quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Falam de "salas do futuro" quando o futuro começou há muito!

A secretaria da Educação continua a brincar com assuntos que são muito sérios. Hoje, "inauguraram", melhor dizendo, fizeram um número político, com aquilo que designam como "sala de aula do futuro" - Fonte DN. A foto mostra umas cadeiras desalinhadas, agora com rodinhas, um quadro interactivo e, lá ao fundo, à esquerda, pressuponho, a cadeira de "comando" do professor. Segui, também, o vídeo/DN. Bom, eu não vou aqui, desenvolver o que deve ser um espaço (não estou a falar de sala) propício à aprendizagem. Vou, apenas, colocar uma questão tão comezinha, mas muito séria: para que servirá? 


Em 29 de Junho de 2009 escrevi, relembro, um artigo onde trouxe à colação Tony Bates (ex-vice-presidente executivo da Microsoft): "O bom ensino supera uma escolha tecnológica pobre, mas a tecnologia nunca salvará o mau ensino". Adiantei: "(...) não basta criar novos estabelecimentos de ensino, tampouco multiplicar as salas de informática ou substituir o quadro preto e o giz por quadros interactivos e multicolores". De nada valerá utilizar a tecnologia como substituição dos antigos acetatos copiados do manual. O que quero dizer com isto é que, ainda por cima, um espaço de aprendizagem não resolve rigorosamente nada, vale zero face ao número de salas existentes. Mesmo sem espaços coloridos e "mesa, cadeira com rodinhas", o problema é saber-se, prioritariamente, se alguém conhece ou se existe e, neste caso, qual o documento que sustenta um novo paradigma de aprendizagem. Por outras palavras, qual o PENSAMENTO PEDAGÓGICO desta equipa que governa a Educação? É que, segundo o que foi divulgado, a sala em questão assenta no pressuposto que um novo paradigma só é possível quando elas existirem, visando a consecução das várias "etapas do processo de estudo de um determinado conteúdo: pesquisa, aprofundamento do conhecimento sobre os dados recolhidos, apresentação e partilha de dados e conclusões, bem como de criação e desenvolvimento". Ora, isto, grosso modo, não é verdade.

É possível generalizar e dar asas a um novo paradigma de aprendizagem, em toda a Região, mesmo sem alta tecnologia nos espaços de aprendizagem. Se é desejável que ela exista, obviamente que sim, mas pode-se ganhar tempo, muito tempo, se outra for a mentalidade neste processo, sobre o que transmitir e como chegar ao verdadeiro conhecimento. Esperar pela generalização dos espaços de "aprendizagem do futuro" constitui um grosseiro erro político e pedagógico. 

E pergunto, a título de exemplo: os novos estabelecimentos de aprendizagem do Porto Santo e da Ribeira Brava, quer do ponto de vista arquitectónico, quer sob o prisma do que pretendem que lá aconteça (espaços de aprendizagem), tiveram em consideração uma aprendizagem que NÃO seja para o futuro, mas para o presente? É claro que não. Vão continuar a aguardar pelas tais "salas do futuro"? Provavelmente que sim.

Aliás, no decorrer da inauguração, o presidente do governo disse que esta sala visa "ministrar aos nossos alunos o ensino de vanguarda, aberto ao futuro, às novas tecnologias, que vêm garantir que estamos em condições para enfrentar os grandes desafios do mundo". O objectivo, disse, é replicar a "Sala do Futuro" a, pelo menos, "mais três ou quatro", escolas. E sendo assim, digo eu, esperem sentadas as restantes escolas e os filhos dos actuais alunos. Um logro do tamanho da Região!

Ora, isto significa que ao falarem de "ambientes inovadores de aprendizagem" (o que pretendem não tem nada de inovador), tal implicaria a necessidade de uma profunda (re)construção do sistema educativo, a concomitante descentralização, permitindo que as escolas se organizem por iniciativa própria, gerando as suas dinâmicas e que, desde logo, percebam a necessidade de acabar com a "tralha", alguns chamam "entulho", que os "benditos" programas apresentam; implicaria travar tantos "projectos" que enfeitam, mas não adiantam nem atrasam; implicaria reduzir a infernal burocracia ao MÍNIMO (tanto despacho, tanta circular, tanta portaria e tantos são os inquéritos e documentos a preencher); deixar que os alunos e professores passem a utilizar os equipamentos tecnológicos pessoais que trazem nas suas pastas; implicaria dizer, definitivamente, não aos manuais e acabar com a actual obsessão pela avaliação que se tornou em um caso doentio; implicaria centrar no aluno a aprendizagem, o que significa que o professor terá de optar por falar menos; implicaria reconfigurar a rede escolar, acabando com escolas com exagerado número de alunos (uma tem 2.500); colocar um ponto final nessa triste e medíocre meritocracia. Descentraliiiiiizem! Antes de tentarem "formar professores" através da sala agora "inaugurada", por favor leiam, visitem e aprendam com as muitas escolas que já funcionam um pouco por todo o país, onde existe tecnologia qb, que não usam manuais, algumas nem testes fazem, onde não há trabalhos para casa, nem sirenes para entrar e sair. E, não obstante isso, os alunos aprendem com gosto, com rigor e SABEM do que falam.

Afinal, para que serve a Autonomia Política e Administrativa? Se, ontem, as rédeas estavam algures em Lisboa, não faz sentido que, agora, estejam na Avenida Arriaga. Apenas mudou o centro de algumas decisões, porque é evidente a existência do cordão umbilical ligado à central de comando! Cortem o cordão e vivam uma nova etapa. É possível e não é a Constituição da República que a impede.

Ah, percebo a preocupação, devem partir do princípio que os professores não são capazes, sozinhos, de o fazer. Saibam que há bons e maus docentes como há bons e maus governantes. E que é mais fácil tornar um mau docente em um bom professor, do que transformar um mau governante em um bom governante. Da minha experiência resulta que a maioria sabe o que quer mas não pode, porque não lhes deixam fazer. Têm de pedir autorização ao "paizinho" por tudo e por nada. Roubaram-lhes os meios ao longo dos tempos e, claro, as escolas habituaram-se à (tóxico)dependência (dependência que é tóxica, porque é mais do mesmo), a uma linha hierárquica que, utilizando uma expressão popular, "lambe para cima e escouceia para baixo", portanto, acabam por dizer amén a tudo. O que são as reuniões do Conselho Pedagógico, as reuniões de Departamento e as reuniões de Grupo de Disciplina, senão uma exaustiva repetição de decisões que chegam do "vértice estratégico"?

Em síntese, por aquele caminho não chegam a parte alguma. Estão no cruzamento, incapazes de tomar um caminho possível. E o curioso disto é que a maioria dos alunos conhece o sentido e sabe mais de tecnologia que todo o governo junto.

Ilustração: Google Imagens + DN

NOTA
Este texto centra-se, para já, no Ensino Básico. Mas tenham em atenção que o Secundário vai mudar, terá de mudar. Basta ler a opinião publicada, no Público, pelo Professor Catedrático Domingos Fernandes.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Paquete Funchal versão Signature Living's




Quis o destino que o paquete Funchal fosse disputado por 3 compradores e, quem ganhou, até pagava mais para tê-lo porque se apercebeu do potencial.

