sábado, 26 de junho de 2021

Jornais de patos-bravos


Se uma pessoa diz que está a chover e outra diz que não está, a obrigação do jornalista não é citar os dois lados, mas olhar pela janela e descobrir a verdade, Jonathan Foster


Em “Newspaper ou Newscompradas”  com factos mostrei (veja-se o quadro no artigo ) que os principais órgãos de informação na Madeira, DN-M e JM-M, escrevem a mando dos seus donos. Num e noutro, os donos últimos são o regime da Madeira por interpostos "comissionistas", os atuais acionistas, grupos AFA e Sousa [o (DES)gr paga indiretamente a Sousas e AF esses investimentos]. DN-M e JM-M servem-no, ao (DES)gr, bastante bem. Albuquerque em relação ao DN-M (também aconteceu no cds-M ), conseguiu o que Jardim nunca tinha feito: abocanhou-o e o resto, a “pseudo” independência, são cantigas.

Esta semana, de 20 a 26, quando escrevo, nada mudou. “Au contraire”, piorou. Noam Chonsky diz que a imprensa pode causar mais danos que uma bomba atómica. E faz cicatrizes no cérebro. Com toda a razão. Este jornalismo madeirense precisa de ser revigorado e aprender ser diferente, pensar diferente e não andar ao serviço de "saberes" ocultos. Em resumo, precisa de ter vergonha na cara, ou então os jornalistas e o jornalismo erraram a sua vocação.

Mais uma vez vamos a factos.

Recentemente, vimos ser levantada ao Dr Paulo Neves, deputado pelo psd-M na AR, a imunidade parlamentar para ser constituído como arguido pelo ministério público, “pelo crime de peculato por alegadamente ter indicado morada diferente daquela onde efetivamente reside”.  Em termos simplistas, parece que o deputado vive em Lisboa, mas deu uma morada da Madeira para receber mais em subsídios de deslocação. Não foi condenado, mas a policia e os deputados da nação acharam o contrário. Depois de investigado, vai agora para tribunal. Tal como com Albuquerque, também não abriu mão da sua imunidade, ou demitiu-se como o deputado do BE. Assobiou para o lado e foi na "leva" com os outros colegas. Parece sina que aqui na Madeira, muita figura do psd-M, pequena, grande ou média seja investigada por "peculato" (eu chamaria roubo, mas fica mais "civilizado", dizer "peculato").

Não foi o único, mas é madeirense e eleito pela Madeira. Devia interessar aos jornais madeirenses, mas passaram todos ao lado (aliás, este deputado escreve no DN-M ). Um "esquecimento" ou um branqueamento ? Não convém estas nódoas, ainda por cima nesta altura de quase eleições ?

Como também são branqueadas as ações do "Pedro e do Miguel" quando geriam a CMF e que foram condenadas pelo TC. Nem me refiro ao "negócio" das SWAPS que tanto prejuízo deu à CMF, mas que gerou tanto dinheiro para o "comissionista" amigo do banco. 

Por outro lado, existem 216 inquéritos crime a serem investigados pela policia judiciária, por “suspeitas de desvios ou fraude no processo de vacinação”. Também na Madeira, onde pelo menos 2 pessoas foram constituídas como arguidas. Ouviu-se ou leu-se alguma coisa ? Zero.

Eles têm uma máquina chamada Imprensa, por meio da qual as pessoas são enganadas, C.S. Lewis

Tal como é "desconhecida" pela informação madeirense, o que foi a operação Antúrio montada pela policia judiciária e os gabinetes jurídicos e contabilisticos que foram alvo de buscas, bem como quem foi e está a ser investigado (segredos de polichinelo á la carte). Muitos dos "opinadores" deste jornais. Talvez por isso não se fala, mas cala-se (e as eleições à porta.....)  

Das duas, três. Ou não existem jornais na Madeira, ou estes jornalistas nem a LUSA leem (e ela é tanta vez usada para encher os “chouriços”, melhor compor a informação, o espaço dos jornais numa espécie de “past and copy”) ou não fazem jornalismo. 

Parece-me ás vezes na Madeira, que a única coisa verdadeira nos jornais é a data.

