quinta-feira, 27 de junho de 2019

Raio X: Deus e César na Madeira


Num mês em que o presidente do Governo garantiu não interferir no domínio do religioso e na vida da Diocese, quisemos saber se a relações entre Igreja e o poder político na Madeira são de facto equidistantes. O 'Raio X', hoje assinado por José Luís Rodrigues, retrata momentos de cumplicidade que devem dar lugar à cooperação exigente
R.O.
Muitas vezes os sentimentos e os pronunciamentos de muitos responsáveis católicos vão no sentido das políticas de direita, mesmo que o Evangelho esteja mais à esquerda e Cristo tenha sido um verdadeiro «revolucionário», um lutador contra a opressão dos mais fracos e das vítimas da religião e da política. Deve ter sido por isso que Nietzsche sentenciou que Cristo fez um Evangelho e a Igreja Católica fez um (des)Evangelho.

O teólogo Leonardo Boff disse-o com toda a clareza: «A Igreja sempre fez política, pois está na sociedade. Mas fez política de direita». A realidade ilustra com toda a clareza esta constatação, sempre que algumas figuras da Igreja, nomeadamente, os bispos e cardeais em funções, tomam partido falando ou calando, sempre por partidos de direita. Entre nós temos tido exemplos destes que sobejam. Os ditadores ditos profundamente católicos souberam bem aquietar a Igreja para levarem adiante as suas atrocidades. As ditaduras de esquerda perseguem a religião e ponto, daí raras vezes terem sido acarinhadas pelas Igrejas.

A Igreja da Madeira, após o 25 de Abril de 1974, é caso que merece um estudo aturado, precisamente por ilustrar claramente o que acabamos de afirmar. Sucessivos governos de direita, sucessivos apoios, com momentos mais óbvios e noutras ocasiões embora de forma mais velada, mas sempre tendenciosamente a cair para o apoio mútuo com toda a clareza. Por isso, a grande parte do tempo da história da «Madeira Nova» foi um escorreito passeio, sem atrapalho de parte nenhuma, muito menos da Igreja, que se limitava à linguagem hermética do amor e da fé dentro das suas portas e sempre para os mesmos. Daí que a alternância, o bem maior de qualquer democracia, na Madeira nunca foi experimentada. Não digo que toda a responsabilidade seja da Igreja, mas não esqueçamos que terá uma boa quota parte de responsabilidade.

Antes de me adiantar no «raio x», quero clarificar que se faço esta leitura e se a realidade a comprova, não pretendo dizer que estaria bem se tal opção fosse ao centro ou à esquerda. A equidistância partidária da Igreja deve ser o que se espera, aliás, até porque a lei assim a consagra e a doutrina da Igreja Católica é bem explícita quanto a essa equidistância.

A prática torna-se muito difícil quando a realidade se impõe. Por isso, não quero dizer que cada membro da Igreja, mesmo que tenha menos ou mais responsabilidades dentro da Igreja Católica, faça os seus pronunciamentos sempre em função dos mais fracos, dos pobres e dos mais necessitados de ajuda material ou outra. Até podem fazer tais pronunciamentos em «defesa» da direita num determinado momento se essa direita aplica medidas e políticas que vão ao encontro das pessoas em geral, particularmente, as mais vulneráveis. O bom senso é a medida.



Mas, a meu ver a justiça deve ser o barómetro que orienta os passos de quem é católico, esteja à esquerda, ao centro ou à direita. Costumo dizer, quando redutoramente me catalogam de «vermelho» ou «comunista» ou que sou de «esquerda», que Deus criou-me com uma direita e uma esquerda e com o coração entre uma e outra. O famoso bispo brasileiro D. Hélder da Câmara dizia: «Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista». Nada de anormal, já conheço e bem o chavão.

Na relação entre poder político e a Igreja Católica da Madeira nos últimos 45 anos, tivemos ataques aos mais fracos, com facilidades e privilégios bem determinados para os poderosos. Ao lado disso, vimos e vemos que se disfarça com política de caridade baseada na distribuição de sopas e o esquecimento dos bens públicos que beneficiariam toda a sociedade. Os milhões derramados em betão religioso e no ensino privado, cujo grosso desta realidade está bem conotada com o catolicismo, traz à luz do dia uma tenebrosa cumplicidade que sacia os poderes religiosos e temporais. Um banquete bem servido por ambos, mas que sobrecarrega a vida dos contribuintes.  

Estes exemplos não são o caminho da justiça e do bem comum. Esta política merece ser denunciada e posta a nu, porque violenta os direitos das pessoas e insulta a sua dignidade. Alguns altos responsáveis católicos nutrem simpatia pela política que vai neste sentido. E até defendem que,     seja lá que partido for a governar, o seu dever é colaborar ou estar ao lado de quem governa. Mas não sendo esta a vertente evangélica, perde-se depois a liberdade para denunciar as políticas tendencialmente viradas para as classes mais abastadas da sociedade e os prejuízos arrastam-se gravemente para os mais vulneráveis.

Por isso, ainda alguns hoje alimentam o sonho de que deviam surgir partidos católicos. Não deve ser este o caminho. Em todos os partidos devem estar cristãos católicos ou outros que defendam os interesses gerais, não os interesses católicos ou outros nem muito menos os interesses dos grupos económicos que desejam dominar tudo.

Mas, vamos ao presente e ao futuro. O desejo deve ser que qualquer partido político tenha católicos, que seguem o ideal de Jesus de Nazaré, defendem os frágeis, porque os pobres são o centro da sua ação e dos seus discursos. Não se inibam de promover políticas para o bem de todos. Jesus não veio angariar cristãos como se fossem adeptos, mas veio dizer a todas as pessoas que sejam solidárias, amigas, compassivas, vivam com ética, com seriedade, com todos os valores humanos e espirituais que fazem crescer uma sociedade na alegria e na festa da dignidade. Esta é a vontade de Deus e o bem do reino que Jesus anunciou e começou. Esta é a política cristã/católica que se deseja para todas as sociedades. Toda a política com interesses focalizados, sem opção clara pela liberdade dos cidadãos, violadora dos Direitos Humanos, que não promova a igualdade, a tolerância e o respeito pelas diferenças, mesmo que travestida de profundamente católica, acaba sendo perigosa. A qualquer Igreja, compete denunciar os caminhos que enveredem no sentido contrário desses ideais.


Assim, desejamos para a Madeira uma relação entre poder religioso e político, que seja livre, sem amarras e fora dos interesses de uma parte e de outra, em favor de todos e sempre no caminho da justiça. A colaboração é desejável, mas nenhuma parte deve abdicar do seu dever, a governação deve gerir os bens comuns com responsabilidade, honestidade e seriedade em prol de todos os cidadãos, as igrejas devem estar atentas e reclamarem quando as ações políticas não estão dentro desses parâmetros. Quem deseja uma Igreja remetida ao mofo das sacristias está enganado, e contribui seriamente para a pobreza de uma sociedade onde cada cidadão e instituição devem cumprir a sua missão em prol do crescimento e desenvolvimento da sociedade toda.

Até pode interessar (não devia) ao poder político o marasmo da Igreja madeirense, quando se alimenta do devocionismo permanente ou se gasta em festas em cima de festas, para adormecer o povo. Embora isso existindo, é preciso mais movimento que estabeleça diálogo com a cultura, para que as pregações tenham luz, carne, vida concreta dos homens e mulheres do nosso tempo. Daí que se deva requerer da Igreja atenção a tudo o que se move na vida da sociedade, a começar por aquela realidade que mexe com a existência de todos nós a vida política, a governação.

Artigo da edição impressa do Diário de Notícias da Madeira
27 de Junho de 2019
Página 7 "Raio X"

Reacções:

JPP considera a equidistância partidária uma lógica a ser seguida e respeitada pelas instituições e pelos partidos.

Tendo como princípio o respeito pelas posições ou ideais das instituições e dos partidos, o JPP considera a equidistância partidária uma lógica a ser seguida e respeitada por estas e pelos partidos políticos. No entanto, e reagindo ao 'Raio X' hoje assinado pelo padre José Luís Rodrigues, onde retrata momentos de cumplicidade que devem dar lugar à cooperação exigente, o deputado Paulo Alves considera que não podemos “meter a cabeça na areia” e agir como se nada tivesse acontecido no passado onde foi notória e amplamente noticiados “episódios” de proximidade entre o poder político e a Igreja Católica na Madeira. “Episódios” esses que, na devida altura, foram denunciados por membros do próprio clero.

Com base na definição do termo “Política”, entendida como as acções referentes à vida em sociedade e que essas acções dizem respeito ao agir humano, espera-se que esta “politica” seja consubstanciada em propósitos que visam o bem comum das pessoas – no sentido que é dado pela Doutrina Social da Igreja - e não o bem de alguns “grupos de pessoas” (entenda-se, grupos económicos com interesses instalados).

