segunda-feira, 30 de setembro de 2019

TAP perde 2 aviões


A recente decisão do Tribunal de Comércio de França de ordenar a liquidação e o encerramento de todas as actividades da Aigle Azur, até às meia-noite da passada sexta-feira (dia 27 de Setembro), acabou por afectar a frota da TAP Air Portugal, que operava 2 aparelhos alugados à companhia francesa, o A319 F-HBAL (a voar sobre Espanha neste momento em voo não comercial), e o A320 F-HBIS (que já está em Teruel, um conhecido local de armazenamento de aviões), apesar das notícias inicialmente veiculadas de que estes aparelhos ficariam na companhia Portuguesa até ao final do contrato, que terminava no final deste ano.

Apesar da época mais crítica de Verão ter praticamente terminado, certamente que a diminuição da frota TAP em 2 aparelhos terá algum impacto que, esperemos nós, será rapidamente colmatada pela reorganização dos planeamentos, em especial nos voos para a Madeira, já que eram aparelhos usados com alguma frequência nos voos entre o continente e a nossa ilha, até porque a frota da companhia portuguesa tem sido alvo de algum crescimento e actualização nos últimos meses, não só no longo-curso mas, também no médio-curso, que já viu este ano a companhia receber 5 A320NEO e 5 A321NEO, onde se incluem 2 aparelhos do tipo LR, destinados a voos de longo-curso mas que têm sido utilizado igualmente em rotas mais curtas, como a Madeira, por exemplo.







sábado, 28 de setembro de 2019

CD...Sarilhos ou CD...Suicídio ?

Era homem como os outros; outros Aquiles andam por aí que são da cabeça aos pés um imenso calcanhar, Machado de Assis.
As Regionais de 2019 passaram-se, com resultados mais ou menos previstos, excepto a surpresa do desaparecimento do BE. O resto, foi paisagem. Partidos pequenos agrupados em torno de uma ou outra ideia que entra no ouvido ou lideres simpáticos, que caíram bem para alguns cidadãos. Pouco mais.

Da campanha, nada saiu. Ou melhor, saíram promessas virtuais, a promessa do actual Primeiro-Ministro de desbloquear verbas e outros assuntos que nunca o ex (DES)gr conseguiu resolver, atirando sempre culpas para Lisboa ( palavra dada, palavra honrada, Sr. Costa). E claro, percebeu-se que ninguém sabe fazer contas. Fora isso, mais do mesmo. Promessas e "trovas" que o vento leva. 

Se o Sr. Costa, cumprir o que prometeu à Madeira, o próximo governo, terá todas as possibilidades e mais alguma de fazer uma excelente governação. Não por eles, mas por Lisboa. O problema está aqui, neles, psd-M. Se até agora nada fizeram durante décadas, vão fazer agora e com a ajudinha de Lisboa que sempre disseram não ter? Boas relações com Lisboa são precisas e estas existirão com o psd-M ou PS-M ? 
Vencedores e perdedores cobiçam a vitória. A diferença destes não está no objectivo, mas sim nas condutas, anónimo
A necessidade de formar governo, contrário ao que muitos pensam, é necessária e urgente tanto para o psd-M, como para o PS-M, por razões distintas. O psd-M para sarar feridas e tornar-se de novo um partido. O PS-M para se tornar um partido. Arrisco em dizer, que implodem os dois, se passarem os próximos tempos apenas a debutar na ALRM.
Não houve um único partido que vencesse de facto e realmente as eleições regionais..Na noite de 22 a quente, tive a oportunidade de, num artigo para o DN Madeira, abordar na minha opinião, o resultado destas. Falei no PS-M e no psd-M. Vamos ao resto, agora.

psd-M – ganhou, perdendo
Teve mais votos e elegeu mais 2 deputados do que o PS-M. Facto. Mas perdeu. Perdeu porque a maioria foi-se; perdeu porque o respeito do povo foi-se; perdeu porque o líder do (DES)gr que tinha a coordenação do Porto Santo perdeu para o PS-M; perdeu porque mesmo usando e abusando de recursos públicos e voltando a transformar o (DES)gr como central de empregos, não obteve a maioria; perdeu porque o seu líder assim o disse, trocando o pedido de  "uma maioria expressiva e constante" do dia 20 por uma "vitória clara e real" na noite do dia 22. 

Aquele partido, está apenas unido por um conjunto de interesses e ouviu-se claramente um imenso suspiro de alivio, quando finalmente perceberam que ganharam por ....2! Festejaram como se tivessem tido uma maioria e logo ali disseram ao seu putativo "aliado", CDS-M, que este era um moço de fretes, tipo "office boy" para os próximos tempos. O CDS-M vai dar-lhes o tempo que necessitam para se recomporem ?
Se você pensa que lutar é mais importante que vencer, parabéns! Será sempre o 1° dos perdedores!, Mayke Franz.
PS-M – perdeu, ganhando
Tem um problema. O independente Cafôfo, levou o PS-M a um resultado que nunca teve. Vai ser para continuar? Para já, antevejo que vai ser difícil "gerir" 2 lideres, Um de facto, Cafôfo, que ganhou eleições na maior câmara da Região e levou o PS-M a resultado histórico nas regionais e outro virtual, Emanuel Câmara ( talvez um terceiro, Carlos Pereira se também tiver um bom resultado nas nacionais). São lideres a mais para um partido que está a renascer. Vai haver um tratado de "Tordosilhas" á la PS-M? Quais as conclusões a retirar, quando o líder virtual, perde o concelho onde lidera a câmara, Porto Moniz, para o psd-M ? Sejamos francos, se MA perdeu Porto Santo para Cafôfo como presidente do (DES)gr, que leitura se retira para Porto Moniz e Emanuel Câmara? A mesma, claro. 
Agora, daqui a uns tempos vêm as autárquicas e aí, quando o psd-M voltar com as feridas saradas, o que irá acontecer ao PS-M ?  Que coisa é essa, que não dá ouvidos aos mais experientes e deixa oportunidades passarem ... perderem-se ? Orgulho (de quê ? ) ou autismo ? A água, nunca passa duas vezes por debaixo da mesma ponte.