Esta semana, porque considero um caso de saúde pública,  informei um jornalista que a variante delta da Covid  já tinha aparecido na Madeira. Que era bom investigar. Obviamente tal como eles, tenho as minhas fontes “privilegiadas”,  que vão continuar a sê-lo. O que aconteceu ? Nada. Apenas uma noticiazinha de que “podia” existir. Como me foi explicado depois, entre o “pode haver” e o “existe”, uma diferença grande existirá segundo critérios jornalísticos. E estes critérios trazem-me um problema: afinal não são sempre os mesmos quando fazem eco de noticias da oposição, ou do continente, ou dos candidatos do regime psd-M, ou do (DES)gr, ou, ou, ... Dois pesos duas medidas, é a escolha "criteriosa" na informação madeirense. Tipo o código dos piratas em os Piratas das Caraíbas: é sempre o mesmo, mas pode ser reinterpretado.

Quer dizer,  “toda a papa” tem de ser dada por nós e o trabalho deles, que é o de informar e investigar…nada. A propósito, esta informação soube-a pelo menos 8 dias e atenção, é normal que esta variante esteja presente na Madeira. O que não é normal é que se esconda, tal como há um ano e dois anos atrás o (DES)gr da Madeira mentiu, escondeu, ao dizer que não existia Covid-19 na Madeira, que estava tudo controlado, que não havia transmissão comunitária, que o R(t) na Madeira era o mais baixo do país, que não havia mortes por Covid-19 (apenas um numero exagerado de mortes por paragem cardiorrespiratória ), etc, etc, etc....

É que nisto deste vírus, as probabilidades matemáticas e as certezas matemáticas não contam na Madeira. De matemática esta gente apenas aprendeu a de Calado e devem ainda pensar que "rendimento é lucro" e por isso as empresas madeirenses até....nem estão mal, a economia cresce, a divida diminui, .....

Como também infelizmente este jornais desconhecem que nenhuma, repito, nenhuma empresa madeirense foi escolhida para ser fundadora da Business Roundtable Portugal, tendo sido ESCOLHIDO (porque tinha de ser ) o grupo Pestana em "representação" da Madeira e os Sousas e AFA, por muito que fizessem não tiveram "pedigree" para lá estar

Notícia boa na Madeira é propaganda e tem de ser paga, anónimo

Uns anos atrás, bastantes, infelizmente colaborei com um grupo madeirense, hoje falido/desaparecido: o Grupo Vasconcelos.  Este grupo, porque era "grande", chegou ao ponto de fazer no Expresso (também noutros jornais ) cadernos sobre ele ( e acreditem os relatórios de contas batiam todos certos).  Quando soube deste facto, pensei logo “hummm precisam de dinheiro, estão á procura de dinheiro”. E nem um ano depois estavam na lama e dois anos depois, as portas tinham fechado. O grupo Vasconcelos, precisava para ter Curriculum (para potenciais investidores), de ter algo num jornal de "eleição". Um caderno.

Com a AFA e os Sousas acontece o mesmo. Eles não pagam cadernos em jornais, mas "compraram" jornais. Eles têm os jornais porque precisam de dinheiro. Nunca foi o seu “core” trabalhar na informação. Mas “investiram” na informação. O jornal dá-lhes a credibilidade, a respeitabilidade que perderam toda como grupos económicos empresariais "autónomos" e de sucesso. 

E falo em “investir” com aspas, porque todos sabemos que eles só investem com o dinheiro dos outros (e aqui o verdadeiro dono, o DESgr até lhes dá dinheiro em apoios ). Afinal agora, ambos jornais que Sousas e AFA detêm em “conjunto”, são pagos pelo erário público ( antes o DN-M era "curto-circuitado" por AJJ, que chegou ao ponto, todos nos recordamos,  de distribuir gratuitamente o JM-M, por supermercados, lojas, comércio, ….)

Só nesta lógica, de criação de uma imagem limpa, civilizacional, respeitável, de investimento em jornais. se percebe as maciças campanhas publicitárias, por exemplo da Socicorreia ( Lisboa, Madeira e Açores ).