O JPP, pelo seu modelo de acção política, pela política de proximidade das pessoas e pela sua matriz social, sempre defendeu e continuará a defender o caminho da transparência, da justiça e da honestidade, no respeito pela autonomia das instituições, nomeadamente da Igreja Católica Madeirense, bem como a denúncia e informação à população, das situações e opções políticas que não seguem este caminho.

O JPP defende que o propósito da acção política - acção que visa o bem comum – deverá ser a prática de todos os cidadãos em exercício de funções políticas, principalmente daqueles que ocupam cargos de governação executiva, tipo de governação que na Madeira e no passado, foi alvo de críticas pelo “não distanciamento” relativamente à própria Igreja Católica e pelo registo de proximidade com grupos económicos, conclui o deputado do JPP. (LINK)

Igreja muito dependente e com práticas de subserviência.

Ainda há muito está por fazer na Madeira para que a Igreja católica, no plano das relações institucionais, “tenha uma postura responsável e independente relativamente aos poderes, às várias formas de poder nesta terra”, acredita Edgar Silva, num comentário solicitado pelo DIÁRIO ao artigo de opinião do padre José Luís Rodrigues, publicado hoje na edição em papel, na rubrica ‘Raio X’. A Igreja Católica enquanto instituição, “ainda se presta nas inaugurações a deitar água benta”, diz, o que não seria admissível, no seu entender, numa democracia amadurecida.

Ao se prestar a deitar água benta nas inaugurações, “em tudo o que é inaugurado nestas ilhas”, diz o líder da CDU, “nesses actos está a incensar o poder, está a incensar a governação. E isso é apenas uma metáfora para dizer que ainda existem muitas dependências da Igreja Católica em relação ao poder político na Madeira, ainda existem muitas práticas de subserviência”.

No entender do líder dos comunistas, essas formas de dependência e práticas de subserviência devem-se “a orientações que são pouco responsáveis” e, sobretudo, “a uma Igreja Católica que se tem deixado manietar, que se tem deixado armadilhar pelo poder ou pelos poderes que a dominam, que a controlam”.

Esta relação de inferioridade encontra-se em relação ao Governo Regional, mas também ao nível das autarquias e a libertação, caso a Igreja queira, terá de partir de cima. “Tem que haver uma orientação clara”, diz Edgar Silva, defendendo uma reflexão no interior da igreja no sentido de encontrar o caminho para que essa libertação aconteça. “ Devia haver também uma reflexão da parte dos responsáveis do poder político porque uma democracia adulta, uma democracia que tenha níveis de exigência mais elevados também não tolera essas formas ardilosas de dominação, neste caso em relação à igreja”, afirmou, opondo-se à instrumentalização da Igreja Católica. (LINK)

BE diz que as relações próximas entre GR e Igreja são evidentes.

Para o Bloco de Esquerda, a relação entre o poder político e as religiões deve reger-se pelo princípio republicano da laicidade do Estado. "O Estado não tem religião oficial e garante a liberdade religiosa e de associação. O Estado não deve promover qualquer confissão religiosa, deve tratar todas com igualdade. O poder político não deve imiscuir-se nos assuntos das religiões, mas todo o cidadão pode e deve participar na política enquanto cidadão, independentemente de ser ou não religioso". Paulino Ascenção reage assim ao 'Raio X' de hoje, assinado pelo padre José Luís Rodrigues.

O Coordenador do BE-Madeira admiter ser "tentador para os governantes procurarem uma legitimação de natureza sobre-humana, mostrarem-se devotos cumpridores dos preceitos religiosos que são os seguidos pela maioria da população", recordando que "no passado os monarcas absolutos apresentavam-se como semi-deuses ou que o seu poder decorria da vontade divina, que nenhum humano poderia portanto contestar. Essas narrativas já não têm grande aceitação no presente", acrescenta.

Referindo que na Madeira,  há uma religião historicamente predominante, a Católica, que teve no passado o estatuto de religião oficial e única autorizada, afirma ser "evidente a existência de relações muito próximas entre o Governo Regional e a Igreja ao longo destes 40 anos de Autonomia, desde o apoio à organização no terreno do partido que se tornou hegemónico, às ajudas públicas para a construção de templos e aos subsídios instituições na órbita da Igreja, na educação, saúde e assistência social. Sob uma capa de interesse público foram medidas que ajudaram à perpetuação do poder laranja. No outro lado da moeda temos a perseguição política aos sacerdotes que ousaram discordar dessa linha de promiscuidade com o poder, com natural destaque para o padre Martins Júnior da Ribeira Seca", sublinha ainda Paulino Ascenção.

Afirma ainda que o Bloco de Esquerda respeita as confissões religiosas em linha com o princípio da laicidade do Estado e acrescenta que no partido conta entre os seus aderentes com fieis de diversas religiões – de católicos a muçulmanos. (LINK)

CDS diz que "poder político não deve interferir no poder religioso" mas reconhece papel da Igreja.

"O CDS-PP é um partido institucionalista e essa é a sua conceção da organização social e política do Estado, em que a Constituição Portuguesa postula o princípio da separação de poderes.Sem tibiezas, a posição do CDS é muito clara: o poder político não deve interferir no poder religioso, o poder religioso não deve imiscuir-se no poder político", afirmou.

Não obstante, e reconehcendo que portugal é um Estado laico, realça que "o laicismo do Estado não nos deve cegar perante os costumes dos portugueses e dos madeirenses durante séculos, nem procurar ceifar a matriz católica de uma significativa parte da população portuguesa".

"Outra coisa é tentar apoucar o papel secular da Igreja, mergulhando nas suas fragilidades, que são as fragilidades da Humanidade, para a desmerecer", aponta igualmente o democrata-cristão.

"Santo Agostinho, um dos mais influentes teólogos e filósofos dos primeiros séculos do cristianismo, deixou interessantes pensamentos sobre este mesmo problema na obra “A cidade de Deus”, escrevendo: “Se alguém afirma que não temos certeza nenhuma, pelo facto de errarmos muitas vezes, pelos menos temos a certeza da nossa existência, pois se eu erro, logo existo. Este pensamento sumariza aquele que tem sido o papel da Igreja Católica. Uma Igreja que reconhece o erro, mas que faz, que pratica. Uma Igreja solidária, ecuménica bondosa. São incomensuráveis os contributos da Igreja. Seja na defesa da vida e na valorização da condição humana. Na organização da sociedade, na educação, na cultura e na solidariedade. Nas vocações e na nossa própria identidade", acrescenta.

Sobre política e igreja, o líder centrista termina citando o Papa Francisco não poderia ser mais explícito: “Os leigos cristãos devem trabalhar na política. Dir-me-ão: não é fácil. Mas também não o é tornar-se padre. A política é demasiado suja, mas é suja porque os cristãos não se implicaram com o espírito evangélico. É fácil atirar culpas... mas eu, que faço? Trabalhar para o bem comum é dever de cristão”. (LINK)

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Os neomoralismos

Está de volta uma série de «novos» moralismos que nos consomem a liberdade de expressão e que irão ser motivo de grave inquietação para o futuro.

Já escrevi que um dos males da Igreja Católica é andar sempre com a atenção abaixo do umbigo da humanidade. Os males que esta obsessão tem trazido estão aí à vida de todos. Tanta energia e tanto palavreado à volta do moralismo sexual, eufemisticamente, convertido em «pecados» têm trazido as piores misérias escondidas por séculos à luz do sol.

Vejo que é tempo perdido, os clérigos falarem de sexualidade, de regras, procriação, contraceção, família assim ou assado, educação de filhos e tudo o que se relaciona com a vida biológica da existência humana. Devem mandar a sabedoria e o bom senso,  que devemos deixar isso para os estudiosos, os cientistas da matéria. O moralismo é pecado. É cerceador da liberdade e da vontade de cada ser humano.

Ao lado disto, começo a perceber que afinal a fixação sexual não é só da Igreja Católica e dos seus membros hierárquicos, mas da sociedade em geral. Tem servido o moralismo para vencer eleições e impor regimes políticos inspirados no fascismo, no conservadorismo anacrónico que trazem «novas» ideias que se pensava estarem arrumadas nos arquivos da história. Afinal, não. Moralizar mobiliza gente e faz convencer os votantes. Não me posso convencer que moralizar, mesmo que empate ou frustre a criatividade e violente a livre expressão do pensamento pode vencer os piores propósitos.

O moralismo deste tempo tem duas vertentes, é ele de teor sexual e ele é também o do medo contra o outro, o diferente. Nada mais claro, o quanto isto arrasta de violação dos Direitos Humanos. Por isso, cuidado com essa exaltação de apoios meio cegos pelo momento passa, porque podem trazer depois sérios amargos de boca para todos.

domingo, 23 de junho de 2019

O sector educativo vive de fases orgásmicas!