JPP- perdeu
Perdeu votos, perdeu um concelho e está transformado, caso o PS-M se constitua alternativa viável, a cirandar pela órbita deste, mostrando os músculos que não tem. É um partido local que apesar de boas ideias, morrerá localmente a prazo. Vai ser vitima do voto útil, se amanhã, o eleitorado continuar a perceber que, só votando no PS-M, o psd-M perderá. Mas o futuro "a Deus pertence" e amanhã, se o PS-M mostrar de novo que é apenas mais um conjunto de egos, talvez possa ir buscar o que perdeu hoje. Tem de crescer, (terá oportunidade ?) noutros concelhos, para ser regional. Mas para já perdeu para o PS-M o concelho de origem. Mau. Agora, depois de derrotado, "arrufou". Meninos mimados, não são precisos na politica da Região, mas homens de coragem e sobretudo de bom senso. Mais do que ter boas ideias, é preciso ter com quem as praticar. 

CDU-M, perdeu
Perdeu votos e já não tinha influência. Tem um candidato eleito (ufa !!!!!) simpático e bem aparentado, que não convence e em que ninguém vota desde as presidenciais. Vai perder mais, porque o tempo está contra a CDU-M, excepto para aqueles que votam ... porque sim. Penso que a CDU vai ser um "bibelot" do nosso sistema partidário. Fica bem ter comunistas numa assembleia. Mas pode acontecer um milagre. A implosão do PS-M. As autárquicas o dirão. Passamos pela era do vinil, do CD, entramos na digital pela internet e a CDU mantém-se na da cassete. Pena.

BE-M, perdeu muito
Confesso que gosto mais deste BE-M, de Paulino Ascenção, do que o BE das Catarinas e Mortáguas. Mas perdeu para o voto útil no PS-M. Nada a fazer. Vai ficar também à espera de novidades no PS-M.
O fraco, quando quer imitar o poderoso, perece. Fedro
Sobra assim, o CDS-M, que perdeu, vencendo
Na noite das eleições e dias seguintes, falou-se que o CDS-M tinha a faca e o queijo nas mãos da politica regional. Nada de verdade. O CDS-M ficou é com um sarilho entre mãos. Agora só tem que escolher (já escolheu, parece) qual dos sarilhos é o melhor ou menos mal para eles.
O sarilho de se coligar com um partido e um líder a prazo, que perderam eleições; ou o sarilho de uma coligação com o PS-M (criariam um problema nacional para Cristas). Mas vamos por partes.

Parte A - Coligação psd-M e CDS-M
Saíram da noite eleitoral, como grandes vitoriosos e como partido de impor condições. Começa-se a perceber, que nada disso vai acontecer. Entradas de leão, saídas de sendeiro.. Vão permitir o psd-M lamber e sarar feridas, a tal limpeza que AJJ pediu. Possivelmente a meio da governação vão ver MA “saltar” para a AR e ter PC como presidente do governo, permitindo ao psd-M “revigorar-se” e tentar nova maioria absoluta daqui a 4 anos. Mas, atenção ao PC de Câmara de Lobos ...

Na noite eleitoral, o psd-M já disse ao que vinha. Agora calou-se, porque fica bem, não desprezar o futuro aliado. Vejam-se as declarações saídas, dando por consumado aquilo que dirigentes do CDS-M diziam ainda estudar e a reacção dos órgãos de comunicação social afectos ao regime.

O CDS-M nunca crescerá retirando votos ao PS-M, ainda por cima quando depois de umas eleições deveras “assanhadas” a maioria dos habitantes da Região, pedia mudança. Também os do CDS-M. Vão tornar-se a muleta do psd-M, que será jogada fora quando o psd-M sair dos cuidados intensivos. Rui Barreto devia colocar-se na pele de um eleitor do CDS-M. É isto que ele pretenderia? Não. Mudança.
Os "ventos da História" estão a passar pelo CDS-M e este arrisca-se a ser apenas mais um rodapé na história da Região. 

Ao Rui Barreto “com a faca e o queijo nas mãos”, sucede-se o mendigo que pede apenas!!! 2 secretarias regionais e um lugar de destaque na ALRM, segundo refere a comunicação social. Se as Finanças, a Saúde, a Segurança Social e a Agricultura, por ordem decrescente, ficarem com o psd-M, o que fará o CDS-M com a Economia (mesmo com turismo incluído), Ambiente ou Equipamentos (o Hospital ?).

Quando existirem benesses, o psd-M fará de tal forma que o CDS-M será eclipsado e claro, nunca o CDS-M ficará alguma vez a presidir à Região, se tiver uma vice-presidência, porque a outra estará com o psd-M. O CDS-M entra num governo, já com muitos "boys" e sem "jobs". Vão mandá-los embora ? Ou serão apenas mais uns ... Veja-se agora a atitude do psd-M, ao contrário da do dia 22. Ouvir muito, falar pouco e vão escrever muito pouco. 
Vencedores e perdedores não nascem assim, eles são os produtos de como eles pensam, Lou Holtz
Parte B - A grande Coligação: PS-M e CDS-M (e JPP )
Havia outro sarilho, que o CDS-M evitou, parece. Coligar-se com o PS-M. Nacionalmente, seria difícil de explicar, mas regionalmente encontro algumas dificuldades em isto não acontecer. Sejamos coerentes, na Madeira como no Continente, o CDS-M só crescerá pelo psd-M e agora era a altura ideal de isto se conseguir. Toda a gente reparou que já não existe o PSD-M de AJJ, nem o psd-M de MA. Sem governo, não existe partido. Aquilo são meros interesses conjunturais. Sem governar, o psd-M parte-se, esfrangalha-se. Estão à mão de semear

Por outro lado, sejamos cínicos, se o CDS-M se coligasse com o PS-M, mais facilmente conseguiria e moderaria um governo, do que com o psd-M. Mais que não seja, porque ninguém percebia onde se estava a meter. Iam todos  à descoberta, iguais entre iguais (num governo de coligação o psd-M, parte em vantagem que nunca será recuperada pelo CDS-M, porque sabe tudo e vai dizer pouco ).


Por incrível que pareça, tanto o CDS-M e o PS-M querem o mesmo. Estar no poder e reduzir o psd-M à sua insignificância. Esse o grande medo do psd-M, que parece ninguém ter percebido.

Sem o psd-M. O CDS-M cresceria naturalmente à direita. Então porque se foram meter com um urso ferido de morte, mas não moribundo? Não existe explicação, excepto o pensar no curto prazo. E tentar, sim tentar, que para a próxima, o psd-M, revigorado, não os abocanhe. Alguém acredita numa AD Madeirense, sem homens do calibre de Sá Carneiro, Freitas do Amaral, Gonçalo Ribeiro Teles? Nem Rui Barreto é Freitas ou Adelino Amaro da Costa, nem MA, PC ou AJJ serão Sá Carneiro.