Em Setembro a moratória da banca para pessoas e empresas termina e estes grupos têm de terminar projetos que estão todos alavancados pela banca (por exemplo o Next do Savoy Signature da AFA ). Vender uma imagem de conforto, de sucesso, de dinamismo, civilizada, respeitável, de empreendedorismo é necessária. Como também a de publicitar projetos para potenciais futuros investidores ( como é o caso do Dubai Madeira )

È que dinheiro não existe e as empresas madeirenses precisam de dinheiro. Elas são, á medida da sua pequenez, uma espécie de Luises Filipes Vieiras, Nunos Vasconcellos, Monizes da Maia, aqui do burgo. 

Tal como estes “grandes investidores e homens de negócio” tinham o BES por trás para alavancar negócios, os grandes "empreendedores" da Madeira têm o (DES)gr. É o (DES)gr e a banca, que usa formal e informalmente cartas de conforto do primeiro a favor destes. Mas porque a banca já viu o perigo madeirense e o (DES)gr não tem dinheiro ( e os 80 milhões   da "bazuca" europeia e que todos almejam é pouco para as necessidades mais prementes, vão ser usados para pagar fornecedores e são apenas reais cerca de 63 ) estes grupos precisam de outros e mais investidores [ Por exemplo: o regime vai sobrevalorar o preço das obras públicas para ficar com algum para os seus gastos para todos eles. O normal, tipo mastro da bandeira para Albuquerque ]. 

Por isso, estes "empresários", têm de se vender, de se mostrarem respeitáveis, dinâmicos, de ter uma imagem “civilizada”, nada de “espertalhões de trazer por casa ”. E os jornais dão-lhes ares de civilização, de respeitabilidade.. Umas fotos em casas construídas ilegalmente, em poses de estadistas, a receberem prémios de “inovação”, de “empreendedorismo”, civiliza muita gente. ATÉ OS PATOS-BRAVOS.

Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade, Joseph Goebells

O jornal não ao serviço da informação, mas sim ao serviço do negócio e respeitabilidade do dono. Ficam bem, jornalistas e donos.  Estão uns para os outros. Pena é o povo e a informação que é ocultada ou  vendida a prestações. Não muita, apenas a quanto baste. Apenas a de venda de banha da cobra e de "eldorados" que nunca o foram. 

Não se deve ler jornais madeirenses ? Deve-se sim. Pelo menos jogamos ao jogo da mentira. Quem por dia faz mais e pior, ganha. Se fosse possível proibir o editar, o escrever mentiras, tenho a certeza que muita página em branco sairia nos jornais madeirenses. Às tantas, até as dos óbitos. 

A propósito, A divida da Madeira não desceu, subiu. Nisto estes jornais e oposição, contas não fazem. Nem sequer sabem que crise existe há 2 anos e vai continuar- Porque não dá jeito, aos donos, ao regime e a quem lê.

MEA CULPA:

Num vídeo na gnose, "O jornalista e o esterco" confundi Luis Miguel de Sousa "o marítimo", com Luís Miguel de Sousa "o cervejeiro". São primos e com o mesmo nome. Mas para o que conta, são farinha do mesmo saco (daí a confusão). Só se fizeram com o regime: um com Jardim; o outro é um renovado de Albuquerque. As minhas desculpas.

Queen & David Bowie - Under Pressure

domingo, 20 de junho de 2021

Newspaper ou newscompradas ?

É verdade, é verdade

É verdade sim senhor,

Qu´os jornais da Madeira

Escrevem a mando dos seus senhores (da cantiga infantil clique )


Primeiras-páginas 

( semana 12 a 19 Junho )

 

Pró (regime)

 

Contra (regime)

 

Independentes / outros assuntos

DN-M

4

2

2

JM-M

5

 

3

 

 

 

 

Opinião

( semana 12 a 19 Junho )

Pró (regime)

Contra (regime)

Independentes / outros assuntos

JM-M (24 artigos )

10 (tb diretor )

2

3 ( tb subdiretor ) / 14

DN-M (22 artigos )

8

5 ( os artigos de Elisa Seixas e Rui Caetano são incluídos porque os autores são deputados PS-M )

1 (tb diretor) / 8

 

 

 

 

Noticias (1)

( semana 12 a 19 Junho )

Pró (regime) (2)

Contra (regime) (3)

Independentes / outros assuntos (4)

JM-M (287 artigos )

123

14

137

DN-M (271artigos )

121

57

103

Notas

1) Contadas via on-line ( sobretudo na secção Madeira )

2) Tudo que tenha as figuras do regime ou o DESgr como principal

3) Tudo o que tenha figuras da oposição ou a oposição como principal

4) Desporto, noticias locais, tempo, ….


