A Madeira é uma região geométrica...tem problemas angulares, discutidas em mesas redondas, por bestas quadradas, adaptado de Mariana Alberttini
Tenho muito orgulho de ter nascido em 1964 em Salazar, capital do distrito de Quanza Norte ( também Kwanza Norte ), ex-província portuguesa de Angola. Antes, talvez 7 anos antes de 1964, chamava-se N`dalatando e depois de 25 de Abril, voltou a chamar-se de N`dalatando.
Como tenho muito orgulho de ter vivido na cidade do Dondo, onde o meu pai era gerente do Sotto Mayor. Um lugar muito importante na hierarquia social daquela cidade.
[Sim sei que Angola é uma nação criada á custa de muito sangue de todos. E sim, tenho orgulho de ter nascido lá. Nascer angolano, viver madeirense e morrer português é uma coisa boa. Mas isso são contos para outros escritos ]
Nasci na "província" de Portugal onde a Coca Cola não era proibida, coisa que na metrópole, por causa da forma da garrafa ( silhueta pin-up) era. Nasci na província do "yé-yé", das calças à boca de sino, das pulseiras de missanga, das sandálias de olhal feitas com a borracha dos pneus dos carros, das BD´s de todos os heróis que os meus filhos só agora descobrem no cinema ( Super-homem, Batman, Fantasma, Quarteto Fantástico, Mulher-Maravilha, Viúva Negra, Aquaman, Black Phanter, Sr. Fantástico, Mandrake, Tarzan, .... ).
Nasci na terra onde o rock era ouvido, o "Jornal de Angola" falava do que em Portugal não se discutia, onde Adriano Moreira criou uma Universidade para todos, onde Riquita foi miss Portugal e julgo miss Mundo (???) e onde em Lobito se fazia o carnaval mais brasileiro de Portugal.
O destino é severo. Sejamos nós indulgentes. O que é preto talvez não seja escuro, Vitor Hugo
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Estou a ver tudo preto |
Já o meu irmão, 1 ano mais novo, teve de ir para uma escola onde 1\3 dos alunos eram "branquelas" ou "copos de leite". O resto eram pretos e mulatos. E o mulato, segundo Vinicius, foi a melhor coisa que os portugueses fizeram, não nos esqueçamos. O meu irmão também nunca viu pretos bêbados na escola dele.
Dávamo-nos todos bem. Eu e o Alfredo, um preto meu amigo de carteira, levamos umas palmadas dos nossos pais porque fomos apanhados a fumar !!!!. Trocámos. eu e o Alfredo, as nossas "chicas"/bicicletas por uns cigarros "caricoco" que uns pretos da sanzala ao lado do Dondo, nos deram (eles deram umas voltas nas "chicas").. Confesso que na altura não sabia que vidros espelhados davam para ver de dentro para fora e o meu pai...viu-me com as "calças"/cigarros nas mãos ( o pai do Alfredo era um dos fotógrafos do Dondo ) e foi o "chico-dos-pipos"/palmadas quando eu ( e o Alfredo ) chegámos a casa (porque o meu pai viu e o pai do Alfredo soube, claro ). Esta solidariedade entre pais ..também era esquisita. E claro tabaco todos solidariamente fumávamos ..ás escondidas (brancos, pretos, mulatos, .... ) e apanhávamos dos pais. Porque nisto, também não havia fronteiras, tudo igual.
[ para quem me quer falar na guerra ...tive dois tios a lutar na mata, e um "familiar" no estado maior em Luanda e ...dizem coisas diferentes sobre a luta armada. Já agora o meu pai foi preso em 1976 por um bando de terroristas, por acaso ligados ao MPLA e não foi morto porque o MPLA fez tudo o que podia para o encontrar. Mas isso são contos, talvez para outros escritos ]
O giro disto é que na minha escola primária e no 1º ano do ciclo, nos pretos havia negros. Curioso. Negro para nós (todos), eram os pretos do sul de Angola, tipo Savimbi. Porque pretos, eram os pretos tipo Agostinho Neto, Eduardo dos Santos, com um perfil mais “ocidentalizado”, por exemplo no nariz.
O meu pai, sempre me disse que no Portugal de 1976, quando regressámos de Angola, ou
quando cá viemos em 1972, viu mais pretos que lá, em Angola. Para mim foi um bocado
confuso, perceber o que ele queria dizer. Mais pretos em Portugal do que em Angola era difícil de perceber.