A cidade do Funchal, que adora betão e porta-contentores, vai vê-lo fazer a felicidade dos europeus, sobretudo em Ibiza. Naturalmente mais uma solução atractiva por outros destinos. Empresários "ligados à máquina" têm destas coisas, se não for à sombra do Orçamento Regional está quieto e assim, o paquete que ostentou toda uma vida o nome da cidade, viu os seus lhe virarem as costas.

O paquete Funchal, será o primeiro hotel flutuante e clube de praia da Signature Living's e, propõe-se a embarcar passageiros para uma experiência única, visitando as praias de Ibiza, Marbella e Maiorca. Os clientes da Signature Living's poderão também usufruir do navio em combinados de férias com os hotéis da mesma cadeia hoteleira. As reservas arrancam já esta Quinta-feira, 28 de Fevereiro, para o cruzeiro com partida de Liverpool pelo preço de £655 (766,14€).

Como já se percebe pelo casco, as acomodações (632 camas) serão de luxo com a excentricidade que a Signature Living's nos acostumou. Os decks superiores serão aproveitados para solários e festas.


A Madeira ganha medalhas mas os outros destinos levam o turismo.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Saúde termómetro da sociedade


O estado da saúde, sobretudo, o que um povo pensa sobre a situação geral dos serviços de saúde, é o reflexo sensível do estado mais geral da sociedade e reflete os mais diversos aspetos da sociedade.

 Incidem sobre as condições de saúde fatores tão díspares quanto a precariedade laboral, a qualidade do emprego, os níveis salariais, as formas de organização familiar. Incidem sobre os níveis e garantias da prestação de cuidados de saúde os investimentos em saneamento básico, os hábitos de higiene familiar, fenómenos ambientais e, mais especificamente, as implicações das políticas de saúde, em cujo vértice se encontra quem tutela os serviços de saúde.

Assim, a saúde de um povo é um termómetro da sociedade.

Na Região Autónoma da Madeira o que sobre o sector da saúde pensa o povo atinge o grau da maior negatividade. Para além da generalizada perceção da prolongada instabilidade funcional, que se reflete no Serviço Regional de Saúde com a entrada e saída de Secretários Regionais com a tutela da saúde durante o governo presidido por Miguel Albuquerque, existe ainda uma permanente conflitualidade com expressões públicas. Não só tem faltado capacidade de gerar uma necessária pacificação do sector da saúde, como tem faltado capacidade de liderança e de motivação dos profissionais da saúde à volta de um projeto, como mobilizador das populações à volta de uma credível ação pela saúde nesta Região.

Nunca como agora o termómetro subiu tanto para níveis tão desfavoráveis para a Região e para o interesse público.

Um número cada vez maior de pessoas sente que não estão reunidas condições para confiar no regime. Uma crescente multidão deixou de reconhecer credibilidade à saúde, uma vez que se reflete a mais baixa confiança da sociedade no atual governo presidido por Miguel Albuquerque. A desconfiança reflete uma degradação da situação social, reflete uma diminuição dos níveis das condições de vida.

Portanto, a perceção do povo quanto ao serviço de saúde reflete, como um termómetro, a compreensão da sociedade quanto ao regime e seus responsáveis. É sempre a esse vértice que é atribuída a responsabilidade pelas subidas do termómetro.

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Uma saloiada de Pedros



A civilização moderna tem reduzido o número dos tolos, mas aumentado proporcionalmente o dos velhacos, Marquês de Maricá
saloio 

  1. Que ou quem é dos arredores de Lisboa, a norte do rio Tejo.
  2. Que ou quem trabalha ou vive no campo.
  3. Que ou quem é grosseiro, revela falta de educação, de civilidade ou de bom gosto =PAROLO, RÚSTICO.
  4. Que ou quem age de forma desonesta. = FINÓRIO, MANHOSO, VELHACO.
  5. Diz-se de uma qualidade de pão fabricado nos arredores de Lisboa.
(Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2013)

Pedro: Significa "pedra", "rochedo" Com origem no nome grego Pétros, este a partir da palavra petra (uma tradução do aramaico Cephas), que significa literalmente "pedra, rochedo" ( Dicionário de nomes próprios )

Pedro, o saloio calado

Marmelada de banana
Bananada de goiaba
goiabada de marmelo ... saloiada de Pedros
Sítio onde todos ficamos amarelos.

O honorável Vice-Presidente do Governo Regional, Dr. Pedro Bettencourt Calado, escreveu no dia 17 Fevereiro, um artigo lúcido, cínico e hipócrita no DN. Foi a parte I. Deve estar por aí a aparecer a parte II, que presumo ser no mesmo tom. O texto mostra que o homem não é parolo, mas sim manhoso, finório. Sabe-a toda. Se foi velhaco ... penso que o tenha sido sobretudo e também, para os companheiros de “route” do GR e PSD-M e essencialmente para o seu “chefe nominal”, de nome Miguel Albuquerque. 

Tiro-lhe o chapéu pela coragem que teve, porque coloca em escrita e publicamente, o que o PSD-M e sucessivos Governos Regionais, nunca praticaram durante estes últimos 40 anos. Não lhe fugiu, atenção, a escrita para verdade, nada. Tem é muitíssima lata e um descaramento sem limites. E a sensação de tudo poder fazer, dizer e escrever. É saloio, em suma.

É intelectualmente desonesto neste artigo, porque preocupado com as eleições que se avizinham, sobretudo aquela que o poderá devolver e aos seus para trabalhos a que não estão habituados, refere que nestes meses vindouros, haverá muita “desinformação”, “tendência para deturpar a verdade”, “copos meio vazios”, “falar inverdades”, …… Não esquecendo que pede também “elevação”, “correção de análise”, “independência” e “sentido de estado”.

Acrescenta que a “gestão publica, coordenação politica, não se compadecem, nem devem ser feitos por detrás de selfies, fotografias e redes sociais”. “é vital o contacto humano…… ideias claras….”. Continua dizendo “deve-se conhecer o passado, para enfrentar desafios futuros”. E continua, continua, continua.......

Subscrevo inteiramente e plenamente estas palavras. Mas, reparem, Pedro Calado, escreve como um diletante, não pratica(ou) e nem faz intenções de praticar o que escreve. Ele apela, mas não diz que o vai fazer ( e os seus ). Tudo paz e amor. Pedro Caçado, desculpem, Calado foi apanhado. 

Mas atentem ao pormenor de ler nas entrelinhas. Neste seu artigo, atropela o chefe, MA, de que ele já não tem em grande conta, diga-se. È no mínimo hilariante quando escreve que “selfies, fotos, redes sociais” não devem contar. Isto quando o seu “ainda” chefe, usa e abusa daquilo, como alguém que usa e abusa de substâncias psicotrópicas. Fica-se viciado. Perde-se o contacto humano, que Pedro Calado pede. Pedro Calado pede também, “sentido de estado”, quando sabe que o seu ainda chefe, de sentido e orientação nada já tem e muito menos de estado. Vai boiando. Ele e o resto do GR que preside, Pede ideias claras e já sabemos que MA de claro, nada tem. Pedro Calado é deselegante para MA.