Tenho por hábito ler as “headlines” dos jornais portugueses logo que me levanto. São sempre quase 30 minutos a ler as noticias da “terra” rapidamente, cruzando informação, lendo as novidades do meu Sporting. DN, Público, Diário de Aveiro, Diário de Coimbra, Jornal do Fundão (não sei porque ), Record e claro, o DN-M e JM-M são obrigatórios . Uma rotina diária de há muitos anos. Durante o dia vou lendo informação especializada e conforme a minha atividade, acompanho mais ou menos de perto os jornais de cima.

(OBS: por interesse profissional sigo outros meios de informação onde incluo o Açoriano Oriental e o Jornal dos Açores )

Olho, leio as letras grandes e vou pelo “cheiro” e interesse, para o desenvolvimento da notícia.

E em todos, exceto no DN-M e JM-M, tenho a sensação, melhor a certeza, que as primeiras páginas, opinião, noticias ….são equilibradas. Se existe quem critique o governo nacional, existe também quem o defenda. Como existe quem critica e defenda a oposição. Existe um balanço equilibrado na informação  e muita independência editorial nos assuntos lá tratados sobre a nação.

Mas na Madeira esse balanço não se nota ( coisa que não acontece nos Açores ). Na Madeira, DN-M e JM-M  ( edições impressas e on-line ), não possuem sentido de equilíbrio politico e de independência politica informativo.. A desculpa, porque aqui também existe uma, é sermos uma região pequena e as notícias serem na sua maioria de proveniência governamental (o governamental dura quase 50 anos e ao contrário dos Açores, a RAM é um regime monolítico com uma imprensa monolítica no essencial ). Muito jornalista madeirense foi criado a dar alvissaras ao psd-M e Jardim e isso não se esquece facilmente. Muito jornalista não se coíbe de passar para os seus escritos para onde bate o seu coração politico. Muito jornalista só conheceu este regime e depende deste regime para ter trabalho.

A nossa liberdade depende da liberdade de imprensa e ela não pode ser limitada sem ser perdida, Thomas Jefferson

O que explica a escolha de quem é convidado para trabalhar e colaborar nestes jornais, sobretudo quem opina sobre assuntos da governação: deputados, políticos e  colaboradores que ou têm gabinete pago pelo governo (ou fazem lá uma perninha).. Talvez por isso, quase mais de metade dos “opinion makers” escolhidos, fazem parte do regime. Apoiam o regime, de forma "independente". Mas o que escrevem, denuncia-os.

E destes "colaboracionistas", todos, mesmo todos escrevem sempre pela mesma cartilha. Uma cartilha criada e moldada de acordo com o assunto defendido pelo regime, assunto difícil ou não querido pelo regime. 

Os jornais e informação madeirense dizem-se de informação independente, porque são polvilhados por uns quantos "opinion makers" da oposição,informação sobre a oposição, mas a realidade, como o quadro mostra é diferente. Esta cartilha, pretende que os cartilheiros escrevam em "ordem unida" e segue sempre estes princípios:  

1) 1) Critica ao continente e ao governo da república por situações similares ao que se praticam na RAM (é o caso das listas de saúde )

2) Fazer coro a um tema comum (esta semana foi a estátua da autonomia "escondida" nas comemorações do 10 de Junho e a palavra madeirensidade)

3) Fazer frente comum a tema regional ( nesta altura a propósito de um artigo no Negócios, a ZFM )

4) Defendem que a República esconde, adia decisões e descrimina a Madeira, quando nada vêm de igual ou pior neste DESgr (por exemplo quando escondem que os cabos submarinos que passam por aqui são um projeto nacional, com dinheiros nacionais )

