terça-feira, 29 de setembro de 2020

Estamos … pinocados

 

 


Ser esperto é mandar à merda alguém de forma tão educada, mas tão educada, que a pessoa fica ansiosa por começar a viagem, anónimo

É um facto. Olhe-se para onde quer que seja. Estamos completa, absoluta e totalmente…pinocados. Passeamos no Funchal e vêm-se mais mendigos. Mais tendas, mais queixumes. Apanhamos um táxi… meu Deus. Que Albuquerque e o governo não entrem em nenhum. Sentamo-nos num restaurante…está mau. A um bar…. saiam da frente. Uma conversa... A simpatia foi-se e a paciência parece esgotada. 

Pior é olhar para os jornais e a RTP-M. Disparates, atrás de disparates. Tudo feito, dado, dito, lido e escrito pelos mentirosos do costume. Pelos imbecis do costume. Pelos ignorantes do costume. Pelos incapazes do costume. Pela central de (des)informação do costume.

Contas públicas e dívida regional

A Madeira, é a única região do mundo, da europa, onde a sua dívida pública decresceu nestes últimos 6 meses. Incrível. Vão, Calado & companhia aos Nobéis. Não os da academia sueca, mas da academia de tontos. Com pompa e circunstância,  o DN-M anuncia “  saldo global de menos 3.1 milhões” e remete para o portal da vice-presidência (VP), que nos remete para nada. O boletim de execução tem que ser procurado. E este remete-nos para a VP, que nos remete para a DROT que nos remete para o BEORAM, que nos remete para a VP. Aquilo, não é um boletim. É uma redação onde a jornalista do DN-M recortou frases para a sua peça. Entendamo-nos, jornalista não existe, notícia idem e verdade aspas.  O BEORAM digital da VP e DROT, de transparente nada tem. Apenas palavras e aparvalha. 

Mas ajudemos a jornalista, que gosta de transcrever. Será que o GR nestes primeiros 6 meses de 2020 tem aceite todas as  facturas ( despesas ) efectivas dos fornecedores ou “pediu” para se facturar após …. Ou aguardar? Um passarinho, não, uns poucos passarinhos dizem-me que sim... e também de quem. A jornalista que faça o seu trabalho.

Albuquerque, as plantas e os professores

Para Albuquerque, os professores são uma classe “maldita”. Não é que são os únicos que vão matricular os filhos ao continente? e que podem trazer o vírus daquelas terras malditas? Por isso nada como mandar testá-los entre 5 a 7 dias depois de regressarem à Madeira (já agora, também todos aqueles que foram lá matricular os filhos ). O que dá tempo para “divulgarem” o vírus pela região. Porque, essa é a função dos professores, a divulgação. Afinal, a RAM não tem capacidade de testar os professores à chegada ? Ou tudo é uma mentira ?

Por outro lado, MA numa de ex floricultor, (a)lembrou-se de dizer mais um disparate. Divulgar plantas nas escolas. Eu não sei se são da família Rosaceae, género Rosa (e ter-se-ia novo best seller vendendo o seu livro ) ou quais das nomeadas no international Code of Botanical Nomenclature. Talvez as da família Cannabaceae, género sativa, indica ou ruderalis, mais na moda.

Eu sou a pessoa mais doce do mundo. A merda começa quando o açúcar acaba, anónimo

Os boys laranjas

No DN-M um conjunto de banana(o)s, da família das Musaceae, género musa falam ao DN-M_sobre apoios sociais do GR. Claúdia, sobrenome Perestrelo, género deputada, categoria ignorante, diz que ninguém, ficou de fora. Ela não lê os jornais, possivelmente é iletrada, mas 71% dos desempregados ( números  GR ahahaaha ) não recebem subsidio. Já agora alguém diz à moça que autonomia quer dizer também trabalhar com recursos próprios e receber do estado os mesmos que as Beiras, os Alentejos... recebem? E que a Madeira, categoria Região Autónoma e género ( actual ) em saque, com o governo que ela defende, sempre usou, abusou dos recursos de todos os portugueses tendo “penetrado já em demasia” nos recursos dos madeirenses que ela devia defender? Com Cláudia, os papalvos que estavam com ela e muitos outros, a dívida da Madeira era paga rapidamente. Basta o ISC - imposto sobre incompetentes e uma sobretaxa para a ignorância

JPM (dos Marques) & Flopes (dos Fonsecas) 

Mais uns “artistas”. JPM & FF querem o estado português, onde se incluem, dar um aval de 500 milhões á Região. Para JPM, isso serviria para poupar nos juros do empréstimo. O problema é que JPM AINDA não percebeu que a RAM tem aqueles juros porque não tem credibilidade na banca ( e só nacional porque a outra …. ). E que o estado ao dar aquele aval, tornar-se-ia responsável directo de um empréstimo que a Região deve pagar e que ninguém, nem JPM, acredita que tenha condições de pagar. Para JPM, egoísta como são todos neste regime, a Madeira tem de ser autónoma, mas SEMPRE COM O DINHEIRO DOS OUTROS. E 11 milhões de portugueses, madeirenses incluídos, não querem pagar pelas asneiras de JPM, dos seus amigos e clientes.

CP (não do Marítimo)

O deputado à AR pelo PS-M é um totó. CP, quer que os fundos comunitários distribuídos na Madeira fossem auditados por uma comissão parlamentar a ser criada na ALRM!!!. Em que o regime teria maioria nas decisões e no que deveria ser averiguado. Numa região onde nada existe de transparente nos negócios públicos. Que o regime quer uma delegação do futuro “banco de português de investimento”, aquele que vai receber e distribuir os fundos comunitários, na Madeira a “distribuir” autonomamente já sabíamos. Agora que um deputado da nação, ainda mais com conhecimento da realidade regional defender isto é um absurdo. Ou será CP apenas um produto do regime e no lugar errado da bancada?