Sabe Pedro Calado, que a central de desinformação montada pelo GR e PSD-M usa e abusa dos meios de comunicação social ( RTP-M; JM; EM; grupos em redes sociais; perfis falsos naquelas; …. ) porque possui um conjunto de escribas e fauctores, prontos para branquear asneiras ( veja-se o ultimo Especial Informação na RTP-M, o jornalista e os três bonecos saídos do Muppet Show). Pedro Calado sabe como a intimação, a pressão, o medo, que o GR, PSD-M e empresas subsidio-dependentes, criam á população. Pedro Calado sabe que o GR e o PSD-M utilizam um conjunto de entidades, criadas e geridas para controle de consciências, de vontades e impor o medo de represálias, ao povo: casas do povo, cooperativas, clubes, IPSS´s,….. e ainda não cheguei á segurança social. 




Mas Pedro Calado, também fala em honestidade, em transparência no seu artigo. E aí, acreditem, fiquei estarrecido, surpreendido, estupidificado, mumificado. Não só pelo que refiro em cima, mas porque claramente, Pedro Calado, que quer tudo transparente, é o mesmo Pedro Calado, que omite, deturpa e de transparente..... nada. Népias. Uns poucos de exemplos:

1) Saúde. 4 dias depois deste seu artigo, a TVI mostra a desonestidade instalada e pelos vistos conhecida no hospital Nélio de Mendonça na Medicina Nuclear. No dia seguinte, Pedro Calado não se opõe a um comunicado do PSD-M assinado por um Prada desvairado. Não se opõe á intervenção de um Sec. Regional ameaçador, a tentar manter o logro, as trafulhices descaradas, cometidas naquele serviço e daquele hospital. Pior, para quem gosta de honestidade, transparência, realidade e elevação, Pedro Calado nada faz para impedir uma “putativa” comissão de inquérito parlamentar criada pelo PSD-M, que como sabe, tem como fim ultimo branquear, fazer deslizar no tempo e memória este caso de policia. Desafio-o a pedir a substituição desta comissão de “boys e miudagem”, por um inquérito público. Aberto a todos. Mostraria aí sim, a sua elevação e sentido de estado. Ou então, que chame o ministério público, mesmo o da Madeira. Mas não.

2) Sociedades de desenvolvimento. Desafio-o igualmente a explicar a necessidade de novo empréstimo ás sociedades de desenvolvimento. Explique o seu estado financeiro. Seja claro, honesto porque o povo precisa. Explique que sem aquela nova injeção de capital, as sociedades teriam de falir, estariam pertíssimo da insolvência. Porque é dinheiro para pagar juros e salários dos “boys”. Confesse que aquelas sociedades nada têm de seu, contrariamente ao que vem nos relatórios de gestão que apresentam. Diga que o pouco que têm de receitas, não pagam sequer os ordenados. E se possuem algum bem imóvel, esse, ou está todo penhorado ou não vale um cêntimo furado.

3) Empréstimo. Confesse que o empréstimo que o GR pediu e fundamental para manter a execução do Orçamento Regional nos níveis que pretendem, é nesta altura um falhanço. Diga a todos porquê e se faz favor, não venha com a estafada desculpa, que é por causa de Lisboa.

4) Câmara do Funchal. Seja honesto e transparente. E confesse. O que se passou na câmara do Funchal ? Qual a razão do desequilíbrio financeiro e das multas que paga(ou) por actos de gestão, não legais cometidos ? Se foram fraudulentos, teremos depois a policia. 

E poderia continuar. Esta é apenas uma pequena amostra de que aquilo que pratica, está nos antípodas do que escreveu. Sabe, devia ser-lhe oferecido aquele livro “Um partido com paredes de vidro” de um tal de Álvaro de Cunhal. È que Pedro Calado, tal como Cunhal, têm as suas cassetes que nunca mudam e paredes de vidro demasiado baças. Mesmo muito. Existem telhados de vidro, sim senhor. e são muitos, tantos como os buracos que deixa(ou). Aliás transparência Sr. Vice-Presidente, é coisa que desconhece. 

Pedro Calado quererá ser “Pétros” ? Ainda vai a tempo, mas cheira-me que Pedro Calado, vai ser apenas mais um saloio na Região e que continuará a querer fazer de nós “parolos”. Neste reinado do PSD-M, Pedro Calado terá por certo o cognome de "O saloio"
História: um relato geralmente falso de acontecimentos geralmente fúteis, contados por governantes geralmente velhacos e soldados geralmente tolos, Ambrose Bierce

Pedro Ramos, um saloio na Saúde da Madeira. Saloiada de marmelo.

Nos meus primeiros artigos na Gnose, ao opinar sobre o novo hospital central na Madeira, referi que a Região não possui massa critica para ter 2/3 hospitais e um conjunto de clínicas tão numerosas como as que existem actualmente. A Região é geograficamente pequena, tem apenas cerca de 250.000 habitantes. Não possui mercado ( profissionais de saúde e utentes ), para haver sustentabilidade económica de um projecto privado de saúde, excepto se a Região falhe muito, ou abdique no que lhe compete fazer nesta área. E falha.... não muito, mas muitissimo. E abdica, também.

Reforço: na Madeira não existe mercado, que sustente uma saúde privada hospitalar ou de serviços e uma saúde pública com os serviços totais adequados á população. E quem diz o contrário, mente. Mas, lá está, se públicos e privados “repartissem” áreas clínicas, seria uma hipótese. Mas se assim fôr, qual a necessidade de investimentos tão grandes no sector público da Saúde, como é o caso do novo hospital ? Ou em equipamentos ?

Fruto de acontecimentos recentes, a Medicina Nuclear na RAM, é um exemplo prático do que sucede numa Região com mercado pequeno:  existirem 2 entidades que praticam e têm capacidade para fazer o mesmo. Uma claro tem que ser arredada. O GR numa lógica ruinosa para o bem público, escolheu entregar a um privado os serviços de Medicina Nuclear, desinvestindo na área, retirando ou mandando embora profissionais. É a chamada gestão saloia que se demonstra assim: as galinhas do meu vizinho, são melhores que as minhas. Por isso, acordo com o vizinho comprar-lhe galinhas e dou-lhe desde já dinheiro para durante 20 anos, mesmo que os animais venham doentes ou subnutridos. Ah... e ainda pago as galinhas do vizinho que ele e os seus comem ou vende por fora. E se o vizinho achar que alguém da minha família deve pagar mais, …. completamente de acordo, desde que não sejam os filhos ou os pais.. Aliás eu quero é pagar, para poder trabalhar, no galinheiro do vizinho.