5) Ministros e secretários de estado devem demitir-se por tudo e nada, mas não reconhecem que Calado assina contratos de obras para o ex-patrão e Albuquerque é indiciado por corrupção ( o que é pior)

6) Se a policia faz bem ir sobre negócios, pessoas e empresas no continente, na Madeira o mesmo quando acontece é perseguição à autonomia ( misturam a autonomia com figuras como é Albuquerque ) e baseada em “denuncias anónimas” (veja-se Calado a queixar-se de perseguição )

7) Opinam sobre Lisboa, o que está longe, nunca vendo o que está perto e assumem que a prática politica madeirense tem de estender-se á Nação ( por exemplo, criticam Marcelo que acham pró-Costa, mas esquecem-se de Irineu que é pró-Albuquerque ) 

8) Mentem usando bastas vezes "fake news" ou moldam os factos à medida das suas necessidades, como por exemplo faz João Petas & Mentiras. Ou reinterpretam informação à medida das suas necessidades.

Não existe opinião pública. Apenas opinião publicada, Churchill

Quem cria a cartilha, escolhe o tema, passa aos cartilheiros e “aqui vai disto Evaristo”. Não sei se é, como muitos defendem, a Cunha Vaz e Associados ou outra agência que o DESgr paga. Mas factos são factos, quer se queira quer não e quem o faz é profissional nisto  (resta saber se é pago diretamente por fundos públicos ou se é pago via contratos privados pagos por fundos públicos ). 

Mas que estes cartilheiros são todos dependentes do regime, isso são. Têm contratos com o regime, têm gabinetes pagos ou assessoram gabinetes do regime. E que este "job", faz parte das obrigações "contratuais" para trabalhar para o regime da RAM é notório.

Os jornais dependem do DESgr. Aliás a importância disto é que quase metade das receitas jornalísticas vêm de “apoios” governamentais, tipo publicidade e o resto de apoios e cadernos temáticos, bastas vezes pró-regime. E claro, se olharmos para as receitas publicitárias do setor privado…. abundam as Socicorreias, AFA, Sousas, Tecnoforma, Coral, EEM, …. tudo empresas controladas pelo regime.

Imprensa livre ? Nada.

O diretor do DN-M  foi ameaçado de levar “porrada” por um dos seus atuais acionistas e o DN-M faz com este regime o que nunca fez pelo regime de Jardim ( uma no cravo e outra na ferradura, aligeira e embeleza factos ). O diretor do JM-M diz ser filiado no psd-M, que a oposição nada vale e admite que o regime atual é o melhor para a RAM. Aliás recentemente num seu editorial, falou da candidatura de Calado à CMF apologeticamente como a que tem os melhores quadros e ideias. 

O caso do diretor do DN-M é interessante. Ameaçado por Avelino, como confessou publicamente, perseguido por outros, é hoje empregado do primeiro. Será independente um jornalista que depende financeiramente do regime ? Manterá intacta a sua integridade editorial, num jornal onde os seus acionistas principais são grupos económicos que sobrevivem à custa do erário público da Madeira ? Terá outras opções na RAM onde possa exercer mais livremente a sua profissão ? Poderá o DN-M criticar livremente o(s) dono(s) ? Não me parece. O DN-M, deixou de criticar os Sousas. E aos poucos maquilha a AFA. Factos são factos.  

There is not a crime, there is not a dodge, there is not a trick, there is not a swindle, there is not a vice, that does not live by secrecy, Pulitzer

Em 2003, Bill Kovach e Tom Rosenstiel elaboraram uma lista com 9 itens fundamentais para se exercer a profissão de jornalista. Segundo eles, para o jornalista,

1) A primeira obrigação do jornalismo é a verdade. 

2) A sua primeira lealdade é para os cidadãos. 

3) A  essência da sua profissão é a disciplina da verificação dos factos

4) Devem ser independentes dos acontecimentos e das pessoas sobre as que informam. 

5) Devem servir como vigilantes independentes do poder. 

6) Devem outorgar lugar de respeito às críticas públicas e ao compromisso. 