Ele sorriu e tudo o que consegui pensar foi Ohhh merda.... anónimo

Calado

Ficou chateado por não ser recebido com passadeira vermelha em Lisboa. Alias sem passadeira vermelha e sem ministros. Recebeu o “apoio” de ajudantes e muitos dos ajudantes dos ajudantes. E nada trouxe. Coisa que ele sabia, mas fica sempre bem fazer turismo.  Também já se está a preparar e vai começar a queixar-se e culpar, o ter perdido o controle dos fundos europeus para a Madeira. E nem Rio o acudiu. Não tinha agenda e talvez paciência para o ver. Queixe-se, culpe ….afinal é o melhor que faz e sabem fazer..

Temos que ser Felizes, Optimistas, Determinados, Abundantes, Simpáticos. E o regime não deixa, não quer. Sejam felizes...mas sem pinocar todos.

Spice, Sheet


domingo, 27 de setembro de 2020

Umas ideias ... para uma revolução.


O menos mau dos governos é aquele que se mostra menos, que se sente menos e que se paga menos caro, Alfred de Vigny 

Alguns, poucos, sem razão nenhuma, depois de lerem os artigos que escrevo, contactam-me ou deixam mensagens com as velhas frases "pois queria ver o que farias no mesmo lugar", "só sabes dizer mal" e "só queres o mal da Madeira".

Quem diz isto, confunde criticar com “dizer mal”, coisas distintas. Já apoiei coisas boas feitas na Madeira, mas existem infelizmente muito mais asneiras realizadas pelo GR. Não quero "o mal da Madeira". Quero é o seu bem e para isso, a minha única alternativa para termos governantes capazes, proactivos, trabalhadores, poupados, que façam por merecer o povo que têm, é escrever criticando o GR e os que lá estão, apontando as suas imensas falhas e mentiras. E as soluções estão lá, quando critico as falhas. Tudo para que outros não façam o mesmo. 

O povo é demasiadas vezes enganado pelo actual regime, por um GR que mente apoiado por deputados incapazes, ignorantes, ineficientes, sem mérito, que têm como único (des)mérito ter um cartão. Porque quero melhor governo, melhor Madeira, critico este regime e este GR. Porque uma revolução de ideias, de actuações, de pensamentos, de realizações é necessária na nossa Madeira. Novos actores, mais eficazes, mais produtivos, mais conscienciosos, mais verdadeiros, mais transparentes são necessários no governo da Madeira

[atenção aos jotitas do PS-M, os "rose boys", que já mostraram ao que vêm: "jobs". Têm os tiques e toques dos "orange boys". Nada fizeram para merecer algo, não demonstraram mérito nenhum a não serem "filhos de algo", amigos "de algo",  mas já sabem que querem trabalho fácil, TAMBÉM não têm vergonha nenhuma]

E chego ao “pois, queria ver o que tu farias no mesmo lugar”. Vou assumir o desafio.

Governar a Madeira não seria difícil. Sobretudo com as suas gentes. Era aqui que se começaria a fazer diferença. Ter o povo como aliado, não como o acessório para manter o poder.  Perceber que o governo é do povo, para o povo e pelo povo. E para ter o povo "com" o governo, devia fazer-se diferente, pensar diferente. Enviar sinais, que o povo compreendesse. Rápidos. Imediatos. De envolver o povo na tomada de decisão do governo.

Um governo coeso, pequeno, flexível, capaz, poupado, proactivo à dimensão da nossa ilha, com a ausência daqueles que directa ou indirectamente nos últimos anos estiveram ligados ao regime actual ( em funções governativas, na administração publica e/ou privada ) seria um sinal. Pessoas com low profile e profissionais. Um RESET de pessoas e ideias, que o povo compreenderia. Porque como diz e bem Lincoln, "ninguém é suficientemente competente para governar outra pessoa sem o seu consentimento".

A politica não deve ser a arte de dominar, mas sim a arte de fazer justiça, Aristóteles

E isto seria apenas um começo de uma revolução no governo da Ilha. AJJ quer uma nova república ? Exige-se uma nova Região Autónoma da Madeira, Que começaria na constituição do GR. Por exemplo, como este.

Presidência (que coordena de facto)

Responsável também pelas áreas: imagem e comunicação, diáspora e assuntos externos, cultura, investigação e novas tecnologias, orçamento e plano, recursos humanos, assuntos jurídicos, concursos e projectos, proteção civil.

Secretaria regional de finanças e economia

dividida em 3 áreas: turismo, finanças e economia

Secretaria regional da saúde e social

dividida em 4 áreas: saúde, segurança social, hospitalar e desemprego

Secretaria regional das infraestruturas

dividida em 3 áreas: estradas, equipamentos e poder local

Secretaria regional dos recursos naturais 

dividida 3 áreas: agricultura, mar e ambiente

Secretaria regional da educação

dividida em 3 áreas: ensino básico, secundário e universidade

(Todas as secretarias regionais deixariam o Funchal,  sendo descentralizadas e colocadas nos concelhos interiores da ilha, mais despovoados e economicamente mais frágeis. Afinal, "small is beautifull".)

Este seria um GR diferente, onde nenhum dos actuais detentores destas pastas caberia, porque planear, orçamentar, gerir nunca foi com eles. Sobretudo, porque não estão lá por mérito deles, mas pelo desmérito de MA. É que este é um falhado. Como empresário, como presidente do psd-M ( só traindo e enganando conseguiu ) e como presidente do GR (enganando, pressionando, comprando).

Não se exije uma nova república, mas uma revolução de pensamentos e actuações na Madeira. Uma nova Madeira, para uma Região diferente. Vassourada .... exige-se. Regras são necessárias. Saber estar e sobretudo melhor bem estar. 