Ainda bem que não sou Rui Barreto. Se o fosse, ou o psd-M tinha de aceitar as minhas condições (finanças, Seg. Social e Agricultura e a presidência da ALRM) ou então tinha sempre o PS-M e com mais uma condição extra: "no jobs for the boys". E isso seria o começo de uma vida nova na Madeira.

CD ... Sarilhos ou CD ... Suicídio? Tem a palavra, Rui Barreto e que seja tigre, não uma ovelha.

OBS:
E se cds ou jpp tiverem um deputado “limiano”? Sobretudo o primeiro? Ai sim, seria  deveras interessante.

Para que Rui Barreto, seja um tigre, não de papel, aqui vai algo para lhe lembrar, que a "vida é feita de mudança, mesmo que a mudança nos leva a opções....estranhas"

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Roma não paga a traidores

O mundo vai acabar com uma coligação de direita na Madeira? Parece.

O PS defraudou os madeirenses e porto-santenses a quem pediu coragem para mudar. Mesmo assim, madeirenses e porto-santenses tiveram coragem.

Teve coragem o senhor de 93 anos que votou em Santo António. Teve coragem o senhor de 76 anos com quem falei ontem. Tiveram coragem todos os que entravam na secção de voto nº 20 em Santo António, felizes e determinados mas, os outros com expressão muito determinada, também tiveram coragem.

No sábado ao fim do dia escolhi a roupa para o dia seguinte. Era um dia muito importante e são coisas de mulheres. Procurei no meu vestuário um casaco que comprei em 2015 de estilo militar. Deixei tudo preparado enquanto ouvia Zeca Afonso – O povo é quem mais ordena, diz o refrão da música.
Domingo de manhã, acordei emocionada. Ao som de Zeca Afonso, vesti-me e dirigi-me à escola onde desempenhei a função de Presidente da mesa nº 20 com verticalidade e transparência, como poderão atestar todos os que me acompanharam ao longo do dia e foram muitos.

Porque não teve coragem o PS?
Só faltou coragem ao PS.
Faltou coragem ao PS para ouvir todos os partidos.
Faltou coragem ao PS para ouvir todos os avisos.
Faltou coragem ao PS para mudar o rumo da campanha.
Faltou coragem ao PS para sair da Praxis e do Sistema.
Faltou coragem ao PS para incluir TODOS os que desejavam uma mudança. E éramos tantos!
Faltou coragem ao PS para perceber o que estava em causa.
Faltou coragem ao PS para ouvir as vozes da experiência e não os esfomeados

Esta foi a campanha política mais baixa e repugnante a que assisti. Uns e outros arrogavam-se de ser mais do que os outros. O golpe baixo perpetrado ao JPP foi uma vergonha! O resultado não seria outro, mas foi baixo. No pós-eleitoral, vemos que caiu o verniz e alguns são piores do que se imaginava e as verdades de antes são mentira agora.

Ninguém ganhou. Perdemos todos. O hemiciclo ficou mais pobre e paralelamente tão mais igual que o anterior.

A democracia funcionou e o partido mais votado deve governar. Como ganhou já pouco importa.
O POVO é quem mais ordena!
Ao CDS eu desejo coragem.
Ao JPP eu desejo coragem.
À CDU eu desejo coragem.
Ao PSD e ao PS eu desejo que saibam estar e que cumpram com elevação o cargo para o qual foram eleitos.
A todos os madeirenses e porto-santenses eu desejo resiliência.

Vamos dar a volta a isto, mas com gente decente e que esteja verdadeiramente preocupada com o BEM COMUM!

Escrevo este artigo ao som de Zeca Afonso, enquanto me escorrem lágrimas cara abaixo. Há gente muito inapta na política a vegetar e a nos conduzir por maus caminhos que todos vamos pagar mas por norma, quem governa passa ao lado. Não são lágrimas de tristeza, são lágrimas de determinação! Há cada vez mais determinação no povo da Madeira! É o que fica desta eleição!

CORAGEM!

A democracia posta à prova

O nosso sistema parlamentar dentro daquilo que se pode ver pelo mundo fora onde se experimentam outras formas de expressão democrática, parece-me ser que é o mais interessante. Claro que nada nos deve tapar a visão e não ver que ele acarreta problemas e desafios constantes. E perfeito não é nem nunca será.

Porque considero ser o mais interessante? – Porque vejo que os nossos destinos podem ser governados na base do debate e do diálogo parlamentar frequentes. Não é um homem só que manda, mas um conjunto representativo eleito pelo povo. É sempre com imensa pena que se esvazie a diversidade e a representatividade. Quanto mais abrangente for esse conjunto melhor. Os maiores partidos predestinados para governar (mandar), não gostam dessa diversidade e representatividade. Ela não lhes permite o poder absoluto (que eles chamam eufemisticamente de estabilidade). Para o povo quanto mais diversidade representativa melhor, porque resultará daí um debate bastante alargado antes chegarem as melhores soluções para problemas.

Estamos numa fase interessante da nossa vida democrática na Madeira. Habituados a ser governados por um partido que foi colhendo consecutivamente maiorias absolutas, agora o mesmo partido recebeu do eleitorado o mandato para formar governo, mas em minoria parlamentar. É estranho para alguns que o mesmo partido tenha ganhado tantas vezes. Pois, estes só sabem da Madeira destes últimos 40 anos.

Mas nós madeirenses porque sabemos o que é a pobreza e o abandono, não estranhamos. Só quem sabe e passou, compreende o que é ter que viver sem luz elétrica, sem água potável canalizada, ausência completa de vias de acesso ou outras infraestruturas básicas, a educação que era só para ricos, o analfabetismo generalizado, a escravatura do regime da colonia, as famílias desfeitas pela emigração, o sistema de saúde miserável e tudo aquilo que podemos beneficar hoje… As mudanças que levaram ao fim desta miséria, gerou um sentimento coletivos de eterna gratidão para quem foi o rosto da chegada deste progresso.