Pinto os cabelos de preto para os encontros amorosos e de branco para as reuniões de negócios, Aristóteles Onassis
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Na RAM, só branquelas fazem casas nas dunas e que não são demolidas. Nem no continente isto acontece. |
Eram pretas as senhoras que iam trabalhar na Labesfal. em Campo de Besteiros, a troco de pouco, com contratos precários de 3 meses, que nunca passavam a efetivas mas que tinham os filhos na creche da Misericórdia, que tinha como provedor o dono da Labesfal (o dono, hoje falecido da Labesfal, pagava pouco mas punha os filhos delas na creche !!!!! de graça ). Contratos-fundo de desemprego-contratos era o lufa lufa daquelas gentes . E se "levantassem a garimpa", emprego aquelas "pretas" nunca mais viam e começavam a pagar a creche dos filhos.
Eram pretas as pessoas que antes de 1974 eram obrigadas a pedir aos Lacerdas, autorização para colocar, alugar uma loja no Caramulo. [Os Lacerdas do museu automóvel do Caramulo. O meu avó paterno, alfaiate das feiras, pediu para colocar lá uma alfaiataria e a autorização não lhe foi dada.]
Mas tudo isto para dizer que sou racista depois de ter passado pela Madeira. A cor da pele nunca me causou problemas. A BFF ( best friend forever ) da minha filha de 8 anos, agora, até à próxima BFF, é de cor. Ela irá ter muitas BFF´s pela vida e vê a colega, a A.... como colega. Gostam do mesmo, vestem o mesmo, brincam ao mesmo, trocam presentes...a cor nunca é para ali chamada. Como foi comigo e a maioria dos meus colegas ( todos ) em Angola.
Mas só aqui na RAM, é que vi com "estes olhos que a terra me há de comer" que existem "pretos" e superiores. Vejo isso sempre que olho para a Madeira. Quando leio a Madeira.
E superior é uma cor que não conhecia. Palavra que nos lápis de cor, essa cor não aparece. Nas caixas de 12, 24, 36, 48 ou .... na paleta de cores do computador, a cor superior nunca encontrei. Uma cor que apenas conheci na Madeira (e por leituras noutros locais do mundo ). Por isso parece que o regime a quer preservar. A cor superior.
Uma cor que aparece sempre onde existem pretos. Também uma cor, já vi na TV e nos livros, que aparece na Venezuela por exemplo. Também na Coreia do Norte, China, hoje na nova Rússia de Putin, também na Bielorrússia de Lukashenko. Que também e por incrível que pareça, são países que têm muitos pretos. Como nós. Certo que a pele é mais branca. ou amarela, mas,,,,são pretos como nós.
Esta é uma região com muitos "pretos". Afinal vemo-nos pretos para fazer qualquer coisa que este regime não queira, ou se pensarmos fora da caixa que o regime nos impõe. Este regime faz-nos, madeirenses, pretos.
Eu sou um preto nesta região. Para ganhar cor, ajudou-me emigrar. E tu que me lês ? Preto, branquela ou com vontade de mudar de cor ?
Convém evitar três acidentes geométricos na vida: círculos viciosos, triângulos amorosos e bestas quadradas, anónimo
Miguel de Sousa
O Dr. Miguel de Sousa de vez em quando passa-se. Dá-lhe um "vipe" e abastarda. Desta vez comparou no DN-M a Madeira a Malta. Ele acha que a Madeira devia ser uma espécie de Malta. Eu ainda pensei que alguém da oposição lesse aquilo e dissesse algo. Mas nada. Por isso digo eu.
O Dr. Miguel de Sousa não soube dizer que Malta é o paraíso dos contrabandistas de armas e não só. Dos oligarcas russos que não podem visitar o resto da Europa porque mandatos de captura estão à espera deles, cujos bancos são vigiados de perto pelo sistema bancário internacional, onde a lavagem de dinheiro em empresas "suspeitas." mais se faz na Europa. O Dr. Miguel de Sousa não sabe, talvez, mas estima-se que 50% dos fundos nos bancos de Malta, são de origem duvidosa e daquela malta.
E, ATENÇÃO, as muitas empresas madeirenses posicionam-se lá para ninguém saber de quem são os donos, são cenas costumeiras deste regime. Da malta deste regime.
Que Miguel de Sousa queira fazer da Madeira uma Malta ..é lá com ele e o regime. Porque afinal este é um regime dele e da malta dele. Que a oposição deixe passar isto ... já é mau demais. Ou então, nem sequer sabem de que Miguel de Sousa fala. E se assim for, é triste, muito triste.
Mas se me vêm dizer que não lhe ligam, uma pena, porque Miguel de Sousa é tudo menos ignaro. E deve ser lido, sobretudo aquelas partes do CINM, onde puxa a brasa à sardinha do regulamento "by Madeira", portanto um desregular e "quer se queira quer não", coisa que deputados da oposição na AR, também defendem (e outros na ALRM).. A bem da malta(deles). E contra os pretos.
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