FACTO

"Ano lectivo com dois semestres" (...) "depois da revolução dos manuais digitais (...)" - anuncia a secretaria regional da Educação. Fonte: edição de hoje do DN-Madeira.

COMENTÁRIO

É caso para dizer... "cada cavadela sua minhoca". Não sei se será falta de jeito ou um intencional paleio de quem está na parada a marcar passo. Ou, no cruzamento, sem saber por onde seguir! Ora, a questão essencial não é (nunca foi) o ano lectivo ter três trimestres, dois semestres ou, apenas, um período. A questão central situa-se no paradigma que se pretende para uma aprendizagem que vise o conhecimento sustentado, articulado e portador de futuro. Se o "modelo", organizacional e pedagógico, assenta nos mesmos pressupostos de sempre, ter um, dois, três ou quatro períodos, obviamente que tal corresponde a uma incessante chuva no molhado. Como me dizia um ilustre professor, é "timex", não adianta nem atrasa! 

Só através de uma mudança no pensamento estrutural que tudo o resto se deve encaixar. É uma alteração a esse nível que poderá determinar, por exemplo, que não se justificam avaliações trimestrais ou semestrais; que os exames, por enquanto, ainda podem ter alguma justificação apenas no 12º  ano (no futuro duvido que seja assim); que a obsessão pela avaliação não deve estar em primeiro lugar, relativamente ao verdadeiro CONHECIMENTO; que a avaliação (dos alunos) deve assentar em uma perspectiva contínua e bi-lateral, completamente distinta do habitual decora, debita e avalia, complementado com itens de uma assustadora subjectividade; que o sistema deve caminhar no sentido de uma "escola por aluno", que respeite tempos e capacidades de aprendizagem; que os actuais conceitos de ciclo, aula e de turma não se adequam aos tempos que estamos a viver; por outro lado, poderá determinar o papel e a posição do professor face ao aluno, enquanto mediador da aprendizagem; se fazem ou não sentido ter os manuais em papel, agora em formato digital, se tivermos presente o manancial de informação disponível na internet (digitei a palavra "filosofia" e, em 0,39 segundos, surgiram-me 224.000.000 de hipóteses de consulta) e que tudo isto implica uma profunda revisão dos currículos e dos programas. Mais, determinará, certamente, a necessidade de exigentes políticas de família, a montante da escola, susceptíveis de garantirem interesse pela escola e pelo respectivo sucesso. Ora, nada disto está definido, tudo é balofo e circunstancial, e sendo assim, não faz sentido que se apregoe a existência de uma REVOLUÇÃO, até porque, a secretaria da Educação, desde sempre pegando de empurrão, nada mais está a fazer do que copiar e mal o que, no próprio país, outros já avançaram. 

Fico com a certeza que não existindo um pensamento estruturado relativamente ao que pretendem criar na Região Autónoma, infelizmente, o sistema educativo na Região continuará a viver de fases orgásmicas ou picos de êxtase que logo desfalecem. 

Preferível seria que o secretário político fosse um revolucionário, no sentido de vanguardista e reformador. Isso implicaria um sentido de "reengenharia", próximo de Michael Hammer, que envolvesse quatro ideias-chave: "posicionamento para a mudança, identificação dos processos, recriação dos processos e transição para o novo sistema". Sabe-se que as instituições que criam futuro são rebeldes e subversivas, pois o sucesso só surge quando se quebram as regras tradicionais, fazendo da ousadia uma atitude. Li, em Tom Peters (2002), um guru da gestão e da excelência: "bem-vindos ao mundo do soft, da massa cinzenta, das ideias e do conhecimento". É isso que falta, quando o activo de mais valia é a imaginação humana. 
É na escola que ela deve ganhar asas. Mas é nesta escola que cortam as asas!

Torna-se, portanto, necessário um saudável choque, um rompimento com o passado e jamais determinados acertos (embelezamentos) marginais que, no essencial, a nada conduzem. É fundamental romper com ideias preconcebidas. O sistema precisa de visão e de previsão, de estudo transversal e integrado, devidamente suportado com o sentido de alguns princípios do desenvolvimento: o da prioridade estrutural, da teleologia funcional, da transformação graduada, da continuidade funcional, da interacção, da integração, da optimização dos meios e da não menos importante, participação das pessoas. Ou elas participam ou os processos morrem. Ora, semanalmente, alimentar a comunicação social com alguns tiros pretensamente sonantes e coloridos, neste caso, correspondem a disparos de fumo. Caso para dizer que o secretário, desde que tomou posse, "vende" fumo. Não consegue surpreender os políticos, os professores, os pais, os empresários, muito menos os jovens. 
Ilustração: Google Imagens.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

A igreja laranja, o evangelho e os mandamentos do papa Jardim I, O profeta ( da desgraça ).

«No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Tudo foi feito por ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem ele. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.» João 1:1-4
Na RAM pós 1974, com o PSD-M e sucessivos GR´s, uma igreja nova e um evangelho novo foram criados. Para nós Católicos, seria uma igreja pagã, mas na Região, esta igreja, esta nova religião, conseguiu infiltrar-se e os seus princípios no povo da Madeira. É a religião da ganância, dos interesses, dos maus testemunhos..... e tem como seu "cristo" o dinheiro. Aliás, nesta igreja, "o que é de César e de deus, é do nosso deus ).

Uma das imagens representativas do deus e "cristo" desta religião

Utilizando tácticas, meios, formas típicas de uma célula cancerígena, ajudada na altura por quem dirigia o Bispado Católico do Funchal , afastou e susbtituiu as células boas, entranhando-se no povo Madeirense de forma exemplar. Esta religião, tal como a Igreja Católica, ungiu um papa ( de papar muito ), tem os seus próprios santos, cardeais, bispos, vigários, padres, diáconos, fiéis ( que também papam de acordo com a sua posição na hierarquia ) e claro, opositores. São os "anti-moedas", porque o "cristo" desta religião é o dinheiro. Esta igreja nunca quis ser do povo, para o povo, mas pretendeu ( e consegue durante quase 50 anos ) ser populista.
Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã preocupar-se-à consigo mesmo. A cada dia basta o seu mal, Mateus 6.34
É mais difícil fazer parte desta igreja, de que um homem passar pelo buraco de uma agulha. Esta igreja não é para todos, apenas para os impuros de coração na nossa óptica e moral cristã. Porque como se vê e verá mais abaixo, é na impureza e na podridão que prospera e foi criada.
Tal como uma célula cancerígena, esta igreja espalhou-se, criou metástases na Região e nesta altura está paliativa e pretende deixar uma re(li)gião á beira da morte. Porque enquanto o organismo, a Região, ainda tiver células saudáveis, continuará esta re(li)gião a subsistir, até que morra ela e o organismo por onde se espalhou.

O evangelho de Jardim é ( e nesta altura cada vez mais ) o seu livro sacro.. Para nós Católicos e confessos de outras religiões, deveria ser declarado um livro impio e queimado em praça pública, dados os ensinamentos que preconiza, mas não pratica. È o evangelho do engano. Uma Guerra Santa devia ser travada contra ela, mas infelizmente, esta igreja conseguiu, também disseminar-se em locais potencialmente saudáveis da Região. Por isso, a maioria das vezes é combatida por células já enquistadas por esta igreja ou por outras de forma e conteúdos, muito ou quase iguais.
Os falsos profetas e os políticos agem conforme a regra: “quanto mais mentir, mais dinheiro aparece", Licínio Medeiros
Esta igreja devia ser estudada nas aulas de Teologia, porque, devia-se aprender pelos pecados ( para nós, não para eles ) que cometeu, comete e continuará a cometer até aos fins do tempo, a maldade que ensina e preconiza.  
Esta religião, quase conseguiu fundir-se com a RAM. Veja-se, para esta igreja, re(li)gião=igreja laranja. Só com uma Região  acobardada, amedrontada, esta re(li)gião prosperará, usando os ensinamentos do seu evangelho e mandamentos para manter aqueles desideratos.

Esta igreja, esta religião, possui um evangelho e também tem mandamentos. Não vou aqui falar nos evangelhos segundo Jardim, porque estes, normalmente de 4 em 4 anos são editados, nunca praticados e feitos com o propósito de engano.. Mas vou falar, nos seus mandamentos, que todos os seus fieis, sem excepção obedecem, em maior ou menor grau, conforme as conveniências de serviço.