À conta desta eterna gratidão. Muita maleita se foi fazendo. Havia as costas largas protegidas pelo eleitorado para fazer tudo que apetecesse. Mas, esse tempo acabou. As pessoas vão sendo outras, hoje as ideias estão na cabeça de pessoas diferentes, os jovens não sabem desse passado e vai caindo no esquecimento a época da viragem e mais ainda quem foram os protagonistas dessa viragem histórica. Por isso, os resultados eleitorais vão sendo outros, os propósitos e vontades também mudaram. Daí considerar que estamos numa outra fase da nossa história democrática que é preciso saber ler, adaptar-se a ela e corresponder à vontade dos eleitores (do povo em geral).
Esta nova etapa recusa maiorias absolutas, não votou em coligações e disse que pretende um governo minoritário, que seja capaz de colocar no centro da governação o diálogo e o debate parlamentar. Aqueles que sejam os responsáveis pela violação destes sentimentos coletivos, que se preparem, porque no devido momento terão a resposta em conformidade.

Por isso, eu como cidadão eleitor, que nunca deixou por mãos alheias a responsabilidade do seu voto, desejo muito que tenhamos uma legislatura de quatro anos de debate forte e vivo permanentemente. Almejo um governo, mesmo que minoritário, que vá frenquentemente (até quotidianamente se necessário à casa da democracia) negociar lei a lei, proposta a proposta, uma por uma, com os parceiros da direita ou da esquerda. Não importa com quem se fala e se negoceia em democracia, o mais importante são as soluções quando são benéficas para toda a população.

Estamos no momento propício para fazer da famigerada má fama do nosso Parlamento Regional ( quem não se lembra da «casa de loucos»), o espaço central das nossas vidas, onde o confronto de ideias se torne o pão nosso de cada dia. Ali se deve escalpelizar tudo o que diz respeito a todos, sem medos e com total transparência. Esta vontade que alguns manifestam em querer mais uma maioria a governar-nos (tudo em nome da estabilidade, dizem) levanta suspeitas e prova o quanto se deseja estar comodamente no poder, sem atrapalhos e sem desafios. Temo tudo isto, ao ponto de estar a advinhar, mais cá mais lá, as mesmas políticas, a mesma distribuição de dinheiros públicos e as mesmas benesses, mesmo o que se disfarce que vão ser partilhadas por mais um partido. 

No fim, vamos ter mais do mesmo a favor dos mesmos contra a maioria que manifestou desejo de que tudo se alterasse. Se assim for, previnam-se os responsáveis, porque o povo não é idiota e sabe pacientemente esperar pelo momento certo para dar a resposta. Viva a democracia que pretende quebrar o enguiço do absolutismo, as humilhações dos adversários e abrir o caminho onde ninguém fica para traz e conta conto todos, porque todos são expressão do coletivo do eleitorado. Isso é democracia a sério, cujo alicerce é o respeito pela diversidade.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Condor segue em frente?



Condor emite declaração relativamente à continuidade de operações.

A falência do grupo Thomas Cook caiu como uma bomba, no início da semana.
No entanto, esta situação apenas terá apanhado desprevenido os mais distraídos, já que era algo esperado há algum tempo e cuja resolução, dependente de negociações cada vez mais desesperadas e improfícuas, se adivinhava pouco provável.

O gigantesco grupo Britânico, com 178 anos, englobava todo um império internacional, sendo uma das faces mais visíveis as suas várias companhias aéreas que, tal como tantas outras situações no mundo empresarial, se entranhava numa autentica teia de participações, sociedades e burocracias empresariais, financeiras e legais, pelo que acaba por tornar-se algo difícil perceber as consequências exactas da falência do Grupo Thomas Cook, relativamente às outras empresas, nomeadamente as companhias aéreas.

No que toca à parte aérea, a única coisa efectivamente clara neste momento é o fecho da Thomas Cook UK. 
Resta a Thomas Cook Scandinavia, que opera para a Madeira, e que depois de uma suspensão dos voos por 2 dias, voltou hoje aos céus, com declarações de intenção de continuar a operar e a Thomas Cook Balearics, que continua a voar, efetuando voos para a Condor.

A outra companhia do Grupo Thomas Cook, que também opera para a Madeira, com uma importância realmente vital no mercado alemão, especialmente depois das falências da Air Berlin e Germania e que foi sempre alvo de "desdramatização" por parte dos responsáveis locais pelo Turismo, é a igualmente alemã Condor, que continuou a voar ao longo destes dias, com declarações dos responsáveis demonstrando a intenção de continuarem a operar como habitualmente e pedirem um empréstimo, com o aval do Governo alemão, para assegurarem a liquidez necessária às operações dos tempos mais próximos.

Tanto a Thomas Cook Scandinavia, como a Condor, sempre mantiveram alguma independência a vários níveis da casa mãe, além de apresentarem de forma reiterada resultados financeiros positivos.

Alguns dos voos Condor, que se efetuam para a Madeira, às quintas-feiras, imagem que demonstra bem a importância da companhia entre nós

Durante a tarde de hoje, a Condor emitiu um comunicado, indicando que tinham recebido uma promessa do Governo Federal Alemão e do Governo do estado de Hesse para o apoio a um empréstimo de seis meses, no valor de 380 milhões de euros.
Este compromisso é um pré-requisito para que a Comissão Europeia aprove o mesmo. Apenas após uma decisão positiva por parte de Bruxelas, o KFW, um banco de desenvolvimento estatal alemão, poderá efectivar o empréstimo, que se destina a fornecer a liquidez necessária a dar o salto em frente e manter as operações.

Entretanto, a companhia alemã já despoletou procedimentos legais de modo a ficar protegida de eventuais reclamações, indemnizações e pagamentos resultantes da insolvência da companhia mãe, Thomas Cook.
Voltando a garantir que tudo corre como previsto, sendo a Condor uma empresa lucrativa e com excelentes perspectivas, os administradores deram conta da criação de um comité provisório de credores, que será nomeado para representar os principais grupos de credores, como fornecedores, funcionários e operadores aeroportuários.