7) Têm de se esforçar para transformar o importante em algo interessante e oportuno. 

8) Devem acompanhar as notícias tanto de forma exaustiva como proporcionada. 

9) Devem ter direito de exercer o que lhes diz a consciência

É possível verem-se estes princípios no jornalismo da Madeira ? Nos jornais da Madeira ? No DN-M e nos seus profissionais ( também no JM-M ? ). Ou será romantismo pretendermos agora na Madeira, que estas regras sejam seguidas pelos jornalistas ? 

Estes princípios nunca seguidos em ditaduras, também NÃO são trilhados pela maioria dos jornalistas e informação da Madeira.

Existirá imprensa livre na Madeira? Nada. Dizem-se livres e dizem que escrevem livres. Eu acredito. São livres de escrever, sempre para quem lhes paga o ordenado: o regime, o dono. 

How free is our freedom of the press? | Trevor Timm

sábado, 12 de junho de 2021

Alquimistas, Bufarinheiros e Piratas

 

Ora, sendo o trabalho em si mesmo um sacrifício, e sendo o homem naturalmente levado a evitar os sacrifícios, segue-se daí que - e a história bem o prova - sempre que a espoliação se apresentar como mais fácil que o trabalho, ela prevalece. Francis Bastiat

Jack Sparrow tem razão. Na Madeira o “ouro e prata" está â mão de uma etiqueta. Ou de lugares "reservados". Ou de uma Zona Franca para Piratas.  Quer se queira, quer não e com a bênção do DESgr. Outra fotografia deste regime. E as oportunidades perdem-se.

Alquimistas, o exemplo da banana

Existem na RAM vários tipos de banana quanto à origem. Eu dividia-a essencialmente em 3 (TRÊS) categorias: 1) a banana regional, produzida em terrenos madeirenses; 2) a banana regional produzida em terrenos de armazéns madeirenses e 3) a banana de fora..

O que nos interessa são os dois primeiros tipos. Assim à vista, para quem não conhece as diferenças, parecem iguais, mas não são iguais. O sabor, formato e cor interior são diferentes Mas uma etiqueta torna-as iguais, regionais. Torna-as todas de produção madeirense. 

Existe na RAM quem usando a etiqueta ou a caixa de acondicionamento,  consiga produções extraordinárias de bananas em armazém. E que as vende e exporta como produto madeirense. Não falo sequer naqueles que misturam bananas e pretendem por osmose, que se tornem regionais. Os "enganos"/misturas "naturais".  Tipo, tudo ao monte e fé em Deus. Nada. 

Falo naqueles que produzem banana madeirense em armazéns, que vão aos apoios para produção regional (os terrenos de meia dúzia de metros quadrados que apresentam para tapar olhos, têm produções sempre excepcionais ). Estes produtores de armazém (que têm várias empresas de produção, comercialização para despistar ) são elogiados publicamente e recebem mais e sempre mais do DESgr. Em apoios e afetos. Os outros só dão chatices. 

E a Gesba também os elogia e ajuda a produção. Nestes produtores, normalmente a banana "madeirenses" de armazém tem poucas quebras. E quem as recebe e "inspeciona" parece ter sempre um cisco no olho. Ou estar aborrecido pelo trabalho de inspeção (já me disseram que confiam na inspeção feita no dia anterior no "armazém" de cultivo )

Nem Gesbas, nem secretaria, nem técnicos, nem inspetores, nada. Todos sabem (ou não fazem o seu trabalho ou são ignorantes) mas olhos fechados (e quero crer bolsos abertos e sempre muito acesso às etiquetas e caixas de "produto madeira")

O que interessa é produzir em armazéns e vendê-la como madeirense. Exportá-la para o continente, para as superfícies comerciais na Madeira.

Recentemente um armazém produtor foi “inspecionado”. E nada. Mesmo com algumas caixas à vista, como mostra a fotografia. Duplamente etiquetada. 

Uma empresa que vende banana de fora com etiqueta da Madeira. Que vende ao público, que vende em concursos para entidades publicas da RAM. Que fatura banana madeirense produzida no seu armazém, como banana regional produzida nos seus parcos (ou nenhuns ) terrenos. Que mistura a proveniência das bananas para não dar tanto na vista. Que faz, como outros, o milagre da multiplicação de bananas.