Mas comecemos por historiar como apareceram os mandamentos desta igreja.  Foi assim, 
O profeta Jardim, depois ungido papa Jardim I, após um almoço bem regado, foi  obrigado pelo menos durante 3 dias ir ao retiro, devido a “movimentos intestinais aquosos ou pouco consistentes”, mas diz ele, sempre uniformes na côr ( laranja ) e cheiro.  Durante esse retiro, qual novo Moisés, teve um encontro com o seu deus, de onde saíram também mandamentos. Foram 3 dias a obrar, o que não está ao alcance de qualquer um, apenas de um profeta. E com estes mandamentos, criados em retiro, com o seu deus, o deus do interesse, o profeta Jardim, rapidamente e em força fez uma nova religião: a religião laranja ( já sabem o porquê do nome ).

Aliás Jardim ao fim daqueles 3 dias de retiro, saiu pálido e ia perdendo, porque diminuíram, (os) três faculdades: micção, ritmo cardíaco e acentuada diminuição de consciência.
Nada há de encoberto que não venha a ser descoberto, nem de oculto que não venha a ser revelado, Mateus 10,26
Os mandamentos segundo Jardim

1º mandamento – Amar o deus sobre todas as coisas
O deus desta igreja é o deus do interesse, da arrogância, da vingança, da intrujice, da astúcia velhaca, do servir-se a si próprio. Por isso servi-lo e amá-lo em todas as suas formas e contéudos ( inclusive em criptomoedas ).


2º mandamento – Usar sempre o seu nome, sempre que necessário.
Os fieis e acólitos desta igreja, desde a sua “catequese” ( termo tirado á Igreja Católica e outras ) , desde pequeninos são enformados, para praticarem o 1º mandamento e os demais, escrevendo e orando ao seu deus. Estes com a ajuda dada pelo papa, cardeais, bispos…… ajudam sempre, para serem servidos e servirem-se. Usam uma das suas formas ( por exemplo a moeda ) na obtenção dos seus fins. 

3º mandamento – Não guardar domingos e festas de guarda
Para esta  igreja e religião, existirá sempre festança qualquer que seja o dia em que a piedade, bondade, benevolência, juízo, acerto, generosidade, humanidade ….. não aconteçam. A barbaridade é o seu registo, é nele que se revêm. Na traição, em tudo e todos, para tudo e por tudo, desde que se sirvam em si e ara si ( os fieis desta igreja e hierarquia ).

4º mandamento – honrar, papa, cardeais, bispos e a “papisa” "esta é minha".
Para os mais novos desta igreja, estes devem olhar e seguir o exemplo dos mais velhos: o desrespeito, a mentira, a deslealdade, colocar o interesse da igreja e dos seus fieis acima de tudo. Para os mais velhos, honrar a moeda, a mentira, o despudor, o quem dá mais e oferece melhor, quaisquer que sejam as formas, contéudos das dádivas e genoridades
A estupidez é o combustível dos ditadores e dos falsos profetas!, Carlos Mascarenhas Pires.
5º mandamento – Matar, assassinar, lobotizar.
Manda esta igreja matar, assassinar, não fisicamente é certo, o carácter, a honradez, a retidão moral, a necessidade daqueles que não pertencem a esta religião. Quer através de grupos de pequenos mafiosos, esta igreja e religião, têm mafiosos, em vez de escuteiros como na Igreja Católica, como também de grupos de pressão ( para a nossa moral, os ordinários ), nas redes sociais, jornais, revistas, rádios, TV, ...... Existem aliás, ordinários, na comunicação social, afectos a esta igreja
Esta re(li)gião de tal forma se apossou ou quer apossar-se da Madeira, que utiliza aquilo que foi criado para apoio social: casas do povo, a segurança social, a saúde, cultura, educação, história, as finanças, grupos de agricultores, mesmo algumas IPSS´s ligadas à Igreja Católica ( como  já disse, esta também foi numa primeira fase ajuda e depois algo enquistada por estas células …malignas ) para fins próprios e dos seus fieis.

6º mandamento – às malvas a castidade
Esta igreja tem como principal lema “tudo ao monte e fé no nosso deus”. Por isso, é sempre uma orgia que se vê ali. Existe quem diga que nos seus templos, porque os têm, a pratica do deboche, do swiing, da violência doméstica, do uso de substâncias psicotrópicas é a nova “moralidade” que pretendem impor. Jogos de dinheiro, com e sem malas, ou à vista, são vulgares nos seus templos e a troca de favores é sempre feita com um bom charuto e um bom whiskey. Vamos a eito, a tudo e todas, é o preconizado.
A arrogância precede a ruína, e o espírito altivo, a queda, provérbios 16,18
7º mandamento – Roubar
Desde a catequese que é implementado, enquistado nas mentes, primeiro débeis e depois mais experientes, este princípio. Que é sempre aplicado com fervor e sem favor. Uns aos outros, na igreja e a todos, fora dela.

8º mandamento – levantar falsos testemunhos
Uma das formas que usam sempre, contra todos aqueles que não pertencem a esta igreja. Desmoralizar o seu ( próximo e não próximo ), não ter, nem dar misericórdia. Porque esta igreja, também gosta de morder a sua própria cauda. Os seus fieis, bispos, cardeais e papa, são muitas vezes chacinados, pelos seus próprios, de acordo com o deus dos interesses. Recentemente até o papa Jardim I, o profeta, foi obrigado, exonerado em conclave, sendo susbituído por Miguel I, o presunçoso, traiçoeiramente. Mas voltou, passados uns anos, em esplendor e glória, porque, Miguel I, quase a implodia.

9º mandamento – cobiçar a mulher ( e também o homem ) do próximo
Seja no interior desta igreja, onde muitos e muitas passam de mão em mão, de lugar em lugar e de posição em posição, também esta re(li)gião pretende o mesmo para o resto da região. Nesta igreja, como não existe noção de família, apenas de conjunto de interesses, para eles tudo é possível e todo(a)s deverão estar disponíveis. Para o que der e vier.

10º mandamento – cobiçar as coisas alheias
Para esta igreja, tudo é cobiçado e tudo é comprado. O “ter” está acima do “ser”. O único sacrifício que fazem, é a sofreguidão pela espera de terem aquilo que pretendem. Deles ou dos daqueles que não pertencem a esta igreja. O ter mais, o ter melhor, o ter arrancado, o ter assassinado, o ter mantido, o ter obliterado a existência e a subsistência dos seus próximos e não próximos é a razão de ser desta igreja e dos seus fieis.


Também esta igreja teve cismas: O seu papa ( para muitos o seu padrinho ) Jardim I, O profeta, foi substituído pelo anti-papa Miguel I, O presunçoso ( para outros o traiçoeiro ), mas este cisma foi resolvido recentemente. Um, transformou-se em papa “maléfico benemérito”, Jardim I e o outro em padrinho Miguel I. Os seus cardeais e bispos, Dantas, Fernandes, Calado, Sousas, Farinhas Ramos, Rodrigues……… mantêm-se, sendo ajudados por uma miríade de diáconos e acólitos, como são os Merlins, Sousa, Franciscos, Rodrigues, Joãos. Paulos, Ritas, Helenas, Rubinas, Lígias, Eduardos …….
O rico comete uma injustiça e ainda se mostra altivo; o pobre é injustiçado e ainda precisa de se desculpar, Eclesiástico 13,3
O bispo Carlos Rodrigues, O insultuoso.
Assim não é por acaso que um bispo daquela Igreja, de seu nome Carlos Rodrigues O insultuoso, tenha escrito sobre o padre Católico Martins Júnior, na sua página pessoal do Facebook, sobre perdão. misericórdia, desculpas e os comentários postulados por diáconos, acólitos e fieis, juntos naquele escrito. O bispo Carlos, diz-se Católico, mas isso é apenas para enganar o povo da Região, que continua a ser maiorotariamete católico. Apenas aplica um dos mandamentos de Jardim I, o Profeta: criar confusão, deturpar, dissimular....

O bispo Carlos, não fez mais do que seguir os mandamentos da sua igreja. Não existe misericórdia, nem perdão para todos aqueles que foram, são e serão contra a sua igreja. Bispo Carlos, diz-se católico, mas pratica os mandamantos da sua igreja. Diz estar á espera de um pedido de desculpas "por actos e palvras " praticados pelo Padre Martins Júnior, mas como bom fiel da igreja laranja, esquece-se das palavras, dos atos, das praticas, dos insultos, das mentiras, das ameaças fisícas e não só, .... que os sucessivos papas, cardeais e bispos da sua igreja cometeram e cometem. O bispo Carlos, esquece-se da máxima de Delfos "conhece-te a ti próprio", porque sempre religiosamente observa os mandamantos da sua igreja, a que se acrescenta mais um: sejam sempre uns sem vergonha.
Cuidado com os falsos profetas que se apresentam a vocês disfarçados de ovelhas e que na verdade não passam de lobos roubadores . Pelos seus frutos vocês poderão reconhecê-los. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?, Mt 7 15-16, Jesus Cristo
Porque ao bispo Carlos, também aconteceu um milagre e daí a sua máxima devoção a esta igreja: o milagre da multiplicação das idiotices. 