Ficamos então a aguardar os próximos desenvolvimentos, bem cientes da gravidade da falência de uma companhia como a Condor, que depois da Air Berlin e Germania seria uma grave perda no mercado alemão da Madeira, até porque as nuvens negras avizinham-se de uma outra companhia que voa igualmente para a Madeira, essencialmente em voos charter, a checa Smartwings, que sofre os constrangimentos resultantes de ter neste momento uma frota de aparelhos Boeing 737MAX parada, a aguardar resolução da situação bem conhecida nestes aparelhos, por parte do fabricante norte-americano.




segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Filme A Herdade


1. A Sinopse do filme é a seguinte. João Fernandes (Albano Jerónimo) é o patriarca de uma abastada família tradicional portuguesa. A herdade de que é proprietário situa-se na margem sul do Tejo e é um dos maiores latifúndios da Europa. A vida dele, assim como o local onde sempre viveu, é um espelho de Portugal. Percorrer a história de João, desde os princípios da década de 1940 até à actualidade, é contextualizar a vida social, política e financeira de um país inteiro. É o ambiente obscuro da política de Salazar que contagia todas as classes sociais e que mantém um controle cerrado sobre toda a vida social. Esta é a história de uma família da segunda metade do século XX em três actos: 1946, 1973 e 1991. João quer a sua Herdade fora da política e para ele não há diferença entre fascistas e democratas. Qualquer um que pretenda lhe dar ordens é um inimigo que ameaça os seus domínios que resultaram do seu esforço e trabalho.

2. O produtor do filme é o incontornável Paulo Branco, com argumento de Rui Cardoso Martins, "A Herdade teve a sua estreia mundial na competição oficial do 76.º Festival de Veneza, onde o realizador Tiago Guedes ("Coisa Ruim", "Entre os Dedos", "Tristeza e Alegria na Vida das Girafas") foi distinguido com o Prémio Bisato d'Oro da crítica independente para Melhor Realização. Também está representado no Festival de Toronto, onde é o primeiro filme português seleccionado para a secção Special Presentations.

3. Para além de João Fernandes como protagonista, o filme conta também com Sandra Faleiro, Miguel Borges, Diogo Dória, Victoria Guerra, Teresa Madruga e Ana Bustorff, entre outros. Todos com excelentes interpretações.

4. Fiquei maravilhado com este filme. Saliento mais quatro momentos que considero essenciais para percebermos a mensagem do enredo, que envolve o espectador tanto pelas histórias e tanto pela técnica de filmagem. Estamos perante cinema a sério. Não admira a consideração e prémios que vai colhendo nos vários festivais por onde tem passado.

5. Primeiro considerando. A obsessão para salvar e preservar a Herdade fora dos apetites obsessivos da política salazarenta da época, vai resultando em sucessivas tragédias pessoas e familiares. A frieza de João é impressionante, embora se entremeie com alguns acessos de bondade e compaixão pelos fracos (até pelos seus trabalhadores que dado contexto da época subsistiam sobre o jugo da exploração). As mudanças do 25 de Abril trazem desafios à Herdade e ao seu proprietário que parecendo apreensivo vai procurando encaixar-se ao sabor dos novos ventos que passam. Não se livra, porém, de perder a família e ouvir finalmente a esposa dizer-lhe olhos nos olhos “quero o divórcio e metade da Herdade”. Eis o topo das perdas de João Fernandes que sai descontrolado pelos campos da Herdade a galope no seu cavalo de estimação que ao tropeçar fica ferido exigindo assim de João o golpe final. Vimos João abater a tiro o seu bem mais preciso da sua herdade, o seu belo cavalo.

6. Porém, o segundo considerando entra-me pelos poros, há valores mais altos que se levantam. A maior parte do filme passa-se, digamos assim a 24 de Abril, na alvorada da revolução do 25 de Abril. A revolução está a chegar, os protagonistas participam no copo de água do casamento da irmã de Leonor naquele ambiente aristocrático dos velhos tempos da ditadura, elas são filhas de um chefe da Pide. Curioso que João e Leonor quando regressam a casa de madrugada, é já a noite de 24 para 25 de Abril, ouvem a “Grândola Vila Morena” na rádio.

7. No terceiro momento fixo-me no argumento, na fotografia e na técnica de filmagens (grandes planos, os fundidos e os travelling’s são magníficos que o ecrã em 2D dá-nos a sensação que estamos dentro de um veículo em movimento). Brilhante e bem conseguido todo o aparato das filmagens, que faz da câmara uma autêntica bailarina que se enche de imagens deslumbrantes de um Alentejo quanto de belo como de misterioso, que nos põe em movimento, embora estejamos sentados a ver o filme.

8. Quarto momento essencial para mim. Admirei sobremaneira a posição frequente de observadora de Leonor, esposa de João, o latifundiário, a tudo o que se passa à volta do enredo do filme e com as voltas do seu marido e dos filhos. A filha Teresa enamorada pelo filho do capataz, um ébrio diário, esposo da ama (Rosa) dos filhos de João e Leonor, mas que se aconchega frequentemente com o patrão (o enredo vai dado sinais que nos convencem quem é o verdadeiro pai do filho de Joaquim e Rosa). O filho de João e Leonor, Miguel, cresce sob a dureza do pai a maior parte do tempo anda indiferente em relação ao filho e se lhe deita os olhos é para agir com crueldade. Um filho que à medida que cresce vai manifestante absoluto desprezo pelo pai.

9. Os olhos de Leonor são uma autêntica câmara a percorrer as palavras, os gestos, as posições de mandante do seu esposo. Percorre todo o filme, expressando nos seus olhos, o que vê e sente com o bom e o daquilo que vê. Uma particularidade deste filme, a interpretação soberba da belíssima atriz Sandra Faleiro. Enfim, quem puder que vá ver o filme, vale a pena.

Comentários Gnose no Diário de Notícias


    

Inauguração de um tempo novo (LINK)