Pedro Ramos na peça jornalística da TVI sobre os serviços de Medicina Nuclear na RAM, mostrou á jornalista e a todo o país, que achava aquilo tudo uma brincadeira. Reparam naquele sorrisinho maroto? de galaró ? de Hommo Saloiun ?.  Depois, bem depois, foi “apanhado com as calças na mão”. Omitiu, desconhecia, no minimo .……. Deve-lhe ter caído a moeda quando viu  a reportagem, ou alguém a viu por ele. 
Por isso, no dia seguinte, fez pior. Armou-se em ditador. Estava ressabiado. Fez-se entrevistar á frente dos serviços, ameaçou e fazendo jus ao nome ( pedra, rochedo …. ) continua a achar que a parceria com a empresa Quadrantes é a melhor para a Região e por aí fora. Não percebeu ou não quer perceber como teimoso que é, que aquilo é caso de policia e de exemplar apenas a ideia de como arruinar financeiramente um serviço público.

Aquilo que Pedro Ramos devia explicar é:  porque é que uma empresa trabalhou sem licenças; porque são entregues a uma empresa serviços que podiam ser realizados no hospital; porque é que o serviço regional de saúde comprou e investiu ( certo 85% vieram de fundos comunitários ) em equipamentos que não usa; porque mantém profissionais parados e a receber …..a isso Pedro Ramos nada diz.

Também não diz e ninguém lhe perguntou, porque é que não fez o GR da Madeira um concurso público para entregar aquele conjunto de serviços a privados. Aliás, a Quadrantes e dado o investimento que um serviço de Medicina Nuclear representa, acima dos 3 milhões de euros só em equipamentos e instalações, não foi para a Madeira à espera que algo  lhe caísse nas mãos. Nada disso, só acreditará nisso, quem acreditar ainda no Pai Natal. A Quadrantes como privado que é, investiu porque sabia já à partida que não teria concorrência. Tout-court. Foi um toto-madeira que lhes saiu e aproveitaram.

Pedro Ramos, também assobia para o lado, quando não explica rigorosamente nada sobre quais os ganhos e o valor dos mesmos, para a população madeirense, da parceria com a Quadrantes. Uma coisa lhe digo, em Lisboa existem serviços da Quadrantes mais baratos do que a tabela em vigor na Madeira !!!!

Pedro Ramos também não fala , daquilo que a repórter assinalou e que passou ao lado de toda gente: Prada, Calado, Albuquerque, órgãos de comunicação social e miudagem. A existência de gente na Madeira, que não quis falar por  medo de represálias. Pior, Pedro Ramos e todos os saloios que o defendem, nem uma palavra dirigiu á pessoa que valentemente expôs a sua situação pessoal e ainda por cima com aquela situação familiar às costas. A vida destas pessoas e de todas as outras, para Pedro Ramos, parece não terem valor nenhum. Ele assim o demonstra. São números.

Pedro Ramos não demonstrou remorsos, nem arrependimento. Nada. Já se sabia que Pedro Ramos como Sec. Regional nada valia. Mas agora, que se tinha um saloio como Sec. Regional, é uma novidade. Percebe-se assim, porque na Madeira a Saúde pública é um negócio de poucos e controlada para os “parceiros” com a impotência total de quem precisa dela. Afinal  são apenas números de uma folha excell ( lembrem-se dos cortes nas consultas médicas e a sua "explicação natural" ).

Pedro Ramos, claramente não pratica o que o seu mini-chefe, Calado, escreveu. Pudera. Diz-se sempre que o exemplo vem de cima, mas claramente de cima apenas saloiada. Que Ramos a pratica, cinicamente pelos vistos. Não se espere uma demissão, nem se espere arrependimento. Apenas mais asneiras.

Nenhuma novidade  também na posição da secção regional da ordem dos médicos sobre este e outros assuntos. Pudera, fecham os olhos e deixam  muito dos seus membros ganhar a dois tempos: por ambos os lados. No publico, porque é lá que recebem um ordenado que lhes paga a casa, no privado porque é lá que recebem o extra para poder pagar os  luxos. E ainda muitos são sócios nos privados. Recebem dividendos(?) e sejamos francos, quantos mais dividendos(utentes) mais ganham. É assim no privado, naturalmente.. Sempre.  Não existe  ética e moral nos costumes e ainda por cima, têm uma prática de anos e de bênção dos sucessivos governos regionais ou DDM - Donos Desta ....Madeira. Enfim.




Uma pequena observação
Pareceu-me ouvir nas imagens da RTP-Madeira, Miguel Albuquerque quando foi apresentar cumprimentos, no paço episcopal, ao novo Bispo do Funchal, dizer que não podia estar na primeira missa celebrada pelo Sr. Bispo, porque tinha consultas marcadas. Se assim fôr, e se foram médicas, foi nos excelentes serviços da RAM que ele tanto apregoa ? Ou terão sido consultas ao bruxo Kibombo Xandinga para saber qual o seu futuro ? Ou terão sido consultas á consciência ?
Há um principio que deve ser considerado como absoluto por um soldado das SS: comportar-se honradamente, honestamente, fielmente, em excelente camaradagem com todos aqueles que são do nosso sangue, mas perante mais ninguém. Que os outros povos vivam em prosperidade ou estoirem de fome, isso em nada me interessa a não ser na medida em que tivermos necessidade deles como escravos da nossa cultura; não me preocupo com mais coisa nenhuma …” Discurso de Heinrich Himmler, 1943, em Posen

Substituam caros amigos, SS por PSD-M; e Heinrich Himmler pela prática, acções e discursos de qualquer governante da RAM ou do PSD-M nos últimos 40 anos. Encaixa. É violento, é brutal. Mas é a verdade. Dura, nua e crua.

Um exemplo civico. 

Não conheço o Dr. Rafael Macedo pessoalmente. É um amigo do facebook. ponto. Reconheço-lhe no entanto coragem. Contra tudo e todos, expôs uma situação grave, que onera os Madeirenses quer financeiramente, quer sobretudo na área da sua Saúde. O que fez é obra e quero expressar-lhe desde já a minha solidariedade, gratidão e que me honra tê-lo como amigo "facebookiano".

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Rafael Macedo


Vou escrever umas coisas triviais da forma como as sinto, mas não terão ponto sem nó.

O Rafael Macedo é um ser hiperactivo, mentaliza-se com data e hora para cumprir mas vive numa terra onde não se respeita datas e horários por costume e, chegar atrasado, é uma forma de manifestar superioridade. Estes "gajos" importantes por demérito, noutros países, já não entravam onde faltaram ao compromisso da pontualidade. As dissertações devem ser concisas, 15 minutos é a regra, porque parte-se do princípio que todos têm a lição na ponta da língua e a reunião será produtiva por novidades ou ideias. Aqui, 100, 1.000, 10.000 esperariam pelo "importante" que acrescentaria o tempo de prelecção consoante o ego. As horas na Madeira é "pelas" para ninguém se envergonhar, os orçamentos têm rectificativos (atenção à pronuncia do C), nivela-se por baixo para aprovar e depois soma-se, vai-se somando. Podia perfeitamente chamá-los de "irresponsáveis" mas aqui é uma ofensa e não uma verdade porque os hábitos regem-se pelo laxismo e, quando alguém se ofende, todos os que lucram juntam-se em matilha. Está-se bem. Na política pocilga-se e não se fala do que interessa, obra-se na Saúde quando o problema é de gestão e esquemas, para além da manutenção de edifícios, equipamentos, quadros de pessoal e pagamentos. Surgem tantas virgens para esta clara verdade ...