Pela foto, tirada ao “Funchal Notícias”, vê-se o bispo Carlos a perorar em extâse, num dos templos desta igreja, por certo no museu do Vinho, no instituto do Vinho Madeira, ou numa taberna próxima. Para este bispo, o milagre da multiplicação do vinho, deve ser sempre realizado, antes de fazer uma “homilia”. Para muito dos pastores desta igreja, só assim conseguem a devoção, o instinto e sabedoria para fazerem uma homilia ou perorarem aos seus fiéis. Vejam aqueles lábios, já arqueados, quase a quererem sair da boca. Nesta altura da "missa" o bispo Carlos está já em êxtase, transfigurado, porque nesta igreja os excessos ( em vinho e comida e ,,,, fique-mo-nos por aqui ) são sempre apreciados.

OBS
1) Estou desejoso por ver o que sai da convenção ou Estados Gerais do PS.M sobre a saúde. Para já, o lamento de nenhum gestor ou administrador hospitalar tenha sido convidado, porque já sabemos o que fazem médicos na gestão hospitalar da Madeira, padeiras na administração do SESARAM e de novo um médico na Saúde. Não estou contra os médicos, note-se, estou contra é "mais do mesmo". E para já.......

2) Mas uma dúvida mantenho, se Pedro Freitas vai apresentar o programa eleitoral do PS-M para a saúde, para quê estes Estados Gerais ? Não deveria ser o contrário, recolher opiniões e fazer o programa ? Portanto, sim, parece ser....  omesmo dos demais.

Medida 3 do meu programa de governo ( continuação ).
1) Reduzir em pelo menos 40% direcções, institutos, sociedades e tudo o resto dependente do GR ou com participação do GR.
2) Reduzir directores, chefias, presidentes..... em pelo menos 50% no GR.
3) Criação de um governo com o seguinte organograma
    3.1 Presidência
    3.2 Secretaria Regional de Finanças
    3.3 Secretaria Regional de Educação e Cultura
    3.4 Secretaria Regional de Economia, Turismo
    3.5 Secretaria Regional de Equipamentos, Transportes e Comunicações
    3.7 Secretaria Regional de Agricultura e Ambiente.
    3.8 Secretaria Regional da Saúde e Segurança Social
Um máximo de até 3 direções regionais por secretaria regional, nunca excedendo as 15. A Região é pequena e não é preciso mais. 

Os ganhos em poupança em salários, custos de funcionamento e outros, poderiam ser de até 30 a 35 % nos custos orçamentados em ordenados, custos de funcionamento de gabinetes, tornando o governo mais funcional e menos burocrático.

Em suma, devemos terminar com esta religião. Temos que conquistar o nosso paraíso na Madeira. André Rieu e Conquest of Paradise. 


quarta-feira, 19 de junho de 2019

Diário de Notícias - Raio X: Turismo


Está tudo bem no Turismo regional? O Governo garante que sim, apesar de acenar com os desafios permanente que o destino Madeira enfrenta. Os empresários têm comportamento misto. Uns denotam satisfação porque de facto têm uma operação consolidada, pouco dependente de modas e amuos. Outros queixam-se porque estão nas mãos dos operadores. Alguns são frontais e para além de não esconderem desconfiança em relação ao empolamento e manipulação dos números, assumem sem medos que o sector já viveu melhores dias

O alerta mais recente, dado pelo director geral do Reid’s, que  em entrevista ao DIÁRIO assumiu  um 2019 abaixo das expectativas, com quebras nos principais mercados emissores,  nomeadamente no inglês, alemão e suíço, “situação bastante preocupante, reflectida de forma visível no primeiro trimestre do ano e que infelizmente continua a verificar-se nos próximos meses”, a par das estatísticas de Abril, motivam uma abordagem no segundo ‘Raio X’, deste feita elaborado pela Técnica de Turismo, Filipa Fernandes.
R.O.

O Turismo representa para a Madeira cerca de 25% do Produto Interno Bruto e emprega cerca de 20 mil pessoas.

No presente, a Madeira enfrenta um grave problema, o número desproporcional de camas em relação à procura pelo destino.


Em 2016, a Região tinha cerca de 6 mil camas em alojamento local (AL) e outras 30.700 em empreendimentos turísticos. Volvidos 3 anos, o Alojamento Local contabiliza perto de 15 mil camas e estima-se um valor superior às 31 mil para os empreendimentos turísticos.
Esta “abundância” de oferta não foi acompanhada pela procura do destino. Ou há falha na promoção sustentada nos mercados emissores de turismo ou falta bom senso nos licenciamentos.
Em abril de 2018, os números dos relatórios enviados ao sector pela Associação de Promoção apresentavam uma quebra na taxa de ocupação na ordem dos 4,4%. O valor ao mês da taxa de ocupação em 2018 era de 70,7%. Este ano, de acordo com os valores apresentados pela DREM, a taxa de ocupação ao mês é de 59,9%, logo a quebra é de 10,8%, comparativamente aos dados recebidos em 2018 da Associação de Promoção. Por outro lado, e se os valores acumulados até abril de 2019 forem de 65,3%, como informou a DREM, não se registam quebras mas sim um ligeiro aumento na taxa de ocupação na ordem de 1,2%, por comparação com o ano anterior, de acordo com os dados enviados pela AP que se suspeita, sejam manipulados. Consultados vários agentes do sector, há unanimidade, a quebra na taxa de ocupação é igual ou superior aos valores apontados (10,8%).
Desde janeiro 2018 – devido ao Brexit e também à recuperação de destinos como a Turquia, Marrocos, Tunísia, Egito (países que investem milhões para recuperar a sua quota de mercado) – a entrada de turistas alemães e ingleses está em quebra na Madeira. Do mercado inglês, de acordo com os dados enviados ao sector, a quebra acumulada, em abril de 2019, é de 6,5%. Da Alemanha, é de 7,3%. Há outro fator que influenciará, de forma negativa, a performance do mercado alemão, o bom tempo que se faz sentir na Europa, que fará acentuar ainda mais a quebra deste mercado no Verão de 2019.
Se com a falência da Germania a Região perdeu cerca de 20 mil lugares, as notícias oriundas do mercado Inglês não são animadoras. A Thomas Cook deixou de voar para a Madeira e a Região perde já, no Verão 2019, só com esta companhia, 52 voos, comparativamente ao ano anterior. Para a estação de Inverno, estima-se uma perda de 15 mil lugares da companhia Jet2.
Não será fácil à Região recuperar lugares de avião, há uma grande procura pelos destinos emergentes como a Turquia que cresceu 80% no mercado inglês e mais de 40% no mercado alemão ou a Grécia que cresceu 35%. Chipre é outro destino concorrente que procura no mercado alemão a compensação das perdas sentidas no mercado inglês. Espanha sente também quebras do mercado alemão, mas apesar dos números não terem sido ainda divulgados pelos grandes operadores, estimam-se que sejam muito elevados.
De outros mercados para a Madeira, há ainda a apontar um decréscimo do mercado francês na ordem dos 6,6%, e do mercado nacional, na ordem dos 3,6%. No Verão de 2019, verifica-se um aumento de voos da Polónia.
No combate a esta situação na Madeira, há pacotes de ofertas especiais com reduções de preços nos nossos hotéis, destinados a vários mercados que, infelizmente, não produzem o efeito desejado.