O tempo da campanha eleitoral para as eleições Regionai de 2019, para mim terminou com esta frase a bailar no meu pensamento: «Não há nenhum mal em passar um processo de mudança, nem de bem em ser um produto que emerge dela» Marco Aurélio (Imperador Romano). A conclusão que cheguei, é que tudo depende da mudança.
Muito bem. Nada de novo. A democracia a funcionar. Os eleitores escolheram. Essa dinâmica idiossincrática da democracia é soberana. Por isso, merece ver correspondida a sua intenção e desejo.
O povo e, particularmente, os eleitores votantes não merecem ser defraudados nem enganados e muito menos merecerão sofrer porque não são cumpridas as promessas e as expetativas que os vencedores fizeram emergir no coração daqueles que votaram neste resultado.
Os resultados aí estão para vermos que ninguém teve maioria absoluta e isso na Madeira é relevante, dado que passou mais de 40 anos a ser governada por um partido único que obteve consecutivamente maiorias absolutas em quase todas as eleições.
O mesmo partido habituado a governar sozinho e que desta vez vai ter que aprender a conjugar o verbo negociar e o verbo dialogar.  Imagino que isso seja uma derrota. Por isso, advinham-se tempos difíceis politicamente falando numa região habituada à hegemonia de um partido único que, tudo indica, só sabe governar sozinho.
O que importa mesmo neste momento é salientar que hoje inauguramos um tempo novo que se deve caraterizar pelo diálogo, as negociações frequentes. É uma mudança e eu gosto desta luz que vai proporcionar uma abrangência maior que vai beneficiar todos e menos aquelas minorias dos poderosos que beneficiam sempre do poder hegemónico.
Está provado que o poder exercido por partidos únicos, perde sempre o povo em geral e ganham sempre apenas alguns. O poder em democracia em sentido único facilmente se corrompe, porque também facilmente se absolutiza. Rebusco o chavão – que acho ser verdadeiro - o poder absoluto corrompe absolutamente. Por isso, está é a noite, em que o verdadeiro vencedor destas eleições regionais 2019 é o povo da Madeira. Está de parabéns o povo eleitor madeirense pela sua clarividência e sabedoria.
Os partidos pequenos emergentes, os contestários e os que são resultado de alguma brincadeira, desaparecem e restam-nos os partidos mais ou menos habituais que nos inspiram alguma seriedade. Os partidos pequenos tradicionais trazem-me algum lamento os seus fracos resultados, porque poderiam marcar diferenças mais significativas na governação e no debate parlamentar.
Uma palavra sobre a abstenção. Felizmente baixou e vi in loco o movimento que a afluência às urnas promocionaram no local onde votei. Ainda bem, sinal de maturidade e que estamos em crescendo na consciência de que o governo democrático é uma realidade que diz respeito a todos, por isso, todos devem concorrer votando pela orgânica e governo do bem comum. Ainda bem.
Por fim, um bem haja a todos os votantes. Aos que ainda não perceberam a importância da sua participação democrática votando, faço o apelo para que se convertam à ideia que só participando melhoramos a vida de todos. O que nos compete fazer não se pode deixar por mãos alheias.
    

O PSD-M ganhou, perdendo (LINK)

O povo é soberano. O PSD-M ganhou, mas formará governo? Não foram os melhores, apenas os mesmos de sempre.  E perderam.
Tempos difíceis estes onde a clivagem entre a oposição e o poder, nunca foi tão intensa, num exacerbar de paixões, onde amigo esteve contra amigo, a linguagem excedeu os limites, o terrorismo verbal, físico e de rua imperou, a utilização das redes sociais foi intensa, com a criação e multiplicação de “fake news” e insultos gratuitos. O PSD-M aqui ganhou por maioria.
Também um tempo de mudança. Porque o PSD-M, ganhando perdeu tudo. Uma perda irreversível.  A da respeitabilidade e a maioria. Nunca tantos se manifestaram, direta ou indiretamente contra o seu regime. Ruturas existiram, o líder questionado e o respeito do povo foi-se.
Já não é um partido de medo, é um conjunto de medos: medo de perder um ordenado, medo de perder um interesse, medo de perder status, medo de procurar emprego, medo …. Evidenciou fragilidades e mostrou que é um grupelho de interesses egoísticos dispares. O PSD-M que Albuquerque quis renovar(?), não existe. Sob pressão, são terroristas, trauliteiros. As declarações de MA e AJJ falam por si.
Numa campanha pobre em ideias, nunca se falou na Saúde, Educação, Emprego, Economia, Finanças, Segurança Social, integração e Ambiente. O PSD-M fugiu. A oposição, demonstrou as debilidades normais. Demasiadas ideias e avulsas. Os próximos 4 anos já financeiramente condicionados e os próximos 5, 6, 7 e 8 anos, não foram debatidos.  Ninguém falou no futuro. Apenas no agora e em promessas virtuais. Todos foram autistas, ninguém faz contas.
O PSD-M usou tudo para a obter a maioria: Inaugurações, festas, pagamentos atempados de ordenados, distribuição de benesses, os luso-venezuelanos, recursos públicos… Mas só forma governo e se formar o Diabo vai manter-se. O mérito fugirá. Manter-se-ão os inúteis.
O PS-M perdeu, vencendo. Perdeu por culpa própria. Os erros recentes das europeias mantiveram-se, o discurso fraco e não conseguiu fazer face a profissionais da “rasteira”. Agora é pensar o futuro, porque o futuro não é do PSD-M.
O CDS-M será a muleta do PSD-M? Se assim for, pensam no curto e não no longo prazo. E esqueceram desagravos. Vão branquear governações que criticaram?
Uma Grande Coligação é necessária. Será desta que os interesses da Madeira prevalecerão perante egos e interesses mesquinhos?
O PSD-M ganhou. Parabéns. Mas perdeu.
CARLOS VARES •  08:05
    

Democracia agridoce (LINK)