É normal se ver consultas atrasadas e pacientes à espera, quando há consulta e não telefonam para adiar depois de meses ou anos à espera. O Rafael Macedo é o contrário, é por isso que é exigente depois de metódico e preciso, ora ... estas virtudes já são um problema na RAM. Ferem.

A designação é RAM, Região Autónoma da Madeira, não poderia ser mais apropriado, é tudo um ram-ram. Se tens vontade de trabalhar ou inovar, cedo te chamam espertalhão e metem-te como o marginalizado da zona. Tudo deve cumprir a cadência, o ritmo e o desejo dos medíocres com os respectivos interesses. Por isso a Madeira é o que é. Estigmatizada. É uma ilha complicada, conflituosa, cheia de jogadas, monopólios e benefícios que se encobrem. Se não acordam com os corajosos, a realidade cairá em tromba de água. Os de fora que já meteram risco em cima esperam pela hora do juízo final. E o que é isso? É o momento do esgotamento do sistema por falta de meios financeiros, depois de tanto prevaricar o Orçamento Regional, chega um momento que tomba, tromba de água, dívidas com ausência de receitas para suprir. Todos os que viveram à sua sombra estarão seguros e ricos, se desejarem, emigram para lugar mais aprazível e, os cidadãos que lutam dia-a-dia para sobreviver na conjuntura criada ficam ... a pagar. A razão será reconhecida tardiamente quando não houver remédio. Já aconteceu e vai voltar a acontecer. Até que o contribuinte europeu acorde (por azar já acordou), os apoios da UE sejam ajustados (para baixo) e surja uma catadupa de fiscalizações por demasiados casos suspeitos em diversas áreas. Será o dia dos heróis sós. Aqueles que tombaram na luta pela decência.

Na Madeira é tudo perfeito, sempre perfeito, o mais, o maior, o grande, o melhor mas falimos a região e adicionamos uma dívida escondida. A nossa Saúde "não é bem assim", "que exagero, que se conte as partes boas", etc ... mas todas as listas são de espera, bem nutridas por extensão e tempo. Esse essencial na Saúde, ela não dispensa a pontualidade. Se você for doente, prefere o hiperactivo e metódico Rafael Macedo, com defeitos e virtudes, ou o céu na terra dos outros? Falar de céu na doença já mete ansiedade. Não é verdade que todos metem cunha na nossa Saúde para ver se não demora tanto?

O madeirense deve investir em viagens (isto pode ser ofensivo para alguns mas é dito mesmo por utopia), ouvir os outros, sair do cantinho do céu, comparar.

Desculpem a sinceridade. O Rafael Macedo dava um excelente profissional na Holanda, 100 à hora, "telha corrida" (dito com respeito à luz das regras locais de quem se indigna) e país de fabrico de algumas máquinas. Estabelecem um prazo, acabam sempre antes porque o que cresce é para conviver, festejar ou aperfeiçoar. Porque os ambientes de trabalho perfilam-se por objectivos e prazos, os mesmos são muito melhores e aprendem a fazer equipa para alcançar os objectivos, caso contrário todos perdem, não costuma haver inúteis importantes por cunha política. Ou sabe-se ou não se sabe. Parece incrível, por isso deve viajar.

Mas tem mais, segue-se um exemplo, porque o trabalho está feito a tempo e horas, o país é muito competitivo. Neste momento, a Airbus, no que concerne ao fabrico de asas no Reino Unido, está a contas com o Brexit. A Holanda, há alguns meses, enviou a várias empresas do outro Reino funcionários do seu Governo nas áreas da economia, finanças e energia. Como sempre oferecem regalias fiscais, seguro de investimento e não sendo suficiente, ofereceram no caso da Airbus a energia para laborar (um dos principais custos) porque, tal como os comboios que já circulam a 100% com energia eólica, energia é uma vantagem que se pode oferecer ... porque se está à frente no tempo, é de "borla". A rentabilidade dispara depois da manutenção das geradoras. Tempo é dinheiro. Energia é rentabilidade. Precisão é vitória.

A Madeira cansa porque tudo é complicado e conflituoso, tudo é esquemático e politizado. Com tudo se retira dividendos sem retornar qualidade de vida por via de impostos que se paga. Os que falam de trabalho e produtividade têm os restantes a fazer política, essa de onde retiram dividendos e promoções. Quando assenta a poeira afinal nada funciona.

Escrevo no formato antes da barbaridade ortográfica porque, por exemplo, adoro a palavra "ponctualité" ... aquele C fere e determina a exactidão. Tal como gosto em português de alguns "C's" antes do "Ç" ... existem para reforçar o sentido da palavra ... claro que foi abolido ... laxismo é o que está a dar. Impera. ... vão nascer mais "reCtificativos" para compensar as verdades políticas.

Da maneira como está a nossa saúde é pouco credível que os gestores tenham razão e são os profissionais a dar a cara pelo sistema aos enfermos. É natural que saturem e os gestores digam que não é bem assim, pois na Madeira trabalha-se para ser caro e não competitivo. As razões são as que conhecemos ...

Entretanto, algures na Holanda, estas discussões são coisas do século passado, os hospitais estão a levar doentes à exposição do Rembrandt no Rijksmuseum onde pela primeira vez se juntaram todas as obras do pintor, estão numa exposição. Tem sido uma alegria e um histerismo nos hospitais, até nos casos terminais. Que alegria dá o serviço regional de saúde? As listas de espera? A falta de fármacos e de meios humanos? Os esquemas? Sim há profissionais dedicados e há bons exemplos, excelentes, que bom, ... já não posso dizer o mesmo de gestores e políticos. Não se escondam atrás do mau quadro! Há falta de gestão, decência, humanidade e responsabilidade. Há tanto para crescer! Para chegar ao tempo de haver tempo de tudo funcionar e levar os doentes ao museu, ao parque aquático, à visita ao navio, ao oceanário e até ao casino.

A Censura do Governo

Quando soube que a TVI 24 iria transmitir um debate sobre o financiamento público em clínicas privadas, nomeadamente no caso da medicina nuclear, pensei que o tema seria sério. E ao assistir ao tal debate, as espectativas até foram suplantadas. Como diz a gíria popular, as denúncias que aquele debate deu a conhecer a nível nacional caíram que nem uma bomba. Tanto que praticamente de imediato todos os partidos da oposição vieram pedir esclarecimentos sobre a referida situação. Do lado do governo a reação foi a mais previsível de todas: ameaças de processos contra o médico que denunciou a situação. Porém, nestes casos há sempre um jogo sujo paralelo que tem como objetivo descredibilizar o acusante. É sabido que uma pessoa pode se destacar de duas formas: ou faz algo que o faça se destacar em relação a quem lhe rodeia, ou rebaixa todos os que estão à sua volta de modo a que, mantendo o seu nível medíocre, aparentemente se destaque dos restantes.