Milton Friedman - Roots Of The Welfare State


sábado, 19 de setembro de 2020

Como "salamizar" um hospital


Há três tipos de governo: o que faz acontecer, o que assiste acontecer e o que nem sabe o que está a acontecer, George Santayana

Dividir para reinar, é a fórmula bastas vezes usada pelo regime da RAM nas áreas política, económica, financeira e social para sobreviver. O psd-M nunca teria conseguido estes quase 50 anos de governo absoluto se a não tivesse usado e se a oposição da altura, não tivesse deixado. Ainda hoje isso sucede, veja-se o cds-M.

A ruptura com este passado tem de ser feita rápida e urgentemente, mesmo que muitos possuam “amarras” mentais porque nasceram, cresceram neste regime kafkiano. "os cães de Pavlov"

Mas é a táctica do salame que o GR usa nas suas estratégias concursais. Pegue-se num qualquer concurso que se pretenda "entregar" de x valor, parta-se em mini-concursos de menor valor. Baralhe-se e dê-se aos mesmos de costume, usando as regras legais das adjudicações directas, dos concursos por convite, pré-seleção de candidatos…

Nos últimos 5 anos na RAM, quem ganhou um primeiro concurso, fica automaticamente “habilitado” a ganhar os concursos seguintes, porque possui “maior experiência”, “maior conhecimento”. “tendo dado provas de…”, possui “maior capacidade” ou, o que adoro, possui “ maior qualidade, conhecimento e experiência”.

Os concursos, primeiro são de alguns “trocos”, normalmente por adjudicação directa por motivos de celeridade, urgência...Depois logo a seguir, existe um outro ou mais para o resto da obra. Existiram já concursos que começaram com o arranjo de bermas na estrada, para depois passarem para o projecto da estrada e por aí fora. Os Sousas ganham o concurso para as viagens Porto Santo – Funchal, porque também têm “vasta experiência” nelas !!!

Sobretudo, coisa que o GR adora e as "friendly" construtoras, permite empolar custos com as chamadas “obras a mais”. O que é facilitado pela lei. Muitas vezes, creio que deliberadamente porque o erro é sempre o mesmo, subavalia-se uma obra ou alguém ganha com um menor valor e depois é "compensado" com obras a mais (aquela espetada do Avelino ....custou mais euros ). Ou porque o GR não paga a horas e as obras compensam os juros, porque a construtora "empresta" ao GR o valor do pagamento da obra para mais longe, ou porque ...simplesmente sim.  Numa rápida “olhadela” aos concursos realizados, os custos de “obras a mais” ultrapassaram SEMPRE em média os 23% do custo previsto inicial. O que diz muito de quem projectou e planeou a obra, do dono da obra e de quem pagou a obra, o suspeito do costume, o GR. Nunca saberemos porque existem "obras a mais", "complementares".... É como ir ao supermercado comprar pão, leite e depois, traz-se uma garrafa de Bowls, outra de Cardhu, umas garrafas de Tennent´s e a desgraça começa.

Também existem aqueles concursos, o GR adora, que começam por ser ganhos quando uma consultora/alguém começa a trabalhar "pro bono" ou quase em "levantamentos de necessidades" e depois ou os seus parceiros, ganham concursos que preparam/aconselham com condições optimizadas à medida. Acontece hoje na saúde e ... com empresa de Lisboa.

Se olharmos para a lei do OR de 2020, o GR dá “capacidade e autonomia financeira” aos titulares de “órgãos de administração regional” para criarem concursos “moldáveis” e aquisições por adjudicação directa. Não existe controle de assinaturas e bastas vezes, direções regionais adquirem o mesmo dos mesmos ( uma das grandes justificações nas aquisições, é dizer que o que se adquire não é só para aquele serviço, podendo ser extendido a todos ).

Nós vivemos num país de inutilidade pública, inutilidade pública que custa caríssimo e que afinal, agora, querem que continue a proliferar, obrigando os particulares a suportar todo o peso da crise económica, Sá Carneiro

Com o novo hospital nada mudou. São 250 milhões, mas depois do “finca pé” das construtoras regionais, agora realiza-se um concurso para “preparação e estabilização dos terrenos” de alguns poucos milhões de euros, que permitirá ao vencedor integrar, o grupo que vai vencer, porque possui “mais experiência e conhecimento de onde a obra se realizará”. Porque a preparação do terreno e fundações é fulcral numa obra civil, como sabemos.

Para mim, a única dúvida é quantos “mini-concursos” a obra do novo hospital vai ter. Para já serão 5.  O actual do terreno, o do equipamento hoteleiro, o do equipamento técnico e o de construção e claro o de acompanhamento/auditoria/qualidade "independente". E isto é cómico, porque existe forçosamente equipamento técnico a ser adquirido, que necessitará de construção especial e ser adequado ao espaço disponível. E claro nunca numa obra deste tipo, falo por experiência própria, as coisas sucedem-se como projectadas. Ou porque existe upgrade nos equipamentos a adquirir, novas necessidades são pensadas...

{ Isto estende-se também aos concursos para ocupação de lugares nas secretarias, câmaras, direções regionais ….. primeiro “estagia-se”, depois tem-se o lugar à “medida” com a experiência de estagiário. Ou então a pessoa tem a experiência necessária e "à medida" para o cargo à medida}

Isto ficou mais refinado. O GR criou um sistema fechado avesso a novidades de fora, a uma sã concorrência permitindo os “actores e autores” do costume fazerem a cartelização de uma obra, “obrigando” o GR a aumentar o custo em mais cerca de 50 milhões de euros, só para começar. O GR podia dizer não e como não diz é conivente. Em linguagem corrente “sabe da poda e conhece como se poda”. Um crime, uma fraude.