O PSD-M ganhou mas sem quero, mando e posso, o resultado foi curto. Se a Renovação rende pouco, também os Jurássicos estão em decadência, resta a ninhada. Cafôfo canibalizou a esquerda mas não a direita e podia …
O PSD-M vai estagiar outras formas de estar na política através de uma coligação, se Albuquerque for como Passos fica sem ela. Acabemos a crispação com Lisboa que não traz benefício à Madeira e cria estigmas sobre os madeirenses. O PSD-M deve acabar o isolamento porque vêm aí problemas sérios para a Madeira. Agora podem dizer a verdade.
Apesar dos avisos de Jardim, o PSD elegeu quase todos os generais da Renovação que instituíram uma forma de estar na política que infestou o PSD e a Função Pública. É com esta matéria-prima que conta para os seus “consertos em estaleiro”. Um PSD capturado por interesses pessoais e corporativistas nunca voltará ao partido basista de sucesso e gastará cada vez mais fortunas para resultados paupérrimos.
Paulo Cafôfo teve um bom resultado, era impossível não o ter com saturação do povo e a excelente conjuntura mas sabe a pouco. Nunca combateu a narrativa surrealista do PSD, com culpados e papões para impor o medo e um bloqueio mental aos fragilizados.
O professor de história foi surdo e não valorizou elementos essenciais para a sua vitória. A matriz ideológica dos madeirenses é a social-democracia, não havendo líderes ou partido à altura, cabe a quem os quer seduzir alcançar como pensam. Cafôfo não soube lucrar com as divisões do PSD-M e ter umas luzes de como se constrói uma máquina partidária que o PS não tem. Quando António Costa e até Catarina Martins andam a seduzir o voto social-democrata nacional, Paulo Cafôfo foi autista. Usufruiu q.b. dos votos social-democratas ao longo de algumas eleições, depois, enquanto “Independente socialista”, arruinou uma provável vitória de maioria absoluta, ao aceitar quadros de um lóbi, quando a população queria despachá-los e tinha toda a sociedade civil disponível. É o momento da perda do apoio que lhe fez a diferença nas Regionais. Não tem motivos de queixa, até a esquerda se anulou para lhe dar a vitória. É Paulo Cafôfo que tem de render mais e alcançar o que lhe sopram. As eleições disseram que, apesar de tudo, Albuquerque com os mesmos generais Renovadinhos e uns recauchutados, é melhor do que Cafôfo.
Os madeirenses devem entender como estão a ser explorados por muita política regional corporativista. A redução da representação parlamentar na ALR significa mais influência dos DDT na Madeira, é ver em quem apostaram. A demografia vai continuar a mingar, a emigração vai prosseguir, os pobres vão aumentar, a classe média passará ao lado destes partidos papões e nós vamos definhar porque todos negoceiam nas costas do eleitorado. Que não se descubra que os luso-venezuelanos estiveram em contra-ciclo porque isso significa xenofobia (devem ler um texto da Gnose), fomentada pelo PSD com a difusão do medo da esquerda. Com os seus exageros, o PSD-M criou uma dualidade perversa aos luso-venezuelanos. Aqueles que preferiram viver no continente têm um Governo de esquerda a acolhê-los, apoiados por BE e PCP. Desculpem que vos diga, toldaram-vos a cabeça.
Finalizada a campanha vamos discernir, veremos de onde sai o dinheiro para tanta promessa e os tópicos que são lixo. Vamos aguardar pelos próximos dias, os "esfomeados" podem produzir grandes surpresas …

sábado, 21 de setembro de 2019

22 de Setembro de 2019.


Eu não voto por rótulos. (...) Eu não quero saber das campanhas eleitorais para nada. Eu quero saber das ideias que as pessoas têm e da maneira como depois as vão defender e praticar, Agostinho Silva.
Nas vésperas de eleições, normalmente o politico utiliza os velhos chavões “ os próximos 4 anos serão determinantes….”; “ esta é a altura de votar na diferença e na mudança….” ; “vamos manter o rumo… “; “somos a diferença…”; Miguel Albuquerque utiliza todas. Paulo Cafôfo a segunda e a ultima. Queremos um  360º em atitude, determinação e governação, ou um 180º dos mesmos ?

Amanhã vota-se na Região Autónoma da Madeira. E os nossos votos, vão ser determinantes para mudar o sistema politico actual na Madeira ou para o manter. 

Quer se queira ou não, é no PS-M e no psd-M que se vai jogar o futuro da Região. É em Paulo Cafôfo, ou em Miguel Albuquerque. Será no dinamismo e na mudança de espírito, ou no amorfirmo e seguidismo ? Será em quem pensa diferente, ou em quem pensa igual ? Será na independência económica ou será na dependência económica actual de Lisboa ? Será num governo de, para e pelo Povo ou será num governo de e para alguns ? Será na liberdade decisória de governo ou na dependência decisória do actual governo ( Ginjas ? ) ? Em resumo, Será no mérito ou será na cunha ? No melhor ou no amigo/afilhado ? No povo ou no monopólio ? 

Pela primeira vez na minha vida irei votar, onde nunca votei. Não sei se será a primeira e ultima vez, ou se será a primeira de muitas ( autárquicas, regionais, nacionais e presidenciais são diferentes ). O tempo e a minha consciência assim o determinarão. Não voto útil na mudança, voto porque uma mudança é necessária.. Ares novos precisam-se na Madeira, Pensares diferentes. Valores distintos. Fazeres distintos. E tal como confesso este desiderato, também confesso que serei também o primeiro a questionar se a mudança, mantiver o rumo actual do psd-M, ou demonstrar que é apenas a outra face da mesma moeda. O meu voto e de todos, não pode e deve ser desperdiçado em inutilidades..

Como muitos dos nossos compatriotas luso-venezuelanos, nasci fora de Portugal, em Angola. Tive família em Angola e Moçambique. E como muitos compatriotas luso-venezuelanos, saímos de lá sem dinheiro e para mim, meu irmão, primos,... rumo a uma terra desconhecida. Como muitos dos nossos compatriotas luso-venezuelanos em relação à Venezuela ditatorial de Maduro, muitos de nós abominaram as desgraças cometidas no nosso País em 74, 75, 76 pelas esquerdas radicais e sobretudo pela ausência de opinião de uma maioria, Spínola chamou-a de silenciosa, que abominava tudo o que acontecia e era determinado em Lisboa. 

Também na altura, apontámos o dedo às nossas Forças Armadas e à sua inacção na defesa de negros, mestiços, brancos, perante grupos de bandidos ( não de lutadores pela liberdade ), que nos ameaçavam e a todos portugueses, qualquer que fosse a sua raça, credo ou condição.

A Angola da minha infância tinha a Coca-Cola, que no Portugal continental, era proibida ! Tinha electricidade, que no Portugal do interior, não existia. Tinha uma forma de ver a educação, que o Portugal do interior não tinha ( fui o primeiro da "minha classe" em Campo de Besteiros a cursar ! O meu avô materno, achava que com 14 anos, cursar era um desperdício e que devia era estar na carpintaria a trabalhar com ele, porque os meus pais não tinham posses). Métodos diferentes de pensar. Como agora na Madeira. Manter e esconder a ignorância, o mérito ? Ou olhar e fazer de forma diferente ?

A Venezuela de Maduro, não é a Lisboa de Soares, Sá Carneiro, Freitas do Amaral, Sampaio, Sócrates ( sim, por isso está ás portas da prisão ), Durão ( que fugiu ), Cavaco, Ramalho Eanes, Cristas, Costa, Catarina Martins, Louçã,  Jerónimo, Paulo Portas, Lucas Pires, Monteiro, Guterres, Mota Pinto, Marcelo Rebelo de Sousa e tantos outros. 
Também não é a Madeira de AJJ e MA  ( mesmo quando se dizem socialistas ),de Rui Barreto, Paulino Ascenção, Edgar Silva, Rafael Macedo, Miguel Teixeira, Joaquim de Sousa e outros. E seguramente não é a de Paulo Cafôfo.