Seria da Região apostar nos destinos de proximidade, como o mercado nacional, mas, devido ao subsídio de mobilidade arquitetado e vigente, tal não é possível, os valores das passagens aéreas estão demasiado elevados, provocados pela procura para compensar os voos diretos que tínhamos com a Alemanha (Germania) ou outros destinos, como França, que ocupam alguns ou a maioria dos lugares de avião disponíveis. No momento atual, os operadores têm grandes dificuldades em vender pacotes, e tal facto sentiu-se em março e abril, com a falta de lugares de avião para a Região, situação que se repete no Verão. Os preços estão elevadíssimos na rota Lisboa-Funchal. É preciso referir que, por exemplo, a TAP, companhia com 50% de participação pública, não voa de nenhum destino europeu diretamente para a Região, “entope” Lisboa e concorre com os passageiros regionais. Face a tudo isto, é urgente a revisão do modelo de subsídio à mobilidade, não só para os madeirenses e porto-santenses, mas para que não se prejudique ainda mais o Turismo, sector vital para a Madeira.
Apontados que estão os fatores exógenos que explicam as quebras, existem também fatores endógenos que contribuem de forma muito negativa para os resultados que se verificam e que são: o Governo Regional tem responsabilidades no número de camas que licenciou para o alojamento local e para empreendimentos turísticos: tem responsabilidades no modelo arquitetado para o subsídio à mobilidade dos madeirenses. Um teto máximo de 400 euros fez com que os preços das passagens aéreas, nomeadamente com a TAP, aumentassem exponencialmente o seu valor. Nos fatores endógenos, são graves os constrangimentos que se verificam no nosso Aeroporto, que contribuem de forma muito negativa para a imagem do destino e que provocou já o abandono de duas companhias aéreas. Não há plano efetivo de contingência no terreno, as companhias observam e não arriscam. Infelizmente, os dois últimos fatores apontados arrastam-se há demasiado tempo e de forma irresponsável por parte dos Governos Regional e da República, com claros prejuízos para a Região, para a sustentabilidade do destino e dos investimentos realizados por empresários do setor.
É claro para todos os que trabalham no Turismo na Madeira que este entrou em contraciclo, não por falta de Planos ou Estratégia, mas sim por falta da aplicação destes por parte do Governo Regional. Estou convencida de que assim que o Governo Regional analisar o peso que o sector do Turismo tem para a nossa economia, em detrimento de uma política que aposta no betão, a promoção do destino não se cingirá a 1% do Orçamento e a resolução dos graves problemas não se arrastarão no tempo.



Créditos das fotos na Gnose: Rui Sousa "Planes & Stuff
Artigo da edição impressa do Diário de Notícias da Madeira
19 de Junho de 2019
Página 7 "Raio X"

Reacções:

Edgar Silva: condicionalismo do aeroporto e frutos da liberalização são os principais factores que penalizam destino para a CDU


Há dois aspectos que a CDU considera que deveriam ter sido mais destacados no ‘Raio X’ publicado hoje, onde é referido o excesso de licenciamento e as quebras no turismo na Madeira, por considerá-los factores estruturais que precisam de uma solução. São eles a inoperacionalidade do Aeroporto da Madeira e os resultados da liberalização, quer das linhas, quer dos preços e a privatização dos aeroportos. Os dois aspectos, garante Edgar Silva, “não são alheios às causas para este preocupante quadro relativo à economia do turismo”.

Os impactos da repetida inoperacionalidade do Aeroporto da Madeira, os condicionamentos recorrentes ao longo dos últimos anos “são um factor que não pode ser subestimado, um factor dos mais graves e mais impactantes negativamente para o bom nome do destino Madeira”, afirma o líder da CDU. Os impactos vão para além dos operadores, com as notícias relativas ao caos sucessivo no aeroporto da Madeira a contribuírem para dificultar a venda do destino. “Esses acontecimentos têm um impacto na imagem, na qualidade e na atractividade do destino Madeira que não pode ser escamoteada, não pode ser subestimada e tem sido de facto muitas vezes”, lamentou.

Segundo Edgar Silva, trata-se de uma causa estrutural que “resulta de erros gravíssimos de planeamento por parte das entidades regionais que não perceberam o que de estratégico tem para quem vive em ilhas distantes os aeroportos”. Ainda segundo o coordenador regional da CDU, o problema é sério. “É um problema extremamente desfavorável e que impõe no mínimo que a breve prazo se equacionem alternativas eficazes, alternativas aeroportuárias para a ilha da Madeira”.

Quanto ao segundo aspecto que acredita tem de ser focado e trabalhado prende-se com a liberalização aérea, tudo o que tem resultado da liberalização das linhas áreas, dos preços dos bilhetes para a Madeira e da privatização dos aeroportos, que, diz, não trouxe as prometidas descidas significativas das taxas aeroportuárias. “bem pelo contrário têm vindo a aumentar”, lamentou. “Os custos da operação portuária, nomeadamente pela via das taxas aplicadas no aeroporto da Madeira e do Porto Santo, e o custo dos bilhetes, também pela decorrência da liberalização, faz com que o destino Madeira tenha custos em nada competitivos comparativamente a outros destinos”, alertou.

Edgar Silva é crítico em relação ao Governo da República e ao Regional por, na sua opinião, “não terem cuidado dos transportes aéreos e das ligações aéreas como uma questão estratégica e fundamental para a economia turística desta Região, do país e da Região”.

O coordenador da CDU reconhece que são aspectos que não têm resolução à vista, mas que precisam ser atendidas, sob pena de a situação piorar. “Os governantes procuram falar de outros factores e estes, que são estruturais e não conjunturais, estão a penalizar e com o passar do tempo penalizarão cada vez mais a economia e o turismo da Região”, afirmou.

Sobre o referido excesso de licenciamento, Edgar Silva prefere olhar o problema pela turistificação da orla costeira e excessiva concentração de unidades hoteleiras que vão “desfigurando o nosso litoral e trazendo problemas ambientais, paisagísticos e também da qualidade do destino”, e que são por isso de considerar. (LINK)


Élvio Sousa considera que "mais importante" que "um Plano Estratégico para o Turismo" é "um Plano Estratégico para a Região"


"O mais importante para as ilhas da Madeira e do Porto Santo não é um Plano Estratégico para o Turismo, mas sim um Plano Estratégico para a Região. Deve-se partir do geral para o particular", começa por salientar o secretário-geral do JPP, Élvio Sousa, comentando  o 'Raio X' hoje publicado no DIÁRIO de Notícia, sob o título 'Turismo na Madeira entrou em contraciclo', evidenciando "preocupações de um sector que emprega 20 mil pessoas: número de camas, falha na promoção, preços das tarifas aéreas demasiado elevados em consequência de um tecto máximo de 400 euros, falta de lugares de avião, ressurgimento de destinos concorrentes, inoperacionalidade crescente do aeroporto e indefinição na resolução de um plano de contingência", aponta.

Para o deputado e dirigente político "como sector chave da economia regional, o Turismo exige uma capacidade de resposta a todo o instante. É uma área permeável às oscilações, e dai a exigência constante e a habilidade célere de adaptação", lembra, antes de sublinhar que após "uma análise apurada ao Total de Hóspedes e o RevPAR entre Junho de 2017 e Abril de 2019 (DRE) verifica-se que estes valores estão em decrescimento e deduzimos que estamos perante maus indicadores", conclui.

Por último, Élvio Sousa regista que "problemáticas várias se equacionam: erros estratégicos na operacionalização de grandes hotéis em detrimento do turismo rural; falta de alternativa ao transporte aéreo com o ferry RAM - Continente; trapalhada no modelo de subsídio de mobilidade, cuja paternidade é do Governo Regional da Madeira e gestão parcial da TAP (com renacionalização forjada por parte do Governo da República); aposta clara na formação de excelência e deficiente valorização salarial da classe trabalhadora", concretizou. (LINK)


Candidatura do PS entende que no Turismo há “sinais alarmantes que requerem atenção imediata”

Na rubrica Raio X do DIÁRIO, no caminho para as eleições regionais de Setembro, hoje o tema abordado foi o Turismo na Madeira e de como está em contraciclo. É apresentada uma análise desenvolvida por Filipa Fernandes, técnica de Turismo, que era dirigente do Nos Cidadãos.

Pedimos, neste caso, à candidatura do PS-Madeira, liderada por Paulo Cafôfo, que nos desse a sua visão/reacção sobre a temática e sobre a análise feita na edição impressa de hoje.

A candidatura faz uma análise muito crítica à condução das políticas, que o actual Governo tem adoptado, falando mesmo em “inúmeros erros de governação por demais evidentes”.

Fica, sem filtros, a posição da candidatura, que aponta alguns caminhos a serem seguidos, como a requalificação do destino, a aposta na formação e o aumento de verbas para a promoção turística.

“O Turismo na Madeira tem vindo a sofrer paulatinamente um abrandamento que terá efeitos nefastos para a nossa Economia no curto-médio prazo, se não forem tomadas medidas urgentes.
Pegando nos dados dos aeroportos da Região, registamos em 2018 menos mil movimentos no aeroporto da Madeira, o que corresponde uma quebra de 3,9%, mais uma quebra de 16,6% de movimentos no Porto Santo. Em 2018 houve menos hóspedes, menos dormidas e menores taxas de ocupação em relação ao ano anterior..

Os números resultam de um conjunto de factores que afetam a nossa atractividade, que congestionam a nossa promoção e criam entraves à vinda de turista. Companhias aéreas que deixam de voar para a ilha, abrandamento em mercados emissores vitais, a feroz concorrência de outros destinos. A estes factores aliam-se outros pontos negativos: o aumento do número de camas quer na hotelaria quer no alojamento local, com pressão sobre o preço; um parque hoteleiro envelhecido e uma falta de aposta na qualificação dos recursos humanos.

