simbolo da Autonomia para ser feminino deveria ser mudado de mulher para uma vaca. Pois tem sido só mamar. Por outro lado se fosse masculino deveria se chamar Espírito Santo porque nao se ve nada e o que vem em forma de lágrimas para os que vao ficar

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