O PS-M vai chamar a Autoridade da Concorrência para ver isto. E faz bem. Mas o melhor a fazer e até o assunto estar resolvido, é o governo de Lisboa não dispender verba nenhuma, até tudo estiver esclarecido e  clarificado. É que Lisboa, tem de olhar para a Madeira e DEVE-O fazer, porque METADE  da obra será custeada por todos portugueses e não pode ser conivente em ilegalidades.  Os madeirenses pagá-la-ão duas vezes com os seus impostos: um valor no "dinheiro nacional" e outro no "dinheiro regional". 

Mas para lá do que se passa, ainda ninguém percebeu que se pretende construir um hospital ao nível dos maiores hospitais portugueses que servem uma população 4 a 5 vezes superior á Madeirense, custando o dobro de hospitais de igual valia no continente. Um elefante, que ninguém quer que seja branco.

Também ninguém ainda percebeu, que não existem recursos técnicos humanos em número, nomeadamente a nível de especialistas médicos para trabalharem no novo hospital  

Ou será, de novo usando a táctica do salame, vai o GR “partir”, salamizar os serviços do hospital e distribuí-los pelos do costume: nomeadamente os privados que farão tudo para os seus negócios particulares não sejam canibalizadas pelo novo hospital. Hotelaria, imagiologia, laboratório, fisioterapia e reabilitação, bloco operatório, limpeza, segurança...

O governo, mesmo quando perfeito, não passa de um mal necessário; quando imperfeito, é um mal insuportável, Thomas Paine

A iniciativa privada, é essencial para moldar e melhorar sistemas, tornando-os mais eficazes, inovadores e mais qualificados. Mas numa região pequena em dimensão geográfica e humana, a iniciativa privada será forçosamente “canibalizada” por este hospital, excepto se este (deliberadamente?) não funcionar. A existência de hospitais, clínicas…na RAM será posta em causa com o novo hospital, pela menor dimensão humana, geográfica, económica, financeira e social da Madeira.

Aliás, só a ineficácia do SRS, permite hoje a multitude de entidades privadas na região e a maioria delas, possuem recursos humanos que também exercem no SRS, distorcendo serviços, competências e sobretudo a disponibilidade que deveriam ter para o SRS.

Bons serviços privados de saúde são necessários na RAM. Mas com este novo hospital poderão sobreviver? Quem canibalizará quem? Faz sentido um hospital desta dimensão e valências? E gastar o que não se tem num monstro ineficiente, “partido” com mais de metade dos seus profissionais, médicos sobretudo, a concorrerem “por fora” como acontece agora ?

Cabe aos políticos fazerem esta escolha, que nunca poderá ser um hospital novo, com os mesmos tiques do antigo, onde nunca se sabe onde começa o público e termina o privado. E vice-versa.

Obrigado, Thanks, Merci

Churchill, “jamais autant n'ont dû autant à si peu”. Pour vous mes amis (et parce que je sais que beaucoup me "lisent"). Mes remerciements

Churchill, " never so many owed so much to so few", For you my friends ( and because i know that any "read" me). Thanks

"You Are Our Heroes" Daniel Glen Timms - tribute song to doctors nurses healthcare frontline workers

O homem bicho

A primeira exposição de desenho e pintura de Agostinho Santos na Região Autónoma da Madeira é da série “Homem Bicho”. Não falarei de Pintura, muito menos sobre Arte, direi da forma como me provoca o “Homem Bicho”. Naqueles seus trabalhos Agostinho Santos reporta-nos para a boçalidade. Em vez do sage, o boçal que se intromete em cada um de nós. Mais forte do que a sageza.


O pintor observa-nos, intui-nos e traz-nos figuração de um pressentimento acerca de cada um de nós, naquilo que em nós achamos feio, coisa feia, indigna.

O “Homem Bicho” é diferente do monstro. Enquanto o “monstro” (outra das temáticas e séries de Agostinho Santos) se colocará no campo do anómalo, da extraordinariedade, já o “Bicho Homem” está normalizado no humano, é do nosso quotidiano mais ordinário. É parte do que nós transportamos e somos. Do que cada pessoa experimenta. Do que cada um esconde. As sombras que habitam nossas mãos. Os fragmentos, quiçá universos preponderantes, de uma suposta nossa maior racionalidade. O animalesco que mora em cada indivíduo, dissimulado por conveniência social, ocultado para satisfazer uma qualquer moralidade, disfarçado para parecer bem, remetido para horas recônditas.

O “Homem Bicho” é a loucura do mundo que há em nós. É a vontade individual, pessoal, de descaradamente, em certas horas, ou se calhar mais veladamente, parir atrocidades, maiores ou menores nas suas incidências ou envolvências, quase sempre procurando explicar e se necessário justificar tais procedimentos da nossa brutalidade. É a capacidade de insuflar a violência e o trágico e o caos. A bestialidade de provocar sofrimento, o poder de urdir o pesadelo, de provocar a morte. Sejamos cristãos, budistas, judeus ou islamitas, agnósticos ou ateus, para além da diversidade das representações do mundo e das nacionalidades, na cosmovisão de qualquer continente ou das particularidades culturais, temos em nós as criaturinhas a que Agostinho Santos dá forma e coloração.


 Já sobre a Arte em Agostinho Santos, socorro-me da palavra competente de Rui Laje: «escritores, académicos, artistas plásticos, críticos e outros coincidiram na identificação de um conjunto de traços distintivos na obra de Agostinho Santos, os quais, elencados sob a forma de adjetivos, nos permitem qualificá-la como “visceral”, “múltipla”, imprevisível”, “arriscada”, “vital”, “intuitiva”, “efusiva”, “versátil”, “irrestrita” ou “irreverente”. Tivéssemos porém de recorrer a um só adjetivo no qual todos estes convergissem semanticamente e o melhor candidato seria, assim o cremos, o adjetivo “atuante”. A pintura de Agostinho Santos é uma pintura atuante. Por oposição a contemplativa. E caracteriza-a, para além disso, uma certa desmesura – quer no que toca à sua fecundidade, quer no que toca à sua expressividade».