Eu costumo dizer que o governo não é incompetente. Por vezes eles podem parecer incompetentes devido as decisões que tomam, mas eu acredito que eles sabem muito bem o que fazem.  É tudo premeditado e planeado. A população só é informada de uma ínfima parte daquilo que acontece nos bastidores da política…e é essa falha de informação que pode levar a pensar que os governantes são incompetentes. Ora, a prova de que não são incompetentes está no tal jogo sujo que começou sem demoras e de forma descarada. Este veio sob a forma do programa Especial Informação, emitido pela RTP-M no dia 21/02/2019 (link).

O objetivo apresentado pelo apresentador do programa foi discutir a polémica que envolve a unidade de medicina nuclear da Madeira, nomeadamente a relação entre o setor público e o setor privado. O debate deveria também ter em conta as reações que surgiram derivadas da reportagem emitida pela TVI 24. Para tal foi convidado um painel de médicos especialistas naquela área da medicina, que incluiu o Dr. Rafael Macedo, o médico diretor da unidade de medicina nuclear da Madeira que denunciou toda a situação.

Eu, no meio da minha ingenuidade, e considerando o painel escolhido, pensei que ao longo do programa iriam debater temas como as vantagens e desvantagens do setor público em assumir os cuidados de saúde da população, as razões pelas quais o governo regional decidiu pagar ao setor privado em detrimento de utilizar os equipamentos existentes no setor público (que foram pagos por todos os contribuintes), entre outros tópicos de verdadeira utilidade pública. Contudo, aquilo que eu vi foi um programa aparentemente encomendado para chacinar o Dr. Rafael, que ali sozinho, foi literalmente atirado contra os lobos. Os danos não foram tão graves como poderiam ser porque esses lobos não conseguiram mostrar ter a categoria, cultura e educação que é esperado se ter na classe médica. Vou dar alguns exemplos que mostram como o painel que rodeava o Dr. Rafael estava ali apenas para o deitar abaixo.

O Dr. Eugénio Mendonça começou a sua intervenção interrompendo a palavra ao Dr. Rafael para perguntar-lhe de onde tirou o valor de 600€ por exame cobrados no setor privado versus 8€ como custo no setor público. Após a resposta do Dr. Rafael, o Dr. Eugénio questionou se o valor de 8€ não incluía despesas relativas ao estabelecimento físico, água, luz, honorários médicos, produtos utilizados, etc. A resposta do Dr. Rafael foi concisa em termos de valores. Agora eu pergunto, a questão colocada pelo Dr. Eugénio não parece ter sido feita de má fé? Ou espera-se que as despesas referidas totalizem 592€ por exame?

Seguidamente interveio o Dr. Mário Rodrigues. Nessa intervenção a confusão foi tal que não foi possível tirar grandes conclusões. Dada esta situação, o moderador do programa optou por passar a palavra ao Dr. João Pedroso Lima.

O Dr. João começou a sua intervenção com algo que nada tinha que ver com o tema do debate, nomeadamente envolvendo questões sentimentais de âmbito meramente pessoal. Isto ao meu ver, além de mostrar falta de profissionalismo dada a seriedade da questão em discussão, ainda pode ser visto como uma forma de assédio moral apontado contra o Dr. Rafael. Aparentemente o Dr. João ficou ofendido com um post publicado no perfil pessoal do Dr. Rafael no Facebook.Então agora qualquer coisa publicada no Facebook tem caráter oficial? O resto da intervenção do Dr. João derivou do sentimento de ofensa com que ficou derivado do post do Dr. Rafael.

Seguiu-se uma nova intervenção do Dr. Eugénio, desta vez com algum conteúdo. Ele referiu (e bem) que o cerne desta questão é política e não médico-científica. Só não percebi onde é que o Dr. Rafael pôs em causa a qualidade dos serviços prestados a nível da medicina nuclear na Madeira. O que ele referiu é que a unidade de medicina nuclear hospitalar tem melhores equipamentos que a clínica privada a qual o governo paga para executar a maioria dos exames. Outro ponto referido foi que a população tem a possibilidade de optar ser tratada no setor público ou privado. Mas como isso será possível se o setor público não disponibiliza esses serviços em relação à medicina nuclear? Afinal que diversidade de exames é que a unidade de medicina nuclear hospitalar poderia realizar e só não o faz porque o governo decidiu não adquirir os consumíveis necessários à realização desses exames?Lamentavelmente as restantes intervenções do Dr. Eugénio tiveram como base a sua preocupação em não alarmar a população…deve achar que é melhor a população ficar na ignorância do que conhecer a realidade que a rodeia.

Por fim, a intervenção do Dr. Luís Oliveira cingiu-se na defesa da empresa que dirige. Justificações por todos os lados, com uma cereja no topo do bolo quando disse que não vem para a Madeira fazer caridade.

Concluindo, este debate pareceu-me muito nebuloso. Não foi possível tirar nenhuma informação ou conclusão verdadeiramente útil, seja em que quadrante for. Muito dispare em relação ao debate promovido pela TVI 24. Sinceramente, o cerne desta questão tem de facto caráter político não médico-científico. Então para quê este debate tomou os contornos que tomou? Será que foi esse o objetivo? Jogar areia nos olhos da população para distrair sobre as questões que realmente interessam? Afinal quem é que decidiu que a maioria dos exames de medicina nuclear seriam feitos numa clínica privada em detrimento das próprias instalações públicas e mais bem equipadas que o setor privado existente na Madeira? São os contornos relacionados com esta questão que têm de ser analisados.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

O povo deve exigir uma Comissão de Inquérito Pública


Como diriam na Assembleia, antes da ordem do dia, brincaram por ganância e sem humanidade com a saúde e vida de muitos. É inconcebível onde chegou a corrupção, peculato e o compadrio no Partido Social Democrata da Madeira. Não há perdão nem justificação! Têm que ir à pedra e pública !

À medida que os débeis mentais e políticos do PSD Madeira são postos à prova, com os relatos de parte da mega corrupção instalada pelo partido do poder, mais se vê a fraqueza dos argumentos perante as provas dadas a conhecer pela reportagem da TVI. Que grande momento e que grande divulgação. E a Madeira, pelas piores razões, deixa de novo marca a nível nacional. A Madeira tem ares de corrupta assim como é dado adquirido que no Afeganistão ocorrem atentados e que na Venezuela existe um lunático.

A determinada altura da investigação, vemos a jornalista com as provas expostas em papel afixadas numa parede e a interligar as situações e as datas. A TVI está muito bem documentada. No debate o Garcia Pereira disse muito sobre onde isto pode chegar. Para além disso, os Drs Rafael Macedo e Miguel Ferreira corroboraram, situação de coragem única porque normalmente, na Madeira, toda gente tem medo e os prevaricadores ganham por falta de comparência do que sustenta a verdade, todos precisam do seu ordenado para viver. Ora isto não é democracia.

Os deputados do PSD Madeira não representam o povo da Madeira. Recebem votos do eleitorado, vão para a Assembleia porque o eleitorado vota mas representam os interesses do seu partido completamente corrupto e vencido por aqueles que usaram a política para obter uma vantagem, para enriquecer no mundo empresarial financiado pelo Orçamento Regional.