Porque foi professor, Cafôfo tem uma vantagem, perante MA, Este ultimo, apenas trabalhou no partido e como empresário foi uma completa nulidade, Cafôfo conhece a realidade regional e sabe fazer contas ao ordenado, como muitos fazemos, fizeram e farão.  Entre quem tem de saber o preço no mercado de 1 kg de banana e aquele que apenas come "fillet mignon" e manda a conta para outros ( nós ), prefiro o primeiro.

O psd-M faz por confundir na Madeira, com fins meramente eleitoralistas, aos nossos compatriotas luso-venezuelanos, a Venezuela de Maduro, com o Portugal de Marcelo Rebelo de Sousa e de Costa. Demonstra apenas a baixeza de um partido, que pretende governar sem isenção, uma Região que pertence a todos. Um partido maroto, porque também não diz, que o dinheiro que os luso-venezuelanos recebem, vem na sua maioria de Lisboa. Da Segurança Social. Do orçamento de estado nacional, não do orçamento regional. O psd-M jogou uma carta perigosa, a da xenofobia e vai ter um problema: explicar porque não quer Luso-Venezuelanos na Madeira. Vejam-se declarações de Jardim e MA no início das diversas crises na Venezuela. Incrível como a oposição deixou escapar e não jogou com isto. 

Não vi Costa a acicatar a comunidade madeirense luso-venezuelana em Aveiro ou Ílhavo, onde são procurados pela sua qualidade, mão de obra especializada, formada e onde também muitos criaram as suas empresas, padarias, talhos, pastelarias, mercados……, obrigados e chamados para ali, porque na Madeira, o governo que agora os tanto aprecia e o partido que agora os adora, mandaram embora.


A Venezuela de Maduro, seria mais do tipo Rosas Coutinhos, Vascos, Arnaldo de Matos e quejandos, se o povo português deixasse. A Venezuela de Maduro, e o psd-M de AJJ e Albuquerque,  possuem pontos comuns. Não gostam de terem opositores e pensam que a violência e a coerção, resolvem tudo. “Porrada para cima deles” disse agora AJJ; “São idiotas aqueles que não votam psd-M” disse Albuquerque. 

O voto de amanhã, não irá condicionar os próximos 4 anos da Madeira, porque os próximos 4 anos já estão condicionados, pelas práticas de ingovernabilidade do actual e anterior executivo. Os próximos orçamentos regionais já estão condicionados em pelo menos 32%.
O voto de amanhã, vai é condicionar o governo da Madeira dos anos de 2024, 2025, 2026 e 2027. Se o psd-M ganhar, as mesmas práticas de ( ausência) gestão manter-se-ão.. O psd-M mostrou que não sabe governar.
Saúde, Educação, Emprego, Economia, Turismo, Qualidade de vida e Ambiental continuarão a cair. Porque ninguém acredita que seja agora que  o psd-M mudará. Apenas aqueles que acreditam no Pai Natal.

A “betonização” económica será mantida. Talvez por isso, porque existe quem precise de dinheiro, MA e o psd-M, talvez por imposição externa, querem fazer o alcatroamento da estrada das Ginjas, no meio daquilo que é um património não só Regional, não só Português, mas da Humanidade. Como disse em cima, este foi um governo dependente, liderado por um dependente (não me refiro a drogas, que invocou). Liderado por alguém que é considerado dos políticos mais ricos do país (revista Visão ).

Em suma, vou votar pela mudança na Madeira. Um voto, entre outros tantos. Sozinho, não fará diferença, junto com outros, fará muita. É a primeira vez, mas a vida também é feita de mudanças e a mudança é necessária na Madeira.

Se o PS-M conseguir formar governo, ficarei e muitos outros, contente e com a convicção de que muito "choro e ranger dos dentes", haverá. naqueles que comem e foram habituados no "fillet mignon" e faço votos que consigam desembrulhar a teada financeira montada por este e anteriores executivos. 

Se o psd-M ganhar e formar governo, formulo desde já votos que seja feliz na governação futura. Que seja mais realista e sobretudo que faça o que nunca fez: que governe para todos os Madeirense, não só para alguns.

No dia 22, amanhã, o povo decidirá..E dia 23, será mais outro dia. A vida não acaba, mas poderá ser ou a mudança que se pede, ou a continuação do status que não se pretende.



Mas de uma coisa, já temos a certeza. O psd-M vai PERDER. Mais que não seja, porque já não tem o respeito da maioria dos madeirenses. O medo  deixou os Madeirenses; porque deixou de ser um partido sendo apenas um grupo individual e egoístico de interesses. 

Hoje estamos a reflectir, diz o nosso injusto sistema eleitoral. Não se pode dizer onde se vota, mas pode-se ser filmado e fotografado com cartazes, bandeiras a apelar ao voto num partido. Os cartazes devem ser retirados, mas muitos esqueceram-se de o fazer. O sistema eleitoral português, diz que o povo é burro. 

Tenho muita pena de não poder dizer em quem vou votar. Mas sou do Sporting..

OBS

Tive ao longo deste tempo, em artigos ou “posts” que produzia/escrevia, várias réplicas, comentários. Na sua maioria boas, algumas a emendar algo que escrevi ( e emendei ), outras ainda que ajudaram mais o que escrevi e muitas que apoiaram os meus escritos. O meu obrigado.

Mas também tive outras menos boas. Destas, a sua maioria foram de ameaças pessoais, familiares, financeiras,…. Infelizmente de perfis falsos. Umas bengaladas à moda de Eça e o assunto seria resolvido. Mas é politicamente incorrecto e são cobardes. Foram muitíssimo poucos, os que me responderam com o seu nome. Destaco Cunha Vaz. Confesso, que apreciei bastante as “trocas de galhardete” e “mimos” trocados. Cada um na sua, CV também por obrigações profissionais, mas sempre com respeito. E é assim que se faz a diferença. Pena que o psd-M que ajuda e para onde trabalha, de respeito nada saiba.


Porque hoje e amanhã serenidade é precisa, Maria Callas em Avé Maria de Schubert.