O “Homem Bicho” é a oportunidade para cada pessoa se deixar confrontar na proximidade dos trabalhos trazidos a esta ilha, que estão patentes na Galeria Anjos Teixeira, à rua João de Deus nº 12, no Funchal, até 14 de novembro de 2020.

domingo, 13 de setembro de 2020

Terrível e nada fazem



Falta de ocupação não é repouso; uma mente absolutamente vazia vive angustiada, William Cowper

Numa altura em que uma Sec do Ambiente, contempla embevecida caixotes de lixo, as “ilhas ecológicas”, onde MA se deixa fotografar de “fato e gravata” a podar uvas e diz precisar de saber se Lisboa comparticipa em “despesas de educação, saúde e administração” do GR que preside, que percebemos que a politica de turismo do GR é nula, que a pró-actividade existe apenas para procurar "jobs for the boys", onde a mulher de Rui Barreto é "ent(c)aixada", como muitos, num trabalho à medida no GR, soubemos que 27% da população empregada da Madeira, 26 000 pessoas num total de cerca 100 000, são apoiadas pelo programa “invest Madeira”.

O tal programa dos 120 milhões de euros que o GR diz ter sido todo usado, mas que a realidade afirma o contrário: a banca, os empresários,  "n" empresas que o tentaram usar e desistiram pela enorme burocracia / falta de resposta ou porque com o tempo, necessariamente ficaram ilegíveis para esses apoios.....Sobretudo porque o GR não APRESENTA PROVAS DE USO completo e devido desses valores ( O que escondem ? ).

27% de população empregada ajudada, 26 000 pex, JÁ são números tristes e o GR di-lo sem problema. . Porque numa região onde cerca de 40 000 pessoas estão directa e indirectamente empregues pelo GR, “sobram”

100 000 ( pessoas empregadas ) – [ 27 000 ( empregados apoiados invest Madeira ) + 40 000 ( empregados GR ) ] = 33 000 pessoas empregadas ( privados ) actualmente. 

Segundo o INE, em 2019 existiam 138 700 pessoas activas na região. Estando empregues agora 100 000 pessoas, a taxa de desemprego ( numero de pessoas desempregadas por cada 100 activos )  na RAM será superior ao que o GR sempre defendeu,  a mais baixa do país!!!!, na ordem dos 5,6%. Vejamos:

138 700 pessoas ( população activa ) – 100 000 pessoas ( empregadas ) = 38 700 pessoas desempregadas, 28%

Como Augusta Aguiar admitiu recentemente apenas 17 465 inscritos no centro de emprego,  forçosamente o GR mente agora como mentiu antes.

Em resumo:
        100 000 pessoas empregadas no total 
         40 000 pessoas “empregadas” pelo GR
         26 000 pessoas apoiadas pelo Invest madeira
         33 000 pessoas empregadas no sector privado na Madeira
         38 700 pessoas desempregadas

        138 700 pessoas activas na Madeira, INE 2019
          38 700 pessoas desempregadas ( 138 700  - 100 000  )
          17 465 pessoas inscritas no centro de emprego ( julho 2020 )
       
     faltam 38 700 - 17 465 = 21 235 pessoas desempregadas, que não entram nas estatísticas do GR.

Resumindo, numa população activa de 138 700 pessoas, 
      38 700 desempregadas + 26 000 apoiadas = EXISTEM, admite o GR,  64 700 pessoas sem trabalho ( desempregadas e apoiadas pelo investe Madeira) . E AINDA FALTAM as que o estado português apoiou com o lay-off simplificado, muitas delas que em SETEMBRO IRÃO PARA O DESEMPREGO. O que dizer disto ?

Mas o problema disto tudo são os 45% de Augusta Aguiar. Para esta, em Julho de 2020, existiriam

45%de 138 700 pessoas = 62 415 pessoas no desemprego ou em lay off , a que se juntam mais cerca 3 000 pessoas ( 15 Julho a 15 Setembro )

É expectável pois, que nesta altura, de uma população activa de 138 700 pessoas, mais de 50% esteja sem trabalho ( lay off ou desemprego ). Eu apontaria os 56%.

Ontem ao DN-M, o GR admitiu implicitamente o que vale o desemprego efectivo na Madeira: não as 17 465 pessoas de Augusta Aguiar de Julho 2020, mas 38 700 pessoas efectivas. Mais do dobro. 28% da população activa na Madeira está oficialmente desempregada, mas o GR só admite 17 465 pessoas.  E estes números não são devidos ao Covid-19, porque vêm de trás. Não são os 5,6% da "mais baixa taxa de desemprego do país"são os 28% reais pré Covid-19, da MAIS ALTA taxa de desemprego do país e Europa.
A falta de trabalho destrói pessoas, Katharine Hepburn

Números terríveis que demonstram o que vale a política económica, fiscal e de empregabilidade deste GR. Números que atingirão os 42% nos primeiros meses do próximo ano, numa estimativa simples se tomarmos por base o número médio de falências actual RAM e o numero de empresas que não prosseguirão com o lay off.

E se isto acontecer, a RAM até Maio do próximo ano, terá 63% de população activa no desemprego / lay off. Fica o funcionalismo público, a universidade paga por Lisboa, alguns privados e os monopolistas do regime, que também colocam gente no lay off envergonhado. De que ninguém fala.

Perante isto, a sustentabilidade da Seg Social NA Madeira, a sustentabilidade económica e fiscal do GR ( menos receitas cobradas ) tornar-se-ão num curto e médio prazo insustentáveis, se este estado de coisas se mantiver.

Socialmente, a "paz podre" que existe na Madeira está a quebrar-se. A polícia já faz avisos públicos que o GR ignora, de que as coisas na rua estão más e presenciam-se actos de vandalismo e violência  um pouco por toda a ilha. Esconde-se a realidade, sobra o que não se consegue esconder.