É por isso uma tremenda lata esta do José Prada, que no contexto do PSD-M e sendo seu secretario geral, pouco mais pode fazer do que participar no apoio ao gamanço defendendo os corruptos do seu partido. Já o disseram com orgulho, o PSD-M é uma máfia mas ... no mau sentido. Metem todo tipo de medos dizendo que os outros são piores e que não prestam, sujam o bom nome dos adversários quando eles são o maior problema da Região Autónoma da Madeira. Instalaram corrupção e compadrio, os concursos de pessoal e bens são ganhos pelos seus militantes e empresários, fizeram uma enorme dívida que nos empobrece e continuam a aumentá-la.

José Prada escreve um texto enquanto secretário-geral do PSD-M que, como sempre, atira para todos os lados para dispersar as atenções mas, a pergunta que põe, é que só agora o PSD-M quer apurar factos porque quer manobrar a opinião pública com uma comissão de Inquérito que deve ser então PÚBLICA e não fechada e convidando quem dá jeito como no caso da árvore do Monte. Queremos uma Comissão de Inquérito Pública como a da TAP onde vimos que a companhia pode ser safada mas, sem dúvida, que têm quadros de excelência a lutar pelos interesses da empresa que os paga e nós temos deputados inúteis no Parlamento que fazem fretes ao partido da corrupção, dos compadrios, dos lóbis e de regime, a máfia no mau sentido.

Esta tarde política está com grandes novidades, vemos a cidadania, os partidos e movimentos em uníssono a pedir uma Comissão de Inquérito Pública sobre a Saúde. À partida é aposta ganha, se o PSD-M diz "não" perdem, se o PSD-M diz que "sim" (e já o disse) vai se emaranhar ... e perde, porque é impossível não ir bem preparado como a administração da TAP. O PSD lida com décadas de má gestão e esquemas. E o ministério Público?

O nosso sistema de saúde é um doente grave

 1. Também vi como uma larga maioria dos madeirenses a reportagem (ver aqui) e o debate da Alexandra Borges na TVI sobre os negócios incompreensíveis da unidade nuclear do nosso Hospital Dr. Nélio Mendonça. Obviamente que fiquei ainda mais preocupado e confuso. Mais preocupado porque há muito que tremo de medo de algum dia ter que passar algum tempo no hospital por causa de alguma situação de doença. Confuso, porque não se compreende como pode alguém ter um Mercedes estacionado à porta, mas anda de carro alugado, movido pela ideia de que o carro alugado é melhor e mais barato. Sinceramente não entendo. A investigação em causa consiste nisto, o Hospital do Funchal está a encaminhar os pacientes para fazerem exames de medicina nuclear numa clínica privada, a quem paga milhões de euros. Enquanto isso, a sua própria unidade de medicina nuclear, que foi construída e equipada com dinheiros públicos e financiamento comunitário, está praticamente parada.

2. Já várias vezes refleti tomado pelas imensas notícias negativas sobre o nosso Sistema Regional de Saúde. A 3 de Junho de 2016 escrevi um texto que replico dele adiante algumas ideias, para vermos como a saúde há muito tempo anda a decair a pique, e mais agora que se descobre o quanto anda apanhada a saúde na Madeira pelos negócios e os interesses de grupos económicos privados, que sugam quanto mais podem os nossos impostos. Tudo muito bem legitimado pelos governantes. É intolerável. E a única atitude que se esperaria devia ser corar de vergonha quem nunca soube ou simplesmente não quer acabar com estas negociatas prejudiciais aos madeirenses.

3. Estamos mesmo doentes. O governo Regional anda doente. O nosso sistema de saúde está doente. A sociedade madeirense ficou doente ou quem sabe se essa doença não veio com as caravelas, que deixaram por cá uma doença crónica que nunca mais nos libertou deste estado de doença fatal. Ou não haverá também alguma loucura pelo meio? – Certo, é que este trapiche constante na saúde não pode continuar.

4. Nada do que se tem passado se tratará tanto de doença. Antes devemos considerar que se trata mais de irresponsabilidade, falta de vontade política, arrogância, prepotência, interesses privados, desrespeito pelos doentes e uma serie de situações inadmissíveis que vão contribuindo, não tanto para uma doença incurável nos hospitais, mas para um circo de que ninguém gosta da brincadeira.

5. Por isso, não nos fazem rir saber que faltam materiais necessários nos hospitais para cuidar convenientemente dos doentes. Não nos fazem rir saber que as pessoas entram na porta do hospital com uma determinada maleita e saem pela porta da morgue dentro de quatro tábuas. Não nos fazem rir as várias politiquices à volta da saúde. Não nos fazem rir que alguns se sirvam da saúde para fazer política partidária. Não nos faz rir quando sentimos medo de visitar os nossos familiares e amigos quando estão internados no hospital. Não nos fazem rir os negócios com privados a valores elevadíssimos sacados ao Orçamento Regional, quando tudo o que se faz no privado pode ser feito no público de forma mais barata e quiçá em melhores condições. Não nos fazem rir todas as situações esquisitas relatadas pelo médico Dr. Rafael Macedo. Um homem que merece o nosso respeito e aplauso pela sua atitude tão corajosa, numa terra de frouxos que tremem de medo todos os dias e deixam as situações se arrastarem por cobardia e interesses pessoais. Eu sinto-me grato ao Dr. Rafael pelo seu sentido de missão, amor ao serviço público de saúde e entrega à causa do bem estar dos madeirenses.

6. Tudo isto semeia mais desconfiança em relação a uma realidade tão importante para a nossa qualidade de vida, o nosso sistema regional de saúde. Não pode ser assim, precisamos que o Governo Regional se dedique à saúde e deixe de andar entretido com a sua imagem e a propaganda.

7. Por isso, devemos exigir responsabilidade em primeiro lugar à entidade que tutela a saúde e que tudo faça para que tenhamos os melhores profissionais empenhados e dedicados ao bem estar das pessoas quando estão doentes. A saúde é o bem mais precioso que temos, não deve fazer parte de joguetes malévolos que semeiam anarquia e medo. Muito menos devem as chefias serem escolhidas pelo cartão de militância partidária, mas pela qualidade, formação que apresentam e sentido de missão. Pensemos todos nisto, porque isto diz respeito a todos nós.

9. Os governos quando são incapazes de convenientemente garantir o pão, a saúde e a educação ao seu povo são ilegítimos.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Hipócrates, onde andas?


Estive à procura de palavras e atónito é a que melhor se encaixa para a reportagem da TVI ontem (Saúde na Madeira). Aquela apatia de quem fica a assimilar algo que não surpreende mas nos fere. É tão desumano traduzir a reportagem para factos do nosso quotidiano, dramas que se passam nas famílias madeirenses, entre esperanças e desesperos, na busca de saúde. Queremos sempre acreditar que temos a nossa oportunidade e que todos dão o melhor por ela mas isto deixa-nos sem reacção.