Mais alarmante é a demonstração de que não há um caminho definido para inverter este ciclo. Aos sinais de alerta, o Governo Regional atira culpas em todas as direcções. O que existe hoje, contudo, é uma clara incapacidade de colocar em prática um plano de acção para o destino Madeira, e foram vários os apresentados, tendo todos ficado sucessivamente desatualizados e por implementar..

Falta investir no futuro. Investir no Turismo de forma inteligente é assegurar a sustentabilidade económica da Região, o seu desenvolvimento e criação de emprego. Contudo, as verbas para a promoção turística são claramente insuficientes e têm de ser ajustadas a novas formas de chegar e de atrair o turista com rasgo e criatividade, promovendo um destino qualificado e que coloque a pressão na qualidade do destino e não no preço. 

Propomos implementar um Plano Estratégico para o setor que tenha como eixos fundamentais a promoção de um equilíbrio entre oferta e procura, garantindo maior rentabilidade e sustentabilidade. Esta será, aliás, pedra fundamental: Adotar a sustentabilidade como prioridade de posicionamento do destino, aliado a um conjunto de incentivos estratégicos que trabalham a valorização do destino Madeira. Entre eles, a garantia de formação e qualificação profissional adequada, ao nível do ensino e de programas de reciclagem de profissionais; a disponibilização de incentivos à requalificação do parque hoteleiro e o reforço das verbas para a promoção turística. De máxima importância os transportes, para o qual contribuirá de forma relevante um mecanismo de captação de novas companhias com vôos directos para a Madeira e a regularização anual de uma ligação marítima para o Continente.

Cabe também ao próximo Governo Regional apostar num programa exigente de requalificação do destino, do património natural, cultural e edificado. Claramente uma área em que temos vindo a perder com inúmeros erros de governação por demais evidentes. A degradação do produto, a inexistência de infraestruturas de apoio ou mesmo a falta de condições de segurança em diversos pontos turísticos não podem continuar a ser uma triste realidade. Marinas e campos de golfe vazios, cujas verbas poderiam ter sido cruciais para a requalificação do destino se usadas com outras finalidades de forma mais ponderada, rigorosa e focada naquilo que o Turismo da Madeira mais precisa.

É preciso um novo caminho. Um caminho diferente que faça a diferença e se preocupe em responder aos desafios do Turismo a médio longo prazo, protegendo a sustentabilidade do nosso destino, da nossa economia, dos nossos empregos, ao invés de uma estratégia de visão curta, obsoleta, sem o rasgo necessário para a afirmação do destino Madeira num contexto global de extrema competitividade externa.

Um caminho que se faça em constante diálogo construtivo com os agentes turísticos, quem está no terreno, a trabalhar, a criar emprego, a contribuir para a promoção da Madeira. Os seus contributos são essenciais.” (LINK)

Problema do turismo da Madeira passa pela acessibilidade, oferta e procura


Já são alguns, os sinais de que os dias não são os melhores para o turismo da Madeira. Como, e muito bem, escreve hoje no DN Madeira, Filipa Fernandes.
Na perspetiva da Iniciativa Liberal o problema divide-se em 3 pontos: acessibilidade, oferta e procura.

"Na acessibilidade, sofremos com companhias aéreas que deixam de operar para cá, ou por decisão de gestão, ou por falência; condicionamentos constantes da nossa porta aeroportuária; mobilidade que trava a entrada e saída", começou por afirmar o vice-coordenador da Iniciativa Liberal da Madeira (IL Madeira).

"Urge criar um verdadeiro Plano de Contingência para o Aeroporto, que tenha em consideração não só a solução de transporte e alojamento, mas que veja o Porto Santo como verdadeira alternativa de entrada e saída com ligações marítimas rápidas ao Caniçal, e que procure minorar desconfortos. Um plano que envolva todas as partes envolvidas, dos hoteleiros aos operadores, das agências às companhias aéreas e de 'handling', operado a partir de uma 'sala de crise'."

Já no que que toca à mobilidade aérea, a IL Madeira propõe um modelo diferente, que se baseia num apoio que passará pela isenção do pagamento de todas as taxas que um avião paga à chegada e à partida, em voos nacionais. Ou seja, do dinheiro que agora é gasto para apoiar o passageiro residente passaria a pagar-se à ANA as taxas devidas pelas companhias que assegurassem os voos domésticos de e para o arquipélago.

Com isto certamente que teríamos mais companhias interessadas em voar para a Madeira, aumentando assim o número de voos, oferta, fazendo com que os preços das passagens baixassem significativamente porque ficam mais bilhetes disponíveis e que não são onerados pelo pagamento das taxas. Neste modelo, que contempla manter uma tarifa especial para os estudantes, ficam todos contemplados, residentes e não residentes."

No que toca à procura, "a Madeira beneficiou nos últimos anos de circunstâncias excepcionais de procura no turismo, em virtude dos problemas políticos e de segurança de outros destinos alternativos. A indecisão do Brexit também não ajuda nesse nosso mercado histórico. Assim, a atual baixa na procura pode ser circunstâncial e está em larga medida fora do nosso controlo.

É urgente aprofundar a promoção do destino, centrada no consumidor final aumentando assim a sua notoriedade. Um modelo de promoção pró-activo e não reactivo. Aparentemente os prémios de clicks dos óscares do turismo, não têm a eficicácia necessária para mudar esta situação."

Finalmente em relação à oferta, o enorme aumento de camas no Alojamento Local (3000 em 3 anos) mudou o contexto da nossa oferta turística.

"É necessário rever e criar as ferramentas essenciais para que o modelo se estruture: uma Política de Bases para o Turismo, um novo Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico, um Plano de Ordenamento que vincule e responsabilize as autarquias. Sem estes mecanismos como definições estruturantes passaremos o tempo a saltar de crise em crise. Objectivos que têm de ser definidos e trabalhados por todos como verdadeiros desígnios regionais", concluiu Duarte Gouveia. (LINK)


PTP diz que Madeira  tem "dependência excessiva"  do sector do turismo

"A Madeira  tem uma dependência excessiva  do sector do turismo. Essa situação é preocupante considerando que este sector é muito instável dependendo de variáveis  que a Madeira não pode controlar, como é o caso das modas turísticas". Afirmações de Quintino Costa, na sequência do 'Raio X' de hoje do DIÁRIO, sobre Turismo na Madeira.

Não osbtante as ditas afirmações, o trabalhista refere que "há situações que os responsáveis governativos podem minimizar. Uma dessas situações é a de minimizar os constrangimentos causados pelos frequentes encerramentos do Aeroporto Internacional da Madeira. Nesta matéria os governos  da Madeira e da República  têm feito muito barulho, mas apresentado poucas soluções".

"Nós defendemos que os governos dotem o aeroporto do Porto Santo de infraestruturas modernas para que este funcione como aeroporto alternativo ao do Funchal", declarou, acrescentando que "a Madeira não pode continuar a investir no sector turístico e pagar ordenados de miséria aos trabalhadores e colocar em causa a qualidade de serviço prestado".

Neste caso, os trabalhistas defendem que a Escola Hoteleira volte para as mãos públicas e "sirva de instrumento de formação de excelência  na qualificação de mão-de-obra para este sector". "Também, defendemos um maior envolvimento da Universidade da Madeira no sector do turismo", rematou. (LINK)


Dados do Turismo contradizem "propaganda oficial do Governo Regional"


O Turismo na Madeira apresenta-se em contraciclo, isso é preocupante e contradiz a propaganda oficial do Governo Regional, as estatísticas dos 70 meses em crescimento e a descida do desemprego", afirmou ao DIÁRIO o coordenador do Bloco de Esquerda /Madeira, Paulino Ascenção, em reacção ao 'Raio X' divulgado hoje no nosso liveblog.

Para o bloquista as discrepâncias resultam de "muita criatividade estatística" e frisa que, apesar dos constrangimentos serem conhecidos, "as soluções tardam".

O dirigente do BE passa a enumerar: "Nas ligações aéreas temos preços absurdos que resultam da liberalização da linha aérea decidida em 2008 pelo PSD (e aplaudida por PS e CDS) e agravados pelo modelo de subsidio de mobilidade de 2015, concebido à medida das expectativas de lucros dos investidores privados".

Por outro lado, refere que "o Governo da República, como também dá preferência aos interesses dos investidores, nada faz" e que "a proposta do Parlamento Regional de ter preço fixo para residentes e livre para as companhias é impraticável, seria um saco sem fundo para o Orçamento e o descalabro nos preços para não residentes". "Só faz sentido ter preços fixos no âmbito de um regime de serviço público", frisa.

Paulino Ascensção lembra ainda que "não há plano de contingência para os dias de vento no aeroporto", considerando que "o recurso ao Porto Santo é a opção óbvia e menos custosa para passageiros e companhias que o regresso à origem", mas que esta teria de ser "combinada com uma ligação marítima mais rápida". A seu ver isto "mexe nos interesses instalados e não se vê, coragem política para tal".