Vamos a caminho de mais fome, mais miséria e talvez de um novo resgate social/económico à Madeira pelo povo português. Mas triste é notar-se que o GR não mostra preparos para combater esta crise. Continuam a pensar e actuar como se nada disto acontecesse, pedindo mais dinheiro, criando obras inúteis para manter os monopólios do regime e no caso do turismo, passando para “os parceiros” o ónus de resolver a situação turística. Atitudes passivas, não pró-activas como se exige.

Isto não é um governo, apenas um conjunto de pessoas sem reação, a olhar para um abismo cada vez maior, que sabem nunca será o deles, mas de outros e de novo à espera que os outros resolvam o que eles não sabem nem nunca souberam resolver.


Observação - Vicente Jorge Silva
Faleceu esta semana um grande jornalista. Madeirense. De pensamento diferente e portanto incómodo para todos. Como se notou demasiado na RAM. RIP

Dire Straits - Money For Nothing


sábado, 5 de setembro de 2020

O regresso dos "looney do system"




O sábio pode mudar de opinião. O imbecil nunca, Kant
Foi-se a silly season, regressam os “looney do system”. E regressam em grande. De peito feito e “boutades” na ponta da língua. Elas, as asneiras e eles, os "looney", estavam confinados há demasiado tempo e soltaram-se esta semana

Ramos junior a 03/09/2020 desconfia, não acredita do que Eduardo Jesus diz em 31/08/2020. Tem razão.Nninguém confia num Sec. Reg. de turismo virtual que se arma em "cágado". Jaime Filipe mantém o registo do regime.  O peditório e os culpados são os outros. UK não fez o que Jaime Filipe pretendia, fechar os corredores aéreos a Portugal para MA pedir mais dinheiro a Lisboa, mas a Escócia e Gales fizeram-no. Bolas.... MA vai pedir menos dinheiro e não pode arranjar mais desculpas. Afinal daqueles aeroportos aviões não chegam.

Jaime Filipe diz que “Lisboa tem de compensar a Madeira” caso o país fosse excluído do corredor aéreo britânico. O discurso costumeiro do regime. De esmola, falhado, incapaz, ignorante, palerma. O regime nada sabe fazer e nada irá fazer para combater os números desastrosos do sector turístico na Madeira. OS PIORES DO PAÍS, AÇORES INCLUÍDO.

Não dá para esconder mais. Por culpa exclusiva do GR, o turismo da Madeira não existe este ano e provavelmente no próximo. O sector turístico na Madeira estava em queda há anos, sobrevivendo com preços(ordenados) baixos, perdendo para outros destinos com melhor qualidade, mesmo ilhéus, como os Açores. O GR numa política autista de “pretensa segurança” a todo o custo e sem pensar em alternativas, não percebeu que tinha na Madeira o local ideal, o destino ideal para quem queira fazer turismo num local seguro por natureza e bonito (de) tradição, com peculiaridades que todos conhecem e gostam: a laurissilva, o vinho madeira, o bordado madeira, os caminhos pela natureza, entre outros.
Nada no mundo é mais perigoso que a ignorância sincera e a estupidez absoluta, Martin Luther King
Campanhas estúpidas usando “bloggers” avulso ( esse é o público alvo ? )  e transformando o destino Madeira de “pérola” do Atlântico para “tropical” do Atlântico não iludiu ninguém, pelo contrário. Os homens do GR não assistiram âs aulas de geografia na escola e não fazem ideia nenhuma sobre a tradição histórica do turismo na Madeira. Tradição que já era, porque ignorada. 

Em vez de um destino de elite, transformaram a Madeira numa terra sem elites e sem destino. Apenas vegetam e vicejam por aqui os "looney" dos sem costumes. 

A Madeira nunca foi de massas, mas de nichos e estes "looney" nunca perceberão isso. A Laurissilva é abastardada, ignorada, a troco de palmeiras bichadas. Uma troca desastrosa que mostra a real nulidade desta gente.

E não podem ser assacadas desculpas à TAP, EasyJet, …. aeroporto… Lisboa, Covid, …. porque outros destinos, mesmo portugueses, estão a mostrar, existe “vida para além da Covid”. Muito mais para nichos de mercado. 

A Madeira fechou-se ao mundo, mostrou a todos não ser destino seguro, por causa do GR. Uma contradição e estas contradições pagam-se caro. Resta agora à Segurança Social PORTUGUESA, não da Madeira,  pagar o desemprego, os "lay-offs" pifios. Todos vamos pagar pela estupidez, burrice e incapacidade natural dos governantes regionais.
O GR como sabe que PORTUGAL está lá para pagar, permite-se fazer isto. Mas os desvarios do costume, pagar os favores do costume, continuam. E as mentiras. Ainda este ano vamos ver o GR pagar o "prejuízo" do Lobo Marinho", como as obras inúteis de betão de uma região sem dinheiro. E dar á AFA subsidios por perdas nos hoteis. 

Eduardo Jesus ( EJ ) é o “caga-milhões” do GR quando insinua no DN-M, um “entendimento” entre o GR e o inglês no que diz respeito à situação pandémica que vivemos, nos corredores aéreos de UK. EJ acha-se ministro, fala em “reforço de comunicação com o governo inglês”, quando apenas envia 2 (duas ) cartas para a embaixada ( uma respondida ), fala com “ajudantes” da embaixada ( o encarregado de negócios, ... )…..e mal. São as tais diligências diplomáticas de que MA  fala.

Palavras vãs de alguém que nunca percebeu o que é ser, primeiro governante e depois gestor da principal e única pasta regional que gera mais valias à RAM. No consulado de EJ, o turismo pouco produziu, nada gerou e a culpa não foi só da covid, porque o mal vem de trás. Não se pode dizer que EJ seja um erro de casting, porque todo o GR é um erro de casting. Mas que EJ defende que a Madeira pode perder dinheiro, defende. Que as pessoas podem estar em casa sem nada fazer, defende. 