E claro a prática não se restringe às bananas. O mel, a aguardente de cana e também, dizem-me os bordados. A Madeira pagou a importação de mel de fora, para ser depois vendido como produto regional por alguns. Por exemplo na poncha. E todos, mesmo todos sabem e bebem. 

A Madeira produz cimento ? Claro. Também produz bananas. Ambos produtos viajam por barco, saem nos portos e são regionalizados em armazéns.

Os ladrões de bens particulares passam a vida na prisão e acorrentados. Aqueles de bens públicos, nas riquezas e nas honrarias, Catão

A ARAE sabe ? Claro, ou  é cega. E parece com a prática que a cegueira é demasiado conveniente. Tal como sabia que o espada preto congelado que esteve à venda, não o podia ser. Mas a quem inspeciona de dia e apoia à noite comércios...é natural estes esquecimentos (tal como o Savoy, 30 e 31 de Dezembro do ano passado ).  

A alquimia em ação. Transformar coisas de outros em coisas nossas com a "mais valia" madeirense. o enriquecer rápido, o crescer mais rápido. A prática do regime. A prática dos produtores queridos do regime. A prática dos empresários do regime. A prática do (DES)gr. That´s Life

Bufarinheirtos, vender, comprar, reservar

O meu filho teve um colega no Funchal que tinha como progenitor um cirurgião com prática no SESARAM e mais prática fora do SESARAM. Daí não vem mal ao mundo da RAM (exceto para os utentes ). O homem come “a carne” nas clinicas e ao SESARAM sobram “os ossos”. Normal…normal…normalíssimo... 

O miúdo era visita de casa e um dia perguntei-lhe o que queria fazer no futuro. Respondeu-me que queria ser médico. E perguntei-lhe porquê. A resposta deixou-me abismado. “Para manter o nível de vida” disse-me ele. Tinha cerca de 9\10 anos. E está tudo dito ( mais tarde quis fazer engenharia e os pais obrigaram-no a fazer medicina ).

Esta “estória” nunca me deixou. Todos sabemos que muitos querem ir para médico, não porque gostam, mas porque adoram o estatuto !!! e o que vão ali ganhar. A medicina é uma das poucas profissões onde o emprego é garantido. E traz "status".

O problema é que na Madeira isto é exponenciado. O emprego garantido no SESARAM e o(s) emprego(s) garantidos no privado, com bênção da Secretaria Regional. Mesmo que os médicos ganhem por EXCLUSIVIDADE no SESARAM…. ( veja-se a família do actual Sec Regional da Saúde ).

Viu-se a guerra que os médicos do regime. "liderados" por França Gomes, fizeram a Mário Pereira. A saúde na Madeira é uma coutada do psd-M, do regime. Muitos desta classe na região votam psd-M, defendem a manutenção na continuidade e os privilégios "feudais" do antigamente. Por isso os lugares cimeiros vão para os protegidos, para herdeiros. Os protegidos dos protegidos. Ou familiares dos protegidos. Ou…

Recordando antes, Agora ... JPP (link)

Na Madeira o regime não rouba nada. e quem pensa assim está errado. Apenas levam emprestado, dão como emprestado e esquecem-se, anónimo

O CA do SESARAM abriu 50 vagas para “Assistente Graduado Sénior” numa série de especialidades (28) mas em Ortopedia não. E isto é estranho. Também porque o diretor da Ortopedia é França Gomes. Que, como dizem os colegas, “não dá ponto sem nó”. E o serviço de Ortopedia tem todas as condições para receber mais “Assistentes graduados séniores”. 

Por isso estranham os colegas esta "não" abertura. Por isso os colegas falam que França Gomes está a proteger o(s) lugar(es) para (s) seu(s) herdeiros ( também literalmente). Afinal o normal que se observa em toda a funcção publica madeirense. Os lugares á medida, os lugares criados para..., os lugares à espera de... ( alô Dantas ).

Bananas compradas, lugares reservados.  That´s Life.