A Saúde caiu nas mãos de comerciantes, também nela e apesar do Juramento de Hipócrates. Essas palavras a respeitar como Juramento da Bandeira, neste caso, efectuado pelos médicos por ocasião da sua formatura, onde juram praticar os actos médicos de forma honesta. A deontologia já andava lá por baixo em imensas profissões mas esta é um murro no estômago, especialmente quando se pensa em entes queridos em situação débil de saúde. A sociedade moderna é isto? Que escola temos e que valores transmitem, a do valer tudo para ser rico usando a fragilidade humana?

Lembrei-me das palavras de Miguel Albuquerque a pedir aos nossos emigrantes, regressados da Venezuela, para explicar o que era o socialismo na Saúde daquele país, querendo confundir as coisas. O exemplo na altura nem foi feliz porque a Madeira também passa por carências a vários níveis mas, ontem com a reportagem da TVI e a justificação dada por Albuquerque para não estar na cerimónia de posse do bispo D. Nuno Brás ... tinha ido a uma consulta médica ao continente. Juntaram 3 peças de péssima comunicação política. Um marco nas Regionais que já se vivem.

HIPOCRATIS

No momento de ser admitido como
Membro da Profissão Médica:
Prometo solenemente consagrar a
minha vida ao serviço da Humanidade.

Darei aos meus Mestres o respeito e o
reconhecimento que lhes são devidos.

Exercerei a minha arte com
consciência e dignidade.

A Saúde do meu Doente será a minha
primeira preocupação.

Mesmo após a morte do doente
respeitarei os segredos que me tiver
confiado.

Manterei por todos os meios ao meu
alcance, a honra e as nobres tradições
da profissão médica.

Os meus Colegas serão meus irmãos.
Não permitirei que considerações de
religião, nacionalidade, raça, partido
político, ou posição social se
interponham entre o meu dever e o
meu Doente.

Guardarei respeito absoluto pela Vida
Humana desde o seu início, mesmo
sob ameaça e não farei uso dos meus
conhecimentos Médicos contra as leis
da Humanidade.

Faço estas promessas solenemente,
livremente e sob a minha honra.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

O jornalismo pode evitar erros na governação

A solução 3 tinha em conta a batimetria para facilitar os trabalhos e os custos.

A Madeira tem um grave problema, não há selecção natural. Seria a forma de adequar a capacidade das pessoas aos cargos e às funções para o bem de todos e para o desígnio regional. Infelizmente, isto não é entendido, agora contam as massas acéfalas que em coro repetem pelo diapasão dos DDT, políticos ou empresariais. Se és impreparado mas "carneiro" terás o teu tacho bem remunerado, o "Politburo" do sistema regional dará as instruções.

Tenho dito e aguardo, não como premonição mas com certezas do que ocorre nos bastidores da indústria, de que a Madeira vai se dar muito mal com os cruzeiros. Não tem condições para acolher, não faz prospecção nem promoção, não contacta, não sabe o que procuram as companhias e os passageiros, não tem tacto para tratar bem a indústria. Estamos nos antípodas do que andam os Açores a porfiar há muito e que levaram à alteração do estabelecido para as travessias Atlânticas nas mudanças de temporada.

A APRAM está fortemente minada por colocações políticas, não saímos do monopólio que cada vez cresce mais noutros sectores conexos em vez de realizar a prometida reestruturação. Basicamente, blindam os interesses para que depois qualquer passo seja impossível e mantenha, mesmo com mudanças, o status quo. Será sempre oneroso ou carecido de indemnização (depois de tanto usufruir) o afastamento do polvo. É por isso que temos qualquer uma a mandar na APRAM, para servir interesses, e esses não são os da Madeira.

Na notícia da RTP-M, se ouvirem com atenção, evita-se a todo custo a verdade, que se construiu mal o Cais 8, que não serve para acostar navios e que desvia (enquanto parede de tabela) a ondulação e as correntes para o interior do Porto do Funchal. Explorou-se, só ao de leve, o clima e a necessidade de fazer crescer o porto com a indústria (navios maiores que arrancam cabeços de amarração desadequados). Para navios maiores, mais extensão de cais porque isso importa às empresas de construção. Não se disse, em nenhum momento, que a construção do Cais 8 inviabilizou a plena segurança em todas as 8 posições de Cais no Porto do Funchal e que agora temos, incrivelmente, menos área de cais apetecível para os cruzeiros virem cá depois da construção do 8. Todos os madeirenses se subordinam ao erro através dos responsáveis e da comunicação social que foge aos temas por forma a 1, 2 ou 3 não perderem a razão política.

Só se projectam na área portuária serviços desconexos.
Lembram-se da discoteca? Lota, Museu ... Qual o interesse no porto?
Toda esta gente que não conta a verdade é pior do que aqueles que mandam construir, porque a critica, se receber resposta, as situações solucionam-se, agora perverter, desviar, contar de outra forma é protelar a solução e garantir que "vamos" cometer mais erros. Falham mas não querem ser culpados. Viram projectar e construir mal mas não abriram a boca porque preferiram zelar pelo emprego e não acreditam nas instituições que lhes poderiam valer (também minadas). Agora, paciência, são cúmplices, não cabem todos os proveitos no mesmo saco.

Nunca haverá coragem de algum governo desta cor para destruir o Cais 8, a solução será sempre construir mais, prolongando a Pontinha, ninguém quer saber, por exemplo, o que idealizaram e porquê, os mais antigos que estiveram na origem da Pontinha e que a conceberam bem, plenamente comprovado pelos anos de serviço sem maus registos. Se calhar sabem mas destapariam mais erros. Naquele tempo, contavam que as ribeiras num outro 20 de Fevereiro poderiam encher o "poço" interior do porto, basta pensar na dimensão do aterro que já tivemos. A propósito, já necessitamos (outra vez em curto espaço de tempo) de desassoreamento na foz das ribeiras, que negócio. Nas obras pensadas era já de prever serviço permanente.

Virá um tempo em que outros muito melhores do que estes, sem merecer, provaram o acumular dos erros e onde haverá bem menos escalas de cruzeiros (na quantidade a que estamos habituados). A indústria, apesar de mudar rapidamente de portos, tem a planificação das localizações e itinerários projectadas a 3 anos.

Quanto à RTP-M, era bom mudar o jornalista das peças sobre portos e mar, está a ficar estigmatizado, por conivência ou ignorância, por frete ou falta de bases, é estranho nunca surgirem as perguntas chave nas suas peças. Parece que a informação na Madeira é de fugir aos assuntos. 


O projecto para a execução do prolongamento do cais da cidade foi apresentado em Março de 1929 tendo merecido o parecer favorável do Conselho Superior de Obras Públicas e a aprovação governamental em 1930249. A obra foi adjudicada à empresa Nederlandsche Maatschappij Voor Havenwerken N.V. de Amesterdão, após a realização do concurso público, tendo o contrato sido assinado em 15 de Junho de 1931. As obras de ampliação do cais foram concluídas em Maio de 1933.
Percebe-se porque as obras marítimas acertavam antigamente, jogava-se pelo seguro em vez de dar obras a amigos "comerciantes".

Inviabilizamos tanto por incompetência, incúria e medo que qualquer dia voltamos, a par das alterações climáticas e dos erros, à solução inicial.