Vamos ser directos. Por mais que o GR esconda, os hotéis na Madeira estão no mercado à venda começando pelos das empresas do regime, a AFA por exemplo. Que não geram empregos, mas lays-off´s, ordenados baixos e sempre contaram com o GR nos subsidíos, isenções de taxas, formações, ....  Uma questão de timing e de preço certo para serem vendidos. A infelicidade disto, é que ninguém quer comprar hotéis na Madeira, mesmo ao preço da “uva mijona” porque ninguém tem confiança neste GR. Quem pode e tem fundos, sabe que o GR da Madeira está isolado do país e no país. Também da Europa.  E isso paga-se caro. Porque nenhum investidor vai para a Madeira sem ter garantias de equidade e retorno de investimento, excepto se este for assegurado pelos dinheiros do GR, como sucede nos "investimentos" dos monopolistas do regime. 
A parte que ignoramos, é muito maior que tudo o que sabemos, Platão
O que não impede outros “pífios” do psd-M, como Brício Araújo defenderem que existe um “forte investimento” do GR na promoção do turismo. Brício Araújo não sabe o que é promoção do turismo, porque naquela cabeça redonda, promoção é fazer a Festa da Flor e do Vinho. Não passou nenhum anúncio da Madeira nos canais ingleses mais vistos, nem nas publicações mais lidas ( apenas poucas e nas técnicas, artigos pagos em cadernos menores e os prémios pagos de best off..) Tal como noutros países chave, nomeadamente Alemanha, França, Espanha, .....Promoção. NADA. 

O que passou foram esparsas publicações em revistas de especialidade e em alguns canais internacionais, mas do turismo de PORTUGAL, não do turismo da Madeira, com imagens desta nossa ilha. Isto é a "promoção" de Brício.

Brício Araújo é conhecido por ser o deputado dos discursos infundados, irresponsáveis e incoerente, como o são as declarações que faz. É um ígnaro. O normal da anormalidade que é o psd-M, este GR  e este regime.

Por isso normal a escrita incoerente, infundada, impagável, irrepetível, assutadora do deputado Bruno Melim no DN-M. Pseudo filosofia de algibeira barata. 

Bruno deve ter escrito aquele tratado de "alarvidades" por certo numa altura má. Porque aquilo saiu sem nexo. Mas no meio daquilo tudo, Bruno num rasgo de honestidade diz: “o fundamental nos próximos anos é desenvolver as pessoas….”. porque Bruno Melim sabe do que fala. Nunca foi desenvolvido. Apenas "ungido".

Melim é honesto.....sabe que é preciso desenvolver pessoas. Afinal, nota-se por demais, o estádio de desenvolvimento natural actual de Eduardo, Ramos, Brício, Melim....entre outros. O da ignorância pura e dura.

Bugs Rules



quinta-feira, 3 de setembro de 2020

"O Homem não é completo senão quando joga" - Schiller


Há dias o Dnotícias publicou, sem qualquer comentário (nem era preciso), uma lista de material solicitado por um estabelecimento de aprendizagem da Região. Não me interessa saber se é público ou privado. Até porque, com maior ou menor exigência, o problema é o mesmo. Já vi uma lista de uma escola pública onde era pedido material "Caran d'Ache" que, segundo creio, não é nada barato! A questão é outra. Aos quatro anos de idade as preocupações de aprendizagem terão de ser outras, mais enriquecedoras e de menores encargos.





Guardo do saudoso Professor Rubem Alves (1933/2014) aquela ideia do "professor de espantos". A profundidade desta designação está muito para além do significado das palavras que a compõem. O "professor de espantos" ensina a pensar, cria na criança a curiosidade e, portanto, esse deve ser o objectivo da educação... criar a alegria de pensar, salientou Rubem Alves. "Quando o professor provoca a curiosidade da criança, ela pergunta, quando o professor manda, já estragou (...) a missão do professor não é dar respostas prontas, a sua missão é a de provocar a inteligência, o espanto, provocar a curiosidade (...)". Infelizmente, não é assim. Logo nas primeiras idades, a lista de material, a mochila ou o trolley pesam... pesam ainda mais, nas carteiras dos pais.

Pois, é o maldito programa, definido por alguns  adultos de conhecimento débil, de adultos que não escutam a voz dos investigadores, de adultos que têm a desfaçatez de complementar as suas políticas, afirmando que tudo é feito colocando a criança no "centro das políticas educativas". Que grosseira mentira! 

Ora, aquela lista apresentada por essa escola, semelhante a tantas outras listas de material, constitui a prova da falência de um pensamento adequado às verdadeiras necessidades do desenvolvimento das crianças.

Desde logo esquecem-se, intencionalmente, do importantíssimo acto de brincar e da descoberta, porque brincar é estruturante a todos os níveis. Tenho presente Luciana Leiderfarb em um artigo publicado no Expresso: 

"Bem-vindos à nova era, a das crianças que não têm tempo para brincar. E a dos adultos obcecados por ocupar-lhes os dias. Que mundo é este onde a brincadeira se tornou indesejável?". 

Nem mais, logo aos 3/4/5 anos matam a vivência de uma infância que não volta mais. Tudo porque existe uma absurda pressa em "ensinar", não sei bem o quê, quando no jogo infantil está lá tudo o que é fundamental. Como Gross (Les jeux des animaux - 1902) mostrou, "o jogo prepara a vida séria, como um projecto de vida séria que esboça, com antecedência, essa vida. Pelo jogo a criança conquista, pela primeira vez, a autonomia, a personalidade e até os esquemas práticos de que a actividade adulta terá necessidade".