Piratas, o exemplo ZFM, SDM

Na Zona Franca da Madeira, ZFM, o estado português/RAM dá benefícios fiscais ás empresa lá sediadas ( pagam por exemplo 5% de IRC, quando as restantes pagam cerca de 20% ) para fazerem empregos reais na RAM. Coisa que não sucede (apenas em assessores, advogados, .....os ajudantes do regime ).

Se tiver 4 laranjas e der 2 ao Miguel, é claro que o Miguel recebeu 2 laranjas e eu perdi 2. Óbvio. Se der ao Miguel 2 laranjas e acordo com ele que ao dar-lhe 2 laranjas, ele tem que me dar rebuçados e se o Miguel não fizer isso, eu Luís, perco 2 laranjas + os rebuçados que o Miguel não me deu. Óbvio. Menos para alguns. Os iluminados do regime. E que defendem a ZFM a funcionar assim.

Não percebo por isso que alguns “pensadores”, alguns corporativistas deste regime e da ZFM continuem achar que com a ZFM o estado português/RAM não percam dinheiro em impostos. Se quem lá está paga menos 15% do que as empresas “normais” em IRC, o estado/RAM perdem esses impostos e pior, as empresas não criam empregos como são obrigadas a fazer. 

O estado e a RAM perdem a dobrar. Em empregos, que não se criam, em impostos que não se cobram. A ZFM não cria mais valias na RAM. Por isso a UE actuou ( e bem ) e regras tiveram de ser revistas. Se algumas daquelas empresas criam "emprego" (muitos iluminados são assessores...), nenhuma cria realmente postos de trabalho.. Apenas pagam menos imposto. E se é assim, elas concorrem de forma diferente num mercado que se quer livre, em relação às outras. 

E este regime e quem defende a forma como a ZFM atuou, atua, não percebeu ainda que impostos muito baixos e salários baixos, são um forte óbice à eficiência, à inovação e à produtividade. E não criam concorrência sã para quem não tem estas benesses.

Se o regime madeirense defende isto, porque o regime sempre defendeu protecionismos, não se percebe que algumas “cabeças pensantes” da oposição também o façam. Nomeadamente o seu expoente maior na AR, Carlos Pereira (e por arresto Paulo Cafofo e o PS-M, que ainda não perceberam que não é com impostos mais baixos e baixos salários que se cria riqueza ). Ou então não percebem da "poda" e estão uns bons 50 anos atrasados no seu pensamento económico. Veja-se o quadro. 

Impostos arrecadados pelo estado/RAM na ZFM

(milhões de euros )

2017

2018

2019

Total

(2017-2019)

 

44,7

54,1

45,2

144

Benefícios fiscais dados pelo estado/RAM na ZFM

(milhões de euros)

 

 

 

Total

(2017-2019)

 

 

 

 

237,4

Diferença (a favor das empresas sediadas na ZFM )

 

 

 

- 93,4

 (*) dados "oficiais" da Autoridade tributária e SDM

Conclusão: A ZFM custou em média 80 milhões de euros ao estado e RAM em impostos entre 2017 e 2019 ( pagou ao estado e RAM 144 milhões de euros, não pagou 237,4 ). Por ano, as empresas sediadas na Madeira pagaram MENOS ao estado/RAM do que RECEBERAM do estado/RAM em impostos (40/80 em média ) e é uma falácia dizer que o que não é cobrado, não é dado como os iluminados defendem.

Entre 2017 e 2019 o número de empregos reais criados na Madeira/ZFM foi de 0 ( ZERO ) ou perto. Assim, esta é uma ZFM pirata. Paga menos, não cria emprego e distorce o livre mercado. Não é uma ZFM, mas uma Zona Franca de Proteção na Madeira. Por isso é ilegal, por isso a trabalhar assim, deve ser pura e simplesmente fechada. Porque para as grandes empresas, pagarem mais 15/20 milhões de euros é nada. Para as ineficientes... estamos a evitar o inadiável e a financiar má gestão, más empresas, má moeda. 

E isto é a RAM em todo o seu esplendor: Em alquimistas, bufarinheiros e protegidos. That´s Life

Frank Sinatra - That's Life