A propósito da questão do teto máximo, o BE considera que sem este teto "os preços só podem disparar". "A tese que o teto dos 400 € é que puxa os preços para cima é estapafúrdia, desafia todas as lógicas quer da física quer dos modelos de análise económica da oferta e da procura", enfatiza.

Nos portos diz que ao passo que o tráfego de navios de cruzeiro cresce  em Canárias, Açores e Lisboa, este está "estagnado por cá". Uma das causas, aponta. é o “aborto” do cais 8 e a "ocupação do porto por actividades extravagantes (hotéis, museus, lota)", bem como "a ausência de ferry". "Valores mais altos (privados) se sobrepõem ao interesse público", vinca.

Paulino Ascenção diz que "o crescimento da oferta deve ser ponderado sob pena de desqualificar o destino Madeira e a reputação secular". "O objectivo não pode ser trazer mais aviões para encher o Savoy e as construções anunciadas", realça defendendo que  "a massificação do turismo colocaria uma pressão insuportável na floresta e também sobre o preço das habitações, junto com a pressão para redução de preços e dos custos (os salários)". Tudo isto com a consequência de que o custo de vida dos madeirenses passa "de mal a pior".

Para concluir, afirma que "a Madeira está dependente de factores externos que não domina", pelo que a introdução de uma companhia aérea própria poderia ser um "instrumento estratégico para o turismo". Neste sentido, lamenta que o PSD preferira "acumular razões de queixa que apresentar resultados".

"O controlo da gestão dos aeroportos e dos portos também é fundamental para implementar as políticas de taxas mais convenientes, em defesa do interesse público e garantir igualdade de tratamento entre os operadores que pretendam utilizar essas infraestruturas", rematou Paulino Ascensão. (LINK)


"Enferma hoje de situações problemáticas mas continua a ter vastas potencialidades".

Em jeito de comentário ao 'Raio X' divulgado, esta quarta-feira (19 de Junho), pelo DIÁRIO, Joaquim José Sousa, coordenador provável cabeça-de-lista às Regionias por parte da Aliança na Madeira, reconheceu que o sector do Turismo "enferma hoje de situações problemáticas", mas que  "continua a ter vastas potencialidades".

Como principais problemáticas referiu o número de camas e a inoperacionalidade do aeroporto.

Em relação ao primeiro, realça que "é hoje aceite por todos que a desregulação do mercado com um aumento significativo do número de camas provocou que o preço médio noite tenha descido, assim como as taxas de ocupação".

No que toca ao segundo, diz que "urge elaborar e implementar um Plano de Contingência". "Sendo o aeroporto do Porto Santo a alternativa ao aeroporto da Madeira, importa fazer investimentos na infraestrutura aeroportuária do Porto Santo e nos meios adequados (transporte marítimo) para assegurar uma ligação marítima rápida e segura à Madeira", defende.

Ainda a propósito desta temática apontou a "redução das ligações aéreas associado ao ressurgimento de destinos concorrentes e à inoperacionalidade crescente do aeroporto".

Outros problemas ao nível do Turismo são, a seu ver: a degradação de caminhos e trilhos; a necessidade de um projecto estratégico e de promoção para um destino com três espaços diferentes (Porto Santo, Costa Sul e Costa Norte) e a falta de qualificação dos recursos humanos e de estabilidade dos profissionais do sector.

Como potencialidades Joaquim José Sousa refere-se à promoção  de produtos conjuntos com o território continental, as ilhas dos Açores e a Madeira, "potenciando assim o conhecimento do espaço português e diversificando a forma de chegar à Região".

Assim, no sentido de "elevar a qualidade global do destino, tornando-o mais competitivo relativamente aos principais concorrentes e mais atrativo para novos segmentos de mercado, de modo a aumentar as receitas turísticas diretas e indiretas e a procura, atenuando a sazonalidade, de modo sustentável", a Aliança diz ser necessário "imprimir uma nova dinâmica à promoção/ divulgação".

Do mesmo modo, diz que "importa fazer um levantamento das expectativas dos visitantes e das necessidades do destino de modo a adaptar o produto ao visitante e implementar um sistema de boas práticas, ao nível dos recursos naturais e histórico-culturais, tendo em vista a sua sustentabilidade".


"CDS defende mais companhias aéreas e reforço na promoção"


O líder do CDS, Rui Barreto, não se conforma com a situação por que passa o sector do turismo regional e entende que há "sobejas razões para isso". "Melhor seria que o tempo não nos desse razão, mas quem apresenta soluções de forma atempada, como foi o caso do CDS, e não entra em euforias quando o sector está mais pujante porque sabe que uma parte significativa dessa pujança é o resultado de conjunturas internacionais favoráveis e não de uma promoção sólida e profissional, o melhor mesmo é registar com satisfação os períodos de maior prosperidade mas ser muito prudente", comenta o dirigente centrista, numa análise ao 'Raio X' feito ao sector que foi publicado na edição impressa de hoje do DIÁRIO.

Rui Barreto faz uma abordagem detalhada ao tema: "Desde que este Governo Regional tomou posse há quatro anos, o CDS insistiu sempre na necessidade de atrair para a rota Funchal-Lisboa uma terceira companhia aérea e, ao mesmo tempo, assegurar mais frequências na linha, duas das condições essenciais para reduzir o preço das passagens para os residentes, mas também para o mercado turístico continental e internacional. Sobre este assunto, o então secretário regional do Turismo Eduardo Jesus foi várias vezes interpelado pelo CDS, tendo respondido sempre que o assunto estava a ser resolvido.

Quatro anos depois, todos conhecemos os resultados: a terceira companhia nunca aterrou, o número de frequências responde cada vez menos à procura e continua a inflacionar o preço das passagens - aliás cada vez mais elevados, prejudicando fortemente o mercado turístico nacional. O Governo Regional foi recebendo sinais preocupantes, mas preferiu ignorá-los e não responder de forma proactiva porque a conjuntura lhe era favorável. No início de 2018, a própria estatística fazia ressoar as campainhas do alarme.

De acordo com a ANA- Aeroportos o mês de janeiro de 2018, na Madeira, registou uma quebra nos dois principais mercados turísticos: a Alemanha (com um decréscimo na ordem dos 24,6%) e o Reino Unido (15,4%). A falência de três companhias aéreas (Monarch, Air Berlin e Niki Airlines) no espaço de poucos meses deixou adivinhar o pior dos cenários.  Veio depois a falência da Germania Airlines que fez a Madeira perder 106 mil lugares em aviões. Só depois de alarmado com a descida do mercado inglês e alemão, o Governo Regional correu atrás do prejuízo. Um dos problemas do Governo Regional em relação a este setor é que tem o turismo como um bem adquirido e por isso atua sempre de forma “reativa” e não “proativa”. Deveríamos ter sido ainda mais competentes nestes anos em que foram batidos recordes de dormidas e subida do RevPAR e trabalhado de forma a consolidar a Madeira como destino. Não o fizemos e agora voltamos outra vez aos tempos de incertezas porque países como a Turquia, Marrocos, Tunísia e Egipto não brincam em serviço e estão a investir na recuperação do mercado que perderam.

Não é possível que o Governo Regional não entenda que numa região em que 20% da riqueza advém do turismo, 25% da mão-de-obra tem ligação ao turismo e às atividades associadas, que arrecada cerca de 400 milhões de euros em proveitos, apenas tenha uma verba de 15 milhões de euros para a promoção, com reforços apenas pontuais para situações imprevistas. Temos de ser mais sólidos e ambiciosos. Olhar para cima, para outros destinos insulares com resultados encorajadores. Dois exemplos: o peso do turismo no PIB de Canárias é na ordem dos 35% e de 45% nas Baleares.

Para já é preciso atrair rapidamente novas companhias para na rota Lisboa-Funchal, aumentar o número de frequências, profissionalizar a promoção e reforçar as verbas para a promoção. É preciso realizar mais trabalho de campo, com intervalos curtos, e as novas tecnologias para que se saber junto dos operadores, agentes de viagens, hoteleiros e dos próprios turistas “quem nos quer, o que é que compra, o que é que precisa e o que é que valoriza e que é que mais aprecia da nossa terra. A Madeira tem de cuidar da paisagem, que está feia e pouco atrativa. Do ambiente e das águas. Do mar. Dos poios, das levadas e dos trilhos. O Governo tem o Plano Estratégico 2017-2021 para o sector, mas nunca foi feita uma avaliação. Temos de ser mais competentes e cuidar melhor do setor que tem mais significado para a economia regional e que mais pode contribuir para aumentar a qualidade de vida dos madeirenses". (LINK)