De facto, vivemos um tempo de iliteracia motora de péssimas consequências. Em 2016 escrevi um texto subordinado ao título: "Andam a matar a importância de ser criança e de brincar". Transcrevo uma parte: 

“(...) As crianças são dotadas para brincar, é o seu estado natural. Precisam de ser perseguidas, de perseguir, lutar, correr, esconder-se, inventar. E a sociedade faz um esforço para as ter quietas e em silêncio”, comenta o especialista Doutor Carlos Neto. Num quadro de quase permanente institucionalização, em que os mais novos passam na escola quase tantas horas diárias quanto um adulto no trabalho, a configuração do seu tempo livre nesse espaço revela-se determinante. E a escola “ainda trata o recreio como algo avulso ao processo de ensino”, sem perceber que “o tempo para brincar deve ser bem estruturado e encarado como um contributo para aprender (...) No jardim de infância a situação é semelhante. Em Portugal, de Fevereiro a Maio — a estação invernal — as crianças passam apenas uma média de 10,8% do seu tempo em espaços exteriores, mais apetecíveis para a brincadeira livre. Este é um dos dados que constam do estudo “Interação Criança-Espaço Exterior em Jardim de Infância”, da autoria de Aida Figueiredo. A professora da Universidade de Aveiro concluiu ainda que, nas creches observadas, os bebés com menos de um ano só saíram ao exterior duas vezes em quatro meses. O estudo serve também para comparar realidades educativas opostas: se na Noruega, por exemplo, são exigidos entre 24,2 e 33 m2 por criança, em Portugal apenas são previstos 4 m2 por criança.

Quando é que o brincar livremente se tornou a actividade mais rara, menos praticada, na vida das crianças? E quando é que este quadro negro passou a ser encarado como normal? “O que não é normal é não se olhar para as crianças como cidadãos com direitos, isto é, com direito ao tempo livre e a fazer o que é próprio na infância: brincar, correr e dialogar com outros”, frisa Maria José Araújo. Para esta especialista em educação e professora no Instituto Politécnico do Porto, chegámos a um ponto em que o acto de brincar é excedentário e conotado como “fútil” pelos adultos, cuja ideia de competência “passa por estruturar a vida das crianças, não respeitando as suas necessidades nem proporcionando as condições para elas poderem brincar”.

E brincar está longe de ser fútil. “É uma actividade completa, em que as crianças aprendem a decidir, a negociar, a colaborar, a pensar e a criar; descobrem o que querem e como querem fazer; elaboram e exprimem as suas fragilidades e traumas; e começam a ler a realidade social, a interpretá-la e a agir sobre ela”, diz a investigadora. Pelo contrário, o não brincar ocasiona danos profundos no ser humano: “Gera crianças mais obesas, mais sentadas, com menos competências sociais e relacionais, mais isoladas e individualistas, e que em adultos estabelecem relações mais difíceis. (...) Promove, igualmente, uma pandemia de crianças cansadas e stressadas que acabam sendo alvo de medicação". (...) “Estes miúdos vão para a sala de aula brincar, extravasar, porque não lhes foi dada outra hipótese. Ora, uma criança que não brinca não aprende a concentrar-se”

Em um outro texto, de 2018, publiquei a síntese de outros autores que tive o ensejo de os ler e estudar:  

Sublinhou Jean Chateau (1961), "se o jogo desenvolve as funções latentes, compreende-se que o ser mais bem dotado é aquele que mais joga" (...) "para ela quase toda a actividade é jogo, e é pelo jogo que ela descobre e antecipa as condutas superiores" (...) "a fuga leva a criança para um mundo onde ela é toda poderosa, onde pode criar". Para Claparède, in Psychologie de l'enfant e pédagogie expérimentale, "o jogo é o trabalho, o bem, o dever, o ideal de vida. É a única atmosfera em que o seu ser psicológico pode respirar, e, consequentemente, pode agir" (...) Perguntar por que joga a criança, é perguntar por que é criança". Ou então, na palavra de Schiller "o Homem não é completo senão quando joga".

É óbvio que não estamos no tempo da "pedra - ardósia", do "lápis de pedra" e da esponja ou paninho! Os tempos são outros e os materiais também. Claro que isso é entusiasmante. Mas, atenção, nada de subjugar as crianças aos interesses das editoras e das empresas que colocam "coisas" no mercado que, no fundo, pouco ou nada adiantam. É isso que está a acontecer desde há muito! Apenas um exemplo: escrever, todos os educadores sabem, constitui um acto de coordenação óculo-manual. Certo? Pois no jogo infantil são inúmeras as situações que podem ser vividas para desenvolver essa habilidade que depende, em muito, da melhoria da motricidade fina. Tenho um neto que, um dia, tinha ele três anos, regressado da escola, disse-me: "avô, tenho de fazer os TPC". E o que eram? Muitos riscos, ora para a direita, ora para a esquerda, ora na vertical. Questionei-me, para quê, quando são inúmeras as situações, onde, através do jogo, na escola e em casa, é possível desenvolver essa plasticidade motora. O "caderninho de riscos" mecaniza (não torna o gesto doce e adaptado) aquilo que deveria ser uma capacidade adquirida através do jogo. 

Conclusão: aos 4 anos, não tenham pressa. Esqueçam esse condicionador programa e essa avidez de adulto em "produzir" à custa da criança. Tenham presente o texto do Psicólogo Eduardo Sá: "(...) aquilo que me preocupa é que mais escola, sobretudo como ela está a ser vivida, signifique menos infância e quanto menos infância, mais nos arriscamos a construir pessoas magoadas com a vida. Quanto mais longa e mais rica for a infância mais saudável será a adultez (...) os pais estão muito enganados ao pensarem que mais escola significa mais educação (...) neste momento a infância começa a ser perigosamente a escola e, de repente, há toda uma vertente tecnocrática como se o que estivesse em primeiro lugar fosse toda a formação e depois viver a vida. Isto é um absurdo". 

Um lamentável absurdo. Libertem, pois, as crianças, não lhes roubem o tempo de infância. 

Ilustração: Dnotícias - Google Imagens.